Soberania nacional da indústria audiovisual é inegociável para o MinC

Cultura
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Após reunião com representantes do setor audiovisual realizada nesta terça-feira (22), o Ministério da Cultura (MinC) reafirma seu posicionamento inequívoco sobre a regulação das plataformas de Video on Demand (VOD). A pauta representa prioridade absoluta para o desenvolvimento da indústria audiovisual brasileira e a proteção da produção independente nacional.

A gestão atual endossa as propostas presentes no projeto substitutivo apresentado pela deputada federal Jandira Feghali, relatora do PL n.º 2.331/22. Este relatório foi construído por meio de processo colaborativo que envolveu diversas instâncias da Pasta, refletindo as diretrizes defendidas desde 2023.

As posições centrais desta regulamentação são 6% de Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica Nacional (Condecine), 10% de cota de tela, proteção integral da propriedade intelectual e foco central na produção independente brasileira. Estas diretrizes estratégicas foram construídas com base no interesse público e na defesa da indústria audiovisual nacional, não se tratando de posições circunstanciais, mas de compromissos estruturantes.

A alíquota de 6% para Condecine garante recursos suficientes para o fomento da produção nacional sem comprometer a sustentabilidade do mercado. O percentual de 10% para cota de tela assegura espaço significativo ao conteúdo brasileiro nos catálogos das plataformas, promovendo circulação e consumo da produção nacional. A proteção da propriedade garante aos criadores brasileiros controle sobre suas obras e justa remuneração pelos direitos patrimoniais. O foco na produção independente reconhece que este setor é estratégico para o desenvolvimento industrial do audiovisual brasileiro, necessitando apoio governamental para competir em condições equitativas.

O posicionamento do Ministério da Cultura é público, transparente e consistente por meio de múltiplos canais (institucionais, imprensa e eventos da área) e em diversas oportunidades. Em janeiro de 2025, a ministra Margareth Menezes publicou artigo na Folha de S. Paulo explicitando as posições defendidas pelo governo federal sobre a regulação de VOD, estabelecendo publicamente os parâmetros que orientam a atuação institucional e reafirmando o compromisso com a produção independente brasileira.

Marco fundamental desta atuação foi a manifestação oficial da Agência Nacional do Cinema (Ancine) no Senado Federal, onde se defendeu claramente a inclusão das plataformas de compartilhamento na base de contribuintes do Condecine. Ponto relevante para o Ministério no texto regulatório.

A atuação na regulação de VOD pauta-se pelo diálogo amplo, democrático e transparente com todos os setores envolvidos. Este processo de escuta não representa mudança de posição, mas exercício responsável da gestão pública em governo democrático. Foram realizadas duas reuniões específicas com entidades representativas do setor audiovisual, oportunidades em que se apresentaram e debateram as posições defendidas pelo governo federal e onde foram ouvidas propostas de aprimoramento do texto em discussão na Câmara.

O Ministério também tem recebido para diálogo as empresas envolvidas na discussão quando solicitado. As propostas recebidas são analisadas tecnicamente e também enviadas para as relatorias. Em reunião com representantes das empresas de streaming, a Pasta reafirmou sua posição pública em defesa do relatório apresentado na Comissão de Cultura e solicitou envio formal da proposta das plataformas ao Ministério. Salientou os movimentos coordenados entre as diversas áreas do Ministério e liderados pela ministra Margareth Menezes.

O Ministério da Cultura informa ainda que, na esfera interministerial, mantém diálogo permanente com a Pasta da Fazenda sobre aspectos tributários da regulação, garantindo que as propostas sejam tecnicamente viáveis e juridicamente consistentes. Também estão envolvidas a Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais no esforço do governo em prol da aprovação da matéria.

Desafios legislativos

No âmbito parlamentar, mantém-se diálogo permanente com o Poder Legislativo, reconhecendo o papel preponderante do Congresso Nacional na aprovação da regulamentação.

A complexidade do cenário político atual e os desafios significativos para aprovação da regulação de VOD são reconhecidos pela Pasta. Esta consciência não diminui a determinação, mas reforça a necessidade de unidade e foco nos objetivos comuns com o setor audiovisual.

Apesar dos desafios, identifica-se janela de oportunidade crucial para aprovação da regulamentação no semestre atual, reforçando a necessidade de unidade entre todos os atores comprometidos com a regulação.

A articulação política estratégica tem a liderança no Congresso do senador Randolfe Rodrigues e, na Câmara dos Deputados, de José Guimarães. A Pasta tem discutido, através das instâncias de articulação política, com o presidente da Casa sobre o apensamento dos dois projetos de lei que tramitam e defende uma relatoria de Plenário que tenha conhecimento e compromisso com o tema. O deputado André Figueiredo é o relator em Plenário e a deputada Jandira Feghali é a relatora na Comissão de Cultura. Ambos têm dialogado constantemente com o Ministério a respeito da tramitação e do conteúdo do relatório.

O momento exige unidade de propósito entre todos os atores comprometidos com a regulação de VOD. A Pasta reafirma compromisso com diálogo democrático com todo o setor e todas as empresas envolvidas, mas não abrirá mão das posições técnicas consideradas fundamentais para o interesse público e para a promoção do audiovisual nacional.

Nos encaminhamentos da reunião desta terça-feira (22), o Ministério e as entidades acordaram de agendar reunião para o retorno do recesso parlamentar. O MinC solicitou ainda que as associações presentes realizem interlocução com as lideranças partidárias para articulação e sensibilização junto ao Congresso Nacional.

Lista de participantes

A reunião coordenada pelo secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares; contou com a participação do secretário-executivo adjunto, Cassius Rosa; do chefe de gabinete do Ministério da Cultura, Francisco Guerreiro; da secretária do Audiovisual, Joelma Oliveira Gonzaga; do secretário de Direitos Autorais e Intelectuais MinC, Marcos Souza; chefe de Gabinete da SAV, Thiago Moreira; do diretor presidente da Ancine, Alex Braga Muniz.

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Em meio a um cenário de otimismo cauteloso, o turismo brasileiro vive um novo momento em 2025. Impulsionado pela valorização do turismo sustentável, pelas viagens de experiência e pela alta do dólar, que favorece o turismo doméstico, o setor registra uma recuperação robusta e cheia de oportunidades.

Segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o faturamento do setor cresceu 8,5% no primeiro trimestre de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Entre os destaques estão o Nordeste e o Centro-Oeste, que têm atraído visitantes em busca de ecoturismo, cultura regional e gastronomia típica.

A força do turismo interno

Com o dólar oscilando acima dos R$ 5,50, muitos brasileiros estão optando por conhecer melhor o próprio país. Destinos como Jalapão (TO), Chapada Diamantina (BA) e Alter do Chão (PA) estão no topo das buscas, segundo dados recentes da plataforma de viagens Booking.com.

“Estamos percebendo um novo perfil de turista, mais consciente e interessado em experiências autênticas, longe das multidões e com maior contato com a natureza”, afirma Paula Rezende, diretora de marketing de uma agência de viagens especializada em roteiros personalizados.

Turismo sustentável em alta

Outro destaque de 2025 é o crescimento do turismo sustentável. Projetos de hospedagem ecológica, trilhas com guias locais capacitados e parcerias com comunidades tradicionais estão se tornando diferenciais importantes na hora de escolher um destino.

A cidade de Bonito (MS), por exemplo, implementou um sistema de controle de visitantes em suas principais atrações naturais, equilibrando preservação ambiental e geração de renda para a população local.

Tecnologia e inteligência artificial como aliadas

A tecnologia também tem papel de protagonista na retomada do setor. Aplicativos de roteiros personalizados, guias virtuais com inteligência artificial e o uso de realidade aumentada em museus e atrações têm melhorado a experiência dos turistas e ajudado a descentralizar o fluxo de visitantes.

“A integração de ferramentas tecnológicas permite que o turista tenha mais autonomia, segurança e acesso a informações atualizadas em tempo real”, destaca Rafael Oliveira, pesquisador em turismo digital da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Perspectivas para o futuro

O cenário para o turismo em 2025 é promissor, mas requer atenção à qualificação da mão de obra, infraestrutura de acesso e políticas públicas de incentivo ao turismo sustentável.

Com a chegada do segundo semestre, o setor se prepara para a alta temporada e aposta na diversificação de roteiros e no fortalecimento do turismo de base comunitária como pilares de um crescimento duradouro.

O ano de 2025 está sendo generoso para quem busca por uma brecha no calendário para viajar. Isso porque há quatro feriados prolongados e oito pontos facultativos nacionais, que é quando as empresas podem ou não liberar os funcionários. O primeiro prolongado aconteceu em abril, mas durante todo o ano há oportunidades para viajar, e os roteiros de turismo sustentável vem ganhando espaço na agenda do brasileiro. Além de serem opções responsáveis e que se preocupam com o meio ambiente, quem os realiza também ganha ao se conectar com a natureza.

O ecoturismo cresce cerca de 20% todos os anos no Brasil, de acordo com o Brasilturis. Um dos motivos pela escolha da modalidade são os benefícios, principalmente ao bem estar mental e na conexão com si mesmo. É comprovado que a exposição à natureza diminui o estresse, regulando os níveis de cortisol no corpo e baixando a pressão arterial. A rotina do dia a dia faz com que seja difícil parar para contemplar um fim de tarde, o cair da chuva, o cantar dos pássaros ou pisar na grama e, assim, esquecemos o quão bom esse contato pode fazer. 

“Viagens em meio a natureza são como uma terapia em meio a um mundo digital, cheio de telas e obrigações profissionais. O ecoturismo vem se tornando um estilo de vida para aqueles que priorizam qualidade de vida, na qual saúde física e mental são inegociáveis”, ressalta Cecília Fortunatti, cofundadora da VaiViver - Ecoturismo e Aventura. 

Para quem busca uma pausa da rotina agitada das cidades, a VaiViver — iniciativa voltada para viagens com propósito — criou roteiros com saídas exclusivas durante os feriados prolongados. Em maio, no Dia do Trabalho (01), acontecem as primeiras expedições para explorar mais de 150 cachoeiras escondidas no coração da Serra da Canastra, em Delfinópolis (MG). Já em junho, durante o feriado de Corpus Christi, o destino é Nobres (MT), no coração do cerrado mato-grossense. 

Foco na experiência

Buscando mais do que apenas um destino, e sim vivências transformadoras em meio à natureza, Sandra de Araujo Rodrigues, de 53 anos, decidiu romper barreiras pessoais e encontrou na VaiViver a segurança e o acolhimento necessários para viajar sozinha pela primeira vez. Após o divórcio e em busca de um novo ciclo de vida, ela escolheu a Chapada dos Guimarães como ponto de partida para essa jornada. Lá, além de se reconectar consigo mesma, fez amizades e viveu momentos que marcaram sua trajetória. Foi nessa viagem que surgiu o convite para comemorar seu aniversário, em 2022, na Chapada das Mesas — uma experiência que, segundo ela, mudou sua vida. “Você tem noção do que foi iniciar um novo ciclo na Chapada das Mesas? Foi simplesmente emocionante”, conta.

A experiência com a VaiViver foi um ponto central na jornada de transformação de Sandra. Desde o início, ela se sentiu segura e amparada para explorar atividades que jamais imaginou realizar — como tirolesa e passeios por cachoeiras, mesmo sem saber nadar. “Pode ter certeza que o meu ciclo, que se iniciou naquele período, foi um dos mais lindos que eu tive”, relembra. Segundo ela, o cuidado e o suporte da equipe fizeram toda a diferença: “É uma das empresas que dá mais segurança, principalmente para a mulher que viaja sozinha. Quando ela fala assim: ‘quero que você só se preocupe em fazer a mala’, é exatamente isso”, complementa.  

Opções para o Dia do Trabalho

A VaiViver oferece um roteiro de quatro dias para a cidade, que é ideal para quem busca uma imersão profunda no ecoturismo. Iniciando na quinta-feira (01), o grupo se reúne em São Paulo (SP), na estação Vergueiro com a equipe e segue direto para a pousada. A aventura começa na sexta-feira, após um típico café mineiro, com pão de queijo e café quentinho. 

Para os amantes de queijo, o roteiro contempla uma parada em diversas queijarias premiadas para provar o queijo canastra e conhecer um pouco mais da região. Os viajantes ainda adentram o Parque Nacional da Serra da Canastra, recebendo as boas energias da água sagrada e conhecendo a biodiversidade local. O destino é uma opção repleta de belezas naturais e trilhas, indicadas para iniciantes no esporte e com nível de preparação baixo. Ao total, são aproximadamente 12 km de trilhas divididos durante o roteiro, mas sem grandes desníveis. 

Quem escolhe Delfinópolis como destino conhece ainda o Condomínio de Pedra, Vale da Gurita, Complexo do Ouro e do Claro e lindas cachoeiras, como a Cachoeira do Tombo, da Gruta e Tenebroso. Está incluído no roteiro todos os passeios e tickets de entrada, transfer ida e volta da sua cidade de origem em ônibus semi leito, transfer em 4x4 para os passeios na Serra, ônibus rural, hospedagem em pousada em Delfinópolis - próxima ao centrinho e barzinhos -, e as principais refeições com típicos cafés e almoços mineiros. 

 

Com uma rica herança africana presente na cultura, na história e na gastronomia, o Rio de Janeiro foi eleito o Melhor Destino Nacional de Afroturismo durante a 3ª edição do Prêmio Afroturismo, realizada nesta segunda-feira (14.04), em São Paulo. O anúncio foi feito na World Travel Market Latin America (WTM-LA) - um dos mais relevantes eventos globais do setor turístico. A premiação é promovida pela plataforma Guia Negro, que tem a valorização das raízes afro-brasileiras como um de seus pilares estratégicos.

A escolha do Rio reforça o papel da cidade na valorização da cultura afro e no fortalecimento de experiências turísticas ligadas à ancestralidade. Entre os roteiros destacados pelo júri estão a Pequena África, na região portuária, e o bairro de Madureira – trajetos que resgatam e celebram a contribuição da população negra na formação da identidade carioca.

Outro reconhecimento importante foi para o Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), localizado na Gamboa. Inaugurado em 2021, o espaço foi premiado como a Melhor Atração Turística do segmento, sendo descrito pelos jurados como um “local de resistência”, dedicado à preservação, promoção e celebração da cultura afro-brasileira, por meio de exposições, rodas de conversa e atividades culturais.

A premiação também reconheceu outros esforços que impulsionam o afroturismo no Brasil. São Luís (MA) foi destaque pelos investimentos no setor, recebendo o título de Destaque Guia Negro. A turismóloga Thaís Rosa Pinheiro, fundadora da agência Conectando Territórios e consultora do Ministério do Turismo, foi eleita a melhor profissional do segmento. 

ROTAS NEGRAS - O fortalecimento do Afroturismo também se reflete nas políticas públicas voltadas para a promoção internacional do Brasil. Como parte desse esforço, o Ministério do Turismo, em parceria com o Ministério da Igualdade Racial e outros órgãos do Governo Federal, lançou o Programa Rotas Negras.

A iniciativa tem como objetivo fomentar experiências turísticas que valorizem a ancestralidade africana em diferentes territórios – urbanos e rurais –, impulsionando oportunidades de inclusão e protagonismo para as populações negras. Com foco na economia criativa, circular e sustentável, o programa também visa fortalecer os destinos turísticos de matriz afro-brasileira presentes no Mapa do Turismo.

Além disso, o Rotas Negras prevê ações voltadas à educação e sensibilização dos turistas sobre a história e a cultura afro-brasileira, à capacitação de comunidades locais na gestão dos seus produtos turísticos e ao enfrentamento de estereótipos, contribuindo para a autoestima das populações envolvidas.