Janja: 'Não há protocolo que me faça calar'

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, afirmou nesta segunda-feira, 19, que "nenhum protocolo" fará com que ela se cale ante uma oportunidade de falar sobre a regulamentação das redes sociais em defesa de crianças e adolescentes. Trata-se da primeira manifestação pública de Janja após as críticas de que foi alvo em função de suas declarações sobre o TikTok, durante jantar com o presidente da China, Xi Jinping, em visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao país.

 

As críticas não foram motivadas, porém, pela defesa da regulamentação das redes em defesa de crianças e adolescentes, como alegou a primeira-dama, mas porque a experiência da China no controle da internet é de censura e repressão a críticas ao governo e ao Partido Comunista Chinês, assim como de movimentos de defesa da democracia.

 

Os gastos com viagens internacionais da primeira-dama também estão na mira da oposição. Acionada por um vereador do Novo, a Justiça Federal abriu prazo de 20 dias para que a União apresente um relatório de despesas. Nem o governo nem Janja haviam se pronunciado sobre o tema até a noite de ontem, mas a primeira-dama usou seu discurso em um evento do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania para reagir à polêmica sobre o jantar na China.

 

"Em nenhum momento eu calarei minha voz para falar sobre isso (a proteção de crianças e adolescentes). E em nenhuma oportunidade. Não há protocolo que me faça calar se eu tiver uma oportunidade de falar sobre isso com qualquer pessoa que seja, do maior ao menor grau, do mais alto nível à qualquer cidadão comum", disse Janja, em discurso na abertura da Semana Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes.

 

Segundo relatos de integrantes da comitiva brasileira na China ao G1, a primeira-dama teria causado desconforto ao mencionar o TikTok, rede social controlada por uma empresa chinesa, durante um jantar com Xi. A intervenção da primeira-dama teria sido em prol da regulamentação da rede social, mencionando que mulheres e crianças são as principais vítimas de violência em ocorrências relacionadas à plataforma.

 

Vazamento

 

Questionado sobre o episódio, Lula saiu em defesa da mulher, afirmando que foi ele que iniciou uma conversa sobre o TikTok com Xi, e minimizou a intervenção da primeira-dama. O presidente disse que Janja "pediu a palavra" para comentar abusos registrados na plataforma.

 

Ele demonstrou irritação com o vazamento do ocorrido à imprensa. Afirmou ainda que perguntou ao líder chinês se ele poderia enviar ao Brasil uma pessoa de confiança para discutir "questões digitais".

 

Como mostrou a Coluna do Estadão, ao recorrer à ditadura de Xi Jinping para tratar do assunto, o presidente aumenta a desconfiança entre congressistas sobre o real interesse do governo na elaboração de dois projetos de lei que serão encaminhados ao Legislativo sobre a regulamentação das redes.

 

A quebra de protocolo virou alvo de críticas de oposicionistas, o que fez com que a primeira-dama iniciasse a fala no evento de ontem se dirigindo à ministra dos Direitos Humanos e anfitriã do evento, Macaé Evaristo, destacando que não iria "tropeçar" no discurso. "Estou feliz em ter sido convidada para falar, e feliz em não precisar ficar calada."

 

Ainda durante o discurso, Janja afirmou que "não admite", enquanto mulher, que alguém diga que deve ficar calada. "Não me calarei quando for para proteger a vida das nossas crianças e dos nossos adolescentes."

 

Viagens

 

No último domingo, 18, o juiz Leonardo Tavares Saraiva, da 9.ª Vara Federal Cível de Brasília, mandou citar a União para que apresente, no prazo de 20 dias, relatório de gastos das viagens internacionais da primeira-dama. Ela também foi notificada para apresentar sua defesa no processo.

 

"Enquanto não formalizado o contraditório, não é possível a este Juízo aferir com profundidade a verossimilhança do direito alegado", escreveu o juiz na decisão. O Estadão pediu manifestação do governo, mas não havia obtido retorno até a publicação deste texto.

 

As despesas são questionadas em uma ação popular movida pelo vereador Guilherme Kilter (Novo), de Curitiba, e pelo advogado Jeffrey Chiquini. Eles pedem a suspensão imediata de "quaisquer ordens de pagamento, reembolsos, diárias, passagens ou autorizações de despesas" com viagens de Janja.

 

O juiz negou impedir, em caráter liminar, o pagamento das despesas com deslocamentos da primeira-dama para outros países. Por enquanto, disse, não há "elementos hábeis a comprovar a ilegalidade dos atos administrativos combatidos".

 

Viagens da primeira-dama têm sido questionadas por integrantes da oposição a Lula, que criticam os custos e contestam a necessidade da participação de Janja nos eventos. Em algumas viagens, ela desembarcou antes mesmo da comitiva presidencial, como aconteceu neste mês, na Rússia, pouco antes da ida à China.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

A Casa Branca anunciou nesta sexta-feira, 6, medidas estratégicas para reforçar a soberania do espaço aéreo americano e impulsionar a liderança do país na aviação supersônica. O presidente Donald Trump assinou um decreto para retomar a liderança americana na aviação supersônica, eliminando "barreiras regulatórias que paralisaram o progresso" e permitindo que empresas dos EUA dominem essa tecnologia. O documento orienta a Administração Federal de Aviação (FAA) a revogar a proibição de voos supersônicos sobre áreas terrestres, estabelecer padrões de certificação baseados em ruído e alinhar normas globais por meio de acordos internacionais.

Segundo o comunicado, avançar na engenharia aeroespacial, ciência dos materiais e redução de ruído torna o voo supersônico seguro, sustentável e comercialmente viável. Empresas americanas que desenvolvem aeronaves supersônicas "já firmaram contratos governamentais e acordos com grandes companhias aéreas comerciais, como a United Airlines e a American Airlines, que se comprometeram a adquirir jatos supersônicos para aprimorar suas frotas com opções de viagens mais rápidas".

Paralelamente, Trump reconheceu uma crescente ameaça dos sistemas aéreos não tripulados (UAS), conhecidos como drones. O texto destaca que "criminosos, terroristas e atores estrangeiros hostis têm intensificado o uso dessas tecnologias para pôr em risco a segurança pública e nacional". Para combater esse cenário, foi criada a "Força-Tarefa Federal para Restaurar a Soberania do Espaço Aéreo Americano", encarregada de revisar e propor soluções contra as ameaças dos drones.

Além disso, a FAA deverá estabelecer processos para restringir voos de drones sobre infraestruturas críticas e locais públicos. O decreto ainda autoriza órgãos federais a usar suas competências para detectar e rastrear drones, ampliando o acesso de forças estaduais e locais a equipamentos semelhantes.

A medida também prevê a publicação de diretrizes para ajudar proprietários de infraestruturas críticas a utilizar tecnologias de detecção de drones.

A Casa Branca anunciou, nesta sexta-feira, 6, duas novas ordens executivas assinadas pelo presidente Donald Trump para fortalecer a segurança cibernética americana e consolidar a liderança do país no desenvolvimento e uso de drones.

Sobre cibersegurança, o foco são "proteções críticas contra ameaças estrangeiras". Segundo o texto, a medida altera ordens anteriores dos governos Obama e Biden para avançar no desenvolvimento seguro de software e aprimorar a segurança nas conexões de rede. Além disso, a ordem foca os esforços em inteligência artificial (IA) "na identificação e gerenciamento de vulnerabilidades, em vez de censura".

A ordem também limita sanções cibernéticas "apenas a atores estrangeiros maliciosos", evitando seu uso contra "opositores políticos domésticos" e removendo medidas consideradas inadequadas, como o mandato de identidades digitais para imigrantes ilegais que poderiam facilitar fraudes. O comunicado ressalta que "a cibersegurança é muito importante para ser reduzida a um mero jogo político".

Em outra frente, Trump também assinou uma ordem executiva para "assegurar a liderança americana no desenvolvimento, comercialização e exportação de drones". A medida orienta a Administração Federal de Aviação (FAA) a expandir operações de drones para acelerar o desenvolvimento de tecnologias americanas, incluindo "mobilidade aérea avançada e operações autônomas".

O texto destaca ainda a criação de um programa-piloto para integrar drones de "decolagem e pouso vertical elétricos" e o uso de IA para agilizar a aprovação de autorizações para drones. O governo também enfatiza o fortalecimento da indústria doméstica ao priorizar drones fabricados nos EUA, protegendo "nossas tecnologias de influências estrangeiras indevidas". O comunicado diz que drones são uma força motriz para o crescimento econômico e liderança global americana, com impacto em logística, agricultura de precisão, resposta a emergências e segurança pública.

O governo dos Estados Unidos impôs sanções a mais de 30 pessoas e empresas ligadas a um esquema de "banco paralelo" usado pelo regime do Irã para lavar bilhões de dólares e driblar sanções internacionais. O comunicado, divulgado nesta sexta-feira pelo Departamento do Tesouro, afirma que a rede operava por meio de casas de câmbio no Irã e empresas de fachada no exterior, especialmente em Hong Kong e nos Emirados Árabes Unidos (EAU).

Segundo o Tesouro, o esquema era controlado pelos irmãos iranianos Mansour, Nasser e Fazlolah Zarringhalam. "O sistema bancário paralelo do Irã é um canal essencial por onde o regime acessa os lucros com vendas de petróleo, movimenta dinheiro e financia atividades desestabilizadoras", disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent.

A rede permitia que entidades sancionadas, como a Guarda Revolucionária Islâmica e o Ministério da Defesa do Irã, realizassem transações internacionais com o apoio de empresas de fachada e documentos falsos. Entre os beneficiados estão grandes exportadoras iranianas de petróleo e petroquímicos.

Também foram incluídos na lista familiares e sócios dos irmãos Zarringhalam, além de companhias nos setores de energia, construção e finanças. O governo americano atualizou ainda um alerta às instituições financeiras sobre práticas usadas pelo Irã para burlar sanções, como o contrabando de petróleo, o uso de empresas de fachada e a compra de armas com recursos ilícitos.

Segundo os EUA, as sanções incluem as casas de câmbio GCM Exchange, Berelian Exchange e Zarrin Ghalam Exchange, além da Zarrin Tehran Investment Company e da Kimia Sadr Pasargad Company, todas sediadas no Irã. Também foram punidas 17 empresas de fachada em Hong Kong, entre elas Hero Companion, Plzcome, Kinlere Trading, Chunling HK, Bstshesh HK, Fitage e Magical Eagle, acusadas de movimentar centenas de milhões de dólares para entidades sancionadas. Nos EAU, cinco companhias foram incluídas na lista, como Wide Vision General Trading, J.S Serenity FZE, Moderate General Trading, Ace Petrochem FZE e Golden Pen General Trading, utilizadas para intermediar transações com o setor petrolífero e militar do Irã.