Trup sugere que agência federal de resposta a desastres deva ser encerrada

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O presidente americano, Donald Trump, propôs ontem fechar a Agência Federal de Gestão de Emergências (Fema, na sigla em inglês), dizendo que preferia dar aos Estados mais controle sobre o dinheiro de ajuda a desastres.

Ele fez ontem sua primeira viagem desde seu retorno à Casa Branca ao visitar a Carolina do Norte, devastada por furacões, e a Califórnia, que enfrenta alguns dos incêndios mais mortais e destrutivos da história do Estado.

Na primeira parada, na Carolina do Norte, ele disse que assinaria um decreto para reformar ou "eliminar" a Fema. "O decreto iniciará o processo de reforma fundamental da Fema, ou talvez se livrar da Fema", disse Trump a repórteres durante parada em Asheville, que está se recuperando da devastação causada pelo furacão Helene, em setembro.

Trump disse que seu governo estava procurando maneiras de dar aos governadores mais responsabilidade para responder a desastres, acrescentando que quer enviar mais financiamento diretamente a eles. "A Fema acabou sendo um desastre. Vamos recomendar que ela desapareça", afirmou.

Limites

A agência, que tem mais de 20 mil funcionários e um orçamento anual de dezenas de bilhões de dólares, é responsável por coordenar com agências estaduais e locais para responder a desastres naturais, como inundações, incêndios florestais e furacões.

Trump não tem autoridade para fechar a Fema, o que exigiria ação do Congresso. Historicamente, legisladores de ambos os partidos apoiaram a Fema, sabendo que seu distrito ou Estado poderia precisar da ajuda da agência a qualquer momento.

A Carolina do Norte foi atingida pelo furacão Helene em plena campanha eleitoral presidencial. A tragédia deixou 104 mortos. Na ocasião, Trump criticou duramente a maneira como o ex-presidente Joe Biden lidou com a crise. Ele afirmou que algumas áreas do Estado atingidas pelo furacão foram deixadas de fora dos esforços de ajuda porque votam predominantemente nos republicanos.

Trump também visitou ontem Los Angeles para observar os danos causados pelos incêndios florestais e repetiu suas alegações de que as autoridades locais "não deixaram a água fluir". Os governos do Estado e do município reafirmaram que a falta de água nos hidrantes foi causada pela demanda sem precedentes no sistema da cidade em razão do fogo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em outra categoria

A Faculdade de Direito da USP realizou na manhã desta sexta-feira, 25, um ato em defesa da soberania nacional. A mobilização foi motivada pela decisão do governo de Donald Trump de suspender os vistos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e anunciar uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos.

Segundo a organização, mais de 250 entidades da sociedade civil aderiram à manifestação, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Instituto Vladimir Herzog. Cerca de mil pessoas participaram do evento no Salão Nobre da faculdade, que estava lotado e decorado com bandeiras do Brasil, faixas verde e amarelas e banners com os dizeres "Soberania" e "Democracia".

A convocação foi assinada pelo diretor da Faculdade de Direito, Celso Campilongo, e pela vice-diretora Ana Elisa Bechara. Ana participou da leitura da Carta em Defesa da Soberania Nacional, ao lado da psicóloga Cida Bento, autora do livro O Pacto da Branquitude.

Um dos trechos do documento afirma: "Neste grave momento, em que a soberania nacional é atacada de maneira vil e indecorosa, a sociedade civil se mobiliza, mais uma vez, na defesa da cidadania, da integridade das instituições e dos interesses sociais e econômicos de todos os brasileiros".

Antes da leitura da carta, Campilongo alertou para o risco de violação de princípios básicos do Direito Internacional. "A soberania nacional, o respeito aos direitos básicos do Direito Internacional estão sendo solapados por esta situação de constrangimento, de ameaça, de abuso de poder - de um lado político, mas, juntamente com este poder político, também de um poder econômico."

Estiveram presentes no evento diversas figuras da política brasileira, como Aloizio Mercadante, presidente do BNDES; Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar; Edinho Silva, presidente eleito do PT; e José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva.

O deputado Hélio Lopes (PL-RJ) montou uma barraca na Praça dos Três Poderes em protesto contra as medidas judiciais impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Lopes ainda colocou um esparadrapo na boca sustentando que a liberdade de expressão está ameaçada no País.

O deputado publicou nas redes sociais uma carta aberta em que diz que o Brasil "não é mais uma democracia". "Não estou aqui para provocar. Estou aqui para demonstrar a minha indignação com essas covardias. Não estou incentivando ninguém a fazer o mesmo", disse.

Questionado pela reportagem por que ele resolveu se acampar, ele se manteve calado.

Diante de novas perguntas, o deputado reagiu gesticulando negativamente, manifestando o desejo de permanecer sem falar, com a mordaça na boca, enquanto lia o capítulo de Provérbios, do Velho Testamento da Bíblia.

Apesar de declarar-se em silêncio, a conta do parlamentar nas redes sociais continuaram ativas e, por lá, ele se manifestava: "Muito obrigado pelas mensagens de carinho. Mesmo em silêncio, tenho sentido cada palavra, cada oração e cada apoio que chega de todos os cantos do Brasil", escreveu em sua conta o X.

A manifestação chamou a atenção de poucos transeuntes, em sua maioria bolsonaristas. O primeiro político a chegar foi o deputado federal Coronel Chrisóstomo (PL-RO), que deu um abraço no deputado e disse que irá acampar ao lado de Lopes.

"Estamos procurando uma forma de mostrar ao Brasil o que está acontecendo", disse. Segundo ele, ainda que Lopes tenha dito que não está "incentivando ninguém a fazer o mesmo", num futuro breve poderiam ter outras dezenas de acampamentos na Praça dos Três Poderes.

A Polícia Militar do Distrito Federal acionou a Secretaria de Estado de Proteção da Ordem Urbanística do Distrito Federal, conhecida como DF Legal, dizendo que acampamentos não podem ficar na área da Praça, a mesma que foi invadida nos ataques de 8 de janeiro de 2023.

O deputado se recusou a sair e policiais discutem qual a melhor estratégia a ser adotada neste momento.

Bolsonaro disse que passaria perto da manifestação de Lopes, mas não iria parar "senão politiza".

Na avaliação do ministro dos Transportes, Renan Filho, a família Bolsonaro tem caminhado cada vez mais para a extrema direita e, por isso, o governo do presidente Lula deve ocupar mais o centro, visando as eleições presidenciais do ano que vem.

Em conversa com a imprensa após participar de um painel na XP Expert, em São Paulo, Renan Filho destacou que "há muita possibilidade" de isolar o bolsonarismo na extrema-direita, principalmente após o deputado Eduardo Bolsonaro ter se licenciado de seu mandato e mudado para os Estados Unidos.

"É um ataque que está sendo feito à própria democracia", disse Renan Filho, em relação às negociações de Eduardo Bolsonaro nos EUA que culminaram na imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros.

Para Renan Filho, é possível "reconstituir uma frente ampla", apresentando um projeto para o País que agregue, além da centro-esquerda, uma parte maior do próprio centro.