Brasileiros desaprovam Congresso e acham que recursos de emendas são desviados

Política
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A maioria dos brasileiros desaprova a atuação do Congresso Nacional, aponta pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta segunda-feira, 21. A maior parte dos entrevistados pelo levantamento rejeita o dispositivo das emendas parlamentares e avalia que os recursos destinados por deputados federais e senadores aos Estados e municípios é desviada antes de ser convertida em investimentos para a população.

Segundo a Genial/Quaest, 51% dos brasileiros rejeitam o trabalho da Câmara e do Senado, enquanto 42% aprovam e 7% não responderam.

De acordo com a pesquisa, a maioria dos entrevistados considera que deputados federais e senadores não deveriam indicar emendas ao Orçamento da União: 46% rejeitam o dispositivo, enquanto 38% o aprovam e 16% não responderam.

Por outro lado, 72% dos entrevistados nem sequer sabia que, a cada ano, os parlamentares destinam uma parcela bilionária do orçamento federal. São 27% os que conheciam o dispositivo, enquanto 1% não respondeu.

Em 2025, o volume de emendas parlamentares soma R$ 50,4 bilhões, uma quantia superior aos recursos livres de 30 ministérios. A maioria dos entrevistados afirmou ter a impressão de que as emendas são desviadas antes de chegarem às cidades a que são destinadas. Para 82%, as emendas são alvos de corrupção; para 9%, os recursos são convertidos em investimentos nas cidades, enquanto outros 9% não responderam.

A Genial/Quaest ouviu 2.004 brasileiros de 16 anos ou mais entre os dias 10 e 14 de julho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais e o índice de confiança é de 95%.

As emendas parlamentares estão previstas na Constituição Federal de 1988. Até 2015, os repasses das emendas individuais não eram impositivos - ou seja, o governo federal não era obrigado a aplicar os recursos da forma que os deputados federais e senadores indicassem. Naquele ano, foi aprovada uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que tornou o pagamento das emendas individuais obrigatório, o que reformulou o balanço de forças entre o Congresso e o Poder Executivo.

O Estadão revelou a existência das "emendas Pix" e do "orçamento secreto", meios de pagamento das emendas parlamentares que dificultavam a rastreabilidade dos recursos. O orçamento secreto foi julgado inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2022. Em dezembro de 2024, após um período de suspensão dos repasses, a Corte condicionou o pagamento de emendas Pix a diretrizes de transparência.

Nesta segunda, o Estadão mostrou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu "taxar" a emenda Pix e cobrar uma espécie de pedágio de 1% para liberar cada recurso indicado por deputados e senadores nessa modalidade. O Executivo federal prepara uma portaria criando a cobrança. Vai funcionar assim: o parlamentar indica o recurso a um município e o governo vai reter 1% do valor na hora de liberar o dinheiro.

O Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos disse ao Estadão que a cobrança foi autorizada pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano e que o recurso será usado para melhorar o Transferegov.br, plataforma criada para centralizar e dar transparência aos repasses federais

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a falar em defesa da Venezuela no momento que os Estados Unidos autorizam ações no país vizinho. Lula defendeu a Venezuela, comandada pelo ditador Nicolás Maduro, ao afirmar que a população do país é dona do próprio destino e que nenhum presidente estrangeiro deve dar palpite sobre o destino do país.

A declaração foi feita no 16º Congresso do PCdoB, em Brasília.

"O Brasil nunca vai ser a Venezuela e a Venezuela nunca vai ser o Brasil. Cada um será ele. O que nós defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino e não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite de como vai ser a Venezuela ou vai ser Cuba", afirmou.

Ao destacar a boa relação com líderes esquerdistas sul-americanos nos dois primeiros mandatos à frente da Presidência, Lula disse que teve uma boa relação com Hugo Chávez. Segundo o presidente, a "onda rosa", onde progressistas comandaram boa parte do continente, foi o "melhor momento político, ideológico e social da região".

"Eu tive o prazer de viver na presidência do Brasil entre 2002 e 2010, no melhor momento político, ideológico e social da América do Sul, a minha convivência com Cristina e o (Néstor) Kirchner, da Argentina), a minha convivência com Michele Bachelet, do Chile, com Tabaré Vázquez no Uruguai e Pepe Mujica, com (Fernando) Lugo no Paraguai, com (Hugo) Chávez na Venezuela, com Evo Morales na Bolívia, isso tudo acabou", disse Lula.

Na terça-feira, 14, os Estados Unidos atacaram um barco que, segundo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, carregava drogas. Seis pessoas morreram. A ação, segundo Trump, foi feita após "a inteligência confirmar que o barco estava contrabandeando drogas, estava associado a redes narcoterroristas ilícitas e navegava em uma rota conhecida" por essas organizações".

Um dia após o ataque ao barco, na quarta-feira, 15, Trump disse que considera atacar em terra cartéis de droga que operam na Venezuela. O líder americano confirmou uma reportagem do New York Times publicada que revelou que ele autorizou operações da CIA contra Caracas.

Na mesma solenidade Lula falou da política brasileira e afirmou que tem disposição para disputar mais cinco eleições e que muito provavelmente será candidato em 2026.

"Se eu decidisse ser candidato, obviamente a direção dos partidos que verem, se eu decidisse ser candidato, não é para disputar só, é para a gente ganhar essas eleições", disse.

O novo presidente do Peru, José Jerí, recusou-se a renunciar nesta quinta-feira, 16, após a morte de um manifestante durante uma grande manifestação liderada por ativistas da Geração Z que exigiam sua saída do cargo.

Cerca de 100 pessoas também ficaram feridas, incluindo 80 policiais e 10 jornalistas, de acordo com as autoridades, que disseram estar investigando o tiroteio e a morte do manifestante.

"Minha responsabilidade é manter a estabilidade do país; essa é minha responsabilidade e meu compromisso", afirmou Jerí à imprensa local após visitar o Parlamento do Peru, onde afirmou que solicitaria poderes para combater o crime.

Os protestos começaram há um mês pedindo melhores pensões e salários para os jovens e se expandiram para capturar as aflições dos peruanos cansados do crime, corrupção e décadas de desilusão com o governo.

Após Jerí - o sétimo presidente em menos de uma década - ter tomado posse em 10 de outubro, os manifestantes pediram que ele e outros legisladores renunciassem. (*Fonte: Associated Press)

O ex-assessor de Segurança Nacional do governo Trump John Bolton foi denunciado à Justiça dos Estados Unidos nesta quinta-feira, 16, por armazenar e transmitir ilegalmente informações confidenciais.

A investigação sobre Bolton, que serviu por mais de um ano no primeiro governo do presidente Donald Trump antes de ser demitido em 2019, veio à tona em agosto, quando o FBI vasculhou sua casa em Maryland e seu escritório em Washington em busca de registros confidenciais que ele possa ter guardado de seus anos no governo.

A denúncia com 18 acusações prepara o cenário para um caso centrado em uma figura de longa data nos círculos da política externa republicana, que se tornou conhecido por suas opiniões agressivas sobre o poder americano e que, após deixar o primeiro governo de Trump, emergiu como um crítico proeminente e vocal do presidente.

Embora a investigação que produziu a acusação estivesse em andamento durante o governo Biden e tenha começado bem antes do segundo mandato de Trump, o caso se desenrolará em meio a preocupações mais amplas de que o atual Departamento de Justiça esteja sendo usado como arma para perseguir os adversários políticos do presidente dos EUA.

Durante a busca em agosto, agentes apreenderam vários documentos rotulados como "classificados", "confidenciais" e "secretos" no escritório de Bolton, de acordo com autos judiciais anteriormente revelados. Alguns dos registros apreendidos pareciam envolver armas de destruição em massa, "comunicação estratégica" nacional e a missão dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), afirmam os autos.

Isso ocorre após denúncias separadas no último mês, contra o ex-diretor do FBI James Comey de mentir para o Congresso e contra a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, de cometer fraude bancária e fazer uma declaração falsa - acusações que ambos negam. Ambos os casos foram apresentados em um tribunal federal na Virgínia por um promotor que Trump instalou às pressas no cargo após se frustrar com o fato de as investigações sobre inimigos de alto perfil não terem resultado em processo.

O caso Bolton, por outro lado, foi apresentado em Maryland por um procurador dos EUA que, antes de ser promovido ao cargo, havia sido promotor de carreira no escritório.

Questionamentos sobre o manuseio de informações confidenciais por Bolton datam de anos atrás. Ele enfrentou um processo e uma investigação do Departamento de Justiça após deixar o cargo relacionado a informações em um livro que ele publicou em 2020, "The Room Where it Happened", que retratava Trump como extremamente desinformado sobre política externa.

O governo Trump afirmou que o manuscrito de Bolton incluía informações confidenciais que poderiam prejudicar a segurança nacional se expostas. Os advogados de Bolton disseram que ele seguiu em frente com o livro depois que um funcionário do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, com quem Bolton trabalhou por meses, disse que o manuscrito não continha mais informações confidenciais.

Um depoimento previamente revelado afirmava que um funcionário do Conselho de Segurança Nacional havia revisado o manuscrito do livro e disse a Bolton em 2020 que ele parecia conter "quantidades significativas" de informações confidenciais, algumas em nível ultrassecreto.

O advogado de Bolton, Abbe Lowell, disse que muitos dos documentos apreendidos em agosto foram aprovados como parte de uma revisão pré-publicação do livro de Bolton. Ele disse que muitos tinham décadas, da longa carreira de Bolton no Departamento de Estado, como procurador-geral assistente e como embaixador dos EUA na ONU.

A acusação é um momento dramático na longa carreira de Bolton no governo. Ele serviu no Departamento de Justiça durante o governo do presidente Ronald Reagan e foi o homem de ponta do Departamento de Estado em controle de armas durante a presidência de George W. Bush. Bolton foi nomeado por Bush para servir como embaixador dos EUA na ONU, mas o forte defensor da guerra do Iraque não conseguiu obter a confirmação do Senado e renunciou após servir 17 meses como um nomeado de recesso de Bush - o que lhe permitiu manter o cargo temporariamente sem confirmação do Senado.

Em 2018, Bolton foi nomeado para servir como terceiro conselheiro de Segurança Nacional de Trump. Mas seu breve mandato foi caracterizado por disputas com o presidente sobre a Coreia do Norte, Irã e Ucrânia. Essas divergências acabaram levando à saída de Bolton, com Trump anunciando nas redes sociais em setembro de 2019 que havia aceitado a renúncia de Bolton.

Bolton posteriormente criticou a abordagem de Trump à política externa e ao governo em seu livro de 2020, inclusive alegando que Trump vinculava diretamente o fornecimento de ajuda militar à disposição do país em conduzir investigações sobre Joe Biden, que em breve seria o rival democrata de Trump nas eleições de 2020, e membros de sua família.

Trump respondeu criticando Bolton como um "cara fracassado" e um "louco" belicista que teria levado o país à "Sexta Guerra Mundial". Trump também disse na época que o livro continha "informações altamente confidenciais" e que Bolton "não tinha aprovação" para publicá-lo.

*Com informações da Associated Press.