Senado analisa se escolha do foro competente deve estar relacionada à residência das partes

Política
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O Senado deve analisar em sessão plenária nesta terça-feira, 14, o projeto de lei que estabelece que a escolha do foro de competência onde será ajuizada uma ação deve ter relação com o domicílio de pelo menos um envolvido no processo. A proposta visa impedir a escolha aleatória ou abusiva do órgão do Poder Judiciário onde será protocolada a demanda para evitar a sobrecarga de determinados tribunais e a oferta de vantagens às partes. Se aprovado, o texto segue para a sanção presidencial.

 

De acordo com o Código de Processo Civil, que regulamenta o tema, futuros réu e autor da ação podem modificar a competência, ou seja, a distribuição da ação entre os vários órgãos da Justiça, em razão do valor da causa ou do território por meio da eleição de foro. Esta cláusula é estabelecida pelas partes para ajustar onde a ação será proposta em caso de questionamento judicial dos direitos e obrigações decorrentes do contrato em questão.

 

No entanto, esta escolha, de acordo com o autor do projeto, deputado federal Rafael Prudente (MDB-DF), quando feita de forma aleatória, pode violar a "boa-fé objetiva, cláusula geral que orienta toda a sistemática jurídica".

 

Segundo o parlamentar e o relator da proposta na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, o senador Eduardo Gomes (PL-TO), a eleição de foro para ajuizamento da ação pode se tornar abusiva quando ela se dá em um contexto de escolha daquele que parece "mais favorável à tese em discussão".

 

Ainda para os congressistas, as partes podem buscar se beneficiar ao escolher órgãos que possuam "uma tramitação processual mais rápida ou lenta, a depender dos interesses envolvidos".

 

Para justificar a medida, o texto apresentado cita o caso do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) que, segundo Prudente, pelo fato de ter uma tramitação processual ágil, "vem recebendo uma enxurrada de ações" que elegeram o Distrito Federal como foro para julgamento da causa "mesmo sem qualquer relação do negócio ou das partes com a localidade".

 

Por isso, o relatório de Gomes, apresentado à CCJ pelo senador Weverton (PDT-MA), o relator ad hoc, no último dia 8, quando foi aprovado, concorda com a tese de que a "escolha injustificada de foro pode resultar em prejuízo à sociedade daquela área territorial, sobrecarregando tribunais que não guardam qualquer pertinência com o caso".

 

Sendo assim, o texto altera o artigo do Código de Processo Civil que trata da modificação da competência e eleição de foro para acrescentar que a escolha, para produzir efeito, necessita, obrigatoriamente, "guardar pertinência com o domicílio de uma das partes ou com o local da obrigação".

 

Além disso, a proposta considera como abusivo o ajuizamento em juízo que não tem vínculo com a residência das partes ou com o negócio jurídico discutido na demanda. Esta medida pode, inclusive, justificar a declinação da competência de ofício sob argumento de que "o direito constitucional de propor ação deve necessariamente firmar-se em razoável fundamentação jurídica para sua distribuição territorial".

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O ministro federal da Informação do Paquistão, Attaullah Tarar, afirmou nesta quarta-feira (horário local), 7, que o país retaliou os recentes ataques da Índia e que três jatos e um drone indiano foram abatidos.

"A Índia realizou ataques covardes contra civis inocentes e mesquitas no Paquistão, desafiando a honra e o orgulho dessa nação. Agora, estejam preparados. Esta nação responsabilizará o inimigo por cada gota de sangue de seus mártires. As Forças Armadas estão dando uma resposta esmagadora, exatamente de acordo com os sentimentos do povo. A nação inteira está unida em orações e solidariedade aos nossos bravos oficiais e soldados", escreveu Tarar na rede X.

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, condenou os ataques aéreos da Índia e disse o país "tem todo o direito de dar uma resposta firme" ao "ato de guerra imposto pela Índia".

*Com informações da Associated Press

A Índia anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento de mísseis contra nove alvos no Paquistão e na região da Caxemira após dias de tensões entre os dois países. As autoridades paquistanesas informaram que duas pessoas ficaram feridas e uma criança morreu.

O ataque escala as tensões entre os países vizinhos, que possuem armas nucleares.

As autoridades indianas informaram que os ataques foram direcionados contra "infraestruturas terroristas", em resposta ao ataque no território da Caxemira controlado pela Índia, que deixou 26 turistas hindus mortos no mês passado. O Paquistão prometeu retaliar.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar grupos separatistas da Caxemira, uma região que é ocupada por Índia, Paquistão e China. Islamabad nega apoiar esses grupos.

Segundo o Ministério da Defesa da Índia, o ataque não teve nenhuma instalação militar do Paquistão como alvo. "Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada", diz um comunicado. "A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução."

Os mísseis atingiram locais na Caxemira paquistanesa e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança paquistanesas. Um deles atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, em Punjab, e matou uma criança, além de deixar dois feridos.

Entenda as tensões atuais

No dia 22 de abril, um grupo armado atacou turistas na cidade de Pahalgam, na parte indiana da região, matando 25 indianos e 1 nepalês. O Paquistão negou envolvimento com o ataque, reivindicado por um grupo terrorista islâmico pouco conhecido chamado Frente de Resistência - que tinha hindus como alvo. A Índia acusa Islamabad de armar e abrigar o grupo. O Ministério da Defesa do Paquistão sugeriu que o ataque foi uma "operação de false flag".

No dia seguinte ao atentado, Nova Délhi expulsou diplomatas, suspendeu vistos e fechou fronteiras terrestres com o Paquistão. Islamabad respondeu suspendendo acordos bilaterais, fechando fronteira e espaço aéreo a companhias indianas, e impondo sanções comerciais.

Desde 24 de abril há registros de trocas diárias de tiros na Caxemira e ambos os exércitos estão em alerta máximo. Apesar dos arsenais nucleares, a tendência é que nenhum lado acione armas atômicas a menos que esteja encurralado. Mas mesmo confrontos convencionais poderiam ser devastadores.

Nos últimos dias, a Índia também suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que garante o acesso do Paquistão ao rio Indo, responsável por 90% de sua irrigação. Em resposta, Islamabad afirmou que se a Índia reduzir a quantidade de água que lhe é atribuída, isso seria considerado um ato de guerra. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".