Bolsonaro e generais ficam em silêncio ao depor à PF sobre suspeita de golpe

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Intimado a depor na investigação que apura suspeita de tentativa de golpe de Estado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) compareceu nesta quinta-feira, 22, à Polícia Federal, em Brasília, mas ficou em silêncio. Os generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sergio Nogueira seguiram a estratégia do ex-chefe do Executivo federal e também não responderam aos questionamentos dos investigadores. Ao todo, 24 alvos da Operação Tempus Veritatis foram chamados a prestar esclarecimentos no mesmo dia sobre a trama que teria sido articulada para anular o resultado da eleição de 2022.

 

Bolsonaro ficou na PF por cerca de 30 minutos. Na saída da sede da corporação, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência e advogado do ex-presidente, Fábio Wajngarten, afirmou que o silêncio fez parte da estratégia da defesa. Segundo Wajngarten, os advogados de Bolsonaro não tiveram acesso à íntegra dos autos da investigação e à delação do ex-ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid.

 

"O presidente fez uso do silêncio. Esse silêncio, quero deixar claro, não é simplesmente o uso do exercício constitucional do silêncio, mas uma estratégia baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais estão sendo imputados ao presidente a prática de certos delitos", disse Wajngarten.

 

Por esse mesmo motivo, a defesa de Bolsonaro havia tentado, durante a semana, adiar o depoimento três vezes, mas o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes negou os pedidos. "A Constituição Federal consagra o direito ao silêncio e o privilégio contra a autoincriminação, mas não o 'direito de recusa prévia e genérica à observância de determinações legais' ao investigado ou réu", declarou Moraes.

 

No último dia 8, Bolsonaro e militares de alta patente que integraram o primeiro escalão do seu governo ou a cúpula das Forças Armadas foram alvo da Operação Tempus Veritatis, da PF. Eles são suspeitos de formar uma "organização criminosa" para promover um golpe de Estado após a derrota para o petista Luiz Inácio Lula da Silva na eleição de 2022. O ex-presidente foi proibido de manter contato com os demais investigados e seu passaporte foi apreendido.

 

Dias após a ofensiva da PF, Bolsonaro convocou uma manifestação para este domingo, 25, na Avenida Paulista, em São Paulo. O ex-presidente declarou que pretende aproveitar o ato para se defender das suspeitas que o atingem.

 

Audiências

 

O ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro na eleição de 2022, Braga Netto, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno e o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira foram ontem à PF na capital federal, mas também optaram pelo silêncio. A defesa de Nogueira, que foi comandante do Exército, também reclamou da falta de acesso a informações da investigação e afirmou que, "tão logo" tenha "o devido acesso aos autos, ele (Nogueira) estará à disposição".

 

Os 24 depoimentos de ontem foram marcados para o mesmo horário para evitar a comunicação entre os investigados. A maior parte das audiências ocorreu na sede da PF em Brasília - a corporação reservou 16 salas para os interrogatórios. As superintendências no Rio, em São Paulo, no Paraná, em Minas Gerais, em Mato Grosso do Sul, no Espírito Santo e no Ceará também foram reservadas para depoimentos.

 

'Interessado'

 

Investigados no mesmo inquérito, o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não aderiram ao "pacto de silêncio" que prevaleceu ontem nos depoimentos de outros suspeitos. Segundo o advogado Eumar Novacki, que representa Torres, o ex-ministro busca demonstrar uma postura colaborativa e, por isso, respondeu às perguntas. "Reafirma, assim, sua disposição para cooperar com as investigações e esclarecer toda e qualquer dúvida que houver, pois é o maior interessado na apuração isenta dos fatos".

 

O advogado Marcelo Bessa, que defende Valdemar, informou apenas que ele respondeu a todas as perguntas dos investigadores. "A defesa não fará qualquer comentário sobre as investigações." No dia da operação da PF, o presidente do PL foi alvo de buscas, mas acabou preso em flagrante por posse irregular de arma de fogo. Os policiais também apreenderam uma pepita de ouro de 39,18 gramas.

 

Explicações

 

As investigações atribuem ao ex-presidente participação direta na edição de uma minuta golpista que circulou entre aliados após o segundo turno da eleição presidencial. O objetivo seria obstruir o resultado eleitoral desfavorável. Conversas encontradas no celular de Mauro Cid sugerem que Bolsonaro ajudou a redigir e editar o documento. Ontem, a PF pretendia ouvir esclarecimentos sobre essas e outras mensagens trocadas entre seus assessores. A versão inicial do rascunho da minuta previa, além de novas eleições, a prisão de autoridades, como os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Segundo a PF, por sugestão de Bolsonaro, apenas o decreto de prisão de Moraes foi mantido no papel.

 

Os investigadores também iriam questionar Bolsonaro sobre reunião ministerial de julho de 2022 na qual o então presidente cobrou um "plano B" e uma reação ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No encontro, Bolsonaro ainda incentivou a divulgação de desinformações sobre o processo eleitoral. A gravação da reunião estava em um computador de Mauro Cid. O equipamento foi apreendido pela PF.

 

Ao autorizar a operação do dia 8, Moraes afirmou: "A descrição da reunião de 5 de julho de 2022 revela o arranjo de dinâmica golpista, no âmbito da alta cúpula do governo, manifestando-se todos os investigados no sentido de validar e amplificar a massiva desinformação e as narrativas fraudulentas sobre as eleições".

 

Cobrança

 

Durante o encontro, Bolsonaro insistiu para que os seus ministros agissem logo. "A fotografia que pintar no dia 2 de outubro... Acabou, p...! Quer mais claro do que isso? Nós estamos fazendo a coisa certa, mas o plano B tem que pôr em prática agora."

 

Então chefe do GSI, Heleno também pregou uma reação. "Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e determinadas pessoas", disse o general. "Não vai ter revisão do VAR. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Há 62 anos, Audrey Backeberg desapareceu de uma pequena cidade no centro-sul de Wisconsin, nos Estados Unidos, após supostamente pegar carona com a babá da família e embarcar em um ônibus para Indianápolis. Ninguém jamais soube para onde ela foi ou o que havia acontecido com ela.

Tudo isso mudou na semana passada, quando Audrey foi encontrada viva e em segurança em outro Estado, graças ao olhar atento de um novo detetive que assumiu o caso em fevereiro.

O detetive Isaac Hanson descobriu um registro de prisão fora do Estado que correspondia a Audrey Backeberg, o que desencadeou uma série de investigações que levaram à sua localização.

Acontece que Audrey escolheu sair da cidade de Reedsburg por vontade própria - provavelmente devido a um marido abusivo, segundo Hanson.

"Ela está feliz, segura e protegida; e basicamente viveu discretamente durante todo esse tempo", disse ele.

Hanson foi designado para o caso no final de fevereiro e, após encontrar o registro de prisão, ele e outros oficiais se reuniram com a família de Backeberg para ver se tinham alguma ligação com aquela região. Eles também investigaram a conta da irmã de Backeberg no Ancestry.com, acessando registros de censo, obituários e certidões de casamento daquela área.

Em cerca de dois meses, encontraram um endereço onde vivia uma mulher que, segundo Hanson, apresentava muitas semelhanças com Backeberg, incluindo data de nascimento e número da previdência social. Hanson conseguiu que um policial da região fosse até o endereço. Dez minutos depois, Backeberg, agora com mais de 80 anos, ligou para ele.

"Aconteceu tão rápido", contou. "Eu esperava que o policial me ligasse de volta dizendo: 'Ninguém atendeu à porta'. E achei que fosse o policial me ligando, mas na verdade era ela. E para ser sincero, foi uma conversa bem casual. Eu percebi que ela obviamente tinha seus motivos para ter ido embora."

A maior parte das informações obtidas nessa ligação não foi compartilhada por Hanson, que explicou que ainda é importante para Backeberg manter sua privacidade.

"Acho que ela ficou muito emocionada, claro, com tudo aquilo - ver um policial batendo à porta, relembrar tudo o que aconteceu e reviver 62 anos em 45 minutos", disse ele.

'Ela é quem decide'

Hanson descreveu o fato de encontrá-la viva após mais de seis décadas como algo praticamente inédito. E embora não saiba se ela irá retomar contato com a família, afirmou estar satisfeito por ela ter agora essa possibilidade.

"Há familiares morando aqui, então ela tem meu número caso queira entrar em contato ou precise de algo, como o telefone de parentes daqui", disse ele. "No fim das contas, ela é quem decide", finalizou.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira, 6, que "está ansioso" para se encontrar com o novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, mas criticou duramente a relação econômica entre os dois países. "Não consigo entender uma simples VERDADE - Por que os EUA estão subsidiando o Canadá em US$ 200 bilhões por ano, além de dar a eles PROTEÇÃO MILITAR GRATUITA e muitas outras coisas?", questionou em publicação na Truth Social.

Trump ainda listou uma série de produtos canadenses que, em sua visão, os EUA não precisariam importar: "Não precisamos de seus carros, não precisamos de sua energia, não precisamos de sua madeira, não precisamos de NADA do que eles têm, exceto de sua amizade, que espero que sempre mantenhamos". Em contrapartida, afirmou que o Canadá "precisa de TUDO de nós".

A publicação foi feita na iminência de um encontro entre o republicano e Carney na Casa Branca. A reunião, segundo Trump, deve ser marcada por essa discussão: "O primeiro-ministro chegará em breve, e essa será, muito provavelmente, minha única pergunta de consequência".

O líder conservador do partido CDU da Alemanha, Friedrich Merz, conseguiu ser eleito o 10º chanceler da Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial na segunda rodada de votação realizada no Parlamento alemão nesta terça-feira, 6. Merz perdeu na primeira votação e havia dúvidas sobre a capacidade do líder alemão vencer a nova votação ainda hoje, depois da derrota histórica desta manhã.

Merz recebeu 325 votos no segundo turno. Ele precisava de uma maioria de 316 dos 630 votos em votação secreta, mas recebeu apenas 310 votos no primeiro turno - bem abaixo das 328 cadeiras de sua coalizão.

Segundo a Presidente do Bundestag, Julia Klöckner, a cerimônia de nomeação do conservador deve ocorrer ainda nesta tarde, por volta das 17h (horário local).

*Com informações da Associated Press.