Zambelli deixa o País após ser condenada no Supremo; PGR pede prisão preventiva

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Condenada recentemente pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a dez anos de prisão, em regime inicial fechado, e à perda do mandato pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a deputada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou nesta terça-feira, 3, que deixou o Brasil. Ela disse estar fora do País há alguns dias e que vai morar na Europa, onde possui cidadania italiana. Também afirmou ter escolhido o continente como destino para poder atuar pelo fortalecimento da direita nos países da região.

 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu ontem mesmo ao Supremo a prisão preventiva da deputada. A representação foi enviada ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes. O documento é físico e está em sigilo. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, argumenta na solicitação que a prisão é necessária para "assegurar a devida aplicação da lei penal", já que a condenação pela invasão hacker aos sistemas do CNJ só não começou a ser cumprida porque há recursos pendentes.

 

Zambelli responde a dois processos no STF. Além da ação a que foi condenada a dez anos de prisão, ela é ré por perseguir com uma pistola um homem na véspera do segundo turno das eleições de 2022. Há maioria formada para condenar a deputada por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo, e cassar o mandato dela, mas o julgamento está suspenso por pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques.

 

Zambelli informou que deixou o País durante entrevista ao vivo ao canal do YouTube AuriVerde Brasil. Ela disse que viajou ao exterior a princípio para buscar tratamento médico. Afirmou ainda que vai pedir licença não remunerada de seu mandato na Câmara.

 

'Cidadã'

 

Mais tarde, em outra entrevista, à CNN Brasil, a deputada disse ser "intocável" na Itália. "Eles vão tentar me prender na Itália, mas eu não temo, porque sou cidadã italiana e lá eu sou intocável, a não ser que a Justiça italiana me prenda. Se eu tenho passaporte italiano, eles podem colocar a Interpol atrás de mim, mas não me tiram da Itália. Não há o que possam fazer para me extraditar de um país em que eu sou cidadã", declarou.

 

Como exemplo do que pode fazer na Europa, Zambelli mencionou a articulação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos, onde o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta influenciar o governo de Donald Trump a favor de sanções contra autoridades brasileiras.

 

O plano da deputada é denunciar o que ela define como "quadro crescente de perseguição política" no Brasil. "O caminho nos Estados Unidos já está asfaltado (por Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo). É por isso que estou escolhendo a Europa. Lá a gente precisa de alguém que fale espanhol, português, inglês. Vou desenvolver meu italiano. Quero estar nos principais lugares, falar com o povo francês. Em cada lugar temos pessoas que podem lutar por nós", disse Zambelli ao canal do YouTube.

 

Segundo ela, a atuação de Eduardo Bolsonaro pode ser reproduzida na Europa. "O conservadorismo precisa avançar, e o globalismo precisa recuar", declarou. Nos EUA, Eduardo Bolsonaro vem tendo apoio de uma espécie de "bancada anti-Moraes" no Congresso americano, como mostrou o Estadão. A decisão do filho do ex-presidente de se licenciar do mandato para agir por sanções contra autoridades de seu próprio país tem gerado repercussão. Ele é alvo de um inquérito da Polícia Federal.

 

'Bode expiatório'

 

Na entrevista ao canal AuriVerde, Zambelli também disse ter sido usada como "bode expiatório" pela derrota de Bolsonaro em 2022, em especial pelo advogado Fábio Wajngarten. Ela afirmou que o episódio da perseguição de arma em punho a um cidadão na véspera do pleito a afastou do então presidente e a colocou em depressão.

 

A parlamentar delegou a administração de suas redes sociais à mãe, Rita Zambelli. Antes de viajar, também emancipou o filho de 17 anos para que ele possa se candidatar no ano que vem e herdar o seu espólio eleitoral. A deputada não informou a data oficial do início de sua licença. Procurados, STF e Câmara não responderam. O advogado de Zambelli, Daniel Bialski, anunciou que deixou a defesa da deputada "por motivo de foro íntimo".

 

Zambelli foi condenada por unanimidade pelo Supremo em maio. O Ministério Público Federal a acusou de ter coordenado a invasão a sistemas do Poder Judiciário, em ação executada pelo hacker Walter Delgatti. No ataque ao sistema do CNJ, em 2023, foi emitido mandado falso de prisão contra Moraes. A PF concluiu que o plano era colocar em dúvida a credibilidade do Judiciário.

 

Ela pode apresentar embargos de declaração após a publicação do acórdão. O recurso não tem poder de alterar a condenação, mas adia o trânsito em julgado do processo. Eventual prisão precisa ser autorizada pela Câmara. A perda de mandato também teria de ser decidida pelos deputados. Porém, pela jurisprudência do STF, se a pena for superior a 120 dias de prisão em regime fechado, o próprio tribunal pode determinar a medida porque a Constituição prevê que o deputado perderá o mandato se faltar a um terço das sessões. Neste caso, cabe à Mesa Diretora da Câmara apenas declarar a perda de mandato.

 

Especialistas ouvidos pelo Estadão avaliam que nada impedia que a deputada deixasse o País, uma vez que não havia medida cautelar decretada contra ela, o caso no qual foi condenada não transitou em julgado e a parlamentar estava com seu passaporte. O que pode complicar a situação foi o anúncio de que ela não pretende, por ora, retornar ao Brasil. "Ela deixou claro que não tem intenção de retornar ao Brasil, caracterizando a frustração do cumprimento da pena que foi imposta a ela pelo Supremo", disse o advogado Arthur Rollo.

 

Passaporte

 

Por causa dessa investigação sobre o ataque hacker, a deputada teve o passaporte retido pelo STF, em agosto de 2023. No início daquele mês, ela foi alvo de operação da PF. Um dia antes das diligências, Moraes autorizou a apreensão de dispositivos eletrônicos e do passaporte. Dias depois, ele revogou a medida e devolveu o documento. (COLABORARAM JULIANO GALISI E KARINA FERREIRA)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O governo Trump enviará pelo menos 2.000 soldados da Guarda Nacional para Los Angeles após dois dias de protestos contra operações de deportação que culminaram em confrontos entre manifestantes e agentes federais.

O presidente Trump ordenou que as tropas protegessem temporariamente agentes do Serviço de Imigração e Alfândega e funcionários do governo, bem como propriedades federais, de acordo com um memorando divulgado pela Casa Branca.

O anúncio no sábado agravou as tensões latentes entre o governo Trump, que vinha alegando que as autoridades locais não agiram com rapidez suficiente para lidar com os confrontos, e os líderes democratas da cidade e do estado. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, democrata, chamou a medida de "propositalmente inflamatória".

Trump, em publicação na manhã de domingo em sua plataforma Truth Social, agradeceu à Guarda Nacional e disse que Newsom e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, não "conseguiram dar conta da tarefa".

"Além disso", escreveu o presidente, "de agora em diante, não será permitido o uso de máscaras nos protestos. O que essas pessoas têm a esconder e por quê???"

Protestos eclodiram no sábado em Paramount, uma cidade a cerca de 26 quilômetros ao sul do centro de Los Angeles, mas menos de 100 pessoas permaneceram no local ao anoitecer, de acordo com uma autoridade local.

Manifestantes também se reuniram em frente a um centro de detenção federal no centro de Los Angeles na noite de sábado e foram reprimidos pela polícia com gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral, de acordo com imagens da imprensa local. A polícia de Los Angeles declarou uma reunião ilegal na área e deteve várias pessoas.

O envio de tropas sob autoridade federal em resposta a distúrbios civis é uma medida rara, que geralmente exige que o presidente determine, sob a Lei da Insurreição, que elas são necessárias para fazer cumprir a lei ou restaurar a ordem.

A Casa Branca afirmou em um comunicado na noite de sábado que as tropas foram enviadas depois que o presidente "assinou um memorando presidencial".

"Isso é altamente incomum", disse Laura Dickinson, professora da Faculdade de Direito da Universidade George Washington. "Não está claro qual autoridade legal o presidente está usando para enviar as tropas. Se ele está invocando a Lei da Insurreição, ele precisa emitir uma proclamação explicando isso. E essa lei é usada como último recurso." Fonte: Dow Jones Newswires

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, repudiou na noite de sábado, 7, o atentado em Bogotá contra Miguel Uribe Turbay, senador e pré-candidato à presidência do país pelo partido conservador Centro Democrático.

Em postagem nas redes sociais, o líder do executivo fez referência aos ciclos de violência que persistem no país e expressou solidariedade à família do senador.

"A Colômbia acolhe o mundo e não tira a vida daqueles que vêm de todos os cantos do planeta. Minha solidariedade à família Uribe e à família Turbay", escreveu. "Não sei como aliviar essa dor. É a dor de uma mãe e de uma pátria perdidas", disse em alusão à violência que marcou a família do senador, que teve a mãe assassinada nos anos 1990.

Pouco antes, o governo nacional havia divulgado nota descrevendo o atentado como um ato de violência "não apenas à integridade pessoal do senador, mas também à democracia, à liberdade de pensamento e ao exercício legítimo da política na Colômbia".

Uribe foi baleado na cabeça por volta das 19h (de Brasília) em um evento de campanha, de acordo com a mídia local. Ele foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital na capital. Ainda segundo a mídia colombiana, um suspeito foi detido.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, seguiu com sua escalada retórica neste sábado, 7, apesar de sinais de apaziguamento de seu ex-aliado Elon Musk. O republicano ameaçou com "consequências sérias" caso o bilionário financie candidatos democratas para concorrer contra republicanos que votaram a favor do projeto de lei que foi o estopim para a briga.

Em entrevista por telefone à NBC News, Trump disse que não tinha planos de falar com Musk, chamando o bilionário da tecnologia de "desrespeitoso" com o gabinete do presidente. Quando questionado se tinha algum desejo de restaurar seu relacionamento com Musk, Trump respondeu: "Não."

Desde o estrondoso desentendimento público, Musk aventou a ideia de lançar um novo partido político e continuou a criticar um enorme projeto de lei sobre impostos e imigração que Trump está pedindo aos republicanos do Congresso que aprovem. Surgiram, então, rumores de que ele poderia apoiar democratas.

"Ele terá que pagar consequências muito sérias se fizer isso", disse Trump, embora tenha se recusado a revelar quais seriam essas consequências.

Esses comentários sugerem que Musk está se tornando um novo alvo potencial para Trump, que tem usado agressivamente os poderes de seu cargo para reprimir críticos e punir supostos inimigos.

Como um grande contratante do governo, os negócios de Musk podem ser particularmente vulneráveis a retaliações. Trump já ameaçou cortar os contratos com o empresário, alegando que isso seria uma maneira fácil de economizar dinheiro.

A dramática ruptura entre o presidente e o homem mais rico do mundo começou com as críticas públicas de Musk ao "grande e belo projeto de lei" de corte de impostos. Musk alertou que o projeto aumentará o déficit federal e o chamou de "abominação repugnante".

Postagens apagadas

Musk, que investiu milhões de dólares na campanha de Trump no ano passado, liderou um grande projeto de reestruturação governamental nos últimos meses, cortando milhares de empregos federais antes de voltar a administrar seus negócios na semana passada.

Mas os sinais de uma relação mais fria já estavam no ar desde o sumiço do empresário dos holofotes. Até culminar na discussão aberta nas redes sociais na quinta-feira.

Desde então, Musk removeu suas postagens mais agressivas, especialmente a acusação de que o governo estava bloqueando a divulgação de informações sobre o criminoso sexual condenado Jeffrey Epstein porque os arquivos, de alguma forma, implicavam o presidente. Trump havia sido amigo de Epstein por anos antes de se desentender com ele.

Outra publicação apagada foi uma promessa de que sua empresa, a Space-X, desativaria sua nave espacial Dragon, que a Nasa utiliza para transportar tripulações à Estação Espacial Internacional.

Na sexta-feira, Trump foi questionado sobre o quão seriamente considerava cancelar os contratos de Musk. "Ele tem muito dinheiro. Ele recebe muitos subsídios, então vamos analisar isso", disse. "Só se for justo para ele e para o país, eu certamente pensaria nisso. Mas tem que ser justo." COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.