Hamas pode ter usado armamento da Coreia do Norte em ataque a Israel

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Terroristas do Hamas possivelmente dispararam armas norte-coreanas durante seu ataque a Israel no dia 7 de outubro, conforme indicam um vídeo feito por um terrorista e armamentos apreendidos pelo exército israelense. Na última sexta-feira, 13, Pyongyang negou fornecer armas ao grupo terrorista, acusando Washington de tentar desviar sua própria culpa perante o conflito.

 

Autoridades sul-coreanas, dois especialistas em armas norte-coreanas e uma análise da Associated Press de armas capturadas no campo de batalha por Israel indicam que Hamas usou uma granada propelida por foguete F-7 norte-coreano, uma arma disparada no ombro que os combatentes normalmente usam contra veículos blindados.

 

As provas lançam luz sobre o mundo obscuro de carregamentos ilícitos de armas que a Coreia do Norte, atingida por sanções, utiliza como forma de financiar os seus próprios programas de armas convencionais e nucleares.

 

Os lançadores de granadas propelidos por foguete disparam uma única ogiva e podem ser rapidamente recarregados, tornando-os armas valiosas para as forças de guerrilha em combates com veículos pesados. O F-7 foi documentado na Síria, no Iraque, no Líbano e na Faixa de Gaza, disse NR Jenzen-Jones, especialista em armas que trabalha como diretor da consultoria Armament Research Services.

 

"A Coreia do Norte apoia há muito tempo grupos palestinos, e os armamentos norte-coreanos já foram previamente registrados entre fornecimentos interditados", disse Jenzen-Jones.

 

O Hamas publicou imagens de seus caças com um lançador com uma granada propelida por foguete com uma faixa vermelha distintiva em sua ogiva e outros elementos de design que combinam com o F-7, disse Matt Schroeder, pesquisador sênior do Small Arms Survey que escreveu um guia às armas leves de Pyongyang. "Não é uma surpresa ver armas norte-coreanas com Hamas", disse Schroeder.

 

O F-7 da Coreia do Norte se assemelha à granada propelida por foguete RPG-7, mais amplamente distribuída durante a época soviética, com algumas diferenças notáveis. Jenzen-Jones descreveu a granada propelida por foguete F-7 como "destinada a oferecer um efeito letal contra o pessoal", dada a sua forma e carga útil, em vez de veículos blindados.

 

As armas apreendidas pelos militares israelenses e mostradas aos jornalistas também incluíam aquela faixa vermelha e outros elementos de design que combinavam com o F-7.

 

Em um briefing com jornalistas na terça-feira, 17, o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul identificou especificamente o F-7 como uma das armas norte-coreanas que acredita que o Hamas utilizou no ataque. Os militares de Israel se recusaram a responder a perguntas feitas pela Associated Press sobre a origem e o fabricante dessas granadas lançadas por foguetes, dizendo que a guerra em curso com o Hamas os impedia de responder.

 

A missão da Coreia do Norte na ONU não respondeu a um pedido de comentários da AP. No entanto, na semana passada, Pyongyang, através da sua agência de notícias estatal KCNA, rejeitou as alegações de que o Hamas usou as suas armas como "um boato infundado e falso" orquestrado pelos Estados Unidos.

 

Vídeos e fotos propagados pelo Hamas mostraram anteriormente seus combatentes com o míssil antitanque guiado Bulsae da Coreia do Norte. Jenzen-Jones disse acreditar, com base nas imagens das armas empunhadas pelos combatentes do Hamas no ataque de 7 de outubro, que eles também usaram o rifle automático Tipo 58 da Coreia do Norte, uma variante do rifle de assalto Kalashnikov.

 

"Muitos armamentos da Coreia do Norte foram providenciados pelo Irã aos grupos palestinos, e acredita-se que essa seja a principal forma pelo qual os terroristas conseguiram as armas norte-coreanas", disse Jenzen-Jones.

 

O Irã também modelou alguns de seus mísseis balísticos com base em variantes norte-coreanas. A missão do Irã nas Nações Unidas também não respondeu a um pedido de comentário. As autoridades iranianas apoiam há muito tempo o grupo terrorista Hamas e elogiam o seu ataque a Israel.

 

Apreensão de armas

 

Em dezembro de 2009, autoridades da Tailândia apreenderam um avião de carga norte-coreano que transportava 35 toneladas de armas, incluindo foguetes e granadas de propulsão, quando a aeronave fazia uma paragem para reabastecimento num aeroporto de Bangcoc. As autoridades tailandesas disseram então que as armas se destinavam ao Irã. Os Estados Unidos afirmaram mais tarde, em 2012, que os carregamentos interditados tinham como destino o Hamas.

 

A Coreia do Norte também enfrenta suspeitas ocidentais de que fornece munições, granadas de artilharia e foguetes à Rússia para apoiar a sua guerra contra a Ucrânia. A Casa Branca disse na semana passada que a Coreia do Norte entregou recentemente mais de mil contentores de equipamento militar e munições à Rússia. Fonte: Associated Press.

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O governo Lula rechaçou a sondagem feita pela administração Trump para categorizar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), as duas maiores facções criminosas do País, como organizações terroristas.

A opção foi sugerida durante uma reunião na tarde desta terça-feira, 6, em Brasília, entre autoridades do Brasil e uma comitiva liderada por David Gamble, chefe interino da coordenação de sanções do Departamento de Estado americano. Servidores dos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça e Segurança Pública e da Polícia Federal participaram do lado brasileiro.

Os enviados da Casa Branca alegaram, segundo relatos de pessoas envolvidas, que a legislação americana permitiria sanções mais pesadas contra PCC e CV se eles fossem enquadrados como terroristas pelo governo do Brasil. Isso porque o sistema penal dos Estados Unidos é mais duro com esse tipo de atividade.

Gamble e sua comitiva também mencionaram que o FBI (a Polícia Federal americana) avalia que o PCC e o CV estão presentes em 12 estados americanos, como Nova York, Flórida, Nova Jersey, Massachussets, Connecticut e Tennessee.

As duas facções têm usado o território americano para lavar dinheiro, por meio de brasileiros que viajam ao País, de acordo com membros da comitiva de Trump. Eles citaram que 113 brasileiros tiveram visto negado pela Embaixada dos Estados Unidos após terem sido identificadas como ligadas às quadrilhas.

O argumento dado pelo governo brasileiro é que o sistema legal nacional não considera facções criminosas como terrorismo, uma vez que a atuação desses grupos não atendem a uma causa ou ideologia, mas sim a busca por lucro de diversas atividades ilícitas.

De volta à Casa Branca, o presidente Donald Trump tem colocado a preocupação com a entrada de imigrantes no País como sua principal batalha. No primeiro mês deste mandato, o republicano declarou emergência na fronteira e designou cartéis de drogas como organizações terroristas - o que ele agora quer fazer com as duas maiores quadrilhas brasileiras.

Autoridades brasileiras também argumentaram a Gamble que o Brasil tem se dedicado a implementar políticas públicas para combater facções como o PCC e o CV. O plano de fortalecer a integração com os demais países da América Latina foi mencionado no encontro.

Os presídios federais, onde governos têm isolado lideranças das cúpulas dessas quadrilhas, e operações feitas em conjunto pelas polícias e Ministérios Públicos - como, por exemplo, por meio dos Grupos de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) - também foram foram colocados como exemplos.

Estavam presentes, além de Gamble, John Jacobs, da Embaixada dos Estados Unidos, o adido judicial Michael Dreher, os assessores sênior Ricardo Pita e John Johnson, a conselheira política Holly Kirking Loomis e o adido policial Shawn Sherlock. O ministério diz que o encontro foi feito a pedido dos americanos.

Na tarde da segunda-feira, 5, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) recebeu Pita em seu gabinete no Senado, também para tratar de crime organizado. Ele afirmou ter solicitado o encontro dias atrás com a Embaixada americana para tratar de segurança pública.

Nas redes sociais, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), entretanto, vinha tratando a vinda de Gamble como um passo para a imposição de sanções por parte de Trump contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, considerado algoz pelo bolsonarismo. Mas o assunto não foi discutido, de acordo com o senador.

Questionado sobre o fato de o próprio irmão ter sugerido nas redes sociais que o encontro seria feito para tratar de sanções a Moraes, Flávio negou a intenção. "Não, ele (Eduardo) está tratando disso nos Estados Unidos, mas esta reunião específica foi uma coincidência de verdade. Não vai ter outra (reunião) com a gente", declarou Flávio após a reunião.

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A Primeira Turma do STF recebeu nesta terça-feira, 6, por unanimidade, a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra sete aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acusados de disseminar notícias falsas e ataques ao sistema eleitoral e a instituições e autoridades como parte do plano para mantê-lo no poder.

Uma ala do tribunal considera que essa é uma boa oportunidade para debater como enquadrar a divulgação de notícias falsas e se é possível tipificar as fake news como crime, mesmo sem uma lei específica que regulamente o assunto.

Na sessão desta terça, o ministro Flávio Dino defendeu a necessidade de reconhecer que as fake news são uma "modalidade de violência gravíssima" que tem causado "danos gravíssimos e incontornáveis similares a uma facada ou a um tiro".

Segundo Dino, esse reconhecimento precisa vir "pela via legislativa ou mesmo pela via jurisprudencial".

"Creio que temos esse encontro marcado, nesses autos e em outros, com a aquilatação adequada acerca desse juízo que cabe aos julgadores", defendeu.

"Em algum momento é preciso que haja essa compreensão social de que as fake news imbutem em si mesmas uma violência simbólica que extermina, que mata. Mata moralmente, mata psicologicamente, cria danos mentais, assassina reputações e leva ao terror dos alvos deste tipo de procedimento industrial que é uma das marcas terríveis do nosso tempo, que é a monetização do ódio, a monetização dessa violência simbólica por intermédio da tecnologia", concluiu Dino.

O ministro Alexandre de Moraes é outro que defende uma punição dura para a disseminação em massa de notícias falsas. Essa é uma das maiores bandeiras do ministro. Moraes já comprou briga com as redes sociais ao exigir mais controle sobre o conteúdo que circula nas plataformas.

Nesta terça, na sessão da Primeira Turma, Cármen Lúcia sinalizou que deve seguir a mesma linha dos colegas. "Quando a mentira se põe a serviço dos ódios, as consequências são muito pouco humanas e, principalmente, nunca serão democráticas", criticou a ministra.

A atualização do Marco Civil da Internet para punir a divulgação de notícias falsas está travada na pauta do Congresso. A iniciativa mais promissora foi o PL das Fake News, projeto de lei para regulamentar as redes sociais. A proposta foi retirada de pauta em 2023, após amplo lobby e pressão de grandes empresas de tecnologia, como Google e Telegram.

A Câmara dos Deputados aprovou, nesta terça-feira, 6, o requerimento de urgência para o projeto de lei que permite o aumento do número de vagas para deputados federais. No parecer do relator, deputado Damião Feliciano (União-PB), divulgado durante a tarde, haveria um acréscimo de 18 cadeiras. 268 deputados votaram a favor da urgência. Outros 199 parlamentares votaram contra a tramitação acelerada do texto.

O projeto altera a Lei Complementar nº 78 de 1993, que disciplina a fixação do número de deputados. A proposta do relator é estabelecer o número de 531 deputados a partir de 2026. Atualmente, a Câmara tem 513 deputados. O projeto prevê acréscimos para os seguintes Estados:

- Santa Catarina - Mais quatro cadeiras;

- Pará - Mais quatro cadeiras;

- Amazonas - Mais duas cadeiras;

- Rio Grande do Norte - Mais duas cadeiras;

- Mato Grosso - Mais duas cadeiras;

- Goiás - Mais uma cadeira;

- Ceará - Mais uma cadeira;

- Minas Gerais - Mais uma cadeira;

- Paraná - Mais uma cadeira;

Segundo o parecer, a distribuição das vagas terá como base os dados oficiais do censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com submissão dos dados ao Tribunal de Contas da União (TCU).

No documento, o relator sustenta que, segundo informações da Direção-Geral da Câmara, a criação das 18 vagas geraria um impacto anual de aproximadamente R$ 64,6 milhões. "Considerando a margem orçamentária estimada para o exercício de 2025, a Direção da Casa conclui que, mesmo hoje, o orçamento da Câmara dos Deputados já comportaria as despesas decorrentes da aprovação do projeto", alega o deputado.

No parecer, Damião Feliciano (União-PB) não detalha quais aspectos foram levados em consideração para o cálculo de que cada novo deputado geraria um custo anual de aproximadamente R$ 3,6 milhões.

A medida responde a uma determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o Congresso Nacional revise a distribuição do número de deputados, de acordo com a atual população de cada Estado.

A discussão partiu de uma ação do governo do Pará que argumenta que a distribuição dos 513 deputados federais foi estabelecida em 1993 e que, desde 2010, tem direito a mais quatro parlamentares. O STF, então, estabeleceu um prazo de até 30 de junho deste ano para que o Congresso dê uma solução à questão.

Caso a determinação não seja cumprida, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) poderá fixar o novo número de deputados federais e estaduais de cada Estado, além dos deputados do Distrito Federal, para a legislatura que se iniciará em 2027.

No caso, serão observados o piso e o teto constitucional por circunscrição, os dados demográficos coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no Censo de 2022 e a metodologia utilizada em resolução do TSE sobre o tema.