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A Moody's reduziu a perspectiva para o rating da França de estável para negativa, diante da deterioração fiscal. A agência de avaliação de risco de crédito manteve a nota Aa2 para os títulos soberanos do país.

A piora da perspectiva deve-se ao risco crescente de que é improvável que governo francês implemente medidas que impeçam déficits orçamentários maiores do que o esperado e uma deterioração na capacidade de pagamento da dívida, observou a Moody's.

"A deterioração fiscal que já observamos está além das nossas expectativas e contrasta com governos de países com classificações semelhantes que tendem a consolidar as suas finanças públicas

no ambiente atual", pontuou a agência.

A Moody's salientou que os riscos para o perfil de crédito da França são agravados por um ambiente político e institucional que não é propício à uma coalizão em torno de medidas políticas que proporcionariam melhora sustentada no equilíbrio orçamentário. "Como resultado, a gestão do orçamento é mais fraca do que havíamos avaliado anteriormente", afirmou a Moody's.

Os juros futuros fecharam a sessão desta sexta-feira, 25, em alta, refletindo a cautela sobre o que virá do pacote de corte de gastos esperado para depois do segundo turno das eleições municipais, com a agenda de indicadores pesada na semana que vem e pela piora nos rendimentos dos Treasuries, o que também ajudou o dólar a se firmar nos R$ 5,70. Na semana, a curva perdeu inclinação, com taxas curtas e intermediárias perto dos níveis da última sexta-feira e queda moderada da ponta longa.

No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 estava em 12,69% (máxima), de 12,60% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 subia de 12,73% para 12,83%. O DI para janeiro de 2029 tinha taxa de 12,83% (de 12,74%).

Em boa medida, a perda de inclinação na semana foi assegurada pelo movimento de ontem, quando as taxas cederam em torno de 25 pontos-base, mas esse ajuste não conseguiu se estender, nem com o anúncio da Aneel de que em novembro passará a vigorar a bandeira amarela nas tarifas de energia.

Um dos motivos é a proximidade do prazo de entrega do pacote de corte de gastos e o mercado desconfia sobre o tamanho e a qualidade do ajuste que será aprovado pelo presidente Lula, que disse hoje "que é preciso mudar a cultura brasileira sobre o que é considerado gasto".

Para João Mauricio Rosal, economista-chefe da Terra Investimentos, este tipo de declaração reforça a ideia de que "vender esse pacote do Haddad para o Lula não vai ser trivial". "Nesse tipo de sinalização, o mercado aproveita para corrigir um pouco. É que o Lula hoje é o ministro da Economia, é o presidente do Banco Central, ele é tudo isso. Então, tem de ter a anuência dele", diz.

A expectativa do mercado é de que o ajuste fique entre R$ 30 bilhões e R$ 50 bilhões. "O Haddad falou que vai ser uma mudança estrutural do ponto de vista fiscal, mas a gente não sabe de verdade, precisamos esperar e ver o que ele vai anunciar", afirma Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.

Em complemento à cautela com o pacote, ela lembra que há dados relevantes nos EUA na semana que vem, como o índice de preços dos gastos com consumo (PCE, em inglês), indicador de inflação preferido do Federal Reserve, payroll e PIB. "Tudo isso deixou a cautela falar um pouco mais alto à tarde, e aí voltou o cenário que a gente estava tendo a semana inteira", avalia.

O economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, lembra que o segundo turno da eleição municipal tem sido usado como um argumento para o governo não discutir nesse momento as medidas fiscais. "Teoricamente, na próxima semana, o governo estará livre para fazer as discussões", afirma. "Quanto mais despesas ficarem dentro da mesma regra do arcabouço, mais sustentabilidade. O mercado vai entender que tem a continuidade do arcabouço até o final desse mandato do governo", disse.

Na etapa vespertina, os juros locais foram ainda contaminados pela aceleração da alta dos rendimentos dos Treasuries, com o da T-Note de dez anos chegando a 4,247% nas máximas, refletindo o aumento das apostas na vitória do republicano Donald Trump, o que tende a fortalecer o dólar e tornar mais lento e restrito o alívio monetário nos EUA. Pesquisa final feita pela CNN mostra Trump empatado com Kamala Harris, com 47% das intenções de voto.

No fim do dia, a Aneel informou que a bandeira tarifária será a amarela para novembro, mas sem impacto sobre a curva, na medida em que os analistas já vinham incorporando essa possibilidade em seus cenários, dado o maior volume de chuvas nos últimos dias.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, abriu nesta sexta-feira, 25, uma apresentação em Washington comemorando o anúncio da bandeira amarela nas tarifas de energia em novembro - um alívio na conta de luz em relação à bandeira vermelha 2, que vigorou em outubro, e à bandeira vermelho 1, de setembro.

"Tivemos uma boa notícia com a bandeira amarela. Muitos de vocês, imagino, estão recalculando as expectativas de inflação de novembro", disse o banqueiro central durante evento com investidores promovido pelo Itaú em paralelo às reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) na capital dos Estados Unidos.

Ainda que a inflação global mostre, de fato, convergência, Campos Neto observou em sua fala que entre 60% e 70% dos países seguem com núcleos acima da meta. A inflação de serviços, pontuou, está parando em nível alto no mundo.

"Ainda temos de criar um caminho para a desinflação de serviços", comentou o presidente do BC, acrescentando que nos Estados Unidos, embora a inflação subjacente de bens esteja baixa, a de serviços continua alta. Ele voltou a expressar também a avaliação de que os Estados Unidos não estão tratando com urgência a tarefa de ajustar o desequilíbrio fiscal.