O Museu das Culturas Indígenas (MCI) realiza dois encontros com educadores sobre temáticas indígenas na educação, iniciativa voltada à formação continuada com foco na abordagem de culturas indígenas em diferentes espaços de aprendizagem. As atividades, conduzidas por indígenas do núcleo educativo acontecem em 21 e 30 de agosto, às 18h e 15h, respectivamente. O MCI é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela ACAM Portinari (Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari), em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Indígena Aty Mirim.
Neste mês, os encontros propõem trocas e diálogos que desconstroem estereótipos, aprofundam conhecimentos e ampliam perspectivas sobre as infâncias, vivências e identidades indígenas no contexto urbano. Os encontros são gratuitos, com emissão de certificado de participação e carga horária de duas horas.
Infâncias nas culturas Iny e Mehinako
Em 21 de agosto, às 18h, o encontro aborda os aspectos das infâncias nas culturas dos povos Iny e Mehinako, com mediação de Paula Guajajara e participação de Yriwana Teluira e Kawakani Mehinako. Os participantes podem conhecer modos de viver, brincadeiras, além de refletir o papel social, modos de aprender, pertencimento e responsabilidades das crianças nas comunidades. A proposta é provocar ponderações sobre a presença das crianças e os modelos de infâncias na sociedade.
Nas infâncias dos povos Iny e Mehinako, brincar e aprender caminham juntos. As crianças crescem enquanto participam e contribuem para a rotina em comunidade. Assumem, desde pequenos, responsabilidades que fortalecem o pertencimento e vínculo com o território e a natureza. Cada experiência é um aprendizado, que prepara para a vida adulta.
Já no contexto urbano, a infância muitas vezes se organiza em espaços e horários distintos: a escola ensina, o parquinho diverte e os saberes da vida cotidiana chegam filtrados pela tecnologia ou pelos adultos. O brincar e o aprender se distanciam, e a participação social da criança é menor, concentrada em espaços específicos.
Comparar esses modos de viver a infância é entender que há diferentes formas de crescer: para os povos indígenas, a infância é um fio que conecta o individual ao coletivo, o presente ao ancestral; nas cidades, a infância é um tempo protegido e estruturado, com oportunidades distintas, mas mais desconectado das tradições que moldaram gerações.
Ser Pankararu na cidade
Em 30 de agosto, às 15h, Edney dos Santos Nascimento e Santiago de Jesus Monteiro, indígenas do povo Pankararu, compartilham vivências sobre o espaço urbano e as culturas originárias. A conversa aborda temas como infância, espiritualidade e migração, a fim de provocar a troca de como as práticas culturais transformam-se nas grandes cidades e como se constrói a identidade indígena em meio à vida urbana. O diálogo também busca desconstruir preconceitos e visões reducionistas sobre os povos originários.
Segundo dados do Censo Demográfico de 2022 do IBGE, aproximadamente 53,97% da população indígena do país reside em áreas urbanas. Em São Paulo, destaca-se a presença do povo Pankararu, originário do sertão de Pernambuco. Devido a fatores como escassez de recursos, problemas fundiários e adversidades climáticas, muitos migraram para a capital paulista em busca de melhores condições de vida.
Estabeleceram-se principalmente na região do Real Parque, localizada próximo ao bairro do Morumbi, local em que formaram uma comunidade ativa que preserva tradições culturais e fortalece a identidade indígena no ambiente urbano.
Museu das Culturas Indígenas promove encontros formativos sobre infância e vivências nas cidades
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