Chico Díaz e Maria Fernanda Cândido estrelam filme que aborda complexidades das artes plásticas

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Quando o diretor Halder Gomes abre a câmera para conversar com o Estadão, o cenário de fundo está tomado por quadros - a maioria representando mulheres, com traços distintos, mas com alguma conexão. Afinal, tudo ali saiu dos pincéis de Halder. O cineasta, mais conhecido por filmes como Cine Holliúdy, tem essa outra faceta e que agora, depois de uma sequência de comédias nos cinemas, a apresenta no drama Vermelho Monet.

 

Estreia desta semana, o longa-metragem trabalha em cima da história de dois personagens centrais: Johannes Van Almeida (Chico Díaz), um pintor especialista em arte de corpos femininos que acabou de sair da prisão e precisa recomeçar a sua vida; e a negociante de arte Antoinett Léfèvre (Maria Fernanda Cândido), que vive entre o limite ético desse mercado e que está apaixonada pela atriz Florence Lizz (Samantha Heck Müller).

 

Nada de risos, nada de comédia escrachada. Vermelho Monet mergulha no mercado das artes plásticas enquanto também reflete sobre os caminhos da obsessão, da paixão e até dos escapes do mundo criminal. "Sou um constante visitante de museus em todo o mundo", diz Halder. "Aí, com o tempo, vai se acumulando uma quantidade enorme de conteúdo dessas visitas e de estudos - que é o que mais toma meu tempo, mais do que o cinema".

 

Ideias estéticas

 

Segundo ele, de todo esse estudo, que é muito refletido nos corpos e rostos femininos registrados em tela e tinta em seu ateliê, nasceu a vontade de extravasar parte desse conteúdo no cinema - que é, no fim das contas, a outra arte que toma a atenção de Halder. "Chega uma hora que tinha que virar filme", diz o cearense ao Estadão. "Precisava colocar todo meu conhecimento em algo que contasse a história de personagens que retratam esse mundo [das artes], mas que também fosse além do drama, dessa costura mundana dos pecados capitais, com camadas estéticas que falem mais sobre a história da arte".

 

Dessa forma, Vermelho Monet é um filme que mora muito nos detalhes. Enquanto a trama passa, boa parte dos sentimentos e ideias de Halder estão também impregnados nas composições estéticas das cenas. Há muita reprodução de pinturas e esculturas clássicas em algumas sequências, assim como o uso ousado das cores - em especial, o vermelho. "Vermelho é a primeira cor que o ser humano aprendeu a manipular e, por séculos, foi o protagonista representando fogo, paixão, desejo, a vida. Até que chegou o azul e virou moda na Idade Média, enquanto o vermelho ficou mais atrelado ao inferno, ao fogo, ao diabo", explica Halder, sobre suas decisões criativas. "No filme, o vermelho é pulsante, mas também tem toda uma fragilidade quando está com o azul, que representa a morte".

 

No final, conta Halder, tudo nasce desse desejo imagético - não à toa, toda a ideia do filme nasce a partir de imagens, não exatamente ideias. "Eu tenho uma mania, quando vou em museus, de parar diante de quadros e falar 'ação' para aquela pintura", conta. "O primeiro frame que eu queria era apresentar uma pintura barroca, com aqueles personagens entrando em um mundo expressionista. Esse sempre foi o ponto de partida e ficava pensando como criar isso. Tudo nasce da imagem. É só depois que vem a emoção".

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Apesar de ser considerada uma doença 'comum', a gripe causa comprometimento grave em cerca de 3,5 milhões de pessoas anualmente, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS). O dado chama atenção pelo fato de que as condições mais graves da doença são evitáveis por vacina. Mas, diferentemente da maioria dos imunizantes, ela precisa ser administrada anualmente.

Conforme explica a infectologista Luisa Chebabo, dos laboratórios cariocas Sérgio Franco e Bronstein, da Dasa, a gripe é uma infecção respiratória provocada pelo vírus influenza, que tem grande facilidade de sofrer mutações. Isto é: de tempos em tempos, ele se apresenta com uma nova composição, podendo causar sintomas diferentes em relação aos das gripes anteriores.

Dessa maneira, há um aumento no risco de os infectados desenvolverem as versões mais graves da doença, que frequentemente evolui para quadros de pneumonia ou síndrome respiratória aguda grave (SRAG).

Segundo o Ministério da Saúde, existem quatro tipos de vírus influenza: A, B, C e D, sendo que os dois primeiros são os responsáveis por epidemias sazonais. A alta taxa de mutação dos patógenos requer um monitoramento global e a frequente reformulação da vacina, que é feita com indicações da OMS.

Para evitar que isso aconteça, a especialista ressalta que reforçar a dose da vacina ano após ano é essencial, já que é por meio dessa nova imunização que o organismo fica protegido das mais recentes mutações do vírus. Cabe destacar que o outono e o inverno são os períodos em que ele mais circula.

O cuidado de atualizar a vacinação contra a gripe é ainda mais importante entre crianças de até 6 anos, idosos e outros grupos de risco, como mulheres grávidas, puérperas, imunossuprimidos, transplantados e profissionais da saúde.

Ampliação da vacinação

Em resposta ao aumento da circulação do vírus influenza, o Ministério da Saúde anunciou, no início de maio, a ampliação do público-alvo da vacina para todas as pessoas com mais de 6 meses de idade. Anteriormente, o imunizante estava restrito a crianças de 6 meses até as menores de 6 anos, além de idosos, gestantes e puérperas.

No município de São Paulo, a imunização para o público geral teve início logo após a orientação divulgada pela Pasta.

A prisão de uma mulher por stalking depois de perseguir durante cinco anos um médico e sua família, em Ituiutaba, cidade do Triângulo Mineiro, em Minas Gerais, fez com que aumentasse o interesse pelo tema nos últimos dias. A jovem de 23 anos estava foragida desde março do ano passado e foi presa no último dia 8, em uma universidade de Uberlândia, onde cursava Nutrição. Ela também foi acusada de furto, ameaça e extorsão. O caso foi divulgado no domingo, 19, pelo Fantástico.

Promulgada em 2021, a lei prevista no artigo 147-A do Código Penal Brasileiro tenta combater um problema antigo. Antes da sua implementação, casos de perseguição costumavam ser tipificados como contravenção penal.

É comum encontrar a palavra stalker nas redes sociais, geralmente usada para identificar alguém que acompanha o perfil e as postagens de determinada pessoa com frequência. O termo, porém, vai muito além disso e serve para definir um perseguidor obsessivo, insistente e que dispensa atenção exagerada a alguém.

A expressão stalking começou a ser utilizada no fim da década de 1980 para identificar o comportamento obsessivo de alguns fãs para com os famosos. O Estado da Califórnia, nos Estados Unidos, foi o primeiro do mundo a aprovar uma medida legal contra a prática, em 1990. Posteriormente, Canadá, Austrália, Inglaterra e outros países europeus tomaram medidas semelhantes.

Stalking não está registrado na classificação internacional de doenças como uma patologia, mas sim como um comportamento.

A perseguição pode ocorrer com qualquer um. Muitas vezes, uma pessoa passa a ser perseguida por um desconhecido, mas também é muito comum o stalking vir de ex-cônjuges inconformados com o fim de um relacionamento. O agressor não aceita o término do namoro, por exemplo, e começa a perseguir a ex-namorada, impedindo sua locomoção e prejudicando sua integridade física e psicológica. Outra situação recorrente é a perseguição de fãs obcecados por uma personalidade.

Para enquadrar como um caso de stalking, é necessário que a perseguição seja reiterada. A prática também deve causar algum tipo de dano à vítima, como invadir sua intimidade, impedir seu deslocamento, ameaçar a integridade física e causar prejuízos psicológicos. A vítima, ao se sentir perseguida, deve procurar os agentes de segurança pública e um advogado de confiança para ser devidamente orientada. A denúncia pode ser feita nas delegacias presenciais ou eletrônicas. Casos envolvendo violência doméstica podem ser denunciados às delegacias da mulher.

Apesar desse comportamento já ocorrer há algumas décadas, a internet ampliou os meios de perseguição. Se antes os stalkers iam até a casa da pessoa, enviavam cartas e faziam ligações, agora também é possível mandar e-mails, mensagens por celular, segui-la em redes sociais e, muitas vezes, descobrir mais facilmente onde a vítima está, já que os serviços que expõem a localização publicamente são cada vez mais utilizados. O stalking que ocorre somente ou majoritariamente no meio online é chamado de cyberstalking.

Algumas das ações comuns neste tipo de perseguição são as visitas frequentes em perfis em redes sociais, mensagens ou e-mails constantes, investigação de postagens antigas e de pessoas relacionadas ao círculo da vítima. No caso de personalidades, a internet é uma ferramenta muito utilizada pelos stalkers para saber a agenda deles, os restaurantes que frequentam, os hotéis onde se hospedam e até para descobrir onde moram.

Nas telas

O stalking ganhou destaque na cultura pop com a série de suspense Você (You no título original), da Netflix, lançada em 2018. O seriado retrata um homem manipulador que utiliza informações publicadas na internet para se aproximar de uma mulher.

A série Bebê Rena é hit absoluto da Netflix. Lançada em abril, a produção já está há três semanas no ranking das mais assistidas da plataforma - no momento, ocupa a primeira posição em 92 países, com 22 milhões de visualizações. A trama é baseada em uma história real de perseguição sofrida pelo escritor e protagonista da série, o ator e comediante escocês Richard Gadd.

A cheia na região metropolitana de Porto Alegre deve durar até o início do mês de junho, segundo relatório do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O Lago Guaíba permanece acima dos 4 metros, mas a baixa será lenta, com o nível acima da cota de inundação, de 3 metros, pelo menos até o final deste mês.

Há risco de novas chuvas atrasarem o escoamento das águas que ainda cobrem grande parte da capital gaúcha, o que levaria a cheia a adentrar o mês de julho.

Conforme a agência de meteorologia MetSul, com a previsão de chuvas de moderadas a fortes para o período de terça a quinta-feira desta semana, o cenário que ainda é crítico pode se agravar. As chuvas devem ocorrer na área do Guaíba e nas bacias dos rios contribuintes, o que não só frearia o ritmo de baixa, como pode causar pequena elevação na enchente.

"Há o agravante da Lagoa dos Patos que está com nível muito acima do normal, o que torna a baixa do Guaíba mais lenta", disse a MetSul.

- Depois de baixar durante o domingo, 19, o nível do Guaíba voltou a ter alta na madrugada desta segunda-feira, 20, atingindo 4,31 metros às 6 horas da manhã.

- O pico da cheia foi registrado no dia 5, quando a água atingiu 5,35 metros.

- No domingo, 12, com as chuvas no interior, a enchente apresentou um repique e, na terça-feira, 14, voltou aos 5,20 metros.

De acordo com o pesquisador Rodrigo Cauduro Dias de Paiva, especialista em recursos hídricos e professor do IPH que participa dos estudos, era esperado um ritmo lento da descida das águas porque isso já aconteceu na cheia de 1941, até então a maior da história, quando o Guaíba atingiu 4,76 metros.

"Naquela cheia, as águas demoraram 20 dias para baixar mesmo tendo um volume de água menor do que a atual. O que aconteceu de lá para cá é que a população cresceu bastante e ocupou as áreas de várzeas dos rios Jacuí, dos Sinos e Caí que estão conectados com o Guaíba. O impacto, agora, foi muito maior e o tempo de escoamento também aumenta", disse.

A MetSul reforçou que Porto Alegre deve começar o mês de junho ainda sob as condições da cheia no Guaíba, com áreas da cidade alagadas.

"Estamos sob a maior cheia documentada em 150 anos de medições no Guaíba. O pico no começo do mês foi mais de meio metro superior ao de 1941 quando a enchente, menor do que esta, atingiu o pico em dez dias e as águas levaram mais 20 dias para baixarem. O Guaíba, mesmo baixando, ainda está 1,70 metro da cota de transbordamento e quase três metros acima da cota de cheia", informou a agência.

Para o pesquisador do IPH, a condição geográfica da região pode ser uma das explicações para esse processo.

"As chuvas que caem na região de serras e vales, como o dos Sinos e do Caí formam um grande volume de água que escoam rapidamente devido à topografia. Ao atingir a região de planícies do Jacuí e do Taquari, essa água se espalha e vai escoando de forma mais lenta. Se por um lado a água chega com menos força em Porto Alegre, por outro o escoamento também é gradual e mais demorado", disse ao Estadão.

Ele citou também outros fatores, como o vento sul que atua sobre a Lagoa dos Patos e o Guaíba, retardando o escoamento. "Já a saída da Lagoa dos Patos para o mar, não é uma saída enorme e pode trancar um pouco o fluxo, mas esse não é o fator mais determinante na retenção da enchente. O problema é o volume de água chegando ao mesmo tempo. É como uma rodovia: se todos os veículos saem juntos para um mesmo destino, vai haver congestionamento na chegada", comparou.

Mais chuva

A preocupação no momento, segundo ele, são as possíveis chuvas. No início da semana passada choveu mais de 150 milímetros em grande parte das bacias do Guaíba e houve nova subida das águas. "Há previsão de chuva em grande parte do Estado a partir desta semana. Ainda não está claro se vão cair mais ao sul ou ao norte, mas pode retardar o fim desta enchente", avaliou.

A descida das águas será apenas o início da volta ao normal no Rio Grande do Sul. Em muitas cidades onde as águas já baixaram, o pavimento das ruas já não existe e elas estão cobertas com até um metro de lama e detritos. Em outras, como Pelotas, Rio Grande e São José do Norte, à margem da Lagoa dos Patos, a água ainda está alta. Em Porto Alegre, bairros inteiros estão alagados e sem saneamento.

Quando falou com a reportagem, na sexta-feira, o pesquisador da UFRGS estava sem água em casa. "Nem posso reclamar porque tem muita gente em situação bem pior", disse.

Os pesquisadores do IPH recomendam atenção especial da população afetada para os riscos que ainda existem de um novo repique da cheia devido às chuvas e ações imediatas de órgãos públicos para o restabelecimento de infraestruturas e manutenção de serviços essenciais, como o saneamento básico.

Além de Paiva, participaram da elaboração do relatório do IPH o professor Fernando Fan e o engenheiro Matheus Sampaio.