Moraes chama reunião ministerial de 'golpista' e diz que Bolsonaro 'instigou' contra o TSE

Política
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta terça-feira, 9, que a reunião ministerial realizada em julho de 2022 não tinha o objetivo de discutir ações dos ministérios, mas, sim, reforçar um discurso golpista contra a Justiça Eleitoral. Moraes chamou o encontro de "reunião golpista" e disse que o ex-presidente ficou "instigando seus colaboradores ministros a disseminar gravíssima desinformação de fraude nas urnas eletrônicas - e praticada pelo Tribunal Superior Eleitoral".

Citou, ainda, a presença de Walter Braga Netto, que à época não era mais ministro, apenas candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, na reunião. Mencionou, também, que os chefes das Forças Armadas também foram convidados.

"Nessa reunião de 5 de julho de 2022, Bolsonaro realiza reunião oficial com ministros de Estado e que, coincidentemente ou estranhamente, porque de legalidade duvidosa, Walter Souza Braga Netto participa da reunião ministerial, mas ele não era mais ministro, era candidato a vice-presidente", disse o ministro.

"Também estavam presentes os comandantes das Forças Armadas, o que não é comum também em reunião ministerial. Não têm status de ministro. Eu fui ministro de Estado, Flávio Dino foi ministro de Estado e sabemos que os comandantes não participam de reuniões ministeriais, quem participa é o ministro da Defesa. Mas essa não foi uma reunião ministerial. Foi na forma, não no conteúdo. Foi uma reunião golpista onde se pretendia arregimentar mais ministros e mais servidores, e principalmente os comandantes das Forças Armadas, para o projeto dessa organização criminosa", declarou.

Segundo o ministro, os diálogos na reunião "demonstram claramente o intuito golpista": "A reunião começa com Jair Bolsonaro instigando seus colaboradores a, novamente, disseminar gravíssima desinformação de fraude nas urnas eletrônicas - e praticada pelo TSE -, afirmando que os números dos resultados das futuras eleições, que seriam dali a três meses, já estariam dentro dos computadores do TSE. Isso em uma suposta reunião ministerial".

Moraes disse que não há vídeos reais que demonstrem falhas nas urnas eletrônicas em 2018, ao contrário do que Bolsonaro insistiu em dizer na reunião de julho de 2022 aos seus ministros. Afirmou que o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, que também é réu na ação junto de Jair Bolsonaro, "endossou" a conduta de Bolsonaro nos ataques à Justiça Eleitoral.

"Aqui, o réu Anderson Torres usou sua condição de ministro da Justiça e Segurança para desvirtuar a realidade. O País que vivia um momento, como vive agora, um real Estado Democrático de Direito, e ele comparou à Bolívia, disse que preparou para a guerra um grupo de policiais federais e endossou a vulnerabilidade nas urnas e fraude eleitoral. Também houve a participação de Braga Netto, que era candidato e estava na reunião ministerial, endossando as palavras do réu Jair Bolsonaro e atacando o ministro Edson Fachin então presidente do TSE", declarou.

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A imprensa internacional repercutiu nesta segunda-feira, 6, a ligação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, dos Estados Unidos. Os dois conversaram por 30 minutos por videoconferência e trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação.

Os veículos estrangeiros destacaram que Lula pediu a Trump a retirada do tarifaço sobre produtos brasileiros e de medidas contra autoridades.

O norte-americano The Washington Post informou, em uma nota curta, que Lula pediu pelo fim das tarifas extras de 40% e que reiterou convite para que Trump venha à COP 30, em Belém (PA).

O espanhol El País ressaltou que a conversa foi a primeira entre os dois líderes desde o início das tensões diplomáticas em razão do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também publicou a manifestação de ambos em seus perfis oficiais (Lula na rede social X e Trump na Truth Social).

"A conversa telefônica entre os presidentes parece suavizar uma relação que havia alcançado altos níveis de tensão", escreveu o jornal.

De acordo com o jornal francês Le Monde, a ligação foi "amigável". A reação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e seu papel nas negociações para que a conversa ocorresse foi mencionada, assim como sua opinião de que tudo correu "melhor que o esperado".

A Bloomberg reportou a reação positiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e mencionou a intercessão de empresários brasileiros nos EUA para tentar articular um contato entre os presidentes.

"O setor privado brasileiro uniu esforços para aprimorar o diálogo entre os dois países, com empresas líderes e grupos industriais sendo convocados a fornecer informações sobre seus setores", diz a Bloomberg.

Já o jornal português Público se referiu ao momento vivido pelos dois países como "uma crise diplomática sem precedente". A situação foi desencadeada, segundo a reportagem, pela condenação de Bolsonaro e pela "presidência brasileira nos BRICS".

O jornal também relembrou as sanções impostas pelos EUA: "Para além das tarifas, os Estados Unidos restringiram os vistos a várias autoridades políticas e judiciárias do Brasil, como os juízes do Supremo Tribunal Federal, e impuseram a Lei Magnitsky ao juiz Alexandre de Moraes, relator do processo contra Jair Bolsonaro".

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que seu governo fará algo em relação aos agricultores americanos nesta semana, sem dar mais detalhes, durante falas para jornalistas na Casa Branca, nesta segunda-feira.

A sinalização acontece após o republicano dizer que planeja um pacote de ajuda para os agricultores de soja dos EUA, em meio ao boicote da China aos grãos americanos, por conta da guerra comercial travada entre os dois países.

Nos comentários, Trump também disse que tomou a decisão de enviar mísseis para a Ucrânia, mas quer "ter certeza do que eles estão fazendo com eles primeiro".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 6, que o Hamas "está concordando com coisas muito importantes" do plano de paz proposto por Washington para encerrar a guerra em Gaza. "Temos praticamente todas as nações trabalhando neste acordo e tentando concluí-lo. É um acordo em que, incrivelmente, todos se uniram", declarou.

Trump ressaltou, porém, que há "linhas vermelhas" que não pretende cruzar. "Se certas condições não forem cumpridas, eu não farei o acordo", advertiu o republicano.

Ele também negou ter pedido ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que parasse de criticar o plano de libertação de reféns, dizendo: "Eu não disse a Netanyahu para deixar de ser negativo sobre o acordo dos reféns".

Em outro momento, o presidente comentou a paralisação parcial do governo americano, afirmando que "as negociações com os democratas sobre os planos de saúde estão em andamento".

Trump também voltou a justificar o envio da Guarda Nacional a cidades americanas, dizendo que a medida começou por Washington, agora "a cidade mais segura dos EUA".

Questionado sobre as condições para invocar o Insurrection Act, que autoriza o uso das Forças Armadas em território nacional, afirmou: "Se pessoas estivessem sendo mortas e os tribunais ou autoridades locais nos impedissem, eu agiria."