Ao temer o centro, Virada Cultural cria cercas imaginárias

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Pelo segundo ano, os principais palcos da Virada Cultural foram cercados por tapumes de metal no Vale do Anhangabaú. Nas periferias, o evento nem é uma virada: ele começou no sábado, 18, parou para dormir e voltou no domingo, 19. Perto dos 20 anos, a festa cultural que chamava a população ao centro vive uma crise de identidade.

 

A descentralização dos palcos é positiva - foram 12 arenas e 22 palcos espalhados pela cidade. Mas o nó vai além do incentivo à economia local, como justifica o poder municipal. A abertura gratuita dos espaços públicos no centro facilita o lazer cultural de quem vive na quebrada. Discutir os locais do evento é predefinir as relações das pessoas com a cidade. Ou seja: criar ou não cercadinhos imaginários em outras regiões paulistanas.

 

Na verdade, a virada está no meio de uma discussão sobre o próprio centrão. Os 27 palcos de 2019 viraram dois, uma festa espremida pelas carências históricas, como falta de segurança pública, saúde, moradia e assistência social. Os arrastões de 2022 evidenciaram o drama.

 

Mas o lobo continua atrás da porta, o que ficou evidente na madrugada de sábado. Dentro do espaço dos tapumes - alguns coloridos para dar uma disfarçada no cinza do metal -, a Secretaria de Segurança Pública confirmou uma prisão por tráfico de drogas. Profissionais de segurança privada relatam inúmeras pequenas brigas, um deles mostra o punho inchado por causa de uma mordida. "Tem gente que quer entrar no VIP", diz o segurança. Os dados oficiais das intercorrências ainda não foram divulgados.

 

Da catraca para fora, os frequentadores do centro carregam "o celular do ladrão", como disse um fã da cantora Joelma mostrando um Samsung J3. Um arrastão foi registrado na Rua Capitão Salomão, perto da Avenida São João. As imagens foram captadas por moradores da região. No trajeto entre a sede da Prefeitura e o Paço das Artes, principal acesso ao evento, o Estadão flagrou um estudante que teve um iPhone roubado e procurava uma viatura policial.

 

Nas redes sociais, a gestão Ricardo Nunes (MDB) foi criticada por ter divulgado pouco o evento. No Instagram, as publicações começaram no dia 10; na Secretaria de Cultura, no dia 8, e na Prefeitura, no dia 11. Internautas questionam a razão desse cronograma que acham apertado para o povo se programar. A Virada custou R$ 59,8 milhões para o município, o que representa um aumento de 30% em relação à edição de 2023.+

 

Melhorando

 

A Prefeitura diz ter feito "ampla divulgação do evento, com publicações nos seus canais oficiais (sites e redes sociais), apoio dos artistas, anúncios nos relógios digitais e abrigos de ônibus, TV do metrô e spots em rádios, além da divulgação espontânea pelos diversos veículos de imprensa". Ela menciona, além disso, que "dados do Observatório do Turismo mostram que, em 2023, 86% do público considerou acertado o modelo de atrações distribuídas pela cidade" e que "64% dos entrevistados afirmam que o evento tem melhorado a cada ano".

 

A crise de identidade - aquela em que uma pessoa olha no espelho, mas vê uma imagem embaçada - passa longe da questão artística. Os shows foram bons em vários palcos e deixam um rastro de grandes memórias. O pêndulo que Pabllo Vittar levou ao show mais lotado do Anhangabaú, oscilando entre o discurso político e a fileira de hits, e o domínio vocal de Joelma, que cantou - sem playback - por 1h30 foram destaques no centro. Quando Vanessa da Matta estendeu a mão e chamou o intérprete de Libras Daniel Barreto para dançar forró no palco do Butantã, na zona oeste, muita gente ficou com a sensação de "ah, como eu queria estar lá...".

 

E Marília Mendonça continua por aqui pouco mais de dois anos após sua morte em um acidente aéreo. Em um daqueles momentos de calorzinho no coração, MC Kevin o Chris pediu que a plateia de Parelheiros gritasse os nomes de parentes que perderam quando cantou Espera Eu Chegar.

 

Marcelo Falcão, ex-vocalista da banda O Rappa, comandou a plateia que lotava a praça do Campo Limpo com seus sucessos de mais de 30 anos de carreira. Quase como uma oração, as pessoas colocaram as mãos para o alto, a pedido do cantor, e cantaram Pescador de Ilusões. Será que é só música?

 

A Virada 2024 não foi feita de momentos sublimes. Na Parada Inglesa, a plateia de Gloria Groove teve de cantar mais alto que a cantora porque o som estava muito baixo. No Butantã, Lenine chegou a dizer que teria de "encher linguiça" por causa de uma falha da iluminação.

 

Nesse balanço de coisas boas e outras não tanto, enquanto esperava a apresentação de MC Lipi, em uma plateia cheia, mas não lotada, a estudante de psicologia Larissa Beltrão, de 22 anos, disse que seu coração estava em festa, que ela já queria voltar no ano que vem, mas que não queria ficar com medo de perder o celular no caminho para o metrô nem ver tantas pessoas em situação de rua. E ela avisa que nem precisa ficar no VIP.

 

Atraso no início dos shows, um problema de vários palcos

 

O atraso "pegou" em várias arenas, em vários pontos da cidade. Léo Santana demorou uma hora para entrar, também no centro, por "problemas técnicos na iluminação" - de novo, as luzes. Antes do show da Pabblo, uma hora atrasado, parte da plateia vaiou. A cobrança se repetiu no domingo. O problema mais grave aconteceu no show do cantor MC Lipi - que foi cancelado pelo próprio artista, sem dizer o motivo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Polícia Civil de São Paulo cumpriu quatro mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Fake Monster, que investiga uma ameaça de ataque a bomba no show da cantora americana Lady Gaga na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Os agentes localizaram um adolescente de 16 anos de São Vicente, no litoral de São Paulo, que admitiu ser responsável por perfis que disseminavam mensagens de ódio.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) e o Ministério da Justiça e Segurança Pública investigam um grupo que teria se organizado para fazer ataques coordenados com explosivos improvisados e coquetéis molotov. Os criminosos tratavam o plano como um "desafio coletivo" e buscavam ganhar notoriedade nas redes sociais, segundo a PCERJ. O grupo disseminava discurso de ódio contra crianças, adolescentes e o público LGBTQIA+.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), o adolescente de 16 anos de São Vicente confirmou ser responsável por perfis que publicavam mensagens de ódio. No entanto, ele negou qualquer envolvimento com ameaças de atentado, inclusive relacionadas a Lady Gaga.

O adolescente foi localizado no bairro Vila Jockey Clube. Os policiais apreenderam com ele um computador, um celular, um HD externo, um cartão de memória e um videogame. Ele foi liberado na presença do pai dele.

Os policiais também cumpriram mandados nas cidades de Cotia e Vargem Grande Paulista. Foram apreendidos celulares, notebooks, videogames e outros dispositivos eletrônicos, que serão enviados à perícia.

Segundo a Polícia do Rio, os alvos das operações "atuavam em plataformas digitais, promovendo a radicalização de adolescentes, a disseminação de crimes de ódio, automutilação, pedofilia e conteúdos violentos como forma de pertencimento e desafio entre jovens".

Além das operações em São Paulo, foram cumpridos mandados no Rio, Niterói, Duque de Caxias, Macaé, no Rio de Janeiro; São Sebastião do Caí, no Rio Grande do Sul; e Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro (PCERJ) e o Ministério da Justiça informaram ter impedido um ataque a bomba que ocorreria no show da cantora americana Lady Gaga na Praia de Copacabana neste sábado, 3. O líder do grupo criminoso e autor do plano foi preso e um adolescente foi apreendido, de acordo com a PCERJ.

De acordo com a Polícia, o homem responde por porte ilegal de arma de fogo, no Rio Grande do Sul. Já o adolescente foi apreendido por armazenamento de pornografia infantil no Rio. Um terceiro suspeito foi alvo de busca e apreensão em Macaé, na Região dos Lagos do Rio. Segundo a PCERJ, ele ameaçou matar uma criança ao vivo, e responde por terrorismo e induzimento ao crime.

A operação foi batizada de Fake Monster - os fãs de Gaga são apelidados de little monsters, ou monstrinhos. De acordo com a Polícia, os envolvidos no plano de ataque recrutavam participantes, inclusive adolescentes, virtualmente.

O objetivo era promover ataques coordenados com uso de explosivos improvisados e coquetéis molotov. Os criminosos tratavam o plano como um "desafio coletivo" e buscavam ganhar notoriedade nas redes sociais, segundo a PCERJ. O grupo disseminava discurso de ódio contra crianças, adolescentes e o público LGBTQIA+.

Segundo a Polícia, os alvos das operações "atuavam em plataformas digitais, promovendo a radicalização de adolescentes, a disseminação de crimes de ódio, automutilação, pedofilia e conteúdos violentos como forma de pertencimento e desafio entre jovens".

Foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão nas cidades fluminenses Rio, Niterói, Duque de Caxias e Macaé. Além disso, os policiais também cumpriram mandados nos municípios de Cotia, São Vicente e Vargem Grande Paulista, no Estado de São Paulo; São Sebastião do Caí, no Rio Grande do Sul; e Campo Novo do Parecis, no Mato Grosso. Os agentes apreenderam dispositivos eletrônicos e outros materiais para perícia.

A Polícia informou que organizou a operação com "discrição e precisão" para evitar pânico e distorção de informações entre os frequentadores do show.

A ameaça foi identificada pela Subsecretaria de Inteligência (Ssinte) da Polícia Civil. O Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) da Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (Diopi) da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça e Segurança Pública produziu um relatório técnico com as ameaças digitais.

Participaram da ação a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV), a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), a Delegacia Policial da Tijuca (19ª DP) e Coordenadoria de Recursos Especiais (Core). As polícias locais dos Estados que tiveram mandados de busca e apreensão também colaboraram.

O cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, afirmou neste domingo, 4, que "o próximo papa não será uma xerox do papa Francisco". A declaração foi feita a um grupo de jornalistas depois de uma missa que celebrou na igreja de Sant'Andrea al Quirinale, da qual é titular em Roma.

Ao ser perguntado sobre os rumos das congregações gerais, reuniões que os cardeais estão realizando para debater temas e o perfil do próximo papa, Scherer disse: "Vamos deixar-nos surpreender".

"O menino que seria canonizado, Carlo Acutis, dizia que Deus não gosta de fotocópias, gosta de originais. Tem continuidade e descontinuidade: descontinuidade porque não é mais o mesmo papa que está adiante. Agora a continuidade é cuidar da Igreja, da missão da Igreja, as preocupações em relação à evangelização", afirmou.

Na homilia da missa em sua igreja, o cardeal afirmou que vários cardeais celebraram em suas igrejas titulares pedindo pela alma do papa Francisco e agradecendo pelos frutos de seu pontificado.

Também pediu orações pela realização do conclave: "Agora os cardeais estão por escolher um novo pontífice. Como será? Como se chamará? Tantas são as especulações, e é tudo o que podemos fazer. Todos podem ter a própria ideia sobre quem escolher, mas é importante que seja escolhido aquele que Deus quer, que seja confirmado aquele que o Espírito Santo indica".

Desde a morte de Francisco no último dia 21, os cardeais tiveram nove congregações gerais, em que abordaram os desafios que o próximo líder da Igreja Católica enfrentará, como abusos sexuais, escândalos financeiros e desafios da unidade e da evangelização.