Em carta a ministros do STF, Celso de Mello diz que Trump e bolsonaristas são 'indignos'

Política
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O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro aposentado Celso de Mello, manifestou solidariedade aos oito colegas da Corte sancionados pelo governo Trump com a suspensão do visto americano. Em carta enviada aos ministros, nesta segunda, 21, Celso de Mello condena o ato do governo dos EUA ('extremamente arbitrário'). "Associado a bolsonaristas e 'big techs', buscam desestruturar o sistema de governo brasileiro", afirma.

O ex-ministro não cita o nome de bolsonaristas, a quem definiu como 'quislings' - traidores -, mas faz referência indireta à atuação do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente que mora nos EUA e tem participação decisiva na ofensiva americana a ministros do STF.

Segundo Celso de Mello, o presidente Trump demonstra ser 'mais um daqueles medíocres e indecorosos'. Para ele, os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) devem ser punidos por agir de forma 'insidiosa ou explicitamente contra os superiores interesses do Brasil e do seu povo, conspirando, sem pudor e de modo desonroso'.

Na sexta-feira, 19, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rúbio, anunciou que iria retaliar com a suspensão do visto americano o ministro Alexandre de Moraes e 'seus aliados no STF' pelo cerco a Bolsonaro, agora com movimentos limitados - está sob monitoramento permanente de tornozeleira eletrônica e não pode sair de casa à noite e nos fins de semana, entre outras restrições.

Conforme apurou o Estadão, foram alvos da medida do governo Trump os ministros Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Edson Fachin e o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

Celso de Mello compara os 'seguidores de Bolsonaro' ao primeiro-ministro da Noruega durante a ocupação nazista, Vidkun Quisling. "Seu nome tornou-se sinônimo de traidor, pelo comportamento desleal e desonroso com que vilipendiou sua pátria! Com a derrota militar do Terceiro Reich alemão, foi julgado, condenado e executado pelos patriotas noruegueses!", destaca.

"Mais do que uma ofensa sem causa, essa prepotente deliberação governamental americana, apoiada em fundamento destituído de veracidade (mendaz, portanto), ao investir, absurdamente, contra o Supremo Tribunal Federal e os seus íntegros e honrados magistrados, desrespeita, profundamente, o nosso País e a dignidade do povo brasileiro!", acentua Celso de Mello.

"Não se pode minimizar a delicadíssima situação a que se acham presentemente expostos o Brasil e as suas instituições democráticas!", argumenta."Não se trata de mera questão econômico-tarifária, mas, isso sim, de deliberado (e gravíssimo) ataque à democracia brasileira e a suas Instituições, notadamente à Corte Suprema do Brasil, ataque esse perpetrado pelo governo Trump, associado tanto à extrema-direita bolsonarista (e aos 'quislings' seguidores de Bolsonaro) quanto à extrema-direita internacional, em verdadeira e acintosa coordenação com as 'big techs', todos buscando desestruturar o nosso sistema de governo, legitimado pelo modelo de democracia constitucional que o povo de nosso País implantou após 21 anos de ditadura militar", segue o texto de Celso de Mello enviado aos ministros do STF.

O ex-ministro critica a 'desmedida arrogância imperial de Donald Trump'.

Segundo Celso de Mello, 'após cinco meses no exercício da Chefia de Estado e de Governo dos EUA, o presidente Donald Trump tem demonstrado ser, de modo inequívoco, por ações, gestos e declarações, um governante despojado dos atributos mínimos de 'statesmanship'."Por lhe faltar a condição honrosa de estadista, Donald Trump demonstra ser mais um daqueles medíocres e indecorosos governantes que desconhecem a História e que, por isso mesmo, estão fadados a repetir-lhe os erros", afirma.

Celso de Mello cobra enfaticamente punição aos envolvidos. "Mais do que nunca, e em razão de recentes eventos, entre os quais, o episódio da revogação de vistos, torna-se necessário identificar, expor e punir, nos termos da lei e respeitado o direito ao 'due process of law', os 'quislings' nacionais que, ressentidos, despojados de qualquer dignidade e destituídos de qualquer sentimento patriótico de respeito e apreço por nosso país, agem, insidiosa ou explicitamente, contra os superiores interesses do Brasil e do seu povo, conspirando, sem pudor e de modo desonroso, aqui ou em terras estrangeiras, com o sórdido (e traiçoeiro) objetivo de submeter nossa pátria, os seus valores e tradições de que tanto nos orgulhamos ao domínio de potestades estrangeiras, buscando reduzir o Brasil à condição inferior e degradante de uma simples colônia."

LEIA A ÍNTEGRA DA CARTA DE CELSO DE MELLO

"Extremamente arbitrário o ato de 'revogação' dos vistos dos Ministros do STF e de seus familiares diretos, praticado pelo governo Trump, sob o falso pretexto de 'perseguição e censura' (?!!?) que violariam direitos básicos de brasileiros e americanos!

Mais do que uma ofensa sem causa, essa prepotente deliberação governamental americana, apoiada em fundamento destituído de veracidade (mendaz, portanto), ao investir, absurdamente, contra o Supremo Tribunal Federal e os seus íntegros e honrados magistrados, desrespeita, profundamente, o nosso País e a dignidade do povo brasileiro!

Não se pode minimizar a delicadíssima situação a que se acham presentemente expostos o Brasil e as suas instituições democráticas!

Não se trata de mera questão econômico-tarifária, mas, isso sim, de deliberado (e gravíssimo) ataque à democracia brasileira e a suas Instituições, notadamente à Corte Suprema do Brasil, ataque esse perpetrado pelo governo Trump, associado tanto à extrema-direita bolsonarista (e aos 'quislings' seguidores de Bolsonaro) quanto à extrema-direita internacional, em verdadeira e acintosa coordenação com as 'big techs', todos buscando desestruturar o nosso sistema de governo, legitimado pelo modelo de democracia constitucional que o Povo de nosso País implantou após 21 anos de ditadura militar, como bem ponderou, em primorosa análise, em recente matéria publicada no UOL ('O Brasil está sob ataque', 19/07/2005), o jornalista Jamil Chade!

Já pude escrever, em outra oportunidade, que a desmedida arrogância imperial de Donald Trump leva-o a considerar-se um absurdo 'imperator mundi', certamente embriagado pela 'hybris' grega, capaz de despertar a 'ira dos Deuses'!!!

Após cinco meses no exercício da Chefia de Estado e de Governo dos EUA, o presidente Donald Trump tem demonstrado ser, de modo inequívoco, por ações, gestos e declarações, um governante despojado dos atributos mínimos de 'statesmanship'!

Por lhe faltar a condição honrosa de estadista, Donald Trump demonstra ser mais um daqueles medíocres e indecorosos governantes (a) que desconhecem a História (e que, por isso mesmo, estão fadados a repetir-lhe os erros), (b) que revelam ultrajante menosprezo pela dignidade de outros povos e grupos nacionais, (c) que transgridem princípios fundamentais que moldaram as relações internacionais dos Estados modernos, como aqueles consagrados pelos importantes Tratados de Paz de Westfália, de 1648, (d) que desrespeitam a Carta de São Francisco de 1945 (ONU), no ponto em que proclama a igualdade soberana dos Estados nacionais (artigo 1, nº 2, e artigo 2, nº 1) e (e) que descumprem o postulado básico da boa-fé e do respeito aos tratados e convenções internacionais (pacta sunt servanda), proclamado pela Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados (artigo 26), entre outros expressivos valores que iluminam e fortalecem o catálogo dos direitos e liberdades essenciais da pessoa humana e que ordenam as relações no plano internacional entre Estados soberanos!

Ao me referir aos 'quislings' brasileiros, seguidores de Bolsonaro, considero apropriada a menção à figura sinistra de VIDKUN QUISLING (1887-1945), que governou o Reino da Noruega durante sua ocupação pelo infame regime nazista, com que colaborou ativamente - e a que serviu com absoluto e vergonhoso servilismo - na condição de 'StatsMinister' (ministro-presidente ou primeiro-ministro)!

Seu nome tornou-se sinônimo de 'traidor', pelo comportamento desleal e desonroso com que vilipendiou sua pátria !

Com a derrota militar do Terceiro Reich alemão, foi julgado, condenado e executado pelos patriotas noruegueses! 'Sic semper tyrannis'!

Mais do que nunca, e em razão de recentes eventos (entre os quais , o episódio da revogação de vistos), torna-se necessário identificar, expor e punir, nos termos da lei e respeitado o direito ao 'due process of law', os 'quislings' nacionais que, ressentidos, despojados de qualquer dignidade e destituídos de qualquer sentimento patriótico de respeito e apreço por nosso país, agem, insidiosa ou explicitamente, contra os superiores interesses do Brasil e do seu povo, conspirando, sem pudor e de modo desonroso, aqui ou em terras estrangeiras, com o sórdido (e traiçoeiro) objetivo de submeter nossa pátria, os seus valores e tradições de que tanto nos orgulhamos ao domínio de potestades estrangeiras, buscando reduzir o Brasil à condição inferior e degradante de uma simples colônia…

Peço-lhe que receba a minha manifestação de apreço, de respeito pessoal e profissional e de integral solidariedade!"

Ministro aposentado do STF Celso de Mello.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta segunda-feira, 21, em reunião com líderes de esquerda da América do Sul e da Espanha, no Chile, que países defensores da democracia precisam atuar contra o "extremismo tenta reeditar práticas intervencionistas".

A declaração é uma referência indireta à guerra tarifária e às sanções contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) impostas pelo governo Donald Trump ao Brasil. Participaram da reunião o premiê espanhol, Pedro Sánchez, e os presidentes do Chile, Gabriel Boric, do Uruguai, Yamandú Orsi, e da Colômbia, Gustavo Petro.

Apesar de não ter citado nominalmente Trump em sua declaração, a crítica de Lula à "prática intervencionista" é direcionada ao presidente dos Estados Unidos, que anunciou uma série de tarifas aos produtos importados de diversos países, entre eles o Brasil.

"A defesa da democracia não cabe somente aos governos. Requer participação ativa da economia, dos parlamentos, da sociedade civil, da mídia e do setor privado", afirmou Lula à imprensa após a reunião no Palácio de La Moneda.

O presidente brasileiro criticou, indiretamente, o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados. Disse que "sem um novo modelo de desenvolvimento, a democracia seguirá ameaçada por aqueles que colocam seus interesses econômicos acima dos da sociedade e da pátria".

Ainda segundo o presidente brasileiro, "a América Latina e o Caribe são uma força positiva para a promoção da paz, do diálogo e no reforço ao multilateralismo".

Um homem foi puxado para dentro de uma máquina de ressonância magnética depois de entrar na sala com uma grande corrente de musculação em volta do pescoço e morreu na cidade da Westbury, no condado de Nassau, em Nova York, de acordo com a polícia local.

Keith McAllister, de 61 anos, entrou em uma sala de ressonância magnética enquanto a sua esposa, Adrienne Jones-McAllister, fazia um exame na tarde de quarta-feira, 16, no Nassau Open MRI. A forte força magnética da máquina o atraiu pela corrente metálica em seu pescoço, de acordo com um comunicado do Departamento de Polícia do Condado de Nassau. Ele morreu na tarde de quinta-feira, 17.

Adrienne disse em uma entrevista gravada ao News 12 Long Island que estava sendo submetida a uma ressonância magnética no joelho quando pediu ao técnico que chamasse seu marido para ajudá-la a sair da mesa.

Ela disse à emissora que o técnico chamou Keith para a sala e ele estava usando uma corrente de fazer musculação. O objeto já tinha sido alvo de uma conversa casual entre os dois em uma visita anterior, com comentários como: "Ooooooh, essa corrente é grande".

"Naquele instante, a máquina o girou, puxou-o para dentro e ele bateu na ressonância magnética", disse Adrienne sobre o momento em que o marido se aproximou dela.

"Eu disse: 'Você poderia desligar a máquina, ligar para o socorro, fazer alguma coisa, desligar essa maldita coisa!'", lembrou ela, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto. "Ele ficou mole em meus braços."

A mulher disse que o técnico a ajudou a tentar tirar o marido da máquina, mas foi impossível. "Ele acenou um adeus para mim e então todo o seu corpo ficou mole", disse Adrienne à emissora de TV. A esposa da vítima disse ainda que Keith sofreu ataques cardíacos depois que foi liberado da máquina de ressonância magnética.

Uma pessoa que atendeu ao telefone do Nassau Open MRI em Long Island não quis comentar na última sexta-feira, 18. O número de telefone ficou sem resposta no sábado, 19.

Essa não foi a primeira morte em Nova York resultante de uma máquina de ressonância magnética. Em 2001, Michael Colombini, de Croton-on-Hudson, foi morto aos 6 anos no Westchester Medical Center quando um tanque de oxigênio voou para dentro da câmara, atraído pelo eletroímã de 10 toneladas do aparelho.

Em 2010, os registros arquivados no Condado de Westchester revelaram que a família resolveu uma ação judicial no valor de US$ 2,9 milhões.

As máquinas de ressonância magnética "empregam um forte campo magnético" que "exerce forças muito poderosas sobre objetos de ferro, alguns aços e outros objetos magnetizáveis", de acordo com o Instituto Nacional de Imagem Biomédica e Bioengenharia, que afirma que as unidades são "fortes o suficiente para arremessar uma cadeira de rodas para o outro lado da sala".

Ao menos 19 pessoas morreram e mais de 100 ficaram feridas nesta segunda-feira, 21, após a queda de uma aeronave de treinamento da Força Aérea de Bangladesh no campus de uma escola em Daca, capital do país, logo após a decolagem. O piloto está entre os mortos, de acordo com autoridades locais.

Militares e um oficial do corpo de bombeiros informaram que a aeronave F-7 BGI, de fabricação chinesa, caiu no campus da Milestone School and College, no bairro de Uttara, no início da tarde, quando os alunos estavam assistindo às aulas.

O corpo de bombeiros e a defesa civil disseram que a maioria dos mortos eram estudantes e que 116 pessoas foram resgatadas com ferimentos - muitas delas, com queimaduras.

O governo anunciou um dia de luto nacional nesta terça-feira, 22, com bandeiras hasteadas a meio-mastro em todo o país.

Os militares disseram que o jato decolou da base aérea de Kurmitola, em Daca, às 13h06 no horário local (04h06 no horário de Brasília), e caiu logo depois, pegando fogo imediatamente. O governo disse que a aeronave "sofreu um mau funcionamento técnico", mas que um comitê de alto nível da Força Aérea conduziria uma investigação para determinar a causa.

O tenente de voo Md. Toukir Islam fez "todos os esforços para desviar a aeronave de áreas densamente povoadas em direção a um local menos habitado", disseram os militares. "Infelizmente, a aeronave se chocou contra um prédio de dois andares" dentro da escola.

Esse é o acidente aéreo mais mortal da história recente na capital de Bangladesh.

A mídia local indicou que a maioria dos feridos também eram estudantes. Os parentes entraram em pânico no local enquanto os socorristas, usando triciclos ou qualquer outra coisa disponível, transportavam os feridos para os hospitais locais. Uma cena desesperadora se desenrolou quando o acidente ocorreu.

Moradores locais e equipes de resgate carregavam estudantes feridos no colo, enquanto pais preocupados corriam freneticamente. Um pai corria com a filha em seus braços. Uma mãe gritava, tendo encontrado seu filho mais novo, mas procurando desesperadamente pelo mais velho. Os alunos disseram que os prédios da escola tremeram violentamente, seguidos de uma grande explosão, fazendo-os correr em busca de segurança.

Gritos e desespero tomaram conta do ar em um hospital próximo. Os médicos do Uttara Adhunik Hospital informaram que mais de 60 alunos, muitos com idades entre 12 e 16 anos, foram transferidos para um hospital especializado em queimaduras depois de chegarem com ferimentos.

No local do acidente, os soldados usaram megafones para controlar a multidão, complicada pela densa população da área, uma estação de metrô próxima e várias lojas e casas ao redor. Já é noite de segunda-feira em Daca e os socorristas continuam a vasculhar os escombros em busca de corpos.

O líder interino de Bangladesh, Muhammad Yunus, prometeu uma investigação, expressando seu profundo pesar pelo "acidente de partir o coração" na Milestone School and College.

Em uma declaração, ele lamentou a perda "irreparável" sofrida pelo "pessoal da Força Aérea, alunos, pais, professores, funcionários e outros", afirmando ser "um momento de profunda tristeza nacional".

O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, expressou choque e tristeza pelo "trágico acidente aéreo em Daca" que resultou na perda de muitas vidas, inclusive de jovens estudantes.

"Nossos corações estão com as famílias enlutadas", disse Modi em um post no X, antigo Twitter. "A Índia é solidária com Bangladesh e está pronta para estender todo o apoio e assistência possíveis."

Rafiqa Taha, uma estudante que não estava presente no momento do acidente, disse à reportagem por telefone que a escola, com cerca de 2 mil alunos, oferece aulas do ensino fundamental ao médio. "Eu estava apavorado assistindo aos vídeos na TV", disse o jovem, de 16 anos. "Meu Deus! É a minha escola."