Ex-deputado de origem brasileira George Santos é condenado a 7 anos de prisão nos EUA

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O ex-deputado George Santos, filho de brasileiros que caiu em desgraça após mentir sobre sua história de vida e terminou expulso do Congresso, foi condenado a mais de sete anos de prisão nos Estados Unidos por corrupção nesta sexta-feira, 25.

Depois que as mentiras vieram a tona, ele passou a ser investigado e foi acusado de falsificar registros financeiros da campanha, fraudar doadores e receber seguro-desemprego indevidamente.

Em sentença emitida nesta sexta-feira, 25, a juíza concordou com a pena de 87 meses pedida pelos promotores. O departamento de Justiça afirmou que, mesmo após se declarar culpado no ano passado, Santos "repetidamente tentou transferir a culpa para outros" e não demonstrou nenhum remorso genuíno. Ele também foi condenado a pagar mais de US$ 370 mil em restituição às vítimas e multa de US$ 205 mil.

John Durham, promotor interino dos EUA para o Distrito Leste de Nova York, disse que Santos estava sendo responsabilizado por anos de engano e roubo. "Ele vai para uma prisão federal e será punido por sua fraude impressionante", disse em frente ao tribunal.

George Santos, por sua vez, deixou a corte sem falar com a imprensa. Ele deve se apresentar para cumprir a pena em 25 de julho.

No tribunal, Santos pediu clemência, dizendo entre lágrimas que estava "humilhado" e "castigado", reconhecendo que traiu a confiança de seus eleitores. Ele já havia se declarado culpado por fraude e roubo qualificado de identidade. "Ofereço minhas mais profundas desculpas", disse. "Não posso reescrever o passado, mas posso controlar o caminho à frente."

Seus advogados haviam pedido pena de dois anos de prisão, alegando que ele havia assumido a responsabilidade por suas ações. A defesa escreveu em documentos judiciais que seus atos derivavam, em grande parte, de um desespero equivocado relacionado à sua campanha política, e não de uma malícia inerente.

Mas a juíza distrital Joanna Seybert não se mostrou convencida. "Onde está seu remorso? Onde eu vejo isso?", perguntou ela ao condená-lo.

A sentença desta sexta-feira marcou o desfecho da história de ascensão e queda de George Santos, filho de brasileiros eleito como deputado pelo Partido Republicano em 2022 e expulso do Congresso no ano seguinte.

Santos admitiu ter enganado doadores e roubado a identidade de quase uma dúzia de pessoas, incluindo familiares, para financiar sua campanha vitoriosa.

"Desde o momento em que declarou sua candidatura ao Congresso, Santos usou sua campanha para enriquecimento e benefício financeiro próprios", disse o promotor John Durham.

George Santos foi eleito conquistando republicanos de um distrito rico de Nova York que abrange partes do Queens e de Long Island.

Logo depois, descobriu-se que o político até então desconhecido havia inventado boa parte de sua biografia, apresentando-se falsamente como empresário de sucesso que trabalhou em prestigiadas firmas de Wall Street.

Na realidade, Santos enfrentava dificuldades financeiras e até ameaças de despejo. As revelações levaram a investigações criminais e parlamentares sobre como ele havia financiado sua campanha.

"Ele contou mentira após mentira até que isso o alcançou - até que nós o alcançamos e o expusemos pelo que ele realmente era: um oportunista e um fraudador", disse a promotora do condado de Nassau, Anne Donnelly, republicana, do lado de fora do tribunal nesta sexta. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro aposentado Celso de Mello, manifestou solidariedade aos oito colegas da Corte sancionados pelo governo Trump com a suspensão do visto americano. Em carta enviada aos ministros, nesta segunda, 21, Celso de Mello condena o ato do governo dos EUA ('extremamente arbitrário'). "Associado a bolsonaristas e 'big techs', buscam desestruturar o sistema de governo brasileiro", afirma.

O ex-ministro não cita o nome de bolsonaristas, a quem definiu como 'quislings' - traidores -, mas faz referência indireta à atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente que mora nos EUA e tem participação decisiva na ofensiva americana a ministros do STF.

Segundo Celso de Mello, o presidente Trump demonstra ser 'mais um daqueles medíocres e indecorosos'. Para ele, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) devem ser punidos por agir de forma 'insidiosa ou explicitamente contra os superiores interesses do Brasil e do seu povo, conspirando, sem pudor e de modo desonroso'.

Na sexta-feira, 19, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rúbio, anunciou que iria retaliar com a suspensão do visto americano o ministro Alexandre de Moraes e 'seus aliados no STF' pelo cerco a Bolsonaro, agora com movimentos limitados - está sob monitoramento permanente de tornozeleira eletrônica e não pode sair de casa à noite e nos fins de semana, entre outras restrições.

Conforme apurou o Estadão, foram alvos da medida do governo Trump os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Edson Fachin e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Celso de Mello compara os 'seguidores de Bolsonaro' ao primeiro-ministro da Noruega durante a ocupação nazista, Vidkun Quisling. "Seu nome tornou-se sinônimo de traidor, pelo comportamento desleal e desonroso com que vilipendiou sua pátria! Com a derrota militar do Terceiro Reich alemão, foi julgado, condenado e executado pelos patriotas noruegueses!", destaca.

"Mais do que uma ofensa sem causa, essa prepotente deliberação governamental americana, apoiada em fundamento destituído de veracidade (mendaz, portanto), ao investir, absurdamente, contra o Supremo Tribunal Federal e os seus íntegros e honrados magistrados, desrespeita, profundamente, o nosso País e a dignidade do povo brasileiro!", acentua Celso de Mello.

"Não se pode minimizar a delicadíssima situação a que se acham presentemente expostos o Brasil e as suas instituições democráticas!", argumenta."Não se trata de mera questão econômico-tarifária, mas, isso sim, de deliberado (e gravíssimo) ataque à democracia brasileira e a suas Instituições, notadamente à Corte Suprema do Brasil, ataque esse perpetrado pelo governo Trump, associado tanto à extrema-direita bolsonarista (e aos 'quislings' seguidores de Bolsonaro) quanto à extrema-direita internacional, em verdadeira e acintosa coordenação com as 'big techs', todos buscando desestruturar o nosso sistema de governo, legitimado pelo modelo de democracia constitucional que o povo de nosso País implantou após 21 anos de ditadura militar", segue o texto de Celso de Mello enviado aos ministros do STF.

O ex-ministro critica a 'desmedida arrogância imperial de Donald Trump'.

Segundo Celso de Mello, 'após cinco meses no exercício da Chefia de Estado e de Governo dos EUA, o presidente Donald Trump tem demonstrado ser, de modo inequívoco, por ações, gestos e declarações, um governante despojado dos atributos mínimos de 'statesmanship'."Por lhe faltar a condição honrosa de estadista, Donald Trump demonstra ser mais um daqueles medíocres e indecorosos governantes que desconhecem a História e que, por isso mesmo, estão fadados a repetir-lhe os erros", afirma.

Celso de Mello cobra enfaticamente punição aos envolvidos. "Mais do que nunca, e em razão de recentes eventos, entre os quais, o episódio da revogação de vistos, torna-se necessário identificar, expor e punir, nos termos da lei e respeitado o direito ao 'due process of law', os 'quislings' nacionais que, ressentidos, despojados de qualquer dignidade e destituídos de qualquer sentimento patriótico de respeito e apreço por nosso país, agem, insidiosa ou explicitamente, contra os superiores interesses do Brasil e do seu povo, conspirando, sem pudor e de modo desonroso, aqui ou em terras estrangeiras, com o sórdido (e traiçoeiro) objetivo de submeter nossa pátria, os seus valores e tradições de que tanto nos orgulhamos ao domínio de potestades estrangeiras, buscando reduzir o Brasil à condição inferior e degradante de uma simples colônia."

LEIA A ÍNTEGRA DA CARTA DE CELSO DE MELLO

"Extremamente arbitrário o ato de 'revogação' dos vistos dos Ministros do STF e de seus familiares diretos, praticado pelo governo Trump, sob o falso pretexto de 'perseguição e censura' (?!!?) que violariam direitos básicos de brasileiros e americanos!

Mais do que uma ofensa sem causa, essa prepotente deliberação governamental americana, apoiada em fundamento destituído de veracidade (mendaz, portanto), ao investir, absurdamente, contra o Supremo Tribunal Federal e os seus íntegros e honrados magistrados, desrespeita, profundamente, o nosso País e a dignidade do povo brasileiro!

Não se pode minimizar a delicadíssima situação a que se acham presentemente expostos o Brasil e as suas instituições democráticas!

Não se trata de mera questão econômico-tarifária, mas, isso sim, de deliberado (e gravíssimo) ataque à democracia brasileira e a suas Instituições, notadamente à Corte Suprema do Brasil, ataque esse perpetrado pelo governo Trump, associado tanto à extrema-direita bolsonarista (e aos 'quislings' seguidores de Bolsonaro) quanto à extrema-direita internacional, em verdadeira e acintosa coordenação com as 'big techs', todos buscando desestruturar o nosso sistema de governo, legitimado pelo modelo de democracia constitucional que o Povo de nosso País implantou após 21 anos de ditadura militar, como bem ponderou, em primorosa análise, em recente matéria publicada no UOL ('O Brasil está sob ataque', 19/07/2005), o jornalista Jamil Chade!

Já pude escrever, em outra oportunidade, que a desmedida arrogância imperial de Donald Trump leva-o a considerar-se um absurdo 'imperator mundi', certamente embriagado pela 'hybris' grega, capaz de despertar a 'ira dos Deuses'!!!

Após cinco meses no exercício da Chefia de Estado e de Governo dos EUA, o presidente Donald Trump tem demonstrado ser, de modo inequívoco, por ações, gestos e declarações, um governante despojado dos atributos mínimos de 'statesmanship'!

Por lhe faltar a condição honrosa de estadista, Donald Trump demonstra ser mais um daqueles medíocres e indecorosos governantes (a) que desconhecem a História (e que, por isso mesmo, estão fadados a repetir-lhe os erros), (b) que revelam ultrajante menosprezo pela dignidade de outros povos e grupos nacionais, (c) que transgridem princípios fundamentais que moldaram as relações internacionais dos Estados modernos, como aqueles consagrados pelos importantes Tratados de Paz de Westfália, de 1648, (d) que desrespeitam a Carta de São Francisco de 1945 (ONU), no ponto em que proclama a igualdade soberana dos Estados nacionais (artigo 1, nº 2, e artigo 2, nº 1) e (e) que descumprem o postulado básico da boa-fé e do respeito aos tratados e convenções internacionais (pacta sunt servanda), proclamado pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (artigo 26), entre outros expressivos valores que iluminam e fortalecem o catálogo dos direitos e liberdades essenciais da pessoa humana e que ordenam as relações no plano internacional entre Estados soberanos!

Ao me referir aos 'quislings' brasileiros, seguidores de Bolsonaro, considero apropriada a menção à figura sinistra de VIDKUN QUISLING (1887-1945), que governou o Reino da Noruega durante sua ocupação pelo infame regime nazista, com que colaborou ativamente - e a que serviu com absoluto e vergonhoso servilismo - na condição de 'StatsMinister' (ministro-presidente ou primeiro-ministro)!

Seu nome tornou-se sinônimo de 'traidor', pelo comportamento desleal e desonroso com que vilipendiou sua pátria !

Com a derrota militar do Terceiro Reich alemão, foi julgado, condenado e executado pelos patriotas noruegueses! 'Sic semper tyrannis'!

Mais do que nunca, e em razão de recentes eventos (entre os quais , o episódio da revogação de vistos), torna-se necessário identificar, expor e punir, nos termos da lei e respeitado o direito ao 'due process of law', os 'quislings' nacionais que, ressentidos, despojados de qualquer dignidade e destituídos de qualquer sentimento patriótico de respeito e apreço por nosso país, agem, insidiosa ou explicitamente, contra os superiores interesses do Brasil e do seu povo, conspirando, sem pudor e de modo desonroso, aqui ou em terras estrangeiras, com o sórdido (e traiçoeiro) objetivo de submeter nossa pátria, os seus valores e tradições de que tanto nos orgulhamos ao domínio de potestades estrangeiras, buscando reduzir o Brasil à condição inferior e degradante de uma simples colônia…

Peço-lhe que receba a minha manifestação de apreço, de respeito pessoal e profissional e de integral solidariedade!"

Ministro aposentado do STF Celso de Mello.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ter relação com o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de 50% sobre todos os produtos brasileiros e disse não ter o que fazer em relação à medida anunciada há duas semanas.

"Isso é lá do governo Trump. Não tem nada a ver com a gente. Querem colar na gente os 50%. Mentira", disse. "Eu não tenho contato com autoridades americanas."

Em entrevista à jornalista Andréia Sadi, do G1, nesta segunda-feira, 21, o ex-presidente negou ainda que seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), possa negociar com autoridades americanas sobre a taxação.

"Ele não pode falar em nome do governo do Brasil. O Eduardo não pode falar em nome do governo brasileiro", disse o ex-presidente.

As declarações desta segunda contradizem a posição que a família Bolsonaro vinha mantendo desde o anúncio das tarifas, no último dia 9. Na ocasião, Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual informou que todos os produtos importados do Brasil para os EUA serão taxados em 50%.

Entre as justificativas, estão o tratamento dado pelo País ao ex-presidente e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas de tecnologia. Dois dias antes, Trump havia publicado nota afirmando que Bolsonaro sofria perseguição e "caça às bruxas".

Eduardo, que declaradamente se mudou para os Estados Unidos em busca de sanções contra autoridades brasileiras, se colocou, inclusive, à disposição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para levar as propostas do governador aos negociadores americanos.

Bolsonaro chegou a dizer na última quinta-feira, 17, em visita ao Senado, que Eduardo é "mais útil" nos EUA, e se colocou à disposição para conversar com o presidente sobre tarifaço.

Na convicção do ex-presidente, ele teria condições de barrar a investigação comercial aberta contra o Brasil e a guerra tarifária. "Acho que teria sucesso uma audiência com presidente Trump. Estou à disposição", disse. "Se me der um passaporte, negocio."

Na última sexta-feira, 18, Bolsonaro passou a usar tornozeleira eletrônica e foi submetido a outras medidas cautelares por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo.

Em plenário virtual, a Primeira Turma formou maioria para referendar as medidas impostas pelo ministro, em votos destacando a soberania nacional e o risco de fuga.

Durante viagem à Europa, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) voltou a se manifestar contra a operação da Polícia Federal (PF) que impôs medidas cautelares a seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Na noite de domingo, 20, o senador disse que "a propagação de mentiras se alastra rápido quando é contra Bolsonaro".

No X (antigo Twitter), Flávio afirmou que está em contato com o pai e com lideranças aliadas todos os dias. O senador está viajando desde a última quinta-feira, 17, um dia antes do seu pai ser submetido a medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica e proibição de conversar com outros investigados no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Na publicação, Flávio afirmou que a viagem já estava programada para o recesso parlamentar - que começou no dia 18 -, e férias escolares das filhas, desde o ano passado. A assessoria de imprensa do senador informou que o senador viajou logo após a ida de Jair Bolsonaro ao Senado e que ele deve retornar no dia 1º de agosto.

"Estarei de volta a Brasília, esperando que Lula já tenha resolvido a taxa de 50% sobre o Brasil, que foi parar na mesma prateleira da Venezuela quando o assunto é falta de democracia", disse Flávio no X.

O senador também repercutiu as manifestações dos bolsonaristas contra a operação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A viagem de Flávio ao exterior um dia antes da operação da PF levantou especulações dos opositores sobre uma possível fuga do senador. Em seu perfil no X, o deputado federal André Janones (Avante-MG), com mandato suspenso pelo Conselho de Ética, acusou o senador de ter saído do País para escapar de eventual prisão. "Mais um covarde foge como um rato para não ser preso!", publicou.

O vereador de Belo Horizonte (MG) Pedro Rousseff (PT) também comentou sobre a viagem de Flávio. "O golpista foi pra EUROPA onde deve ficar FORAGIDO", disse o sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff no X.