Poluição do ar agrava doenças respiratórias e eleva internações no Sudeste durante o inverno

Saúde
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Com a chegada do inverno e a queda na umidade relativa do ar, o Sudeste brasileiro tem registrado aumento expressivo nas internações por doenças respiratórias, especialmente em cidades como São Paulo, Belo Horizonte e Campinas. De acordo com dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), houve um crescimento de 32% nos atendimentos por bronquite, asma, rinite e pneumonia em comparação com o mesmo período do ano passado.

O fenômeno está diretamente relacionado à alta concentração de poluentes atmosféricos, que se intensifica nos meses frios devido à diminuição das chuvas e à maior incidência de queimadas urbanas e rurais. O material particulado fino (MP2,5) — partículas invisíveis que penetram profundamente nos pulmões — atinge níveis críticos e representa um risco ainda maior para crianças, idosos e pessoas com doenças crônicas.

Segundo a pneumologista Dra. Juliana Freire, os efeitos da poluição sobre a saúde respiratória são imediatos. “Nas primeiras 24 horas após um pico de poluição, já observamos aumento de atendimentos por crises asmáticas, infecções e agravamento de quadros pulmonares crônicos. Muitas dessas situações poderiam ser evitadas com políticas ambientais mais rígidas”, afirma.

Hospitais públicos têm reforçado equipes e unidades de pronto atendimento para lidar com a demanda. Em São Paulo, a Secretaria Municipal da Saúde registrou, só na primeira quinzena de junho, mais de 12 mil atendimentos por síndromes respiratórias em crianças de até 10 anos. A média diária quase dobrou em relação ao mês anterior.

Para mitigar os impactos, especialistas recomendam medidas simples, como evitar atividades ao ar livre em horários de pico de poluição, manter os ambientes ventilados, usar umidificadores e buscar orientação médica ao primeiro sinal de falta de ar ou chiado no peito. Além disso, o reforço na vacinação contra gripe e Covid-19 é essencial para prevenir complicações respiratórias nos grupos de risco.

A poluição do ar, muitas vezes invisível, tem efeitos concretos e graves sobre a saúde da população. Em tempos de crise climática e urbanização acelerada, proteger os pulmões também é uma forma de repensar o modelo de desenvolvimento das cidades brasileiras.