31 operários são resgatados a 137 metros de profundidade após desabamento de túnel nos EUA

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Depois que um setor de um grande túnel industrial desmoronou, mais de 30 trabalhadores da construção civil que estavam a centenas de metros abaixo das ruas de Los Angeles correram por quilômetros no escuro - escalando escombros imensos e apavorados por estarem presos, de acordo com descrições feitas por funcionários e seus parentes nesta quinta-feira, 10, um dia após o colapso.

Todos os 31 trabalhadores escaparam para um lugar seguro na noite de quarta-feira, 9, e nenhum deles sofreu ferimentos graves.

O chefe do Corpo de Bombeiros, Ronnie Villanueva, disse que os trabalhadores tiveram que passar pela parte mais difícil sozinhos, escalando mais de 3,6 metros de terra solta antes que as equipes de resgate pudessem alcançá-los e levá-los até a única abertura.

Projeto de quase US$ 700 milhões

O túnel, que tem 5,5 metros de largura e 11,3 quilômetros de comprimento, fica sob o bairro de Wilmington, uma área altamente industrial repleta de refinarias de petróleo ao norte do Porto de Los Angeles. Trata-se de um projeto de quase US$ 700 milhões planejado para transportar águas residuais tratadas para o Oceano Pacífico.

Os trabalhadores estavam a 121 metros de profundidade e a até 9,6 quilômetros de distância da única saída, disse Michael Chee, porta-voz dos Distritos Sanitários do Condado de Los Angeles.

Um veículo de transporte os levou para supervisionar as operações de uma máquina que escava o corredor e, ao mesmo tempo, constrói o túnel e usa os painéis instalados para avançar, disse Chee.

Quando souberam do desmoronamento, voltaram correndo e embarcaram no veículo de transporte que os havia levado para o túnel, mas o veículo só conseguiu se deslocar por um quilômetro e meio antes de se deparar com os escombros.

"O que sabemos é que os homens que estavam na frente do desmoronamento tinham cerca de 2,5 a 3 metros de espaço acima dos escombros, por onde puderam passar", disse Chee.

Depois disso, os trabalhadores - ainda no escuro, assustados e a quilômetros da abertura - continuaram a pé até que os socorristas conseguiram alcançá-los e ajudá-los a subir em veículos para levá-los ao poço, onde uma gaiola os transportou para fora.

Imagens aéreas mostraram um guindaste içando os trabalhadores para fora do túnel em uma gaiola amarela. "Eles estão abalados", disse Chee, acrescentando que os trabalhadores terão um tempo para se recuperar e que todo o trabalho foi interrompido.

Fugindo no escuro

Arally Orozco disse que seus três irmãos que estavam lá dentro estão traumatizados demais para falar com os jornalistas. Depois de escapar, um deles saiu chorando. "Ele me disse que achava que ia morrer no subterrâneo", disse ela.

Ela afirmou que eles descreveram o que vivenciaram: naquela noite, ouviram um som sibilante depois de chegarem à sua área de trabalho, que levou uma hora para ser alcançada pelo veículo de transporte.

Enquanto trabalhavam no escuro, apenas com os faróis, "eles ouviram um som tipo 'psss', como se o ar estivesse saindo, como se a pressão estivesse escapando, e eles não sabiam o que era", contou Orozco.

Algum tempo depois, alguns trabalhadores estavam voltando pelo túnel em direção à abertura quando começaram a chover detritos, disseram os irmãos. Um funcionário correu de volta para alertar os colegas, enquanto o outro correu para chegar à abertura e pedir ajuda, afirmou a mulher.

O grupo teve que se espremer em um buraco minúsculo pelo qual ela disse que seu irmão temia não conseguir passar. A água estava entrando tão forte que puxava o veículo de transporte, contou ela. Seu irmão também relatou que, em determinado momento, a água chegou até sua cintura e ele lutou para respirar porque parecia que o túnel estava perdendo oxigênio. "Eles se sentiram desamparados", disse ela.

Escavação subterrânea

O projeto está em andamento há dois anos sem nenhum problema anterior, disse Chee. "A máquina de perfuração de túneis tem cavado sob ruas, vias públicas, casas, parques, lagos, lagoas e campos de golfe sem nenhum incidente até agora", afirmou. Ele informou ainda que as autoridades investigarão para determinar a causa.

"O que nosso pessoal, nossas empreiteiras e seus especialistas farão é uma avaliação completa", disse. "Tudo, desde a engenharia até a integridade estrutural e a segurança, e, obviamente, uma inspeção muito minuciosa e uma análise do ponto de colapso real no túnel antes que qualquer outra coisa seja feita."

Trabalhar tão perto da linha costeira e em tal profundidade significa que as equipes poderiam estar enfrentando condições muito úmidas que acrescentam desafios durante o projeto e a escavação, disse Maria Mohammed, presidente da Associação de Engenheiros Estruturais do Sul da Califórnia.

"Não basta projetar apenas para a pressão do solo e o peso do solo, é preciso projetar para a pressão da água", afirmou Mohammed, cujo grupo não está envolvido no projeto de Wilmington.

Ela apontou que a investigação pode levar meses, ou até mais. Levará algum tempo apenas para tornar o túnel seguro para os investigadores entrarem. Uma vez lá dentro, eles tentarão determinar a origem do colapso, disse ela.

"Tudo se resume a qual foi o primeiro elemento que se rompeu" afirmou a presidente da associação. "Normalmente, um colapso é algo que se propaga. Uma coisa falha e leva outras coisas com ela. Portanto, você tentaria descobrir, dentre os elementos quebrados, qual deles quebrou primeiro."

Sair com segurança

O membro do conselho municipal Tim McOsker elogiou os trabalhadores por manterem a cabeça fria. "Esse é um projeto altamente técnico e difícil. E eles sabiam exatamente o que fazer. Sabiam como se proteger", disse ele. "Graças a Deus pelas pessoas boas que estavam no túnel."

A prefeita Karen Bass disse em uma entrevista coletiva que se encontrou com alguns dos trabalhadores. "Sei que, quando corremos para cá, eu estava tão preocupada que encontraríamos uma tragédia. Em vez disso, o que encontramos foi vitória", disse Bass.

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Integrantes do PT da Bahia pediram impugnação da eleição interna do partido após identificarem mortos que votaram em duas cidades. A chapa Partido Forte, derrotada na votação que consagrou Tássio Brito - apadrinhado do senador Jaques Wagner (PT-BA) - como novo presidente da sigla no Estado no começo do mês, também denuncia outras fraudes que, segundo estimativa, representariam cerca de sete mil votos.

No processo eleitoral em Camaçari (BA), a chapa diz ter identificado cinco pessoas falecidas participaram do processo eleitoral. Em Barro Preto (BA) pelo menos um morto votou. Procurados o diretório do PT na Bahia e a chapa Partido Forte não responderam aos contatos do Estadão.

A reportagem teve acesso às listas de votação assinadas e ao certificado de óbito dos falecidos que votaram. O diretório do PT na Bahia decidiu anular os votos dos falecidos, mas aprovou a eleição nas duas cidades, enquanto a chapa Partido Forte pretende recorrer a nível nacional.

Procurado, o PT da Bahia não respondeu ao questionamento da reportagem. Em nota pública, o PT de Camaçari diz que os erros se deveram em razão de "rubricas grandes o suficiente que tomaram duas ou três linhas da lista", refuta "qualquer narrativa opositora que tente macular o processo eleitoral" e que acionará o corpo jurídico para tomar providências cabíveis (veja a íntegra da nota mais abaixo).

Já Wagner diz que qualquer questionamento sobre o processo eleitoral "deve ser tratado diretamente com o diretório estadual".

A disputa interna no PT foi marcada por episódios de tensão, com denúncias de filiações em massa, acusações de golpe e até judicialização. Em 2017, o PT anulou votação em 30 cidades paulistas por suspeitas de fraudes, incluindo a contagem de votos de filiados já falecidos.

"Essa direção estadual do PT que não tem autonomia dirigente, submissa a gabinetes, em detrimento a diversidade interna que é a marca do partido, aprovou eleições comprovadamente fraudulentas em diversas cidades, manchando a imagem do nosso partido e submetendo sua democracia interna a um vexame", diz nota da chapa Partido Forte.

A chapa Partido Forte, encabeçada por Jonas Paulo, faz parte da tendência predominante no PT: a Construindo um Novo Brasil (CNB). Em contraste ao resultado nos principais Estados, a CNB foi derrotada por Tássio Brito, da tendência Esquerda Popular Socialista (EPS), apadrinhado por Wagner.

Tássio venceu com 73% dos votos na eleição do PT na Bahia, em que votaram cerca de 42 mil filiados. A chapa Partido Forte teve cerca de 20% dos votos.

O resultado serviu para consagrar Wagner como a principal liderança do PT no Estado, afastando o grupo político do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que optou por não apoiar outro candidato para evitar uma derrota política.

"A mensagem que a atual direção estadual e a próxima, com essa maioria fantasmagórica, passam ao PT é clara: em eleições internas do partido, até mortos podem votar - e isso é considerado 'normal'. O PED (Processo de Eleição Direta) 2025, na Bahia, virou uma gincana de vale-tudo eleitoral", diz a nota interna do Partido Forte.

A chapa denuncia um caso de um dos mortos eleitores como "revoltante" - o sindicalista Crispim Carvalho da Hora, morto em 2016, aparece como uma das pessoas que assinaram e registraram voto na eleição na cidade baiana.

"Sua suposta participação como votante constitui não apenas uma fraude eleitoral, mas um desrespeito à sua memória e à dor de sua família e de vários outros companheiros e companheiras que como ele ajudaram a criar o PT e o movimento sindical no Estado", dizem os integrantes da chapa Partido Forte no pedido de impugnação da eleição.

Além dos mortos votantes em Camaçari e em Barro Preto, a chapa denuncia, entre outros casos, a existência de 91 páginas de votação duplicadas e falsificações em assinaturas na votação em Itabuna (BA).

Como mostrou o Estadão, as eleições internas na Bahia têm sido marcadas pela judicialização. Na mesma Itabuna, a petista Nina Germano, candidata ao diretório municipal da sigla, entrou com uma ação contra o partido após ter sua candidatura anulada por inadimplência.

Na quinta-feira, 3, a Justiça da Bahia concedeu uma decisão favorável à candidata, determinando a manutenção de seu nome na disputa e impondo multa diária de R$ 15 mil em caso de descumprimento.

Em Feira de Santana, outro candidato à presidência municipal também acionou a Justiça pelo mesmo motivo, buscando garantir sua participação na eleição.

Na Bahia, o PT cogita lançar uma chapa puro sangue, indicando dois senadores (Wagner e Rui), além do nome ao governo do Estado. Desde 2002 a sigla não perde uma eleição presidencial na Bahia e está invicta na disputa pelo governo do Estado desde 2006.

Veja a íntegra da nota do PT de Camaçari:

O último Processo de Eleição Direta (PED) do Partidos dos Trabalhadores, ocorrido no último dia 06 Julho, no Sindicato dos Professores de Camaçari foi marcado por grande mobilização e participação da nossa militância para escolha democrática da nova direção para o partido.

Norteados pelo regimento interno, pelas orientações nacionais e pelas regras que regulamentam o PED, todo o processo de fiscalização foi devidamente respeitado pela Comissão Organizadora Eleitoral (COE). Tendo em vista a chuva e a aglomeração, devido intensa mobilização e participação dos filiados, o PED também foi marcado por tumultos, atrasando as filas e expondo pessoas mais idosas a intensa espera.

Atrelados à espera, a aglomeração, a pressa e a má iluminação do ambiente, é justificável situações onde de forma não intensional houvessem erros na assinatura das listas de votação, tendo pessoas assinado na parte superior ou inferior da linha do seu nome, tão como erros de rubricas grandes o suficiente que tomara duas ou três linhas da lista. É importante ressaltar que tais listas são confeccionadas e expedidas exclusivamente pela direção nacional do partido, e que ao nosso ver, precisam urgentemente serem atualizadas.

Compreedemos que a intensa mobilização do PED, dos mais de 3 mil filiados que foram votar e da real intenção do processo eleitoral, que por ventura havia apenas uma chapa inscrita. Refutamos qualquer narrativa opositora que tente macular o nosso processo eleitoral, usando imprensa chapa branca, aliada do ex-prefeito de Camaçari, que tentou deslegitimar nosso partido e o nosso processo eleitoral, inclusive propagando fakenews, calúnias e difamações. Por esse motivo, acionaremos nosso corpo jurídico para tomar as medidas cabíveis.

Deste modo, agradecemos a todos que se fizeram presentes no nosso PED, nos solidarizamos com todos aqueles que tiveram suas vidas e entes expostos, e parabenizamos à única chapa inscrita e eleita legitimamente pelos filiados ao PT de Camaçari.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) chamou de "bizarra" e "esdrúxula" uma sugestão elaborada pelo ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem e pelo general Augusto Heleno para, supostamente, desobrigar o governo de Jair Bolsonaro (PL) de cumprir decisões do Judiciário.

Segundo a Procuradoria, a estratégia serviria para anular decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que contrariassem interesses de Bolsonaro.

Em um memorando encaminhado a Bolsonaro, Ramagem propôs que o presidente acionasse a Advocacia-Geral da União (AGU) para a elaboração de pareceres técnicos que, em tese, desobrigariam o governo federal de cumprir decisões judiciais. Segundo Ramagem, os pareceres respaldariam "o não atendimento" de decisões da Justiça que fossem "contrárias à lei". Uma tese de mesmo teor foi encontrada em um documento em posse de Augusto Heleno.

"A ideia de que um parecer jurídico da Advocacia-Geral da União (AGU) pudesse se sobrepor a decisões da Suprema Corte carece de qualquer amparo constitucional e legal, configurando uma subversão da ordem jurídica", afirmou a PGR nas alegações finais contra o "núcleo crucial" da ação penal por tentativa de golpe de Estado.

"Tais orientações revelam não apenas desprezo pelo princípio da separação de Poderes, mas tentativa concreta de criar base pseudo-jurídica para a desobediência institucional, numa antecipação da tese de ruptura que viria a ser mobilizada em 2022", disse o relatório assinado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet. Em outros trechos do parecer, a PGR chamou a solução elaborada por Ramagem e Heleno de "esdrúxula" e "bizarra".

Em depoimento ao STF, tanto Ramagem quanto Heleno confirmaram o teor da tese. Ramagem alegou que se tratariam apenas de "consultas" à AGU, enquanto Heleno afirmou que Bolsonaro precisava de "meios" para agir contra decisões que vinham "impedindo uma série de ações do governo".

Durante o governo Bolsonaro, Alexandre Ramagem era diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).

Para a PGR, Ramagem "preparou a narrativa difundida" por Bolsonaro sobre fraude nas urnas eletrônicas e comandou "espionagens ilegais baseadas em interesses particulares" do então presidente, "em flagrante desvio da estrutura brasileira de inteligência". A Procuradoria quer a condenação de Ramagem por organização criminosa armada, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

Segundo a PGR, Heleno também tomou parte nos preparativos da narrativa de fraude nas urnas. Paulo Gonet pediu que Heleno seja condenado por organização criminosa armada, abolição do Estado de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, decretou nesta terça-feira, 15, a 'nulidade absoluta' de todos os atos da operação Lava Jato contra o doleiro Alberto Youssef, réu confesso.

O ministro aponta, em 53 páginas, um 'conluio processual entre acusação e magistrado' contra o delator que revelou esquema de corrupção e cartel na Petrobras entre 2003 e 2014. Toffoli se refere ao ex-juiz Sérgio Moro, hoje senador, que conduziu a Lava Jato, então na titularidade da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, base e origem da operação.

No entanto, Toffoli não anulou o acordo de colaboração de Youssef firmado em 2014. O doleiro é um nome emblemático da Lava Jato. Preso em março de 2014, quando a primeira etapa da operação foi deflagrada, Youssef fechou segundo acordo de delação premiada no âmbito da investigação - antes dele, o então diretor de Abastecimento da estatal petrolífera, Paulo Roberto Costa, já havia adotado o mesmo caminho.

Para o ministro, "se revela incontestável o quadro de conluio processual entre acusação e magistrado em detrimento de direitos fundamentais do requerente (Alberto Youssef)".

O ministro acolheu o pedido da defesa de Alberto Youssef ao reafirmar a suspeição de Sérgio Moro na condução dos procedimentos investigativos e ações penais que tramitaram na 13ª Vara Federal de Curitiba.

A decisão destaca que a Operação Soopfing- investigação sobre hackeamento de comunicações de Moro e procuradores - permitiu que diversos réus da Lava Jato apontassem ilegalidades do então juiz federal.

"O estudo mais aprofundado do material colhido na referida operação (Soopfing) revelou um complexo sistema de captura do Poder Judiciário e do Ministério Público para o desenvolvimento de projetos pessoais e políticos, o que ficou estampado em centenas de decisões proferidas por esta Suprema Corte", ressalta.

Toffoli considera que Youssef foi alvo dos mesmos 'métodos acusatórios' que os procuradores da Lava Jato e Moro impuseram contra ao então ex-presidente Lula, preso e condenado por corrução e lavagem de dinheiro. Após ficar 580 dias preso, o petista foi beneficiado por uma decisão do Supremo que reconheceu nulidades e extinguiu as ações contra ele.

"Por meios heterodoxos e ilegais os personagens desse episódio histórico atingiram pessoas naturais e jurídicas, independentemente de sua culpabilidade ou não", pontua o ministro.

'Padrão de conduta'

Para Toffoli, 'esse vasto apanhado indica que a parcialidade do juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba extrapolou todos os limites, porquanto os constantes ajustes e combinações realizados entre o magistrado e o Parquet (Ministério Público) representam verdadeiro conluio a inviabilizar o exercício do contraditório e da ampla defesa'.

"Nota-se, portanto, um padrão de conduta de determinados procuradores integrantes da Força Tarefa da Lava Jato, bem como de certos magistrados que ignoraram o devido processo legal, o contraditório, a ampla defesa e a própria institucionalidade para garantir seus objetivos, o que não se pode admitir em um Estado Democrático de Direito."

O ministro avalia que 'o necessário combate à corrupção não autoriza o fiscal e o aplicador da lei a descumpri-la, devendo-se lamentar que esse comportamento, devidamente identificado a partir dos diálogos da Operação Spoofing tenha desembocado em nulidade, com enormes prejuízos para o Brasil'.

'Vala comum'

"Em outras palavras, o que poderia e deveria ter sido feito na forma da lei para combater a corrupção foi realizado de maneira clandestina e ilegal, equiparando-se órgão acusador aos réus na vala comum de condutas tipificadas como crime".

Segundo Toffoli, 'medidas enérgicas estão sendo adotadas pelos órgãos competentes não apenas na esfera criminal, mas também no campo civil e administrativo'. Ele critica agentes públicos que atuando como fiscais da lei usam como método de investigação 'belos enredos e incontáveis recursos semânticos que procuram justificar o injustificável'.

Essa conduta, para o ministro, revela 'o interesse pessoal e político de poucos, que saíram do anonimato para ganhar projeção nacional se apoiando em instituições e em tábua de valores que, na verdade, sempre desprezaram'.