Bolsonarista Allan dos Santos desmente conspiração de 'infiltrados' no 8/1

Política
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O blogueiro Allan dos Santos, foragido da Justiça brasileira desde 2021, negou a versão disseminada por bolsonaristas de que o 8 de Janeiro foi causado pela ação de infiltrados de esquerda na manifestação golpista. "Não tinha", respondeu o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), categoricamente, sobre a existência de "infiltrados" nos ataques às sedes dos Três Poderes, em Brasília. "Quem estava envolvido naquele quebra-quebra, de modo intencional, era a gente", afirmou Allan dos Santos em 12 de janeiro ao programa "Os Fellas Cast", transmitido no YouTube.

 

"É aquele tipo de baderna que a gente não quer ver", disse o blogueiro. O trecho em que Allan desmente a conspiração repercute no X (antigo Twitter) nesta terça-feira, 23.

 

Allan dos Santos é alvo de dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) por propagação de desinformação. Contra ele, há um mandado de prisão preventiva, além de uma ordem de extradição. O blogueiro está foragido e reside nos Estados Unidos.

 

O endereço residencial de Allan no País já foi alvo de busca e apreensão da Polícia Federal (PF), dentro dos inquéritos conduzidos pelo Supremo. Também vigora contra o blogueiro uma proibição de acesso a redes sociais, mas ele burla a determinação judicial com a criação sucessiva de perfis nas redes.

 

'Infiltrados' jamais foram identificados

 

Políticos bolsonaristas afirmam, de forma recorrente, que a responsabilidade pelos ataques aos prédios públicos teria sido de "infiltrados" no grupo que tomou a Praça dos Três Poderes. O senador Magno Malta (PL-ES) alegou, em abril do ano passado, que a investigação sobre o 8 de Janeiro deveria descobrir "quem organizou a ação e quem são os infiltrados no meio dos manifestantes".

 

Um mês depois, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, pôs a desinformação novamente em pauta. "Há relatos de que houve infiltrados, pessoas filiadas aos partidos de esquerda", disse Eduardo, na primeira sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) instalada para apurar o assunto.

 

Na CPMI do 8 de Janeiro, inclusive, ao menos 15 parlamentares disseminaram em seus perfis nas redes sociais essa desinformação, segundo um levantamento do Estadão Verifica. O campeão em número de publicações com a versão desencontrada dos fatos foi o senador Eduardo Girão (Novo-CE). A Girão, juntam-se outros parlamentares da "tropa de choque" bolsonarista, como Marcos do Val (Podemos-ES) e Marco Feliciano (PL-SP).

 

A narrativa de que o 8 de Janeiro foi resultado de "infiltrados", na verdade, começou minutos depois do ataque aos prédios públicos. Como mostrou o Estadão, o verbete da Wikipédia sobre o 8 de Janeiro foi alvo de sucessivas edições que tentavam inserir no artigo a narrativa. Apesar da disputa, a presença de "infiltrados" nos atos golpistas jamais foi identificada nos inquéritos que se seguiram.

 

Questionado sobre o tema, Allan dos Santos afirmou não acreditar na conspiração de infiltrados. Para o bolsonarista, os ataques foram ações de "pessoas fragilizadas e desesperadas" que, nesse estado, tornaram-se suscetíveis "a uma mentira". "Você inventa uma mentira, diz: 'Vai lá, faz o que for possível e necessário que vamos salvar tudo. 'Toca' o terror que nós vamos salvar o Brasil'", exemplificou o blogueiro sobre as motivações do ataque.

 

Segundo Allan dos Santos, os ataques seriam de responsabilidade de "pessoas iludidas" com a ideia de que, depredando os prédios públicos, os militares seriam acionados. O desmentido do blogueiro corresponde ao que a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao aconselhá-lo a não assinar um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

 

A primeira-dama, segundo o próprio presidente, desestimulou Lula a assinar o decreto ao realizar a leitura de que os manifestantes estavam promovendo os ataques justamente para colocar os militares em jogo. "Foi a Janja que invalidou: 'Não aceita a GLO porque GLO é tudo que eles querem. É tomar conta do governo'. Se eu dou autoridade para eles, eu tinha entregado o poder para eles", afirmou Lula ao documentário "8/1: A democracia resiste", produzido pela GloboNews.

 

Para assistir ao trecho do vídeo no qual Allan dos Santos dá seu depoimento, é só clicar aqui.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.