Ansiedade se torna principal motivo de afastamento no trabalho e exige atenção das empresas

O Brasil vive uma epidemia silenciosa: o avanço dos transtornos de ansiedade entre a população economicamente ativa. Segundo dados recentes divulgados pelo Ministério da Previdência Social, a ansiedade ultrapassou a dor nas costas como principal causa de afastamentos por motivo de saúde mental no ambiente de trabalho. Apenas nos cinco primeiros meses de 2025, mais de 220 mil brasileiros foram afastados de suas funções devido a quadros ansiosos diagnosticados clinicamente.

O fenômeno é atribuído à combinação de fatores como carga excessiva de trabalho, insegurança profissional, exigência de hiperprodutividade, uso constante de tecnologias e baixa qualidade de vida nas grandes cidades. O cenário, que já preocupava especialistas nos anos anteriores, foi agravado pela pandemia da Covid-19, cujos efeitos emocionais de longo prazo ainda impactam milhões de brasileiros.

Para a psiquiatra e pesquisadora Beatriz Nogueira, do Instituto Nacional de Saúde Mental, o problema é estrutural: “Não estamos falando de uma fragilidade individual, mas de ambientes profissionais que adoecem. A cobrança permanente por resultados e a falta de apoio emocional criam um campo fértil para o esgotamento”.

Diante dessa realidade, cresce a demanda por programas de saúde mental corporativa, como suporte psicológico, flexibilização de jornadas, incentivo a pausas e acompanhamento terapêutico. Empresas que implementam essas práticas têm registrado queda nos índices de absenteísmo e melhora na produtividade, além de maior retenção de talentos.

Do ponto de vista individual, os especialistas recomendam atenção aos sinais de alerta: irritabilidade constante, distúrbios do sono, crises de angústia, dores físicas recorrentes e queda de rendimento. Procurar ajuda médica no início dos sintomas pode evitar o agravamento do quadro e facilitar a recuperação.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já reconhece a ansiedade como uma das principais causas de incapacidade no mundo. No Brasil, a urgência em lidar com o problema passa pela junção de esforços: mais políticas públicas, mais acolhimento no ambiente de trabalho e menos estigmas sobre a saúde emocional.