Plano de Eduardo Bolsonaro em esperar perda de mandato por falta serve para seguir elegível

Política
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A licença parlamentar do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) acabou neste domingo, 20. O filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu o afastamento da função por 122 dias em março para, segundo ele, atuar politicamente nos Estados Unidos para combater as ameaças à liberdade de expressão no Brasil.

Se quisesse, Eduardo poderia pedir renúncia do cargo, mas isso pode afetar a estratégia dele para 2026. Isso porque ele poderia ficar inelegível até 2035 se optasse por essa saída.

O texto da Lei da Ficha Limpa diz que é uma condição de inelegibilidade um parlamentar renunciar ao mandato desde o oferecimento de representação capaz de autorizar abertura de processo.

O Supremo Tribunal Federal (STF) já abriu inquérito que o investiga por coação, obstrução de investigação e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Eduardo é um dos especulados pelo próprio Jair Bolsonaro para disputar a Presidência da República em 2026.

Perder o mandato por faltas, de acordo com a lei, não implica no afastamento temporário da disputa eleitoral.

Foi o que aconteceu com o ex-deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). Em abril deste ano, a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados declarou a perda do mandato parlamentar dele, um ano após ele faltar sessões ininterruptamente, já que ele estava preso preventivamente desde março do ano passado sob a acusação de ser o mandante do assassinato da ex-vereadora do Rio Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

A Câmara poderia ter votado a cassação dele no plenário da Casa - se optasse por essa solução, o ex-parlamentar carioca ficaria inelegível até 2035. Enquanto preso, Chiquinho Brazão custou mais de R$ 1 milhão aos cofres da Câmara.

Mesmo fora do Brasil, Eduardo manterá o mandato por algum tempo - a regra da Casa legislativa diz que deputados podem perder o mandato após faltar a um terço das sessões legislativas num ano.

Enquanto isso, ele receberá salário (com desconto por ausências) e poderá usar a cota parlamentar, apresentar projetos de lei e contratar via gabinete.

A contagem iniciará efetivamente em agosto, já que os deputados estão em recesso parlamentar até o primeiro dia do próximo mês.

Internamente, o PL calcula que Eduardo poderia faltar até 44 vezes para então ter o mandato declarado perdido. Enquanto isso, a sigla estuda o regimento para contornar a punição ou até mesmo alterar as regras da Câmara para preservar o mandato.

Uma alternativa já foi indicada pelo líder do partido, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Ele protocolou um projeto que permitiria Eduardo apresentar nova licença pedindo afastamento de 120 dias.

Se aprovado, esse projeto garantiria o mandato do parlamentar em 2025, e ele ainda poderia pedir nova licença de 240 dias. Isso praticamente asseguraria que não haveria perda do mandato.

Caso perca a cadeira na Câmara, Eduardo Bolsonaro perderá R$ 46.366,19 de salário mensal, além de R$ 42.837,33 mensais de cota parlamentar, R$ 4.148,80 por mês de auxílio-moradia e reembolsos de gastos com saúde que podem chegar a R$ 135,4 mil, R$ 133,2 mil por mês para pagar o salário de 25 secretários parlamentares e indicar R$ 37,8 milhões anuais em emendas parlamentares ao Orçamento.

Há mais vantagens que Eduardo poderá perder caso perca o mandato. Como parlamentar, ele não pode ser preso, ao menos que em flagrante de crime inafiançável e com o aval do plenário da Casa e é inviolável civil ou penalmente por qualquer opinião ou voto.

Deputados também têm direito a foro privilegiado e só podem ser julgados no STF por crimes cometidos no exercício do mandato. Sem esse direito, os processos tramitam na primeira instância do Judiciário.

A regra da Câmara diz que a Mesa Diretora - comandada pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), - é a responsável por decretar a perda de mandato por falta. Ela pode ser provocada por partidos políticos com representação no Congresso Nacional a fazer isso.

Na última quinta-feira, 17, Jair Bolsonaro disse que o filho é "mais útil" nos EUA do que no Brasil e que há oportunidades de trabalho para Eduardo em solo americano. "Ele tem portas abertas no governo Trump, conhece dezenas de parlamentares e está trabalhando pela nossa liberdade", afirmou.

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O novo presidente do Peru, José Jerí, recusou-se a renunciar nesta quinta-feira, 16, após a morte de um manifestante durante uma grande manifestação liderada por ativistas da Geração Z que exigiam sua saída do cargo.

Cerca de 100 pessoas também ficaram feridas, incluindo 80 policiais e 10 jornalistas, de acordo com as autoridades, que disseram estar investigando o tiroteio e a morte do manifestante.

"Minha responsabilidade é manter a estabilidade do país; essa é minha responsabilidade e meu compromisso", afirmou Jerí à imprensa local após visitar o Parlamento do Peru, onde afirmou que solicitaria poderes para combater o crime.

Os protestos começaram há um mês pedindo melhores pensões e salários para os jovens e se expandiram para capturar as aflições dos peruanos cansados do crime, corrupção e décadas de desilusão com o governo.

Após Jerí - o sétimo presidente em menos de uma década - ter tomado posse em 10 de outubro, os manifestantes pediram que ele e outros legisladores renunciassem. (*Fonte: Associated Press)

O ex-assessor de Segurança Nacional do governo Trump John Bolton foi denunciado à Justiça dos Estados Unidos nesta quinta-feira, 16, por armazenar e transmitir ilegalmente informações confidenciais.

A investigação sobre Bolton, que serviu por mais de um ano no primeiro governo do presidente Donald Trump antes de ser demitido em 2019, veio à tona em agosto, quando o FBI vasculhou sua casa em Maryland e seu escritório em Washington em busca de registros confidenciais que ele possa ter guardado de seus anos no governo.

A denúncia com 18 acusações prepara o cenário para um caso centrado em uma figura de longa data nos círculos da política externa republicana, que se tornou conhecido por suas opiniões agressivas sobre o poder americano e que, após deixar o primeiro governo de Trump, emergiu como um crítico proeminente e vocal do presidente.

Embora a investigação que produziu a acusação estivesse em andamento durante o governo Biden e tenha começado bem antes do segundo mandato de Trump, o caso se desenrolará em meio a preocupações mais amplas de que o atual Departamento de Justiça esteja sendo usado como arma para perseguir os adversários políticos do presidente dos EUA.

Durante a busca em agosto, agentes apreenderam vários documentos rotulados como "classificados", "confidenciais" e "secretos" no escritório de Bolton, de acordo com autos judiciais anteriormente revelados. Alguns dos registros apreendidos pareciam envolver armas de destruição em massa, "comunicação estratégica" nacional e a missão dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), afirmam os autos.

Isso ocorre após denúncias separadas no último mês, contra o ex-diretor do FBI James Comey de mentir para o Congresso e contra a procuradora-geral de Nova York, Letitia James, de cometer fraude bancária e fazer uma declaração falsa - acusações que ambos negam. Ambos os casos foram apresentados em um tribunal federal na Virgínia por um promotor que Trump instalou às pressas no cargo após se frustrar com o fato de as investigações sobre inimigos de alto perfil não terem resultado em processo.

O caso Bolton, por outro lado, foi apresentado em Maryland por um procurador dos EUA que, antes de ser promovido ao cargo, havia sido promotor de carreira no escritório.

Questionamentos sobre o manuseio de informações confidenciais por Bolton datam de anos atrás. Ele enfrentou um processo e uma investigação do Departamento de Justiça após deixar o cargo relacionado a informações em um livro que ele publicou em 2020, "The Room Where it Happened", que retratava Trump como extremamente desinformado sobre política externa.

O governo Trump afirmou que o manuscrito de Bolton incluía informações confidenciais que poderiam prejudicar a segurança nacional se expostas. Os advogados de Bolton disseram que ele seguiu em frente com o livro depois que um funcionário do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, com quem Bolton trabalhou por meses, disse que o manuscrito não continha mais informações confidenciais.

Um depoimento previamente revelado afirmava que um funcionário do Conselho de Segurança Nacional havia revisado o manuscrito do livro e disse a Bolton em 2020 que ele parecia conter "quantidades significativas" de informações confidenciais, algumas em nível ultrassecreto.

O advogado de Bolton, Abbe Lowell, disse que muitos dos documentos apreendidos em agosto foram aprovados como parte de uma revisão pré-publicação do livro de Bolton. Ele disse que muitos tinham décadas, da longa carreira de Bolton no Departamento de Estado, como procurador-geral assistente e como embaixador dos EUA na ONU.

A acusação é um momento dramático na longa carreira de Bolton no governo. Ele serviu no Departamento de Justiça durante o governo do presidente Ronald Reagan e foi o homem de ponta do Departamento de Estado em controle de armas durante a presidência de George W. Bush. Bolton foi nomeado por Bush para servir como embaixador dos EUA na ONU, mas o forte defensor da guerra do Iraque não conseguiu obter a confirmação do Senado e renunciou após servir 17 meses como um nomeado de recesso de Bush - o que lhe permitiu manter o cargo temporariamente sem confirmação do Senado.

Em 2018, Bolton foi nomeado para servir como terceiro conselheiro de Segurança Nacional de Trump. Mas seu breve mandato foi caracterizado por disputas com o presidente sobre a Coreia do Norte, Irã e Ucrânia. Essas divergências acabaram levando à saída de Bolton, com Trump anunciando nas redes sociais em setembro de 2019 que havia aceitado a renúncia de Bolton.

Bolton posteriormente criticou a abordagem de Trump à política externa e ao governo em seu livro de 2020, inclusive alegando que Trump vinculava diretamente o fornecimento de ajuda militar à disposição do país em conduzir investigações sobre Joe Biden, que em breve seria o rival democrata de Trump nas eleições de 2020, e membros de sua família.

Trump respondeu criticando Bolton como um "cara fracassado" e um "louco" belicista que teria levado o país à "Sexta Guerra Mundial". Trump também disse na época que o livro continha "informações altamente confidenciais" e que Bolton "não tinha aprovação" para publicá-lo.

*Com informações da Associated Press.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira, 16, que deve se reunir com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, "dentro das próximas duas semanas", após uma conversa telefônica que descreveu como "muito boa" e "produtiva". Pouco antes, ele havia publicado na Truth Social que o encontro deve ocorrer em Budapeste, na Hungria.

Durante coletiva de imprensa no Salão Oval, o presidente norte-americano afirmou ainda que se encontrará sexta-feira com o líder ucraniano, Volodimir Zelenski, na Casa Branca, e que pode realizar "reuniões separadas" com ele e com Putin. "Acho que teremos sucesso em terminar a guerra na Ucrânia", declarou Trump, reforçando que o conflito "poderia culminar em uma Terceira Guerra Mundial", mas assegurou que "isso não vai acontecer".

Ele afirmou que discutiu por telefone com Putin a possibilidade de enviar mísseis Tomahawk à Ucrânia. Segundo ele, chegou a questionar o líder russo durante a conversa: "Você se importaria se eu desse alguns milhares de Tomahawks à sua oposição?"

Trump acrescentou que Putin "não gostou da ideia" e destacou que os mísseis "são incrivelmente destrutíveis" e "ninguém iria querer usá-los".

Durante coletiva de imprensa na Casa Branca, o republicano também comentou sobre o projeto de lei que prevê novas sanções contra a Rússia, afirmando que conversará "com os líderes do Senado John Thune e Ron Johnson sobre isso".

No entanto, ponderou que "talvez o momento não seja o mais adequado" para avançar com a proposta, diante das tentativas de negociação com Putin sobre um cessar-fogo na Ucrânia.

Oriente Médio

Durante as declarações, o republicano também comentou sobre a crise no Oriente Médio, dizendo que "alguém agirá contra o Hamas se necessário, sob os auspícios dos Estados Unidos", e acrescentou que o grupo "deve honrar seus compromissos".

Além de temas geopolíticos, Trump mencionou novas medidas para reduzir "drasticamente" os custos da fertilização in vitro e afirmou que pretende "expandir a aprovação de redução de preços de remédios para medicamentos de fertilidade".

Shutdown

Questionado sobre a paralisação do governo federal, o presidente dos EUA disse que a prioridade é resolver questões relacionadas à saúde - uma das solicitações dos democratas para chegar a um acordo que encerre o shutdown, em seu 16º dia hoje. "Precisamos cuidar do sistema de saúde", afirmou Trump, sem dar detalhes sobre eventuais negociações para encerrar o impasse orçamentário em Washington.