Influenciador português que entrevistou Bolsonaro diz ter sido detido pela PF no Brasil

Política
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O influenciador português Sérgio Tavares, que recentemente entrevistou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em uma live em seu canal no YouTube, postou um vídeo em seu perfil no X (antigo Twitter) em que diz ter sido detido pela Polícia Federal (PF) no Aeroporto de Guarulhos (GRU) ao desembarcar no Brasil, na manhã deste domingo, 25. Segundo Tavares, seu passaporte chegou a ser apreendido. Ao Estadão, o advogado de defesa, Eduardo Borgos, disse que o influenciador já foi liberado e seu passaporte devolvido.

Procurada, a PF ainda não respondeu sobre a suposta detenção. O GRU disse que a informação pode ser confirmada apenas com a polícia. Também foram procurados a Embaixada Portuguesa no Brasil e a Secretaria de Segurança Pública, mas até o momento da publicação, nenhum dos órgãos respondeu.

Segundo a defesa, o pedido pela oitiva veio da Polícia Federal de Brasília e não há informações sobre um possível desdobramento da ação. Além de questões de praxe sobre os motivos da presença de estrangeiros no Brasil, a PF, segundo a defesa, o questionou sobre urnas eletrônicas, fraude eleitoral, vacinas e o que chamou de "ditadura do judiciário". Tavares, por orientação do advogado, silenciou sobre esses questionamentos.

Em 3 de fevereiro, na entrevista feita com Bolsonaro, o ex-presidente disse, sem provas, que o Supremo Tribunal Federal (STF) trabalhou com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em "uma gestão para eleger Lula a qualquer preço". Além de insinuar fraude na disputa eleitoral, o ex-presidente insistiu na teoria conspiratória de que havia "infiltrados" no ataque aos Três Poderes em 8 de Janeiro e voltou a espalhar desinformação sobre a pandemia de covid-19.

Em vídeo postado em sua rede social às 8h24 deste domingo, o influenciador português disse que teve o passaporte apreendido e estava detido no aeroporto, enquanto os demais passageiros tinham passado. Às 9h18, postou novamente, relatando que foi encaminhado para uma delegacia. Na sequência, disse ter acionado um advogado e afirmou que a embaixada portuguesa contatou a PF.

Tavares disse que, depois disso, foi interrogado sobre suas declarações, mas manteve o silêncio, por orientação da defesa. Se passaporte foi devolvido e o influenciador foi liberado depois do depoimento.

"Não tenho neste momento, enquanto cidadão português, autorização para entrar no Brasil. Espero que meus direitos sejam cumpridos e que não me façam passar por nada injusto, nada que eu não mereça", disse o influenciador no vídeo.

Tavares diz que veio ao Brasil cobrir a manifestação convocada por Bolsonaro, que chamou de "movimento pela democracia". Antes de embarcar, o influencer fez um post pedindo "sorte" em sua "missão dupla" no Brasil. Em São Paulo, seu objetivo seria acompanhar o que chamou de "grito de revolta do povo brasileiro". Já na segunda-feira, em Brasília, compareceria a uma audiência no Senado para questionar a vacinação obrigatória da covid-19 para bebês e crianças.

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O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".

A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, alertou nesta terça-feira, 6, para um possível conflito "inevitável" com a Índia, motivado pela disputa por recursos hídricos e por um ataque que matou sete soldados paquistaneses e foi atribuído por autoridades paquistanesas aos indianos. As informações são da imprensa local.

Segundo um canal de TV do país, Asif afirmou que um confronto com a Índia está próximo. "Foi dito no briefing de hoje que a agressão da Índia é esperada", declarou. Ele também teria ameaçado retaliar caso o governo indiano bloqueie o fluxo de água destinado ao Paquistão.

"Se os governantes indianos tentarem bloquear a água do Paquistão, eles vão se afogar nela", disse Asif, segundo a mídia local. O ministro ainda teria afirmado que o país está pronto para destruir qualquer estrutura construída pela Índia no rio Indo.

As declarações vieram poucas horas após um atentado no sudoeste do Paquistão. Uma bomba caseira atingiu um veículo militar no distrito de Kachhi, matando sete soldados. O Exército paquistanês responsabilizou o grupo armado Baloch Liberation Army (BLA), que, segundo o Paquistão, teria ligações com a Índia, que nega. A Al Jazeera observou que não há evidências públicas dessa conexão, e nem o BLA nem o governo indiano comentaram as acusações.

O presidente Asif Ali Zardari e o primeiro-ministro Shehbaz Sharif condenaram o ataque e elogiaram o sacrifício das forças de segurança. A tensão aumentou ainda mais depois que o premiê indiano, Narendra Modi, anunciou que a Índia passará a reter águas antes compartilhadas com o Paquistão. "Antes, a água da Índia também ia para fora. Agora, a água da Índia fluirá para sua parte... e será utilizada pela própria Índia", disse Modi, segundo a Reuters.

O Paquistão já havia advertido que qualquer interferência em seus rios seria vista como um "ato de guerra", conforme reportou a France 24. O tratado de 1960, que garantia ao Paquistão o uso de 80% da água para fins agrícolas, foi suspenso por Nova Délhi após um ataque terrorista na Caxemira indiana, atribuído a militantes ligados ao Paquistão.

*Com informações da Associated Press