Avaliação negativa do governo Lula supera a positiva pela 1ª vez, mostra pesquisa

Política
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A pouco mais de um mês para completar um ano à frente da Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vê, pela primeira vez, o governo ser desaprovado pela maioria da população. É o que mostra pesquisa divulgada pela Atlas Intel nesta terça-feira, 21. A gestão petista é considerada ruim ou péssima por 45,1%. Outros 42,7% veem o governo como ótimo ou bom. Para 10,7%, a gestão de Lula é regular, enquanto 1,4% declaram não saber.

Na série histórica, que contempla os 11 meses de governo, janeiro teve o menor índice de desaprovação, com 38%. Naquele mês, a avaliação positiva também foi a menor desta terceira gestão do Lula, 41%.

A desaprovação do governo é maior entre os homens (53,4%); pessoas entre 35 e 44 anos (51,6%); e com ensino superior (48,2%). Já a aprovação se concentra em mulheres (46,6%); pessoas entre 16 e 24 anos (54,2%); e com ensino fundamental (51,4%).

Quanto ao desempenho exclusivo do Lula, a desaprovação é de 47,3% ante 49,6% de aprovação. Em julho, ele teve a maior avaliação positiva, com 53%. Já em relação à imagem negativa do presidente, o percentual permanece estável desde julho.

De acordo com a metodologia da Atlas Intel, os entrevistados da pesquisa "são recrutados organicamente durante a navegação de rotina na web em territórios geolocalizados em qualquer dispositivo". A amostra contou com a participação digital de 5.211 pessoas entre 17 e 20 de novembro. A margem de erro é de um ponto percentual para mais ou para menos e o nível de confiança é de 95%.

Desempenho do governo é considerado ruim em combate à corrupção e segurança

As piores avaliações de desempenho do governo são em relação ao combate à corrupção e à segurança pública, com 41% cada. Para Andrei Roman, CEO da Atlas Intel, Rio de Janeiro e Estados do Nordeste desafiam políticas de segurança com episódios frequentes de violência. "Esse fenômeno no Nordeste atua para afetar a popularidade de alguns governadores alinhados ao governo Lula", disse.

O governo é avaliado positivamente na área de relações internacionais (47%). O período da pesquisa coincide com a operação feita pelo Itamaraty de resgate de brasileiros que estão em regiões de conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Na sequência, aparece direitos humanos e igualdade racial, com 44%.

Quando questionados sobre a comparação de desempenho entre os governos de Lula e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), os entrevistados consideram que a gestão atual é pior do que a anterior em responsabilidade fiscal e controle de gastos (51%) e segurança pública (48%). Segundo Roman, a falta de um cronograma de entregas acelerado é um ponto negativo para o governo. "Nos dois primeiros mandatos, Lula tinha acostumado os eleitores com agenda ambiciosa de entregas", afirmou Roman. "Neste primeiro ano de mandato, as entregas celebradas foram ao Legislativo."

Criminalidade e tráfico de drogas são apontados como os maiores problemas do País

Para os entrevistados, os principais problemas atuais do País são criminalidade e tráfico de drogas, com 60,8%, seguido de corrupção, 50,2%.

Questionados sobre a situação econômica do Brasil e o mercado de trabalho neste momento, 37% dos entrevistados citam como ruim a situação do emprego; enquanto 31% classificam essa realidade como boa. A economia do País é vista como ruim por 43% dos entrevistados, contra 29% que a consideram boa.

A pesquisa também aferiu a imagem das principais lideranças do País. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), tem a pior avaliação - 58% têm uma imagem negativa do deputado. Em relação ao candidato do PDT nas eleições passadas, Ciro Gomes, 54% têm uma imagem negativa; Jair Bolsonaro, 52%; e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, 49%. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), tem 47%. Já Lula tem uma imagem negativa para 46%.

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Foi depois que o pequeno avião caiu na selva boliviana, no início da semana passada, que o verdadeiro calvário começou para os sobreviventes. Após colidir com o solo, a aeronave capotou indo parar em uma lagoa infestada de anacondas e jacarés, mergulhando o piloto e quatro passageiros - incluindo um menino de 6 anos - em angustiantes 36 horas agarrados aos destroços do avião, antes de serem resgatados na sexta-feira, 2, no nordeste da Bolívia.

O médico que tratou dos cinco sobreviventes disse à Associated Press no sábado, 3, que todos estavam conscientes e em condição estável, sendo que apenas a tia do garoto, de 37 anos, permaneceu hospitalizada com um corte infectado na cabeça. Os demais receberam alta e estavam se recuperando de desidratação, queimaduras químicas leves, cortes infectados, hematomas e picadas de insetos por todo o corpo.

"Os jacarés e cobras nos observavam a noite toda"

"Não podíamos acreditar que eles não foram atacados", disse, por telefone, Luis Soruco, diretor do hospital onde os sobreviventes foram levados na província de Beni da Bolívia, após enviar o piloto e duas das mulheres para casa com um forte tratamento de antibióticos.

O piloto, Pablo Andrés Velarde, de 27 anos, contou na sexta-feira, 2, a história que tem fascinado muitos bolivianos. "Os mosquitos não nos deixavam dormir", contou Velarde aos repórteres de sua cama no hospital na capital provincial de Trinidad. Soruco disse que ele estava "surpreendentemente" com boa saúde e ânimo. "Os jacarés e cobras nos observavam a noite toda, mas não se aproximavam."

Surpreso que os caimões, uma espécie da família dos jacarés nativa da América Central e do Sul, não atacassem, Velarde especulou ser o cheiro de combustível de jato derramando dos destroços que havia mantido os répteis predadores à distância. Mas não há evidências científicas de que ele seja um efetivo repelente de jacarés.

Velarde disse que os cinco sobreviveram comendo farinha de mandioca que uma das mulheres havia levado como lanche. Eles não tinham nada para beber, já que a água da lagoa estava contaminada com gasolina.

O acidente

O pequeno avião havia decolado na quarta-feira, 30, da vila boliviana de Baures, com destino à cidade maior de Trinidad mais ao sul, onde Patricia Coria Guary tinha uma consulta médica agendada para seu sobrinho de 6 anos no hospital pediátrico, disse Soruco.

Duas outras mulheres, vizinhas de Baures, com idades de 32 e 54 anos, juntaram-se a eles. Esse tipo de voo é um meio comum de transporte nessa remota região Amazônica cortada por rios. É que chuvas intensas inundam estradas, não pavimentadas, nesta época do ano.

Mas, em apenas 27 minutos, quase na metade do tempo de voo, o único motor do avião parou. Velarde disse que relatou a iminente queda pelo rádio para um colega.

Em entrevistas para a mídia local, ele contou que tinha havia mirado para uma clareira próxima a uma lagoa. "Não havia fazenda nem estrada na rota", disse. "Era apenas um pântano."

Em vez de deslizar pela margem conforme planejado, o avião bateu no chão e virou de cabeça para baixo, ferindo todos a bordo e deixando Coria Guary com um corte especialmente profundo na testa, antes de mergulhar na água. "A aterrissagem foi muito brusca," disse Velarde.

Assim que o avião foi inundado, os cinco conseguiram subir em cima da fuselagem. Ali permaneceram por duas noites aterrorizantes, cercados por caimões e anacondas e atacados por enxames de mosquitos e outros insetos. Eles acenavam com camisas e lençóis em vão e gritavam cada vez que ouviam o som de hélices ou o ronco de um motor de barco.

Na sexta-feira, 2, ao som de lanchas se aproximando, "começamos a acender as lanternas dos nossos celulares e a gritar", disse Velarde. Um grupo de pescadores percebeu e os ajudou a entrar em sua canoa. Eles chamaram as autoridades e entregaram os sobreviventes a um helicóptero do Exército algumas horas depois. "Não aguentaríamos mais uma noite", disse Velarde.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou neste domingo as preocupações com uma possível recessão no país, em meio à desaceleração da economia e ao aumento de tarifas sobre produtos importados. Em entrevista ao programa "Meet the Press", da rede de TV americana NBC News, Trump afirmou que o país atravessa um "período de transição" e que as medidas adotadas por sua gestão visam fortalecer a economia no longo prazo, mesmo com eventuais efeitos negativos no curto prazo.

"Está tudo bem. Eu disse que esse é um período de transição. Acho que vamos nos sair muito bem", afirmou, ao ser questionado se aceitaria uma recessão como custo para alcançar seus objetivos econômicos. A declaração ocorre dias após a divulgação do PIB do primeiro trimestre, que apontou contração de 0,3% na taxa anualizada, a primeira queda desde o início de 2022.

Trump também reiterou sua defesa de tarifas comerciais elevadas, especialmente contra a China. Segundo ele, a imposição de alíquotas de até 145% é uma forma de proteger a indústria americana e corrigir o que chama de desequilíbrio comercial histórico. "Nós perdíamos cinco a seis bilhões de dólares por dia com Biden. Agora, isso caiu drasticamente. Colocamos uma tarifa de 145%. Ninguém nunca ouviu falar disso. E isso está bem", afirmou.

Ao comentar o impacto das tarifas sobre os preços ao consumidor, Trump sugeriu que os americanos podem reduzir o consumo de produtos supérfluos. "Eu não acho que uma garotinha de 11 anos precise ter 30 bonecas. Ela pode ter três ou quatro. Não precisamos gastar dinheiro com lixo vindo da China", disse. A fala foi interpretada como um indicativo de que sua política pode provocar aumento de preços e redução na oferta de alguns itens importados, como brinquedos e artigos escolares.

Durante a entrevista, Trump negou que sua agenda econômica esteja causando danos estruturais e classificou os impactos como ajustes temporários. "As tarifas vão nos deixar ricos. Vamos ser um país muito rico", declarou. Quando questionado sobre a reação negativa de parte do mercado financeiro após o anúncio das novas tarifas, o presidente afirmou que se responsabiliza pelas consequências, mas argumentou que está no cargo há apenas três meses.

"Ultimamente, eu me responsabilizo por tudo. Mas só estive aqui por pouco mais de 100 dias. Mesmo assim, já conseguimos reduzir custos. Estamos falando de uma economia que estava sangrando. Hoje temos um comércio muito mais equilibrado e parceiros que querem fazer acordos conosco. Mas tem que ser justo", disse.

Trump também criticou o ex-presidente Joe Biden e atribuiu a ele os problemas econômicos atuais. "As partes boas da economia são minhas. As ruins são do Biden. Ele fez um trabalho terrível em tudo. Desde a economia até o uso do autopen, que ele nem sabia que estava assinando", afirmou, em referência ao episódio recente em que um indulto concedido a um aliado democrata foi atribuído ao uso do mecanismo automatizado de assinatura do presidente.

Questionado sobre sua principal promessa de campanha, acabar com a inflação e turbinar a economia americana, Trump descreveu a crise recente como parte de um período de "transição". Ele argumenta que as tarifas, em última análise, reduzirão o déficit comercial dos EUA, gerarão receita para o governo e melhorarão a economia doméstica.

"Não precisamos desperdiçar dinheiro em um déficit comercial com a China por coisas que não precisamos, por lixo que não precisamos", disse Trump. Ele afirmou ainda que os EUA ficariam "bem" no caso de uma recessão de curto prazo a caminho do que ele prevê, a longo prazo, será uma economia agitada quando suas políticas entrarem em vigor.

"Olha, sim. Está tudo bem", disse. "Eu disse, este é um período de transição. Acho que vamos nos sair muito bem", ressaltou o republicano.

A entrevista também abordou a tensão entre a promessa de combater a inflação e o efeito prático das tarifas sobre o custo de vida. Dados recentes mostram que, apesar de uma leve desaceleração na inflação anual, os preços de itens importados como pneus, utensílios domésticos e carrinhos de bebê seguem em alta. Trump relativizou esses aumentos e disse que o foco deve ser a redução no preço da energia, como gasolina. "Gasolina é milhares de vezes mais importante do que um carrinho de bebê", disse.

Sobre a possibilidade de desabastecimento, Trump negou que os americanos devam esperar prateleiras vazias, mas insistiu na ideia de que o consumo deve ser racionalizado. "Não estou dizendo que vai faltar. Só estou dizendo que as pessoas não precisam ter 250 lápis. Podem ter cinco."

A política tarifária adotada por Trump é um dos pilares de sua estratégia econômica, ao lado da contenção da imigração irregular e do corte de gastos públicos. Nas últimas semanas, ele tem pressionado o Congresso a aprovar um pacote de reconciliação orçamentária que amplia cortes tributários e busca limitar programas sociais. A proposta deve enfrentar resistência de parlamentares moderados, que temem o impacto sobre o déficit e sobre eleitores de baixa renda.

A entrevista ao "Meet the Press" marca o fim dos primeiros 100 dias do novo governo Trump. Em meio à queda nos índices de aprovação e à contração do PIB, o presidente tem buscado reforçar sua base de apoio com mensagens voltadas à classe média e ao eleitorado industrial. As declarações deste domingo reforçam o tom nacionalista e protecionista que pautou sua campanha e seguem sendo o eixo central de sua agenda econômica.

O principal aeroporto internacional de Israel interrompeu brevemente os voos neste domingo, 4, após um míssil disparado do Iêmen cair próximo ao seu terminal mais movimentado, disseram autoridades israelenses.

Uma porta-voz da Autoridade Aeroportuária de Israel afirmou que o míssil caiu em um estacionamento próximo ao Terminal 3, a principal via de acesso do Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv.

Fotos divulgadas pelos serviços de emergência mostravam a terra levantada pelo impacto cobrindo estradas próximas ao aeroporto. Imagens de câmeras de segurança do aeroporto, verificadas pela Storyful (empresa pertencente à News Corp, controladora do The Wall Street Journal), mostravam uma grande nuvem de fumaça preta e poeira subindo da área atingida pelo míssil.

O exército israelense disse que ainda não está claro se o impacto foi causado pelo míssil em plena potência ou por uma parte dele. Segundo os militares, várias tentativas foram feitas para interceptar o míssil, que foi disparado na manhã deste domingo - o início da semana de trabalho em Israel. O Arrow 3, sistema de defesa aérea mais sofisticado de Israel, e o avançado sistema americano Thaad foram acionados, mas sem sucesso, de acordo com a rádio estatal Army Radio.

Feridos

Oito pesoas foram levadas ao hospital com ferimentos, incluindo lesões nos membros e causadas pela onda de choque provocada pelo ataque, segundo os serviços de emergência. Não houve relatos imediatos de mortes.

"Aquele que nos fere será ferido sete vezes mais", afirmou o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, após o ataque.

(Com Dow Jones)