Trump diz aguardar Ucrânia assinar documentos sobre acordo de terras raras

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cobrou a finalização de um acordo estratégico entre o país e a Ucrânia envolvendo terras raras, minerais essenciais para a produção de tecnologias avançadas. O acordo faz parte das negociações para o fim da guerra Rússia-Ucrânia, mediadas pelos americanos, e para garantias de segurança para os ucranianos após o conflito.

"A Ucrânia, liderada por Volodymyr Zelensky, ainda não assinou os documentos finais sobre o importante acordo de terras raras com os Estados Unidos. O atraso é de pelo menos três semanas. Espera-se que seja assinado IMEDIATAMENTE", escreveu em publicação na Truth Social.

Além disso, o republicano mencionou avanços nas negociações de paz entre Rússia e Ucrânia. "O trabalho no acordo geral de paz entre a Rússia e a Ucrânia está indo bem. O SUCESSO parece nos esperar no futuro!"

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O ex-ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, enviou uma carta de solidariedade ao procurador-geral da República que, a exemplo de oito ministros do Supremo Tribunal Federal, sofreu retaliação do governo Donald Trump com a suspensão do visto americano. Celso de Mello condena o que chama de 'ataques perpetrados por epígonos do bolsonarismo situados no exterior, com apoio de sua vergonhosa quinta-coluna doméstica, promovendo medidas de intimidação contra o Parquet (Ministério Público), com o auxílio de potência estrangeira'.

Ele não cita nomes, mas o teor de sua mensagem indica referência a aliados de Bolsonaro nos EUA - dois deles, Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, e o blogueiro Paulo Figueiredo, estariam abastecendo o governo Trump com informações sobre o STF e seus ministros.

Para o ex-ministro da Corte máxima, a medida imposta pela Casa Branca é uma 'visível demonstração de constrangedora ignorância, precisamente por desconhecerem que o Ministério Público e o seu eminente Chefe, o procurador-geral da República, não se curvam a expedientes ilícitos nem se submetem a injunções marginais do Direito'.

Celso de Mello também enviou uma carta aos ministros do STF, oito ao todo, sancionados por Trump com a suspensão do visto americano. A mensagem a Gonet segue a mesma linha de argumentos endereçada aos ministros, exceto em alguns pontos.

"Já me manifestei diversas vezes sobre a importância fundamental do Ministério Público no contexto institucional brasileiro", escreveu o ex-ministro a Gonet. "Destaquei que regimes autocráticos, governantes ímprobos, cidadãos corruptos e autoridades impregnadas de irresistível vocação destrutiva da própria ordem democrática temem - e temem com razão - um Ministério Público independente e fiel defensor da integridade da Constituição e das leis da República!"

Nos últimos dois parágrafos, ele reitera um ponto que abordou na mensagem aos colegas da Corte máxima. "Não se pode minimizar, contudo, a delicadíssima situação a que se acham presentemente expostos o Brasil e as suas instituições democráticas."

"Não se trata de mera questão econômico-tarifária, mas, isso sim, de deliberado (e gravíssimo) ataque à democracia brasileira e a suas Instituições, notadamente à Corte Suprema do Brasil e ao procurador-geral da República, ataque esse perpetrado pelo governo Trump, associado tanto à extrema-direita bolsonarista (e aos 'quislings' seguidores de Bolsonaro) quanto à extrema-direita internacional, em verdadeira e acintosa coordenação com as 'big techs', todos buscando desestruturar o nosso sistema de governo, legitimado pelo modelo de democracia constitucional que o povo de nosso País implantou após 21 anos de ditadura militar", afirma.

Celso de Mello enfatiza. "Mais do que nunca, e em razão de recentes eventos (entre os quais, o episódio da revogação de vistos), torna-se necessário identificar, expor e punir, nos termos da lei e respeitado o direito ao 'due process of law', os 'quislings' nacionais que, ressentidos, despojados de qualquer dignidade e destituídos de qualquer sentimento patriótico de respeito e apreço por nosso país, agem, insidiosa ou explicitamente, contra os superiores interesses do Brasil e do seu povo."

Ele avalia que esse grupo 'conspira, sem pudor e de modo desonroso, aqui ou em terras estrangeiras, com o sórdido (e traiçoeiro) objetivo de submeter nossa pátria, os seus valores e tradições de que tanto nos orgulhamos ao domínio de potestades estrangeiras, buscando reduzir o Brasil à condição inferior e degradante de uma simples colônia'.

O ex-presidente Jair Bolsonaro expôs a tornozeleira eletrônica que passou a usar desde a sexta-feira, 18. Ele chamou o aparelho de "máxima humilhação".

"Não matei, não trafiquei. Este aqui é o símbolo da máxima humilhação. É uma pessoa inocente", disse. "O que vale para mim é a lei de Deus."

Bolsonaro mostrou o aparelho depois de uma reunião com deputados e senadores da oposição na Câmara dos Deputados nesta segunda-feira, 21.

A saída dele da Casa legislativa foi tumultuada. Enquanto fotógrafos e cinegrafistas se aglomeravam para tentar fazer imagens do presidente, o que estava na frente foi derrubado.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), por exemplo, foi ferido no rosto no meio da confusão - segundo a assessoria do parlamentar, ele foi atingido por uma canopla de um microfone. Ele teve um corte na "parte debaixo do olho" e teve sangramento, mas já está bem.

Uma mesinha da Câmara ainda foi destroçada, espalhando cacos de vidro pelo Salão Verde da Casa.

Antes de exibir a tornozeleira ele mesmo para jornalistas, o ex-presidente havia posado para deputados durante reunião na Câmara.

Na sexta-feira, Bolsonaro já disse que a tornozeleira teria o objetivo de impor uma "suprema humilhação". Naquele dia, ele se recusou a mostrar o aparelho.

O deputado André Fernandes (PL-CE) publicou em sua rede social foto. Bolsonaro está impedido de usar redes sociais por decisão do ministro Alexandre de Moraes.

Na semana passada, em entrevistas, o ex-presidente se recusou a mostrar o equipamento alegando que era vergonhoso.

O ex-presidente repetiu a pose para o deputado Maurício do Vôlei (PL-MG), que publicou imagem semelhante.

Um grupo de nove ex-ministros da Justiça divulgou nesta segunda, 21, manifesto em solidariedade ao Supremo Tribunal Federal e a seus magistrados, oito ao todo - alvos de sanções do governo Donald Trump eles tiveram cassados seus vistos americanos. Eles apontam 'indevida coação' e retaliação à independência de contrariar interesses de grandes empresas norte-americanas'.

O documento é subscrito pelos ex-ministros da Justiça Eugênio Aragão, José Carlos Dias, José Eduardo Cardozo, Miguel Reale Júnior, Milton Seligmann, Nelson Jobim, Raul Jungmann, Tarso Genro e Torquato Jardim.

A sanção da Casa Branca aos ministros do STF e também ao procurador-geral Paulo Gonet - extensiva a familiares - foi imposta na sexta, 18, depois que Alexandre de Moraes, ministro do STF relator da ação do golpe, mandou colocar Bolsonaro sob severo regime de vigilância, via monitoramento com tornozeleira eletrônica, proibição de sair de casa à noite e nos fins de semana e obrigação de manter distância de qualquer representação diplomática.

"Se não bastasse a intromissão em julgamento, no qual se assegura a ampla defesa e o contraditório, o governo norte-americano promoveu perseguição a oito ministros do STF, cassando seus vistos, cassação extensiva aos seus parentes", diz o manifesto dos ex-ministros da Justiça.

Eles declaram 'repúdio a esta intervenção abusiva' e solidariedade ao STF e aos seus ministros, 'vítimas de indevida coação que visa constrangê-los na sua liberdade de decisão e a retaliar a coragem e a independência de contratriar interesses de grandes empresas norte-americanas'.

Na avaliação dos ex-ministros da Justiça, 'seria apenas risível esta pretensão de Trump e dos Estados Unidos de interferir no julgamento, submetido ao devido processo legal, sendo que réus agentes políticos e um ex-presidente, que agiram contra a democracia, se não se revelasse uma afronta inadmissível à nossa soberania, bem fruto do transtorno delirante do atual governo norte-americano'.

"Em nome da defesa da soberania do Brasil, apresentamos nossa profunda solidariedade ao STF e aos seus membros", finaliza o manifesto 'repúdio à invasão'.

LEIA TODO O MANIFESTO DOS EX-MINISTROS DA JUSTIÇA

REPÚDIO À INVASÃO

O Governo dos Estados Unidos da América e seu presidente, autoritariamente, se arvoraram em apreciar o trabalho jurisdicional de nossa Corte Suprema, o STF, chegando a considerar que Ação Penal, relativa a crimes contra o Estado Democrático de Direito, constituiria uma "caça às bruxas".

Seria apenas risível esta pretensão de Trump e dos Estados Unidos da América de interferir no julgamento, submetido ao devido processo legal, sendo réus agentes políticos e um ex-presidente, que agiram contra a democracia, se não se revelasse uma afronta inadmissível à nossa soberania, bem fruto do transtorno delirante do atual governo norte-americano.

Se não bastasse a intromissão em julgamento, no qual se assegura a ampla defesa e o contraditório, o governo norte-americano promoveu perseguição a oito ministros do STF, cassando seus vistos, cassação extensiva aos seus parentes.

Há alguns anos, os Estados Unidos da América haviam diminuído a arrogância de se colocarem como superiores a todos os demais países. Esta prepotência retorna, acentuadamente, no novo mandato do presidente Trump e ameaça a paz, a convivência entre países, o multilateralismo e a efetividade do auxílio às populações vulneráveis ao redor do mundo.

Manifestamos, então, na condição de ex-Ministros da Justiça e da Segurança Pública, nosso repúdio a esta intervenção abusiva e nossa solidariedade ao STF e aos seus ministros, vítimas de indevida coação, que visa a constrangê-los na sua liberdade de decisão e a retaliar a coragem e a independência de contrariar interesses de grandes empresas norte-americanas.

Em defesa da soberania do Brasil, apresentamos nossa profunda solidariedade ao STF e aos seus membros.

São Paulo, 21 de julho de 2025.

Assinam:

- Eugênio Aragão

- José Carlos Dias

- José Eduardo Cardozo

- Miguel Reale Júnior

- Milton Seligmann

- Nelson Jobim

- Raul Jungmann

- Tarso Genro

- Torquato Jardim