Municípios já dão auxílio em ao menos 14 Estados

Política
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Enquanto o governo federal ainda discute se volta a pagar o auxílio emergencial, governadores e prefeitos criam ou prorrogam programas próprios a fim de atenuar a ausência de renda e o desemprego acentuados com a pandemia de covid-19. A iniciativa ocorre em cidades de ao menos 14 Estados. Juntamente com os governos locais, o investimento chega a R$ 973 milhões e o atendimento prestado alcança 1,8 milhão de pessoas.

Há ações do tipo em capitais como Salvador, Manaus, Cuiabá e São Paulo, mas também em cidades menores, como Guaxupé (MG), Canoas (RS) e Bela Vista de Goiás. O formato do auxílio e o número de atendidos variam, assim como a vigência e o valor. Em parceria com o governo do Pará, Belém pagará o benefício mais alto: até R$ 450, para 9 mil famílias.

Promessa de campanha do prefeito eleito Edmilson Rodrigues (PSOL), o "Bora Belém" foi incorporado pela gestão do governador Helder Barbalho (MDB) por meio de uma aliança partidária inusitada, mas que não se limita ao Pará.

O novo coronavírus fez com que a defesa de programas de transferência de renda não se limitasse aos partidos de esquerda. Levantamento do Estadão mostra que representantes de ao menos 15 siglas têm projetos de renda básica para dar suporte à população mais carente, do PSOL ao PSL.

A prefeita Nárcia Kelly (PP), reeleita no ano passado para comandar por mais quatro anos a cidade de Bela Vista de Goiás, apresentou no dia 1.º a proposta de conceder R$ 300, inicialmente por seis meses, a moradores da cidade com renda familiar de até R$ 89. O projeto aguarda aprovação dos vereadores.

Em Rolândia (PR), conforme prometido na campanha, o prefeito Ailton Maistro (PSL) abriu licitação para contratar a empresa que vai fornecer os cartões do "Bolsa Rolândia". O programa emergencial pagará, a 1.636 famílias, um benefício de R$ 300 nos meses de março, abril e maio.

Com filas de espera nos hospitais e até falta de oxigênio para tratar pacientes graves da doença, Manaus ficou marcada como uma das situações mais caóticas e dramáticas provocadas pela pandemia no País. A necessidade de fechar comércios para conter o contágio levou o prefeito David Almeida (Avante) a lançar o "Auxílio Manauara", que pagará R$ 200 mensais por um período de seis meses, prorrogáveis por mais seis. Ao todo, 40 mil famílias serão beneficiadas.

A prefeitura vai investir R$ 8 milhões por mês no programa. Segundo Almeida, o município enfrenta a maior queda de arrecadação da história, mas ele acredita que o programa assistencial vai movimentar a economia, assim como o pagamento de pequenos fornecedores, que estavam sem receber.

"Se nós colocarmos o dinheiro na mão do pequeno, esse pequeno paga o mercadinho, paga a prestação da moto, compra o tijolo, compra o cimento, fomenta a economia dos bairros e faz com que o dinheiro volte para o poder público", disse o prefeito de Manaus no lançamento do auxílio, no dia 10.

Em São Paulo, segundo as contas da Prefeitura, cerca de 1,3 milhão de pessoas estão aptas a receber mais um benefício de R$ 300, dividido em três parcelas de R$ 100. No ano passado, a gestão Bruno Covas (PSDB) concedeu o mesmo valor e, diante da não prorrogação do auxílio federal, propõe a retomada do programa. O projeto foi aprovado em primeira votação semana passada e deve ser levado novamente ao plenário da Câmara nos próximos dias.

Limite

Diferentemente da capital paulista, Salvador não interrompeu o pagamento. O prefeito eleito Bruno Reis (DEM) prorrogou o benefício emergencial, de R$ 270 por mês, até março. E cobra o governo de Jair Bolsonaro para fazer o mesmo.

"A realidade da maioria dos municípios do Brasil não permite a manutenção dos auxílios próprios. Só oito capitais criaram benefícios emergenciais e, neste momento, Salvador é a única que está mantendo porque conseguimos ao longo desses anos ter uma situação privilegiada nas contas públicas", afirmou Reis.

Macapá atualmente também paga um benefício, o "auxílio alimentação", de R$ 300. A diferença é que ele é novo, aprovado em lei de dezembro.

Para a superintendente da Fundação Tide Setubal, Mariana Almeida, a retomada do auxílio federal e a abertura de uma discussão sobre propostas de renda básica permanente são urgentes, assim como os mecanismos tributários necessários para seu financiamento.

"São necessárias soluções fiscais para garantir a responsabilidade social que o momento exige e tais soluções requerem debate, seriedade e abertura para análise de cenários e busca por evidências robustas", disse Mariana, que é professora do Programa Avançado em Gestão Pública do Insper e doutora em Economia do Desenvolvimento pela FEA-USP. O governo Bolsonaro estuda a volta do auxílio a partir de março, mas não há consenso sobre o valor - estima-se entre R$ 200 e R$ 250 - nem o período de vigência.

Alguns gestores estaduais e municipais foram alvo de investigações relacionadas à pandemia. O Ministério Público do Amazonas pediu a prisão de Almeida por desvios das vacinas contra o novo coronavírus. No Pará, a Polícia Federal pediu o indiciamento do governador Helder Barbalho (MDB) pela compra irregular de respiradores para tratamento da covid-19 no ano passado. Ambos negam irregularidades. Almeida classificou a atuação do MP de "ilegal e arbitrária". Barbalho afirmou que 'o relatório da PF não prova o envolvimento do governador em nenhum ato ilegal ou antiético".

Renda no carnaval

Rio, Recife, Belém e Olinda criaram programas de renda direcionados a artistas que vivem do carnaval, cancelado neste ano por causa da pandemia. No Rio, o prefeito Eduardo Paes (DEM) vai atender quem trabalha nos blocos e escolas de samba. Em Belém, o projeto "Carnaval o ano todo" vai repassar R$ 2,2 milhões para o mesmo público. Já em Recife, o prefeito João Campos (PSB) criou um auxílio em parceria com a iniciativa privada. Serão R$ 4 milhões em recursos para atender cerca de 27 mil pessoas. Na vizinha de Olinda, o prefeito Lupércio (Solidariedade) vai remanejar R$ 1 milhão para dar suporte aos artistas e também catadores de lixo reciclável. Salvador estuda um modelo semelhante. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Em mais um esforço de sua agenda de deportação em massa, o governo Donald Trump vai oferecer um auxílio em dinheiro e pagar as viagens de volta para casa aos imigrantes indocumentados que deixarem os Estados Unidos voluntariamente, disseram autoridades nesta segunda-feira, 5.

A política, que oferecerá US$ 1.000 (R$ 5.600) e uma passagem aérea de volta, faz parte da iniciativa do governo Trump para persuadir imigrantes a se deportarem como forma de ajudar o presidente a cumprir suas ambiciosas promessas de imigração. Autoridades disseram que um imigrante de Honduras já aceitou a oferta do governo e voou de Chicago de volta ao seu país de origem.

Nas últimas semanas, o governo americano tem aconselhado cada vez mais certos imigrantes a deixarem o país antes de serem alvos das autoridades. Também adotou políticas para tornar a vida desconfortável para aqueles que estão no país sem status legal, como impedir o acesso de certos migrantes a serviços financeiros.

O dinheiro oferecido aos imigrantes que partem por conta própria será pago após a confirmação da viagem de volta por meio de um aplicativo lançado pelo governo Trump no início deste ano, chamado CBP Home. Autoridades afirmam que o programa economizará recursos do governo, evitando os custos necessários para prender, deter e transportar pessoas para fora do país em aviões fretados pelo governo.

"Se você está aqui ilegalmente, a autodeportação é a melhor, mais segura e mais econômica maneira de deixar os Estados Unidos e evitar ser preso", disse Kristi Noem, secretária de segurança interna, em um comunicado.

O governo Trump anunciou na semana passada que havia deportado cerca de 140.000 imigrantes dos EUA desde janeiro. Os números, até o momento, estão muito longe da promessa central de campanha de Trump: remover milhões de pessoas que estão ilegalmente no país.

O número não é muito diferente da quantidade de deportações do governo Biden no mesmo período de tempo. Porém, as expulsões do republicano tem sido muito mais controvertidas, com uso de aviões militares, deportação sem o devido processo legal - em violação à Constituição americana - e com imigrantes legais sendo deportados erroneamente, como foi o caso do salvadorenho Kilmar Abrego Garcia.

As deportações podem ser custosas e demoradas, visto que as autoridades americanas frequentemente precisam deter migrantes por um longo período de tempo, coordenar documentos de viagem e preparar voos fretados para diversos países.

São frequentes também os problemas envolvendo migrantes de países que não aceitam seus cidadãos ou tornam o processo tão complexo que a remoção demora ainda mais.

O custo médio para o Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA prender, deter e remover um imigrante ilegalmente nos Estados Unidos é de US$ 17.121 (R$ 96,7 mil), segundo o Departamento de Segurança Interna. A agência afirma que, mesmo com o custo do auxílio, uma "autodeportação" reduziria o encargo de uma deportação em cerca de 70%.

Trump sugeriu uma política de incentivo a viagens em uma entrevista recente à Fox News.

"Mas o que queremos fazer é ter um programa de autodeportação, que ainda nem anunciamos", disse ele à emissora em meados de abril. "A única coisa que ainda não decidi é: o que vamos fazer? Vamos dar a eles um estipêndio, algum dinheiro e uma passagem de avião, e então vamos trabalhar com eles, se forem bons, se os quisermos de volta, vamos trabalhar com eles para trazê-los de volta o mais rápido possível."

Trump prometeu deportar pelo menos 1 milhão de pessoas no primeiro ano de seu segundo mandato e tem usado agências federais, ordens executivas e até mesmo a centenária Lei de Inimigos Estrangeiros para facilitar sua promessa, muitas vezes com ramificações legais questionáveis.

"Fui eleito para tirá-los daqui", disse ele no domingo, 4, em uma entrevista no programa "Meet the Press" da NBC onde admitiu não saber se precisava obedecer à Constituição no caso dos direitos de não-cidadãos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta segunda-feira, 5, ter mantido uma "boa e produtiva" conversa por telefone com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Em publicação na Truth Social, Trump citou discussões sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia, a situação na Síria, Gaza e outros temas.

"Acabei de ter uma conversa telefônica muito boa e produtiva com Erdogan sobre muitos assuntos, incluindo a guerra com a Rússia/Ucrânia, tudo sobre a Síria, Gaza e mais", escreveu Trump.

O presidente revelou ainda que Erdogan o convidou para visitar a Turquia em uma data futura e que o líder turco também irá a Washington.

Trump destacou seu relacionamento próximo com Erdogan durante seu primeiro mandato.

O republicano também expressou otimismo em relação a uma possível mediação para encerrar o conflito na Ucrânia. "Estou ansioso para trabalhar com o presidente Erdogan para acabar com a guerra ridícula, mas mortal, entre a Rússia e a Ucrânia - AGORA!", escreveu.

A presidente da Comissão Europeia, braço administrativo da União Europeia, Ursula Von der Leyen, afirmou que o bloco protegerá cientistas estrangeiros que se mudarem para a região, em meio ao esforço europeu para alcançar Estados Unidos e China em tecnologias inovadoras como a inteligência artificial. "Acredito que a ciência é a chave para o nosso futuro aqui na Europa. Sem ela, simplesmente não poderemos enfrentar os desafios globais de hoje, da saúde às novas tecnologias, do clima aos oceanos", disse em uma conferência em Paris nesta segunda-feira, 5.

Von der Leyen usou seu discurso para promover uma série de políticas que a Comissão pretende adotar para atrair pesquisadores ao continente.

Entre as medidas estão a proposta de uma Lei da Área Europeia de Pesquisa, para reforçar a livre circulação de conhecimento e dados no bloco, um pacote de 500 milhões de euros de apoio a pesquisadores, novas bolsas e incentivos direcionados a cientistas que atuam em tecnologias de fronteira, como a IA. "Queremos que a Europa lidere em tecnologias prioritárias - de IA à computação quântica, do espaço a semicondutores e microeletrônica, da saúde digital à genômica e biotecnologia", afirmou.

No mesmo evento, o presidente francês, Emmanuel Macron, também fez um apelo para que cientistas venham ao país.

O plano europeu surge enquanto universidades nos EUA enfrentam cortes propostos pelo presidente Donald Trump no financiamento federal à pesquisa. Uma proposta orçamentária americana datada de 2 de maio prevê cortes de bilhões de dólares em programas voltados ao ensino superior.

"O papel da ciência no mundo de hoje está sendo questionado. O investimento em pesquisa fundamental, livre e aberta está sendo questionado. Que gigantesco erro de cálculo", disse Von der Leyen em Paris. Fonte: Dow Jones Newswires.