Lula vincula vitórias eleitorais à 'sorte' do País: 'A gente não deveria sair mais'

Política
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Ao longo do primeiro ano de seu terceiro mandato no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva colecionou frases polêmicas e contestadas que geram desgastes para o governo em áreas como a diplomacia internacional, a relação política e o mercado financeiro. Nesta terça-feira, 19, Lula voltou à carga e, ao se queixar de que suas vitórias eleitorais são atribuídas à "sorte", afirmou que, se isso fosse verdade, deveria ser mantido no mandato indefinidamente.

 

"Toda vez que eu ganho as eleições é porque 'o Lula tem sorte'. Se é verdade que eu tenho sorte, o povo deveria me eleger para sempre", declarou o petista durante a transmissão ao vivo nas redes sociais "Conversa com o presidente".

 

Sem explicar a correlação, Lula associou a sorte de que o Brasil necessita à sua permanência na Presidência. "Esse país está precisando de tanta sorte que a gente não deveria sair mais", completou.

 

No momento da declaração, o petista havia sido questionado sobre seu bem-estar físico e emocional e disse estar bem "com a vida, com a parceira e com o seu mundo". "Tenho consciência da importância que temos para este momento histórico do Brasil. Tenho consciência das falhas e das virtudes", acrescentou, afirmando, mais uma vez, que "não deveria sair mais" do Planalto.

 

A edição da live semanal de ontem contou com a participação da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, que aproveitou a ocasião para criticar Elon Musk e pedir a regulação das redes sociais após ataque hacker sofrido na semana passada.

 

PEC

 

No Brasil, os mandatos só podem ser prorrogados por uma vez, mas não há impedimento para que um ex-presidente volte a concorrer ao cargo desde que não seja em período consecutivo. No sistema americano, os cidadãos que já exerceram dois mandatos de presidente são proibidos de voltar ao poder, como forma de evitar abusos.

 

Uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que proibiria o terceiro mandato no Brasil, em um modelo semelhante ao dos Estados Unidos, chegou a ser pautada na Câmara dos Deputados em 2007. Mas, depois de oito anos de tramitação, a PEC 155/2007 foi apensada a uma outra proposta e acabou rejeitada em 2015.

 

A alternância de poder está relacionada diretamente ao conceito de democracia, que condena a perpetuidade de dirigentes políticos no poder, pois desvirtuaria o caráter de um governo popular.

 

Lula voltou à Presidência em 2023 depois de 12 anos em que o Brasil teve três presidentes: Dilma Rousseff (2011-2016), Michel Temer (2016-2018) e Jair Bolsonaro (2019-2022). Já outras 34 nações continuaram com o mesmo líder desde a primeira passagem de Lula sem nenhum tipo de alternância. E outros dez países têm hoje um chefe do Executivo contemporâneo do petista e que voltou ao poder, assim como Lula. São exemplos Rússia, Holanda, Hungria, Irã e Israel e outras nações sem grande relevância no cenário internacional.

 

Países

 

Em países sem o dispositivo legal que impede reeleições consecutivas, há casos em que os ocupantes da presidência emendaram um mandato após o outro, perdendo-se de vista o próprio estado democrático de direito.

 

Segundo o internacionalista Uriã Fancelli, mestre pelas universidades de Groningen e Estrasburgo, esses ditadores, em boa parte dos casos, se valeram das próprias garantias legais para usurpar gradativamente as instituições. Da posição de presidente, conforme Fancelli, pode-se "aumentar o próprio escopo de poder, como, por exemplo, por meio de decretos presidenciais", além de "enfraquecer os rivais políticos, perseguir opositores e enfraquecer a sociedade civil".

 

O fato de ser presidente eleito não exclui a condição de ditador. A constante, segundo o internacionalista, é a "democracia de fachada". "É a falsa percepção de que há democracia, já que o Legislativo e o Judiciário continuam a existir. Até mesmo por isso, nesses países, há eleições periódicas, por mais que o sistema já esteja desenhado de maneira a impedir os opositores de concorrer de forma justa", disse Fancelli.

 

Na lista dos líderes não monarcas que governaram por mais tempo estão Fidel Castro em Cuba (1959-2008), Khalifabin Salman al-Khalifa no Bahrein (1971-2020) e Paul Biya em Camarões (1975 até hoje).

 

O Senado brasileiro tem considerado mudar a regulamentação no País e o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já declarou que quer pautar uma PEC que põe fim à reeleição no Brasil ainda no começo de 2024.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O ministro federal da Informação do Paquistão, Attaullah Tarar, afirmou nesta quarta-feira (horário local), 7, que o país retaliou os recentes ataques da Índia e que três jatos e um drone indiano foram abatidos.

"A Índia realizou ataques covardes contra civis inocentes e mesquitas no Paquistão, desafiando a honra e o orgulho dessa nação. Agora, estejam preparados. Esta nação responsabilizará o inimigo por cada gota de sangue de seus mártires. As Forças Armadas estão dando uma resposta esmagadora, exatamente de acordo com os sentimentos do povo. A nação inteira está unida em orações e solidariedade aos nossos bravos oficiais e soldados", escreveu Tarar na rede X.

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, condenou os ataques aéreos da Índia e disse o país "tem todo o direito de dar uma resposta firme" ao "ato de guerra imposto pela Índia".

*Com informações da Associated Press

A Índia anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento de mísseis contra nove alvos no Paquistão e na região da Caxemira após dias de tensões entre os dois países. As autoridades paquistanesas informaram que duas pessoas ficaram feridas e uma criança morreu.

O ataque escala as tensões entre os países vizinhos, que possuem armas nucleares.

As autoridades indianas informaram que os ataques foram direcionados contra "infraestruturas terroristas", em resposta ao ataque no território da Caxemira controlado pela Índia, que deixou 26 turistas hindus mortos no mês passado. O Paquistão prometeu retaliar.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar grupos separatistas da Caxemira, uma região que é ocupada por Índia, Paquistão e China. Islamabad nega apoiar esses grupos.

Segundo o Ministério da Defesa da Índia, o ataque não teve nenhuma instalação militar do Paquistão como alvo. "Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada", diz um comunicado. "A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução."

Os mísseis atingiram locais na Caxemira paquistanesa e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança paquistanesas. Um deles atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, em Punjab, e matou uma criança, além de deixar dois feridos.

Entenda as tensões atuais

No dia 22 de abril, um grupo armado atacou turistas na cidade de Pahalgam, na parte indiana da região, matando 25 indianos e 1 nepalês. O Paquistão negou envolvimento com o ataque, reivindicado por um grupo terrorista islâmico pouco conhecido chamado Frente de Resistência - que tinha hindus como alvo. A Índia acusa Islamabad de armar e abrigar o grupo. O Ministério da Defesa do Paquistão sugeriu que o ataque foi uma "operação de false flag".

No dia seguinte ao atentado, Nova Délhi expulsou diplomatas, suspendeu vistos e fechou fronteiras terrestres com o Paquistão. Islamabad respondeu suspendendo acordos bilaterais, fechando fronteira e espaço aéreo a companhias indianas, e impondo sanções comerciais.

Desde 24 de abril há registros de trocas diárias de tiros na Caxemira e ambos os exércitos estão em alerta máximo. Apesar dos arsenais nucleares, a tendência é que nenhum lado acione armas atômicas a menos que esteja encurralado. Mas mesmo confrontos convencionais poderiam ser devastadores.

Nos últimos dias, a Índia também suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que garante o acesso do Paquistão ao rio Indo, responsável por 90% de sua irrigação. Em resposta, Islamabad afirmou que se a Índia reduzir a quantidade de água que lhe é atribuída, isso seria considerado um ato de guerra. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".