Moraes: não é crível pensar que plano para matar autoridades não tenha sido levado a Bolsonaro

Política
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, disse que "não é crível" acreditar que o general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Secretaria de Governo no governo de Jair Bolsonaro, imprimiu o planejamento da Operação Punhal Verde e Amarelo, que previa a morte de Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e do próprio Moraes, sem ter discutiu o assunto com o ex-presidente.

A impressão do planejamento da operação foi no dia 9 de novembro de 2022. No mesmo dia, disse Moraes, há comprovação de que Fernandes se reuniu, das 17h48 às 18h56, com Bolsonaro no Palácio da Alvorada. O ministro ironizou o encontro e disse que "não é crível" acreditar que o general se reuniu com o ex-presidente e "fez barquinho de papel" com o planejamento.

"O general Mário Fernandes imprime no dia 9 de novembro o documento do Punhal Verde e Amarelo e na mesma data se dirige ao Palácio da Alvorada, onde há registro de entrada e saída. Lá fica das 17h48 às 18h56 para conversar com Jair Messias Bolsonaro. Não é crível e razoável achar que Mário Fernandes imprimiu no Planalto, se dirigiu ao Alvorada, ficou uma hora e seis minutos e fez barquinho de papel com a impressão do Punhal Verde e Amarelo. Isso é ridicularizar a inteligência do Tribunal", disse Moraes.

O ministro disse que "não é possível normalizar" todo o planejamento de matar o presidente e seu vice eleitos, além do presidente do Tribunal Superior Eleitoral.

"Não é possível normalizar todo esse iter criminis, de meados de junho de 2021 até esse momento, em que forças especiais do Exército pretendiam matar o presidente do TSE e com envenenamento ou remédio se pretendia matar o presidente eleito da República. Não é possível normalizar. O Brasil demorou para atingir e concretizar a democracia. Tivemos 20 anos de ditadura, torturas, desrespeito à independência do Poder Judiciário e Legislativo. As pessoas sumiam, eram mortas. Não é possível banalizar esse retorno a esses momentos obscuros que já tivemos", declarou.

Moraes disse que "nem os mais pessimistas podiam imaginar" que o plano golpista envolveria o assassinato de autoridades, incluindo ele próprio. Afirmou que esse plano está "fartamente documentado nos autos" do processo. Disse que ele "não foi impresso numa gruta, foi impresso no Palácio do Planalto".

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A imprensa internacional repercutiu nesta segunda-feira, 6, a ligação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, dos Estados Unidos. Os dois conversaram por 30 minutos por videoconferência e trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação.

Os veículos estrangeiros destacaram que Lula pediu a Trump a retirada do tarifaço sobre produtos brasileiros e de medidas contra autoridades.

O norte-americano The Washington Post informou, em uma nota curta, que Lula pediu pelo fim das tarifas extras de 40% e que reiterou convite para que Trump venha à COP 30, em Belém (PA).

O espanhol El País ressaltou que a conversa foi a primeira entre os dois líderes desde o início das tensões diplomáticas em razão do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também publicou a manifestação de ambos em seus perfis oficiais (Lula na rede social X e Trump na Truth Social).

"A conversa telefônica entre os presidentes parece suavizar uma relação que havia alcançado altos níveis de tensão", escreveu o jornal.

De acordo com o jornal francês Le Monde, a ligação foi "amigável". A reação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e seu papel nas negociações para que a conversa ocorresse foi mencionada, assim como sua opinião de que tudo correu "melhor que o esperado".

A Bloomberg reportou a reação positiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e mencionou a intercessão de empresários brasileiros nos EUA para tentar articular um contato entre os presidentes.

"O setor privado brasileiro uniu esforços para aprimorar o diálogo entre os dois países, com empresas líderes e grupos industriais sendo convocados a fornecer informações sobre seus setores", diz a Bloomberg.

Já o jornal português Público se referiu ao momento vivido pelos dois países como "uma crise diplomática sem precedente". A situação foi desencadeada, segundo a reportagem, pela condenação de Bolsonaro e pela "presidência brasileira nos BRICS".

O jornal também relembrou as sanções impostas pelos EUA: "Para além das tarifas, os Estados Unidos restringiram os vistos a várias autoridades políticas e judiciárias do Brasil, como os juízes do Supremo Tribunal Federal, e impuseram a Lei Magnitsky ao juiz Alexandre de Moraes, relator do processo contra Jair Bolsonaro".

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que seu governo fará algo em relação aos agricultores americanos nesta semana, sem dar mais detalhes, durante falas para jornalistas na Casa Branca, nesta segunda-feira.

A sinalização acontece após o republicano dizer que planeja um pacote de ajuda para os agricultores de soja dos EUA, em meio ao boicote da China aos grãos americanos, por conta da guerra comercial travada entre os dois países.

Nos comentários, Trump também disse que tomou a decisão de enviar mísseis para a Ucrânia, mas quer "ter certeza do que eles estão fazendo com eles primeiro".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 6, que o Hamas "está concordando com coisas muito importantes" do plano de paz proposto por Washington para encerrar a guerra em Gaza. "Temos praticamente todas as nações trabalhando neste acordo e tentando concluí-lo. É um acordo em que, incrivelmente, todos se uniram", declarou.

Trump ressaltou, porém, que há "linhas vermelhas" que não pretende cruzar. "Se certas condições não forem cumpridas, eu não farei o acordo", advertiu o republicano.

Ele também negou ter pedido ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que parasse de criticar o plano de libertação de reféns, dizendo: "Eu não disse a Netanyahu para deixar de ser negativo sobre o acordo dos reféns".

Em outro momento, o presidente comentou a paralisação parcial do governo americano, afirmando que "as negociações com os democratas sobre os planos de saúde estão em andamento".

Trump também voltou a justificar o envio da Guarda Nacional a cidades americanas, dizendo que a medida começou por Washington, agora "a cidade mais segura dos EUA".

Questionado sobre as condições para invocar o Insurrection Act, que autoriza o uso das Forças Armadas em território nacional, afirmou: "Se pessoas estivessem sendo mortas e os tribunais ou autoridades locais nos impedissem, eu agiria."