Mauro Vieira: Classificar Hamas como grupo terrorista não avançaria na ONU

Política
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O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta quarta-feira, 18, que, mesmo se o Conselho de Segurança da ONU discutisse a classificação do Hamas como grupo terrorista, a iniciativa não teria êxito. Durante sessão do Conselho de Relações Exteriores do Senado, Vieira falou da questão ao defender a posição do governo brasileiro de não classificar o Hamas como grupo terrorista.

 

Segundo ele, o Brasil adota a classificação do Conselho de Segurança da ONU para designar entidades terroristas, que não inclui o grupo palestino.

 

Questionado pelo senador Carlos Viana (Podemos-MG), presidente do Grupo de Amizade Brasil-Israel, sobre o porquê de o Brasil não propor na ONU que a classificação mude, já que o Brasil preside o Conselho de Segurança, Vieira disse que a proposta não avançaria no Conselho de Segurança por cauda da oposição da Rússia e da China.

 

De acordo com o ministro, qualquer linguagem mais dura no Conselho de Segurança não seria aprovada, nem sequer aceita pelos demais membros para ser colocada no papel. Além disso, não estaria de acordo com a classificação do próprio colegiado.

 

"O senhor pode dizer que é um absurdo, mas reflete a situação atual do Conselho de Segurança, daí vem nossa posição tradicional há mais de 30 anos. Lutamos pela modernização, pela reforma do Conselho de Segurança que precisa ser mais democrático, mais aberto, ter uma participação maior de países importantes e relevantes", disse o ministro das Relações Exteriores.

 

"O Hamas é um partido político também, tem um lado administrativo, e tem duas brigadas, que são o braço armado. Nem a organização como um todo, nem as brigadas foram consideradas organizações terroristas pelo Conselho de Segurança da ONU até agora. Portanto o Brasil segue essa orientação", acrescentou.

 

Derrota no Conselho de Segurança

 

Questionado por senadores sobre a diplomacia brasileira para o Oriente Médio, o chanceler afirmou que o Brasil, na qualidade de presidente temporário do Conselho, não pretendia tomar posição política com o texto de resolução que sugeriu, mas que terminou derrotado.

 

A resolução brasileira condenava os atos terroristas do Hamas e defendia o fim dos ataques à população civil em Gaza. Se aprovada, ela teria apenas valor simbólico.

 

A embaixadora americana na ONU, Linda Thomas Greenfield elogiou a iniciativa brasileira, mas disse que o texto foi vetado por não mencionar o direito de Israel de se defender do Hamas. Ela também indicou que a Casa Branca prefere adotar negociações unilaterais no Oriente Médio a perseguir, no momento, um consenso na ONU.

 

Reforma da ONU

 

Na audiência, Vieira voltou a defender a reforma da ONU, um tema histórico da diplomacia brasileira. "Tudo o que aconteceu é mais um argumento favorável à reforma do Conselho de Segurança, que transformaria a ONU numa organização mais executiva, mais ativa, mais presente na solução de conflitos", disse o chanceler. "Talvez a gente esteja hoje diante de um conflito de grande gravidade e que nos chame a atenção e nos acorde a todos sobre a necessidade de uma governança internacional diferente, em que se possa fazer frente a esses desafios tão grandes."

 

A declaração do chanceler coincide com a pressão política exercida pelo governo Lula, em diferentes fóruns multilaterais, a favor de uma reforma ampla das Nações Unidas, dando mais protagonismo a países em desenvolvimento e representatividade de outros continentes nos órgãos-chave. O governo Lula argumenta que a atual composição do conselho data de 1945 e não reflete mais a atual composição da ONU, com 195 membros.

 

O Conselho de Segurança tem cinco membros fixos desde que foi criado, junto com a fundação da ONU, em 1945, no contexto do fim da 2ª Guerra Mundial: Estados Unidos, Reino Unido, França, Rússia e China.

 

Nova proposta de resolução

 

O governo sinalizou, ainda, disposição de voltar a tentar articular uma resolução do Conselho de Segurança, que há sete anos não consegue aprovar nada a respeito do conflito.

 

"Temos que esperar um pouco a evolução dos fatos, se há condição de acomodar e tem que ser uma proposta um pouco diferente da atual", ponderou o ministro.

 

Conforme o ministério, o projeto rejeitado condenava os atos de terrorismo perpetrados pelo Hamas em Israel em 7 de outubro de 2023; apelava para libertação imediata e incondicional de todos os reféns civis; conclamava a uma pausa humanitária a fim de permitir o fornecimento rápido e desimpedido da ajuda humanitária; exigia o fornecimento contínuo de bens essenciais para a população civil, como artigos médicos, água e alimentos; e pedia a rescisão da ordem para que civis e funcionários das Nações Unidas evacuem toda a área em Gaza ao norte de Wadi Gaza.

 

Segundo o Itamaraty, a diplomacia brasileira "seguirá buscando construir acordos que aliviem a dramática situação humanitária a que assistimos e contribuam para a realização da solução de dois Estados, com um Estado Palestino economicamente viável, convivendo em paz e segurança com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas".

 

"O governo brasileiro lamenta que, mais uma vez, o uso do veto tenha impedido o principal órgão para a manutenção da paz e da segurança internacional de agir diante da catastrófica crise humanitária provocada pela mais recente escalada de violência em Israel e em Gaza. O Brasil considera urgente que a comunidade internacional estabeleça um cessar-fogo e retome o processo de paz", afirmou o Itamaraty em nota.

 

Vieira volta para Nova York ainda hoje para assumir a coordenação dos trabalhos e tentar auxiliar nas discussões de paz e socorro humanitário. Segundo ele, o governo preocupa-se com o risco de "transbordamento" do conflito para outros países da região, onde vivem milhares de brasileiros.

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Durante uma caminhada pela montanha Krkonoše, na República Checa, em fevereiro deste ano, dois homens encontraram uma lata de alumínio contendo 598 moedas de ouro, dispostas em colunas e envoltas em tecido preto. A descoberta inicial despertou a curiosidade das pessoas que costumam caminhar por lá, que decidiram explorar a área, e acabaram localizando mais objetos. As informações da Rádio Praga Internacional e foram publicadas pela Smithsonian Magazine, uma revista ligada ao Instituto Smithsonian, o maior complexo de museus e institutos de pesquisa do mundo.

Os achados foram levados ao Museu da Boêmia Oriental, em Hradec Králové, na República Checa. Segundo uma postagem no Facebook do museu, a cerca de um metro de onde foram localizadas as moedas, foram achados outros objetos, entre eles 16 caixas de rapé, 10 pulseiras, uma pequena bolsa de malha fina de arame, um pente, uma corrente com uma pequena chave e um estojo de pó compacto. O peso total dos itens, segundo a postagem do museu, é de 7 quilos.

Segundo informações da Smithsonian Magazine, especialistas disseram à Rádio Praga Internacional que os achados, somados, valem US$ 340 mil, equivalente a R$ 1,9 milhão.

Na postagem do Facebook do Museu da Boêmia Oriental, o numismata Vojtech Brádle diz que o conjunto não pode ser avaliado como dinheiro comum da época, mas principalmente como um tesouro de metal precioso acumulado. As moedas são de 1808 a 1915, segundo os anos cunhados nelas. Ele diz ainda que o ano de 1915 não é decisivo para determinar quando o depósito chegou ao local. A razão, segundo a postagem, é a presença de várias peças com pequenas marcas (as chamadas contramarcas), que podem ter sido colocadas nelas somente após a Primeira Guerra Mundial.

"As moedas foram cunhadas no território da antiga Iugoslávia durante as décadas de 1920 e 1930 do século XX. No geral, pode-se dizer que, dentro das descobertas domésticas, trata-se de um conjunto muito específico em sua composição, pois a maior parte é de origem francesa e, em maior número, além das cunhagens da Áustria-Hungria, inclui também moedas belgas e otomanas. Por outro lado, faltam completamente moedas alemãs e checoslovacas", diz Brádle na postagem.

Segundo a Smithsonian Magazine, ninguém sabe quem enterrou o tesouro - ou por qual motivo teve que o esconder. Os pesquisadores também estão intrigados com o fato de que quem enterrou o tesouro nunca voltou para recuperá-lo. Especula-se que possa ter sido escondido durante a Segunda Guerra Mundial por fugitivos ou pelos próprios nazistas, dada a localização próxima à fronteira com a Polônia.

Para Miroslav Novák, chefe do departamento arqueológico do Museu da Boêmia Oriental, a descoberta é única. "Depositar objetos valiosos na terra na forma de tesouros, os chamados depósitos, era uma prática comum desde a pré-história. Inicialmente, os motivos religiosos eram mais comuns, mais tarde tratava-se frequentemente de bens escondidos em tempos incertos com a intenção de retornar para eles mais tarde. Esta descoberta se destaca principalmente pelo peso incomumente grande do metal precioso", diz Novák na postagem do Facebook do museu.

O presidente da China, Xi Jinping, realizará uma visita oficial à Rússia de 7 a 10 de maio, confirmou o Kremlin no domingo (4). O presidente chinês está entre os líderes que comparecerão ao Desfile do Dia da Vitória em Moscou, em 9 de maio, para comemorar o fim da Segunda Guerra Mundial.

O Kremlin afirmou que Xi visitará a convite do presidente russo, Vladimir Putin, e que, além de participar das celebrações do Dia da Vitória, os líderes discutirão "o desenvolvimento de relações de parceria abrangente, interação estratégica" e "questões da agenda internacional e regional".

Putin e Xi assinarão diversos documentos bilaterais, afirmou o Kremlin.

A visita de Xi à Rússia será a terceira desde que o Kremlin enviou tropas para a Ucrânia em fevereiro de 2022. A China afirma ter uma posição neutra no conflito, mas apoia as alegações do Kremlin de que a ação da Rússia foi provocada pelo Ocidente e continua a fornecer componentes essenciais necessários a Moscou para a produção de armas.

No sábado, 3, Moscou acusou o presidente ucraniano Volodimir Zelenski de ameaçar a segurança de dignitários presentes nas celebrações do Dia da Vitória, após ele ter rejeitado o cessar-fogo unilateral de 72 horas da Rússia. Zelenski afirmou que a Ucrânia não pode fornecer garantias de segurança a autoridades estrangeiras que planejam visitar a Rússia por volta de 9 de maio, alertando que Moscou poderia encenar provocações e, posteriormente, tentar culpar a Ucrânia. Fonte: Associated Press.

Dez pessoas morreram e outras 70 ficaram feridas após dois barcos com turistas naufragarem na China, informou a imprensa estatal nesta segunda-feira, 5. O acidente aconteceu na tarde de domingo, 4, depois que uma tempestade súbita de chuva e granizo atingiu as partes altas do rio Wu, um afluente do Yangtzé, o maior curso d'água da China, e afetou as condições de navegação cobrindo a superfície do rio com uma névoa densa.

Ao todo, 84 pessoas caíram na água; quatro ficaram ilesas e os feridos foram hospitalizados. Os barcos tinham capacidade máxima de cerca de 40 pessoas cada e não estavam superlotados, segundo o relato de testemunhas.

O incidente foi na cidade de Qianxi, no sudoeste da província de Guizhou. As montanhas e os rios dessa região são grandes atrações turísticas, e foram o destino de muitos chineses durante o feriado nacional de cinco dias, que termina nesta segunda.

Além dos dois barcos turísticos, outras duas embarcações foram afetadas; eles não transportavam passageiros, e os sete tripulantes conseguiram se salvar.

O presidente chinês, Xi Jinping, pediu "esforços totais" nas operações de busca e resgate dos feridos, segundo a agência estatal Xinhua.

Xi também destacou a importância de "reforçar as medidas de segurança em locais turísticos" e outros lugares com grandes aglomerações de pessoas. (Com agências internacionais).