Estudo aponta crescimento preocupante de doenças crônicas entre jovens brasileiros

Um levantamento inédito do Ministério da Saúde revelou um dado alarmante: o número de jovens brasileiros diagnosticados com doenças crônicas, como hipertensão, diabetes tipo 2 e obesidade, quase dobrou nos últimos dez anos. A pesquisa, que analisou dados de 2015 a 2024, indica que maus hábitos alimentares, sedentarismo e estresse estão entre os principais fatores por trás desse aumento.

De acordo com o estudo, 22% dos brasileiros entre 18 e 29 anos apresentam pelo menos uma doença crônica não transmissível (DCNT). A obesidade é a condição mais prevalente, afetando cerca de 15% dos jovens — um aumento de 60% em relação a 2015. O crescimento também é expressivo nos casos de hipertensão, que passaram de 5% para 9% na mesma faixa etária.

Para especialistas, a pandemia de Covid-19 agravou o cenário ao acentuar comportamentos sedentários, aumentar o consumo de ultraprocessados e impactar a saúde mental. “Os jovens ficaram mais isolados, com menos atividade física e mais ansiosos. Isso gerou uma combinação perigosa para o surgimento de doenças crônicas”, explica a endocrinologista Ana Paula Moretti, professora da USP.

O Ministério da Saúde anunciou, como resposta ao cenário, a ampliação de programas de prevenção voltados ao público jovem. Entre as medidas previstas estão a implementação de campanhas de educação alimentar nas escolas e a ampliação do acesso a espaços públicos para práticas esportivas. “O combate às DCNT começa na juventude, e passa por mudanças no estilo de vida e políticas públicas consistentes”, destacou a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

Os especialistas alertam para a importância de consultas periódicas, mesmo na juventude, para monitorar a pressão arterial, a glicemia e o índice de massa corporal. Além disso, práticas simples, como reduzir o consumo de açúcar e sal, incluir mais frutas e verduras na dieta e praticar 30 minutos de atividade física por dia, podem reduzir significativamente o risco dessas doenças.