O tabagismo segue como um dos principais fatores de risco para o aumento de casos de câncer no mundo. No Brasil, quando considerados todos os tipos de câncer, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 20% dos casos no Brasil estão relacionados ao uso do cigarro, o que equivale a cerca de 140 mil novos casos anuais. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológico (SBCO), a partir de informações de base de dados do INCA e Fio Cruz, projetou que haverá 91.285 novos casos em 2025 no Brasil, diretamente associados com o cigarro, para doze tipos de câncer. O levantamento é um alerta alusivo ao 31 de maio – Dia Mundial sem Tabaco.
Embora o câncer de pulmão seja o mais associado ao fumo - 90% dos casos têm o tabagismo como etiologia (causa) - os estudos epidemiológicos evidenciam que o tabagismo também é causa determinante para câncer de cavidade oral (80% dos casos) e de esôfago (96%), ou seja, ambos em maior proporção que o câncer de pulmão. “Vale a ressalva de que o tabagismo, assim como outros fatores de risco, não são uma causa isolada. Em câncer de cavidade oral e de esôfago, por exemplo, o risco é potencializado quando o fumo é acompanhado do consumo de bebidas alcoólicas”, alerta o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO).
O Dia Mundial sem Tabaco é uma iniciativa para conscientizar a população mundial sobre os riscos inerentes ao hábito de consumir cigarro e seus derivados. De acordo com dados da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), o tabagismo é causador da morte de 1,8 milhão de pessoas por ano. No Brasil, segundo levantamento apresentado durante o GRELL no ano passado (Group for Cancer Epidemiology and Registration in Latin Language Countries), na Suíça, o cigarro é responsável por 80% das mortes por câncer de pulmão em homens e mulheres.
O presidente da SBCO observa que os números são preocupantes e reforça a importância de se intensificar as medidas antitabagistas no país. “Esses números evidenciam o impacto direto do tabagismo na incidência de câncer no Brasil. Só considerando esses doze tipos de tumor, mais de 90 mil casos por ano estão diretamente ligados ao uso do tabaco — o que significa milhares de diagnósticos que poderiam ser evitados se o cigarro e seus derivados não existissem mais. O tabagismo não apenas aumenta o risco de diversos tipos de câncer, mas também agrava o prognóstico em quem já está doente”, destaca Pinheiro.
Rodrigo Pinheiro alerta sobre o perigo não só do cigarro, como também de outros dispositivos de fumo, que estão cada vez mais populares. “O tabaco pode influenciar desde o surgimento até a progressão de um tumor, mas é igualmente urgente alertar, especialmente aos jovens, sobre os perigos de outros meios de consumo, como o vape (cigarro eletrônico) e o narguilé. Esses produtos também são altamente viciantes e carregam grandes concentrações de nicotina e outras substâncias tóxicas, com potencial de causar sérios danos à saúde a médio e longo prazo. A falsa ideia de que são alternativas ‘menos nocivas’ é equivocada e preocupante”, alerta o presidente da SBCO
Projeção de casos ligados ao tabagismo no Brasil
Tipo de Câncer
Estimativa de novos
casos em 2025 - INCAPorcentagem de associação com Tabagismo*
Estimativa da SBCO
de casos ligados ao tabagismo para 12 tipos de câncerPulmão
32.560
90%
29.304
Cavidade Oral
15.100
80%
12.080
Laringe
7.790
96%
7.478
Esôfago
10.990
90%
9.891
Bexiga
11.370
70%
7.959
Pâncreas
10.980
30%
3.294
Fígado
10.700
25%
2.675
Colo do Útero
17.010
20%
3.402
Rim
6.650
20%
1.330
Leucemia Mieloide Aguda
2.500
20%
500Estômago
21.230
20%
4.246
Colorretal
45.630
20%
9.126
*Dados do INCA e do Observatório da Saúde
Cigarro eletrônico
Quando surgiram, os cigarros eletrônicos vieram, no discurso da indústria, com a proposta de ser menos nocivos e foram vendidos com a ideia de ser menos viciante. Porém, estudos mostram que alguns modelos podem conter até 20 vezes mais nicotina, levando à rápida dependência química. Em abril deste ano, a Anvisa manteve a proibição da venda dos cigarros eletrônicos no Brasil, que já era proibida desde 2009.
“O Brasil é uma referência mundial no combate ao tabagismo. Ao manter o veto, seguimos alinhados às recomendações da Organização Mundial da Saúde, preservando principalmente nossas crianças e adolescentes do perigo dessas novas modalidades de fumo altamente prejudicial à saúde de todos”, afirma Pinheiro.
O uso desses dispositivos também traz importantes consequências como aumento de casos de câncer, infarto, AVC e a EVALI (lesão pulmonar induzida por vaporizadores), podendo ser fatal. Os produtos de tabaco sem fumaça também estão associados a tumores de cabeça e pescoço, esôfago e pâncreas, além de diversos problemas bucais. O controle ao tabaco, segundo a SBCO, precisa avançar tanto na prevenção quanto na cessação do uso, inclusive como parte do tratamento dos pacientes já diagnosticados com câncer.
Mais de 90 mil casos por ano no Brasil de 12 tipos de câncer têm relação direta com o tabagismo, alerta SBCO
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