União Brasil age para desalojar PT da presidência do Serpro após romper com o governo

Política
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O União Brasil anunciou a saída do governo Lula em setembro, mas indicados pelo partido continuam ocupando cargos em todos os escalões. Agora, o novo alvo da cobiça é o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), que só no ano passado teve receita líquida de R$ 4,1 bilhões.

 

A disputa de uma ala do União Brasil no Senado com o PT tem movimentado os bastidores da política. O embate ocorre no momento em que a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, demite aliados de parlamentares que votaram contra o governo no Congresso.

 

Na contramão desse movimento, o diretor de Operações do Serpro, Wilton Mota - apadrinhado pela senadora Professora Dorinha (União Brasil-TO) -, está a um passo de desalojar Alexandre Amorim da presidência da empresa. Amorim foi indicado pelo PT de São Paulo e pode perder o posto para o Centrão.

 

Empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda, o Serpro é responsável pela gestão tecnológica do governo. Agora, por exemplo, cuidará da implantação do novo sistema tributário, que terá um período de testes a partir de janeiro de 2026.

 

No mês passado, a cúpula do União Brasil chegou a abrir processo de expulsão no Conselho de Ética da legenda contra o ministro do Turismo, Celso Sabino. A decisão foi tomada porque Sabino - escolhido pela bancada da Câmara para representar o partido na Esplanada - se recusou a entregar o cargo, sob o argumento de que tem compromissos a cumprir.

 

"Quando você fala do primeiro escalão, de um ministério, você não está falando da administração de uma quitanda da esquina. Nada contra as quitandas da esquina, mas a gente tem projetos que estão em andamento", disse o ministro, em entrevista ao Estadão. O orçamento deste ano do Ministério do Turismo é de R$ 3,5 bilhões, menor que o do Serpro.

 

Na outra ponta, os apadrinhados pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) - a exemplo dos ministros da Integração, Waldez Góes, e das Comunicações, Frederico de Siqueira Filho - continuam no governo. Visto como pilar de sustentação do Planalto no Congresso, Alcolumbre também manteve indicados na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e nos Correios, entre outras empresas.

 

Até agora, perto de 100 pessoas foram demitidas pelo governo - a mando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - em bancos públicos, estatais e superintendências federais. A maioria dos atingidos pelo pente-fino era ligada a deputados do Centrão (União Brasil, PP e PSD), e também do MDB, que derrubaram a Medida Provisória 1303. Considerada fundamental pela equipe econômica para fechar as contas, a MP propunha alternativas a um aumento maior do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

 

Na prática, a atitude tomada pelo governo em retaliação aos infieis tem servido para negociar apoio a Lula na campanha por um novo mandato. Nessa perspectiva, o Planalto já cogita até mesmo "devolver" cargos a políticos que prometerem fidelidade a Lula e acenarem para uma aliança com o PT, ainda que regional, nas eleições de 2026.

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A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo neste domingo, 9. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. A fala distorcida de Trump foi exibida no programa Panorama de 3 de novembro de 2024, a uma semana das eleições presidenciais nos Estados Unidos.

Em sua rede social, a Truth Social, Donald Trump celebrou a demissão de quem chamou de "jornalistas corruptos". "Essas são pessoas muito desonestas que tentaram manipular as eleições presidenciais. Para piorar, vêm de um país estrangeiro, um que muitos consideram nosso principal aliado. Que terrível para a democracia!", postou.

A ministra britânica da Cultura, Lisa Nandy, havia classificado horas antes como "extremamente grave" a acusação contra a BBC por apresentar declarações de Trump de maneira enganosa.

"É um dia triste para a BBC. Tim foi um excelente diretor-geral durante os últimos cinco anos", afirmou o presidente da Corporação Britânica de Radiodifusão, Samir Shah, em comunicado. Ele acrescentou que Davie enfrentava "pressão constante (...) que o levou a tomar a decisão" de renunciar.

Colagem de trechos separados levou a versão distorcida do discurso

O caso, revelado na terça-feira, 4, baseia-se em um documentário exibido uma semana antes das eleições presidenciais dos EUA de 2024. A BBC é acusada de ter montado trechos separados de um discurso de Trump de 6 de janeiro de 2021 de forma que parece indicar que ele teria dito a seus apoiadores que marchariam com ele até o Capitólio para "lutar como demônios".

Na versão completa, o então presidente republicano - já derrotado nas urnas pelo democrata Joe Biden - diz: "Vamos marchar até o Capitólio e vamos incentivar nossos valentes senadores e representantes no Congresso."

A expressão "lutar como demônios" corresponde, na verdade, a outro momento do discurso.

Em carta enviada ao conselho da BBC e publicada no site, a CEO de notícias disse que a polêmica em torno do programa Panorama sobre o presidente Trump chegou a um ponto em que está prejudicando a BBC - uma instituição que ela adora.

Já Tim Davie, diretor-geral, disse que abdicou ao cargo após intensas exigências pessoais e profissionais de gerir o posto ao longo de muitos anos nestes "tempos turbulentos".

Um dia antes do início oficial da COP30 em Belém, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou em sua rede social, a Truth Social, nesta domingo, 9, uma mensagem dizendo que a Amazônia foi destruída para a construção de uma estrada.

"Eles destruíram a floresta amazônica no Brasil para a construção de uma rodovia de quatro faixas para que ambientalistas pudessem viajar", escreveu Trump na mensagem, ressaltando que o caso "se tornou um grande escândalo".

Junto com a mensagem, Trump postou um vídeo de quatro minutos da Fox News, com uma reportagem do enviado da emissora a Belém para cobrir a COP30.

Na reportagem, o editor Marc Morano diz, com uma imagem de Belém ao fundo, que mais de 100 mil árvores foram cortadas na Amazônia para construir a estrada e mostrar como o "governo brasileiro está cuidando da floresta tropical".

Ainda na reportagem postada por Trump, o jornalista destaca que pela primeira vez não há uma delegação oficial dos Estados Unidos em uma conferência das Nações Unidas sobre o clima desde 1992. Mesmo países europeus estão deixando esses compromissos de lado, ressalta o jornalista.

A reportagem fala ainda da queda das vendas de carros elétricos e de demissões em fábricas nos Estados Unidos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse há pouco que a BBC alterou seu discurso de 6 de janeiro de 2021, dia da invasão ao Capitólio, e celebrou a demissão de "pessoas muito desonestas que tentaram influenciar uma eleição presidencial".

"As principais pessoas da BBC, incluindo TIM DAVIE, o CHEFE, estão todas se demitindo/DEMITIDAS, porque foram pegas 'alterando' meu excelente (PERFEITO!) discurso de 6 de janeiro. Além de tudo, eles são de um país estrangeiro, que muitos consideram nosso Aliado Número Um. Que coisa terrível para a Democracia!", escreveu o republicano na Truth Social.

A CEO de notícias da BBC, Deborah Turness, e o diretor-geral da emissora britânica, Tim Davie, renunciaram ao cargo nesta trade. A saída acontece após o jornal The Telegraph mostrar que a BBC havia editado enganosamente um discurso de Trump para dar a impressão de que ele havia incitado diretamente à violência nos atos de invasão ao Capitólio.