STF mantém aposentadoria compulsória de desembargadora que soltou filho acusado de tráfico

Política
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Tânia Borges, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, foi absolvida em ação de improbidade, mas CNJ a afastou do exercício da função, com vencimentos proporcionais garantidos; ministros da Primeira Turma do Supremo não viram "inobservância do processo legal" e rejeitaram pedido da defesa para novo julgamento

Os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) mantiveram a aposentadoria compulsória da desembargadora Tânia Garcia de Freitas Borges, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, por suposto uso do cargo para beneficiar o próprio filho, preso por tráfico de drogas e armas. Por unanimidade, o colegiado negou um pedido da defesa para que o Conselho Nacional de Justiça realizasse novo julgamento do caso.

Os ministros seguiram o voto do relator, Flávio Dino. Ele considerou que "irremediavelmente não ocorreu", no caso, nenhuma hipótese para que o STF revertesse a decisão do CNJ. O julgamento foi finalizado na sexta-feira passada, 17. A aposentadoria compulsória - com vencimentos proporcionais ao tempo de carreira exercido -, prevista na Lei Orgânica da Magistratura, foi aplicada em 2021, após a conclusão do Processo Administrativo Disciplinar que investigou se Tânia fez uso de seu cargo e poder para beneficiar o filho, preso sob suspeita de ligação com o tráfico.

O caso aconteceu em 2017. Segundo o processo, Tânia violou deveres e responsabilidade funcional ao mandar soltar o filho durante uma audiência de custódia. E, depois, ao atuar na transferência do rapaz para uma clínica psiquiátrica.

Ao analisar o pedido da defesa da desembargadora, para que o Supremo anulasse a medida imposta pelo CNJ, Flávio Dino anotou que a Corte só pode intervir em atos do Conselho em casos de "inobservância do processo legal, exorbitância de atribuições e manifesta falta de razoabilidade de seus atos".

O relator ponderou que o recurso da defesa - um mandado de segurança - não é a via apropriada para rediscussão de pontos do processo administrativo.

Dino também rechaçou a alegação da defesa que apontou "contrariedade da conclusão" do Processo Administrativo Disciplinar e do desfecho de uma ação civil de improbidade administrativa, na qual a magistrada foi absolvida.

"Em um Processo Administrativo Disciplinar, ainda que conduzido por órgão administrativo integrante da estrutura do Poder Judiciário, as provas e situações podem ser valoradas de modo diferente da instância judicial. Isso porque os órgãos disciplinadores analisam a conduta sob o prisma dos deveres e responsabilidades funcionais", afirma Dino.

Segundo ele, ainda que haja uma decisão judicial apontando que não há ato de improbidade administrativa no caso, "se a conduta atribuída ao servidor é violadora de deveres e responsabilidades funcionais dos magistrados, cabível e correta a aplicação de sanção disciplinar" - no caso, a aposentadoria compulsória com subsídios garantidos.

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A Autoridade Marítima e Portuária (MPA, na sigla em inglês) de Cingapura afirmou na noite de ontem que acionou medidas para tratar um derramamento de óleo no Terminal de Pasir Panjang. O incidente ocorreu na sexta-feira, devido a uma colisão de um barco em um navio de abastecimento de combustível.

"O derramamento de óleo do navio foi contido e não houve mais vazamentos desde a noite de sexta-feira no fuso horário de Cingapura. O óleo que escapou do tanque danificado foi tratado com dispersantes", afirma a MPA, em nota.

Devido à corrente de maré, o óleo tratado chegou às margens, incluindo Sentosa, Reserva Natural de Labrador, Ilhas do Sul, Marina South Pier e East Coast Park. Não há sinais de mancha de óleo dentro do Sisters' Islands Marine Park, mas foi observado brilho de óleo nas águas ao redor. Para facilitar os esforços de limpeza, algumas praias da região serão fechadas até novo aviso.

Segundo a autoridade, 18 embarcações de resposta foram mobilizadas para realizar os esforços de contenção e limpeza no mar. Quase 1500 metros de barreiras de contenção foram mobilizados e mais serão instalados nos próximos dias para evitar a propagação adicional de óleo para a costa e facilitar a recuperação do óleo preso na costa e as lagoas afetadas.

A Autoridade Marítima e Portuária de Singapura (MPA) diz ainda que notificou agências, incluindo a Agência Nacional de Meio Ambiente (NEA), o Conselho de Parques Nacionais (NParks) e a Corporação de Desenvolvimento de Sentosa, sobre o incidente.

O exército de Israel anunciou neste domingo, 16, que vai interromper os combates durante o dia ao longo de uma rota no sul da Faixa de Gaza para liberar um acúmulo de entregas de ajuda humanitária destinada aos palestinos, no que chamou de "pausa tática na atividade militar".

O novo arranjo visa a reduzir a necessidade de coordenar as entregas, oferecendo uma janela ininterrupta de 11 horas por dia para que os caminhões entrem e saiam da passagem. O órgão descreveu em um comunicado que "uma pausa tática local da atividade militar para fins humanitários ocorrerá das 8h às 19h diariamente até novo aviso".

O movimento tem como objetivo permitir que os caminhões de ajuda cheguem à passagem de Kerem Shalom, controlada por Israel, e viajem com segurança para a rodovia Salah a-Din, a principal estrada norte-sul, disseram os militares. A passagem tem sofrido um gargalo desde que as tropas terrestres israelenses se mudaram para Rafah no início de maio.

A "pausa tática" anunciada pelos militares, que se aplica a cerca de 12 quilômetros de estrada na área de Rafah, fica muito aquém de um cessar-fogo completo no território sitiado, que tem sido buscado pela comunidade internacional, incluindo o principal aliado de Israel, os Estados Unidos. Se for mantida, a interrupção limitada dos combates poderá ajudar a atender a algumas das necessidades urgentes dos palestinos, que aumentaram ainda mais nas últimas semanas com a incursão de Israel em Rafah.

O COGAT, órgão militar israelense que supervisiona a distribuição de ajuda em Gaza, disse que a rota aumentaria o fluxo de ajuda para outras partes de Gaza, incluindo Khan Younis, Muwasi e Gaza central. O norte de Gaza, duramente atingido, que foi um dos primeiros alvos da guerra, está sendo servido por mercadorias que entram por uma passagem ao norte.

Os militares disseram que a pausa ocorreu após discussões com as Nações Unidas e agências de ajuda internacional. As agências de ajuda, incluindo a ONU, não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

Grupos humanitários estão alertando para uma grave falta de alimentos e outros bens essenciais no território palestino sitiado. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que mais de 8 mil crianças com menos de cinco anos de idade foram tratadas com desnutrição aguda em Gaza.

Mediadores internacionais pressionaram Israel e o grupo terrorista Hamas a aceitarem um acordo de trégua apresentado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, para permitir uma troca de reféns por prisioneiros e aumentar a entrega de ajuda, mas as negociações estagnaram.

O vice-diretor executivo do Programa Alimentar Mundial, Carl Skau, afirmou que "com a anarquia na Faixa (...) e o conflito ativo, tornou-se quase impossível entregar o nível de ajuda que atenda às crescentes demandas".

(Com agências internacionais)

A Rússia disse que suas forças de segurança invadiram um centro de detenção na cidade de Rostov do Don e mataram seis homens ligados ao Estado Islâmico que haviam feito dois guardas reféns. O levante ocorreu menos de três meses depois de o grupo militante realizar um ataque terrorista mortal em uma sala de concertos em Moscou.

A operação para libertar os reféns aconteceu no início deste domingo, depois que seis prisioneiros derrubaram as telas das janelas de suas celas e se abaixaram usando cordas do quarto andar da prisão, localizada próxima à fronteira da Rússia com a Ucrânia.

O incidente ameaça corroer ainda mais a narrativa do presidente russo, Vladimir Putin, de que sua invasão à Ucrânia melhorou a segurança da Rússia ao atingir seus adversários no Ocidente. Após o ataque à sala de concertos em março, especialistas em segurança argumentaram que a guerra drenou os recursos da Rússia e distraiu as forças de segurança do combate a ameaças internas.