Lula participa de convenção do PT em Fortaleza e promete ajuda para Evandro Leitão

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou neste sábado, 3, da convenção do Partido dos Trabalhadores (PT) em Fortaleza para apoiar o lançamento da pré-candidatura de Evandro Leitão à prefeitura da capital cearense. Leitão é um dos poucos pré-candidatos que contou com a presença de Lula na convenção partidária para oficializar sua campanha - os outros foram Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato a prefeito em São Paulo, e Luiz Fernando Teixeira (PT), pré-candidato em São Bernardo.

O presidente discursou usando máscara de proteção facial. Segundo a Secretaria de Comunicação Social, o uso da máscara é preventivo, porque Lula "apresentou sintomas de resfriado, mas não testou positivo nem para covid-19, nem para influenza". O discurso de mais de 16 minutos foi voltado à militância petista presente no local. Lula disse que quer "ajudar" Evandro Leitão durante a campanha não somente hoje, mas até o dia da eleição. "Me ligue que cá estarei para pedir voto para você em cada esquina da cidade", afirmou.

O presidente ainda pediu aos petistas que se envolvam na campanha e citou que ele próprio faz aniversário no dia 6 de outubro, pedindo a eleição do correligionário como um "presente". "Vocês que dizem que me amam têm uma obrigação. A eleição é no dia 6 de outubro, meu aniversário, sou registrado no dia 6. Quando vocês levantarem de manhã para ir votar, digam: 'vamos dar um presente para o Lula elegendo o Evandro prefeito de Fortaleza'", afirmou.

Leitão tem um cenário desafiador. Apesar da força do PT no Estado - o partido governa o Ceará desde 2014 -, o pré-candidato ainda não engrenou nas pesquisas de intenção de voto. Em levantamento do Paraná Pesquisas realizado de 12 a 15 de julho, Leitão figura na quarta posição, com 9,4% das intenções de voto. O ex-deputado federal Capitão Wagner (União) está à frente na corrida, com 33% das intenções de voto. Em segundo lugar está o atual gestor da capital do Ceará, José Sarto (PDT) com 18,3%, seguido pelo candidato do ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), deputado federal André Fernandes (PL) com 15,1%.

Em um recado às mulheres, Lula defendeu que Leitão apresente propostas para reduzir a violência de gênero na capital cearense. Nas últimas semanas, o presidente deu declarações polêmicas. Na sexta-feira, 2, ao se referir a relacionamentos abusivos vividos por algumas mulheres, Lula cometeu uma gafe. Ao tentar criticar esse tipo de violência, acabou dizendo que "uma mulher sem profissão" pode ser agredida pelo marido "se não tomar cuidado". "Uma mulher sem profissão vai ficar a vida inteira dependente dos outros. Vai casar e, se não tomar cuidado, o marido vai agredi-la e ela vai ficar com ele porque precisa dar comida para os filhos. Ninguém pode viver com alguém que seja violento contra a mulher", afirmou.

Lula repetiu, ainda, o discurso de que voltou à Presidência da República para cuidar da população mais pobre e que a elite brasileira "não enxerga a sociedade como um todo".

"Fico preocupado porque na disputa eleitoral muita gente promete muita coisa, mas a gente tem que prometer o que a gente sabe que pode fazer, não pode enganar o povo e prometer o que não é realidade. Só voltei a governar o País para provar que a elite brasileira não está preparada para governar o País, ela não enxerga a sociedade como um todo, mas 30% da sociedade, os mais ricos. Os pobres da periferia são invisíveis para a elite brasileira", afirmou.

Sobre sua relação com os prefeitos de todo o País, Lula disse: "Nunca na história deste País um presidente cuidou tanto das prefeituras como eu cuidei". "Nunca os prefeitos tiveram tanta participação. Agora mesmo no PAC, poderia ter escolhido apenas as cidades de amigos. Mas fiz uma espécie de licitação, se inscreveram mais de 5 mil prefeitos e não escolhemos por partido, mas por melhores projetos", disse.

Lula afirmou que, por isso, "não faltará ajuda" à campanha de Evandro Leitão, mas será preciso, caso eleito, apresentar projetos viáveis ao governo. "Não é ir lá em Brasília fazer discurso para mim, tem que levar projeto, mostrar o que quer fazer. Pode ter certeza de que lá em Brasília não sou apenas presidente e amigo de Elmano (de Freitas, governador do Ceará), mas amigo do prefeito Evandro Leitão", afirmou.

O presidente embarca para São Paulo ainda neste sábado, 3, logo após a convenção do PT em Fortaleza.

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Lilian Moreno Cuéllar, juíza distrital de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, anulou nesta quarta, 30, a ordem de captura contra o ex-presidente Evo Morales por estupro e tráfico de pessoas, em um caso relacionado ao abuso de uma menor durante seu mandato. "Fica sem efeito qualquer mandado de rebeldia e ordem judicial de apreensão", diz a decisão judicial.

Lilian também determinou a suspensão de qualquer investigação sobre o caso, que corre em Tarija, no sul da Bolívia, e ordenou que o processo seja enviado para Cochabamba - onde Evo tem forte respaldo político e social.

Em outubro, o Ministério Público havia pedido a prisão do ex-presidente boliviano, de 65 anos, que desde então se refugiou em seu bastião político na região cocaleira do Chapare. De acordo com o MP, Evo começou um relacionamento com uma jovem de 15 anos em 2015, quando ele era presidente, e os pais dela consentiram com a união em troca de benefícios. A relação resultou no nascimento de uma filha, um ano depois. A jovem foi posteriormente identificada como Noemí Meneses, que hoje estaria com 25 anos.

Reação

A ordem judicial provocou reação dos críticos de Evo, em razão do histórico de Lilian, que entre 2012 e 2016 trabalhou no Serviço Nacional de Impostos e depois na Companhia Ferroviária Nacional (Enfe).

Lilian foi nomeada juíza pouco antes de Evo deixar o poder, em 2019, o que acabou levantando questionamentos sobre um conflito de interesses e acusações de proteção política ao ex-presidente boliviano.

Evo está inelegível desde 2023, quando a Justiça eleitoral vetou a reeleição indefinida - Evo foi presidente por quatro mandatos. Em fevereiro, no entanto, ele desafiou a sentença e anunciou sua candidatura presidencial nas eleições de 17 de agosto.

Ele se tornou opositor do atual presidente Luis Arce, transformado em desafeto e chamado de "traidor", depois que ambos desataram uma guerra pelo controle do partido Movimento ao Socialismo (MAS). Em março, o ex-presidente fundou seu próprio partido, o Evo Povo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O jornalista sueco Joakim Medin, preso em março após sua chegada à Turquia, foi condenado ontem a 11 meses de prisão por "insultar o presidente" turco, Recep Tayyip Erdogan, durante um protesto ocorrido em Estocolmo. A condenação foi suspensa logo em seguida, mas ele continuará detido por outra acusação, a de "pertencer a uma organização terrorista".

O repórter do jornal sueco Dagens ETC participou da audiência por videoconferência de sua cela na prisão de Silivri, oeste de Istambul. A Justiça turca o acusa de ter participado, em janeiro de 2023, de uma manifestação do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em Estocolmo, capital sueca, durante a qual foi pendurado um boneco de Erdogan de cabeça para baixo, algo que o jornalista nega desde o início.

Medin reafirmou nesta quarta, 30, "não ter participado desse evento". "Eu estava na Alemanha a trabalho. Nem sabia dessa manifestação", declarou. Durante a audiência, o tribunal exibiu fotos tiradas em outra reunião, em agosto de 2023, em Estocolmo, quando a Turquia ainda bloqueava a entrada da Suécia na Otan.

"Nunca tive a intenção de insultar o presidente. Eu tinha a tarefa de escrever os artigos, e foram meus editores que escolheram as fotos", disse o repórter, destacando que Erdogan é "uma figura central" exibida nesses protestos.

Medin, de 40 anos, foi preso em 27 de março ao chegar à Turquia, onde iria cobrir as manifestações desencadeadas pela prisão, em 19 de março, do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal adversário político do presidente.

Violações

O jornalista relatou múltiplas violações de seus direitos básicos durante os estágios iniciais de sua detenção, incluindo o direito de acesso a um tradutor, a um advogado e a serviços consulares. Medin foi acusado de pertencer a uma organização terrorista, crime que poderia lhe render até nove anos de prisão e será julgado posteriormente, em data a ser definida.

Essa acusação baseia-se em publicações nas redes sociais, artigos e livros escritos "unicamente no âmbito de seu trabalho jornalístico", disse Baris Altintas, diretora da ONG turca de direitos humanos MLSA, que o representa. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Federal prendeu nesta quarta-feira, 30, o empresário turco naturalizado brasileiro Mustafa Goktepe. Integrante do movimento Hizmet, que faz oposição ao governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ele é alvo de um pedido de extradição do governo da Turquia. A prisão ocorreu após autorização do Superior Tribunal Federal, em decisão tomada pelo ministro Flávio Dino.

A Constituição Federal de 1988, no entanto, só permite a extradição de brasileiros naturalizados em duas situações: crime comum cometido antes da naturalização e envolvimento comprovado em narcotráfico. O STF tem considerado que crimes de terrorismo podem ser equiparados a crimes políticos, dificultando os processos.

O pedido de prisão de Goktepe chegou via Ministério da Justiça, pelo canal protocolar. Beto Vasconcelos, advogado do empresário turco, em entrevista ao Estadão, no entanto, alega que a tentativa de golpe é de 2016, quando ele já era cidadão brasileiro. Portanto, de acordo com o entendimento da defesa, o STF deve negar o pedido de extradição.

Em sua decisão, porém, Dino afirma que o pedido do governo turco cumpre os requisitos exigidos pela lei de migração brasileira, como a apresentação de documentos que identificam o acusado, descrevem os fatos e atestam a ordem judicial emitida pela Turquia. O ministro diz ainda que não há impedimentos legais para a extradição: "ele não é brasileiro, não responde por crime político ou de opinião" - Dino não menciona o fato de ele ser naturalizado desde 2012.

Após a prisão, Goktepe foi levado para a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo. O empresário reside no Brasil desde 2004, é dono de uma rede de restaurantes turcos e professor visitante da Universidade de São Paulo (USP).

Perseguição política

A defesa de Goktepe entrou com pedido para revogar a prisão e disse ter confiança de que a extradição será negada pelo STF, como aconteceu anteriormente com os empresários de origem turca Ali Sipahi e Yakup Sagar, também ligados ao Hizmet.

Vasconcelos criticou o uso da extradição para perseguição política. "Esse pedido de extradição não tem fundamento fático nem jurídico. Mustafa Goktepe mora no Brasil há mais de 20 anos, é brasileiro naturalizado há 12 anos, casado com uma brasileira, tem filhas brasileiras, é um empresário que não tem absolutamente nenhuma acusação de conduta equivocada", disse.

Vasconcelos alega que há precedentes para revogar a prisão e negar a extradição. "É mais um triste caso de perseguição política, de risco de submissão a tribunais de exceção em um país com registro de graves violações dos direitos humanos."

Acusado de tramar uma tentativa de golpe contra Erdogan, em 2016, o Hizmet é alvo de perseguição pelo governo da Turquia, que classifica a organização como "terrorista". O movimento foi criado pelo clérigo Fethullah Gülen, que morreu no ano passado nos EUA, onde havia se exilado.

Expurgos

Gülen defendia uma visão mais moderada do islamismo e tinha seguidores por todo o mundo. Até 2013, ele foi aliado de Erdogan, então primeiro-ministro da Turquia. Na ocasião, o premiê havia se envolvido em um escândalo de corrupção e se voltou contra o Hizmet. O rompimento ocorreu porque as denúncias foram motivadas por investigações de promotores ligados ao grupo.

Após a tentativa de golpe, o governo de Erdogan iniciou uma repressão brutal contra civis e militares, realizando um expurgo de milhares de pessoas. Ao todo, mais de 45 mil militares, policiais, governadores e funcionários públicos foram detidos ou suspensos, incluindo 2,7 mil juízes, 15 mil professores e todos os reitores de universidades do país. Nenhum país a não ser a Turquia qualifica o Hizmet como terrorista.

A Turquia é considerada um país "não livre" pela Freedom House, ONG que monitora a democracia no mundo. Erdogan e seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP), segundo a organização, tornaram-se cada vez mais autoritários, acumulando poder com mudanças constitucionais e prisão de opositores.

Erdogan está no poder desde 2003, entre mandatos de primeiro-ministro e presidente. Ele conta com apoio de setores conservadores e religiosos, mas seus críticos o acusam de usar os poderes do Estado para suprimir a dissidência.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.