Voo com deportados por Biden chega ao Brasil durante o governo Trump

Internacional
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Um avião com 88 imigrantes brasileiros deportados dos Estados Unidos chega ao aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, nesta sexta-feira, 24. O voo de deportação para o Brasil, embora seja o primeiro desde que Donald Trump assumiu impondo políticas mais rígidas contra imigração, é parte de um processo que vinha correndo antes da posse do republicano, durante a administração Joe Biden.

Fontes do Itamaraty destacaram que o País tem recebido voos como esse desde 2017, quando firmou um entendimento com os Estados Unidos sobre as deportações. O objetivo era reduzir o tempo que os brasileiros ficam detidos nos EUA por problemas com a imigração.

As deportações só ocorrem quando o caso é inapelável, ou seja, quando não cabe mais recurso para o imigrante. Por isso, o entendimento dentro do governo brasileiro é que o voo não tem qualquer relação com a troca de comando na Casa Branca.

Por sua vez, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, publicou mais cedo nas redes sociais duas fotos com imigrantes sendo embarcados, sem dar mais detalhes de quantos eram nem para onde seriam levados. E declarou: "Os voos de deportação começaram".

"O presidente Trump está enviando uma mensagem forte e clara ao mundo inteiro: se você entrar ilegalmente nos Estados Unidos da América, enfrentará consequências severas", segue a publicação.

Nesta quarta-feira, o governo americano anunciou que prendeu e deportou 538 imigrantes desde que Donald Trump voltou à presidência, com a promessa de realizar a maior deportação em massa da história americana.

Donald Trump tomou posse no começo da semana e assinou uma série de decretos para reprimir o que chama de "invasão" de imigrantes. O presidente declarou emergência na fronteira sul e enviou 1,5 mil militares para a divisa com o México, além dos mais de 2 mil que estavam lá para oferecer apoio logístico às autoridades migratórias.

Em uma das ações mais controvertidas, Trump tentou retirar a cidadania das crianças nascidas nos Estados Unidas, filhas de imigrantes em situação ilegal ou com visto temporário. O direito à cidadania por nascimento, contudo, está previsto na Constituição americana e o decreto foi bloqueado na quinta-feira, 23, por decisão da Justiça.

Algumas das ações do governo podem ser travadas por desafios legais. Outras têm impacto imediato sobre os imigrantes que sonham com uma vida melhor nos Estados Unidos. Na fronteira, muitos foram pegos de surpresa com o fim do CBP One, aplicativo que permitiu a entrada de 1 milhão de solicitantes de asilo no país.

Em ordem assinada esta semana, a Casa Branca declarou que estava suspendendo a entrada de estrangeiros envolvidos na "invasão" e instruindo os departamentos do governo a adotar "todas as medidas necessárias para repelir, repatriar e remover imediatamente os estrangeiros ilegais". A nota dizia ainda que o presidente restringiu ainda mais o acesso a mecanismos que permitiam a entrada nos EUA, como o asilo.

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O presidente do diretório do PSDB no Ceará, Ozires Pontes, anunciou a filiação do ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes no partido. O comunicado ocorreu em por meio de um vídeo publicado em sua rede no Instagram, na noite da sexta-feira, 17.

"Hoje é um motivo de grande alegria para o PSDB. O PSDB está em festa, porque eu estou aqui anunciando oficialmente a filiação do ex-prefeito de Fortaleza, do ex-governador do Estado do Ceará, do ex-ministro Ciro Ferreira Gomes ao PSDB", declarou Pontes.

O tucano, que também é prefeito do município de Massapê, enalteceu a trajetória política de Ciro. "Foi o primeiro governador do PSDB do Brasil. Quero agradecer aqui imensamente ao senador Tasso Jereissati, que foi o principal responsável por toda essa articulação, por convencer o Ciro a fazer essa escolha que o PSDB era o partido certo".

Segundo Pontes, na próxima quarta-feira, 22, às 9h30, haverá um encontro dos tucanos com Ciro. "Vamos receber com uma salva de palmas, um abraço bem caloroso, o nosso ex-governador e futuro governador do Ceará, Ciro Ferreira Gomes", disse. "É um motivo de muita emoção para mim ver Tasso e Ciro juntos", acrescentou.

O presidente do PSDB cearense também cravou a candidatura de Ciro para a eleição do ano que vem no Estado. "Em poucos meses, o próprio Ciro Gomes vai estar anunciando a candidatura dele ao governo do Estado do Ceará", afirmou.

Antes de ingressar no PSDB, Ciro estava no PDT. Na sexta-feira, 17, o ex-governador do Ceará informou a sua saída da legenda, num momento em que a direção estadual da sigla se aproxima do PT, que governa o Estado com Elmano de Freitas. Caso Ciro se candidate para governador em 2026, ele deve enfrentar a campanha de reeleição de Elmano.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou neste sábado, 18, reação popular contra um sistema econômico de concentração de riqueza que obstrui a ascensão social durante discurso emotivo a estudantes de cursinhos populares. Em sua fala, o chefe do Executivo criticou a reação do mercado à política fiscal do governo.

"Ninguém é pobre porque quer, ninguém gosta de se vestir mal, de comer mal. Mas tem um sistema econômico que não permite, que é a concentração de riqueza ... E nós temos que nos rebelar para mudar essa situação", afirmou Lula.

Antes do presidente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, já tinha declarado, no mesmo evento, que o País pode avançar no combate às desigualdades e injustiças sociais com o "povo na rua lutando pelos seus direitos".

Na esteira da derrota do governo na tentativa de taxar aplicações financeiras para financiar políticas públicas dentro dos limites do arcabouço fiscal, Haddad reiterou a orientação de colocar o "pobre no orçamento e o rico no imposto de renda". Contudo, emendou o ministro, essa determinação, que foi colocada pelo presidente Lula, incomoda o "andar de cima" - isto é, os mais ricos.

Após o governo anunciar investimentos de R$ 108 milhões na rede de cursinhos que preparam estudantes de baixa renda a vestibulares, para acesso a universidades, Lula disse em seu discurso que o programa contra a evasão escolar Pé-de-Meia precisa ser universalizado. "Dentro da mesma sala de aula tem um aluno que recebe o Pé-de-Meia e outro que não recebe. E a diferença do salário é de 50 centavos. Então, nós vamos aprovar a universalização do Pé-de-Meia para que toda a pessoa possa ter o direito de estudar. É difícil. A Faria Lima vai brigar com a gente", declarou o presidente. Ele reiterou na sequência a visão de que colocar dinheiro na educação não é gasto, mas sim investimento na sobrevivência de populações periféricas.

As declarações ocorreram neste sábado, 18, durante um encontro com os alunos, professores e coordenadores da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), no Ginásio Adib Moysés Dib, em São Bernardo do Campo (SP). Na ocasião, Lula estava acompanhado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), Camilo Santana (Educação), Luiz Marinho (Trabalho) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário).

Aos estudantes, Lula salientou que o desafio do governo é dar visibilidade a uma grande parte da população que era ignorada pela "elite política". Ao relembrar a sua trajetória de vida, como ter comido um pedaço de pão pela primeira vez apenas aos sete anos, quando já estava em São Paulo, o presidente disse que já teve muitos sonhos que não pôde realizar por falta de oportunidades.

"Minha obsessão por educação é porque não tive educação", afirmou. Lula assinalou que, se ele não teve chance, os estudantes dos cursinhos populares que assistiram ao discurso terão a oportunidade de ingressar no ensino superior. "O destino nosso, nós que traçamos, vocês serão o que quiserem ser", exclamou o presidente.

Em tom motivacional, Lula disse aos estudantes que ninguém tem direito de desistir dos sonhos, e que o objetivo e as causas fazem a vida valer a pena. "Se foi possível para mim, é possível para vocês", declarou o presidente.

O líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (RJ), decidiu entrar na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) após uma série de vitórias do governo Lula.

Sóstenes chega como suplente no bloco do qual seu partido faz parte, junto de União Brasil, PP, MDB, PSD, Republicanos, Podemos e a federação PSDB-Cidadania

"Entrei para contribuir e colaborar com o belo trabalho do líder Rogério Marinho (PL-RN) no Senado, para a gente voltar a ganhar os requerimentos nas próximas semanas", afirmou o deputado ao Estadão.

Reforçado na CPI do INSS, o governo Lula conseguiu reverter o cenário que deu a presidência e a relatoria da comissão para a oposição e garantir a maioria em todas as últimas votações mais controversas.

A articulação da base governista garantiu que José Ferreira da Silva - irmão de Lula conhecido como Frei Chico - não fosse convocado e impediu a prisão do presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi) Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo. O Sindnapi é o sindicato ao qual Frei Chico é ligado.

Na perspectiva da oposição bolsonarista, o trabalho do governo junto a aliados de centro configura uma "blindagem" a figuras que seriam importantes para contribuir com as investigações que apuram o esquema fraudulento de desconto não autorizado em associativas. Para eles, as sucessivas vitórias do Centrão se devem ao "fisiologismo" do grupo.

Nesta sexta-feira, após visitar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em sua casa em Brasília, onde cumpre prisão domiciliar por ter descumprido medidas cautelares do Supremo Tribunal Federal (STF), Sóstenes disse à imprensa que "confia muito no trabalho do Rogério Marinho para reorganizar a base novamente", e que a oposição vai voltar a apresentar um novo requerimento pra convocar o Frente Chico.

Cobrança por mais articulação

Na conversa com Sóstenes, Bolsonaro cobrou maior articulação entre presidentes de partidos de direita contra Lula, de olho nas eleições de 2026.

"Bolsonaro entende que precisa mais - e ele vai conversar com Valdemar na próxima semana (sobre isso) - que os presidentes de partido estejam se reunindo com mais frequência para que a gente possa ter ainda mais resultados positivos, para enfrentar o atual governo, visando em especial a eleição de 2026", afirmou o líder do PL na Câmara à imprensa na saída da visita ao ex-presidente.

Em setembro, o União Brasil e o Progressistas (PP) anunciaram o desembarque oficial do governo Lula, antecipando a articulação de uma candidatura competitiva na direita para derrotar o PT em 2026. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), são cotados para liderar esse movimento, mas a escolha do nome ainda não foi decidida.

Sóstenes diz que Bolsonaro lhe perguntou como está a articulação pela anistia do 8 de Janeiro. O tema interessa ao ex-presidente, que pode ser beneficiado pelo texto que os bolsonaristas tentam, ainda sem sucesso, aprovar na Câmara, de modo a perdoar todos aqueles investigados por atos antidemocráticos desde 2019.

Sóstenes detalhou o seguinte panorama: o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto, aguarda o texto ser devolvido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na terça-feira, com o compromisso do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautá-lo para votação. Caso a proposta devolvida pelos articuladores preveja a redução de penas - e não a anistia "ampla, geral e irrestrita", como cobram os bolsonaristas -, a bancada do PL vai apresentar um destaque para ampliar o perdão.