Flávio Bolsonaro cogita 'negociar penas' e quer projeto que negue tentativa de golpe de Estado

Política
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O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sinalizou nesta quinta-feira, 23, que a ala bolsonarista da oposição pode concordar em recuar em relação a alguns pontos da "anistia ampla" que defendem, como o perdão para crimes específicos. A ideia é tentar viabilizar a aprovação do projeto sobre o 8 de janeiro que tramita atualmente na Câmara dos Deputados.

"Podemos negociar penas por depredação de patrimônio que podem não ser anistiadas, desde que individualizadas. Podemos negociar as penas de quem tentou explodir caminhões de combustível no aeroporto também, não concordamos com isso. Mas queremos que o projeto deixe claro que não existem crimes de tentativa de golpe de Estado", disse ao jornal O Globo.

"Vamos esperar o que será apresentado, mas já temos nossa estratégia pronta de defender a anistia ampla. Faremos emendas com base em um texto que consideramos justo", afirmou.

O senador já declarou que acredita que a melhor alternativa é "fazer o processo andar". "A gente vai usar os recursos regimentais para fazer as emendas para que a gente possa trazer um texto que nos atenda. A maioria decide o que é melhor", afirmou no mês passado.

A proposta em tramitação foi apelidada de "PL da Dosimetria" pelo relator Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e não inclui perdão para os participantes dos atos golpistas. Pode, no entanto, beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com a redução de sua pena, fixada em 27 anos e três meses pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Paulinho assumiu a relatoria em setembro, mas tem encontrado dificuldades em viabilizar sua aprovação por falta de consenso e adiado a apresentação do parecer.

Na quarta-feira, 22, o STF publicou o acórdão do julgamento que condenou o ex-presidente, dando início ao prazo para que os réus apresentem recursos. Não é possível reverter as condenações, mas pode haver, por exemplo, ajuste nas penas fixadas aos réus do núcleo crucial.

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Uma reunião entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, ainda é possível, mas deverá ser "produtiva e um bom uso do tempo" do republicano, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, em coletiva nesta quinta-feira, 23.

Segundo ela, Trump quer ver "mais ações" russas em busca de alcançar um cessar-fogo na guerra da Ucrânia, e não apenas "promessas de paz".

"Trump está motivado depois de conseguir o cessar-fogo no Oriente Médio, mas tem ficado cada vez mais frustrado depois de meses sem avanço entre Rússia e Ucrânia", disse, ao afirmar que a ligação entre o secretário de Estado, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, não foi o "único motivo para novas sanções".

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou na quarta-feira, 22, sanções contra duas das maiores empresas petrolíferas russas, Rosneft e Lukoil, com o argumento de que Putin se recusa "a pôr fim" à guerra. O anúncio das sanções ocorreu depois que Trump adiou uma reunião com Putin em Budapeste devido à falta de progresso nas negociações.

A secretária de imprensa Karoline Leavitt evitou prever quando uma reunião entre ambos os líderes poderia acontecer, afirmando que a agenda de Trump até o fim do ano está repleta de "compromissos importantes".

Sobre as sanções, ela reconheceu que o governo pode aplicar ainda mais restrições contra a Rússia, se necessário. "Mas a decisão cabe a Trump", frisou.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, se encontrará com o vice-primeiro-ministro da China, He Lifeng, para negociações comerciais na Malásia, confirmou o Departamento do Tesouro, em nota divulgada há pouco. Bessent permanecerá no país e acompanhará o presidente Donald Trump em sua tour por países asiáticos.

Segundo o comunicado, o secretário do Tesouro participará da 47ª cúpula da Associação de Países do Sudeste Asiático (Asean, em inglês), em Kuala Lumpur. Depois, Bessent acompanhará a visita de Estado do presidente Trump ao Japão e participará da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, em inglês) na Coreia do Sul.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quinta-feira, 23, que a China está "usando a Venezuela para contrabandear fentanil" para o território americano e prometeu que esse será o primeiro tema de sua conversa com o líder chinês, Xi Jinping. "A primeira pergunta a Xi será sobre fentanil", declarou. O republicano acrescentou que, apesar das tensões, "não queremos elevar tarifas à China. Não seria sustentável para eles", mas reiterou que novas taxas sobre o país asiático entrarão em vigor em 1º de novembro - caso não haja acordo com Xi.

Em evento na Casa Branca, Trump disse acreditar que o próximo encontro entre os dois líderes, marcado para quinta-feira, "vai terminar muito bem", sinalizando disposição para o diálogo, mas mantendo o tom duro em relação ao tráfico de drogas e ao papel de Pequim.

Sobre a Venezuela, o presidente afirmou que os Estados Unidos "não estão nada felizes" com o governo de Nicolás Maduro e que indicou que os americanos farão uma ação terrestre no país sul-americano "em breve". Ele negou, porém, reportagens sobre voos com bombardeiros B1 e caças americanos perto do país, dizendo que "as informações não são precisas".

Trump acrescentou que seu governo pode levar ao Congresso uma proposta voltada ao combate às chamadas "drogas terrestres", mas negou que pedirá uma "declaração de guerra" contra os cartéis. Em outro momento, comentou brevemente a situação de frágil cessar-fogo no Oriente Médio, afirmando que "Israel não fará nada sobre a Cisjordânia".