Vídeo mostra policiais do Equador invadindo embaixada do México e prendendo ex-vice-presidente

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O México divulgou nesta terça-feira, 9, um vídeo de câmeras de segurança do momentos em que as autoridades equatorianas forçaram a entrada na embaixada do México, derrubaram um diplomata mexicano e levaram o ex-vice-presidente do Equador que estava refugiado lá.

 

A ação de sexta-feira, 5, à noite intensificou as tensões entre os dois países, que já vinham em conflito desde que o ex-vice-presidente Jorge Glas, que foi condenado por corrupção pela Justiça do Equador, se refugiou na embaixada do México em dezembro.

 

As imagens divulgadas mostram que a polícia equatoriana escalou os muros da embaixada e invadiu o prédio. Roberto Canseco, chefe de assuntos consulares do México e o diplomata de mais alto escalão presente desde que o Equador expulsou o embaixador no início da semana, tentou impedi-los de entrar, empurrando até mesmo um grande armário na frente de uma porta. Mas a polícia o conteve e o empurrou no chão enquanto carregavam Glas.

 

Depois, o diplomata é visto lutando com os agentes que o arrastam pelo pescoço. Canseco se levanta e continua resistindo aos policiais quando eles saem da sede diplomática, fora da qual os confronta novamente até ser colocado de joelhos.

 

O México, assim como especialistas, dizem que a ação parecia ser uma violação flagrante dos acordos internacionais. O México rompeu relações diplomáticas com o país em resposta. Líderes de toda a América Latina condenaram as ações do Equador como uma violação da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas.

 

Na sua coletiva de imprensa diária, o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, exibiu o vídeo de segurança e disse que mostrava a forma "autoritária e vil" como a polícia invadiu a embaixada.

 

López Obrador criticou os aliados Canadá e Estados Unidos, pelo que considerou manifestações fracas contra o ataque. O México disse que planeja apresentar uma queixa formal à Corte Internacional de Justiça (CIJ).

 

"Houve declarações muito ambíguas dos Estados Unidos e do Canadá sobre este incidente. Somos parceiros econômicos e comerciais, somos vizinhos e sua posição está muito indefinida até agora", disse o presidente. Estados Unidos e Canadá são parceiros comerciais de México no T-MEC.

 

López Obrador destacou a ausência de uma declaração do próprio presidente americano, Joe Biden, como fizeram "outros líderes (que) se expressaram abertamente".

 

No caso de Washington, foi uma nota do Departamento de Estado "não condenando a interferência, o ataque, a invasão da nossa embaixada, mas falando em buscar a reconciliação, sem se manifestar contra este ato autoritário", lamentou o presidente de esquerda.

 

O Canadá "chegou ao ponto de dizer que foi uma suposta violação do direito internacional. Usou a palavra 'aparente'. Não permitimos isso, não aceitamos", acrescentou.

 

A incursão policial foi condenada por trinta países e sete organizações mundiais e regionais, como as Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos (OEA), onde o tema é discutido nesta terça-feira a pedido do Equador, que considera ilegal o asilo político de Glas porque ele é acusado de um crime comum.

Quito também justifica a agressão pelo "risco iminente" de fuga do ex-dignatário, que horas antes havia recebido asilo.

 

Glas, de 54 anos, voltou à prisão nesta terça-feira depois de ter sido hospitalizado na véspera. "Tememos pela vida dele", disse nesta terça o eurodeputado espanhol Manu Pineda, em uma coletiva de imprensa no Parlamento Europeu, junto com o ex-presidente equatoriano Rafael Correa, de quem Glas foi vice-presidente.

 

O ex-presidente (2007-2017), também condenado por corrupção e exilado na Bélgica, pediu uma "resposta forte" da comunidade internacional, propondo inclusive a retirada dos embaixadores da União Europeia do Equador.

 

Para assistir ao vídeo, basta clicar aqui. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em outra categoria

O governo federal anunciou nesta sexta-feira, 2, a escolha de Wolney Queiroz para o comando do Ministério da Previdência Social. A nomeação foi oficializada em edição extra do Diário Oficial da União. Em um longo histórico político, Wolney tem alinhamento com pautas caras ao PT, mas teve desgaste recente quando se aproximou do PL nas eleições municipais de seu reduto eleitoral.

Wolney ocupava o cargo de secretário-executivo da Previdência desde o início do atual governo, posição considerada o segundo posto mais importante dentro de um ministério. A mudança ocorre após a saída de Carlos Lupi, que pediu demissão em meio à crise gerada por investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU) sobre descontos irregulares em benefícios pagos pelo INSS em montante que pode chegar a R$ 8 bilhões.

Segundo informações da GloboNews, Wolney Queiroz estava presente quando o então ministro Carlos Lupi foi informado sobre o aumento de denúncias de descontos não autorizados em aposentadorias e pensões. Apesar da gravidade do problema, Lupi não tomou providências imediatas, conforme as atas das reuniões. A informação foi revelada pelo "Jornal Nacional" e confirmada pelo Estadão.

Trajetória

Com informações do site da Câmara dos Deputados, é possível recuperar um longo histórico da vida pública de Wolney. Nascido em 1972 em Caruaru (PE), ele é filiado ao PDT desde 1992. Iniciou a carreira política como vereador em sua cidade natal, onde presidiu a Câmara Municipal. Em 1995, assumiu o primeiro de seis mandatos consecutivos como deputado federal por Pernambuco.

Durante sua atuação no Congresso Nacional, foi vice-líder do PDT em diferentes períodos entre 1995 e 2013, liderou a bancada do partido entre 2020 e 2022 e chefiou o bloco de oposição ao governo Jair Bolsonaro em 2022. Também presidiu a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público, além de participar de comissões como Constituição e Justiça, Defesa do Consumidor e Desenvolvimento Urbano.

Em votações de grande repercussão, votou contra o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Foi contrário à PEC do Teto de Gastos e à Reforma Trabalhista no governo Michel Temer, e apoiou a abertura de investigação contra o então presidente Temer em 2017.

Ainda entre as posições sobre projetos, Queiroz votou contra a reforma da Previdência em 2019, posicionando-se de forma crítica à proposta. Mas também esteve envolvido em episódios que geraram críticas. Em 2021, foi criticado por parte do PDT por votar a favor da PEC dos Precatórios no primeiro turno de votação. Mas votou contra a medida no segundo turno. A PEC permitiu ao governo adiar o pagamento de dívidas judiciais para abrir espaço no orçamento público para a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Filho do ex-prefeito José Queiroz (PDT), mantém influência na política local de Caruaru. Em 2023, confirmou que o partido lançaria seu pai como candidato à prefeitura de Caruaru. Por outro lado, a aproximação com o PL, em articulações políticas em Jaboatão dos Guararapes, provocou desconforto em setores do governo e dentro do próprio PDT, colocando em debate sua permanência em cargos na administração federal.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou Carlos Lupi do cargo de ministro da Previdência. Como novo titular da Pasta, foi nomeado Wolney Queiroz, que era secretário-executivo do ministério.

Os atos foram publicados em edição extra do Diário Oficial da União desta sexta-feira, 2 de maio. A exoneração de Lupi foi feita a pedido.

Mais cedo, o pedetista publicou em suas redes sociais que havia entregado o cargo depois de se reunir com o presidente Lula no Palácio do Planalto. O pedido de demissão ocorreu após o ministro ter sido pressionado pela repercussão da Operação Sem Desconto, deflagrada pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal em 23 de abril.

A investigação apura um esquema de deduções indevidas em contracheques de aposentados e pensionistas do INSS. Segundo os investigadores, o total de descontos sem autorização chega a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. Considerando dados desde 2016, o montante pode chegar a quase R$ 8 bilhões.

A oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Congresso Nacional afirma ter conseguido coletar o número mínimo de assinaturas na Câmara dos Deputados (171) e no Senado Federal (27) para protocolar o requerimento de criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

A deputada federal Coronel Fernanda (PL-MT) diz que o número foi alcançado no final da tarde desta sexta-feira, 2, pouco tempo depois de o ministro da Previdência, Carlos Lupi, pedir demissão do cargo. A ideia do grupo é protocolar o documento na segunda-feira, 5.

"A crise é tão grande que Lupi acabou de pedir exoneração. Acreditamos que ninguém vai ser contra os aposentados. O roubo aconteceu e vamos garantir que os aposentados tenham seus valores devolvidos com juros e correção monetária", afirmou Fernanda. O número mínimo já tinha sido alcançado no Senado nesta quarta-feira, 30. Damares Alves (Republicanos-DF) foi quem fez a coleta nessa Casa legislativa.

A CPMI é um recurso visto pelo grupo como uma forma de contornar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), caso ele decida não dar abertura ao processo. Deputados já haviam colhido e protocolaram uma CPI do INSS na Câmara nesta quarta-feira, 30.

Neste momento, Motta sinalizou ao líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ), que há outros 12 requerimentos que aguardam análise dele e que daria uma resposta no futuro sobre o que faria.

Uma pode ser aberta em sessão do Congresso Nacional, após leitura do presidente Davi Alcolumbre (União-AP). Isso aconteceu, em 2023, com a CPMI do 8 de Janeiro, mobilizada pela oposição.

Lupi pediu demissão nesta sexta-feira, 2, em razão da crescente pressão que envolve o escândalo dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do INSS. Para o lugar de Lupi, Lula convidou o atual secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz, que também é um quadro do PDT de Carlos Lupi.

A Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) realizaram, em 23 de abril, a Operação Sem Desconto, fruto de uma investigação que aponta um esquema fraudulento de deduções indevidas em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS.

Associações e sindicatos faziam descontos em folha dos benefícios a partir de acordos de cooperação técnica firmados com o INSS. Em muitos casos, as retiradas mensais ocorriam sem qualquer aval ou ciência do beneficiário.

O valor estimado em cobranças irregulares soma R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo a PF. Se retroagir a data até 2016, esse valor sobe para quase R$ 8 bilhões referentes a descontos sem autorização. Apesar de o esquema não ter sido instituído neste governo, a investigação aponta um salto no volume descontado a partir de 2023.

A investigação da PF não aponta responsabilidade de Carlos Lupi no êxito das fraudes. No entanto, ele tem sido cobrado por uma suposta omissão diante de alertas recebidos desde 2023 de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU), Controladoria-Geral da União (CGU), do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), de auditores do próprio INSS e da imprensa. O inquérito da PF foi aberto a partir de reportagens do site Metrópoles.

Lupi rechaça as acusações de omissão e alega que uma auditoria realizada pelo órgão seria a "prova cabal" de que ele agiu para evitar desvios indevidos no pagamento de aposentadorias. A auditoria foi realizada depois do surgimento das denúncias.