Siglas da 3ª via não se destacam porque 'não têm partido político', diz Lula

Política
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a movimentação de partidos de centro para a formação de uma terceira via para as eleições presidenciais de 2022. Segundo ele, as siglas que participam da mobilização têm "um problema de memória curta que ficam tentando procurar alternativas além daquelas que existem". "Precisam compreender que elas não têm o destaque que têm porque não têm partido político". Na avaliação de Lula, "o que temos no Brasil é um conjunto de cooperativas de deputados que se juntam em busca da disputa de uma eleição".

Em entrevista à rádio Tribuna Norte na manhã desta quinta-feira, 17, o ex-presidente defendeu o lançamento de candidaturas diversas para o pleito de 2022 para dar ao povo o direito de escolha. "As pessoas ficam preocupadas com minha candidatura e reeleição do presidente. Eles (partidos) podem se lançar candidato, não tem que procurar um só, tem que lançar uns dez. Aí o povo vai votar, esse é o jogo democrático", defendeu.

"Vamos aguardar, não sei se vai ter 3ª, 4ª, 5ª, 6ª, 7ª via. Quanto mais candidatos, o povo brasileiro vai ter mais escolha", declarou. Segundo o petista, a campanha de Ciro Gomes (PDT), que tem feito fortes críticas ao ex-presidente, é "como todas as candidaturas". "Ele tem direito a se candidatar, não posso ficar fazendo julgamento das pessoas".

Lula, que tem investido na construção política para apoio de sua candidatura no ano que vem, afirmou que "não fica procurando" a formação de alianças políticas, mas "a construção de pessoas que querem construir um programa para consertar o País". Segundo ele, uma possível aliança poderia acontecer, mas apenas no segundo turno. Conforme pondera, em um "País democrático", a disputa entre partidos é apenas momentânea.

"A gente constrói a força necessária para ganhar as eleições", afirmou. Para ele, uma aliança política pode ser um feito eleitoral para 2022, mas não significa uma relação a longo prazo. "O problema é que quando se constrói uma aliança política você tem que saber a diferença entre ganhar a eleição e governar".

Ao defender a polarização no cenário eleitoral e tecer fortes críticas a Jair Bolsonaro, o ex-presidente afirmou que "quer que a sociedade brasileira se manifeste" o que, para ele, significa que "o povo brasileiro está acordando". Apesar de se mostrar tendência a ir nas manifestações da oposição contra o presidente, programadas para sábado (19), Lula pontuou que sua presença ainda é incerta pois "não quero transformar um ato da sociedade brasileira em uma ato político eleitoral". "Minha participação pode ser explorada pelos meios de comunicação. Nunca me preocupei se o ato vai ter mil ou dez mil, é para protestar contra o genocida".

Questionado sobre as manifestações durante a pandemia da covid-19, Lula afirmou que os manifestantes da oposição "estão de máscara e dá pra ver que a maioria das pessoas tem álcool gel". Segundo ele, as diferenças entre as manifestações entre a oposição e as que Bolsonaro realiza é que as pessoas vão para a rua "de forma civilizada". "Bolsonaro vai pra rua sem máscara para agredir as pessoas".

Apesar do tom eleitoral, Lula manteve o discurso de que não decidiu se será candidato e manteve a defesa de que 2021 "não é de eleição, é um ano para reconstruir o Brasil". Para ele, antes de 2022, é preciso construir uma base de apoio entre os Estados. Mesmo apostando na incerteza da candidatura, a perspectiva para um governo não foge a Lula. Segundo ele, por já ter sido presidente, "(o País) vai ter na minha candidatura uma pessoa que sabe o que faz".

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A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, alertou nesta terça-feira, 6, para um possível conflito "inevitável" com a Índia, motivado pela disputa por recursos hídricos e por um ataque que matou sete soldados paquistaneses e foi atribuído por autoridades paquistanesas aos indianos. As informações são da imprensa local.

Segundo um canal de TV do país, Asif afirmou que um confronto com a Índia está próximo. "Foi dito no briefing de hoje que a agressão da Índia é esperada", declarou. Ele também teria ameaçado retaliar caso o governo indiano bloqueie o fluxo de água destinado ao Paquistão.

"Se os governantes indianos tentarem bloquear a água do Paquistão, eles vão se afogar nela", disse Asif, segundo a mídia local. O ministro ainda teria afirmado que o país está pronto para destruir qualquer estrutura construída pela Índia no rio Indo.

As declarações vieram poucas horas após um atentado no sudoeste do Paquistão. Uma bomba caseira atingiu um veículo militar no distrito de Kachhi, matando sete soldados. O Exército paquistanês responsabilizou o grupo armado Baloch Liberation Army (BLA), que, segundo o Paquistão, teria ligações com a Índia, que nega. A Al Jazeera observou que não há evidências públicas dessa conexão, e nem o BLA nem o governo indiano comentaram as acusações.

O presidente Asif Ali Zardari e o primeiro-ministro Shehbaz Sharif condenaram o ataque e elogiaram o sacrifício das forças de segurança. A tensão aumentou ainda mais depois que o premiê indiano, Narendra Modi, anunciou que a Índia passará a reter águas antes compartilhadas com o Paquistão. "Antes, a água da Índia também ia para fora. Agora, a água da Índia fluirá para sua parte... e será utilizada pela própria Índia", disse Modi, segundo a Reuters.

O Paquistão já havia advertido que qualquer interferência em seus rios seria vista como um "ato de guerra", conforme reportou a France 24. O tratado de 1960, que garantia ao Paquistão o uso de 80% da água para fins agrícolas, foi suspenso por Nova Délhi após um ataque terrorista na Caxemira indiana, atribuído a militantes ligados ao Paquistão.

*Com informações da Associated Press

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, conversou por telefone nesta terça-feira, 6, com o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e os líderes discutiram aspectos da situação atual no Oriente Médio, além de "algumas questões bilaterais urgentes", de acordo com uma mensagem russa enviada via Telegram.

Hoje, o líder russo também conversou com o presidente da República Islâmica do Irã, Masoud Pezeshkian, sobre questões relativas ao desenvolvimento da cooperação entre os dois países com base no Tratado Bilateral de Parceria Estratégica Abrangente, assinado durante uma visita oficial do presidente iraniano à Rússia em 17 de janeiro.

"Foi dada especial atenção à expansão de laços mutuamente benéficos no comércio e na economia, inclusive por meio da implementação de importantes projetos conjuntos em transporte e energia", mencionou outra nota do governo russo no Telegram.

"Os líderes trocaram opiniões sobre questões internacionais e regionais urgentes, incluindo o andamento das negociações entre o Irã e os EUA sobre o programa nuclear iraniano, que estão sendo mediadas por Omã", acrescenta a nota, que menciona a disposição russa para facilitar o diálogo e alcançar o acordo "justo, baseado nos princípios do direito internacional".