Suplente de Alexandre Frota responde a processo de peculato por empregar funcionária fantasma

Política
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O suplente de vereador José Marcos da Silva (PDT), o "Marcos Nena", que vai assumir o mandato de Alexandre Frota (PDT) na Câmara Municipal de Cotia, na Grande São Paulo, responde a um processo criminal por peculato. O Estadão pediu manifestação da defesa.

 

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) afirma que ele usou a influência na prefeitura para empregar uma funcionária fantasma nas Secretarias de Educação e Esportes, entre abril de 2013 e janeiro de 2017.

 

Segundo a denúncia, os atestados de frequência de trabalho - alguns inclusive com horas extras - eram falsificados. A investigação teve início a partir de uma denúncia anônima.

 

A servidora constou como auxiliar de serviços gerais da prefeitura, mas na verdade dava expediente na portaria de um condomínio de casas no bairro de Caucaia do Alto, em Cotia, de acordo com o Ministério Público.

 

Depoimentos do síndico do condomínio e da diretora da Secretaria de Esportes confirmaram as suspeitas.

 

A Promotoria de Cotia cobra no processo a devolução de R$ 140 mil, com correção, referentes aos salários que a funcionária teria recebido sem trabalhar.

 

Os promotores afirmam que o ex-vereador, agora prestes a assumir um novo mandato na Câmara Municipal, beneficiou a funcionária porque ela trabalhou como cabo eleitoral dele. A servidora era concursada da prefeitura e foi "liberada" do expediente, conforme a acusação.

 

Em depoimento, a funcionária afirmou que "Marcos Nena lhe disse que não precisava ir mais trabalhar na Prefeitura, eis que se lhe 'ajudasse', a 'ajudaria'".

 

No processo, os advogados do ex-vereador disseram que não há provas, ainda que mínimas, contra ele. A defesa afirma que a acusação "não passa de mera suposição" porque ela trabalhou como voluntária na campanha.

 

A denúncia foi recebida pelo juiz Sergio Augusto, da Vara Criminal de Cotia, em junho de 2019. A decisão afirma que o ex-vereador "seria, em tese, o mentor intelectual do crime e o responsável por ajustar com os demais denunciados que estes deveriam assinar atestados de frequência falsos da servidora".

 

"Não é aceitável ou tolerável que um funcionário público deixe de comparecer a seu trabalho, continuando a receber sua remuneração normalmente, como forma de recompensa pela participação em campanha eleitoral de vereador eleito. E mais: que tal funcionário receba horas extras! Trata-se de uma afronta aos princípios da moralidade e da eficiência", escreveu o magistrado.

 

O processo teve início em 2018, mas ainda está na fase de citação dos outros investigados. Uma eventual condenação pode gerar a suspensão dos direitos políticos, como prevê a Lei da Ficha Limpa, e a perda do mandato do vereador.

 

Marcos Nena vai assumir no lugar de Alexandre Frota, cassado na última sexta-feira, 3, em decorrência de uma condenação por calúnia e difamação contra o ex-deputado Jean Wyllys.

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A imprensa internacional repercutiu nesta segunda-feira, 6, a ligação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, dos Estados Unidos. Os dois conversaram por 30 minutos por videoconferência e trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação.

Os veículos estrangeiros destacaram que Lula pediu a Trump a retirada do tarifaço sobre produtos brasileiros e de medidas contra autoridades.

O norte-americano The Washington Post informou, em uma nota curta, que Lula pediu pelo fim das tarifas extras de 40% e que reiterou convite para que Trump venha à COP 30, em Belém (PA).

O espanhol El País ressaltou que a conversa foi a primeira entre os dois líderes desde o início das tensões diplomáticas em razão do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também publicou a manifestação de ambos em seus perfis oficiais (Lula na rede social X e Trump na Truth Social).

"A conversa telefônica entre os presidentes parece suavizar uma relação que havia alcançado altos níveis de tensão", escreveu o jornal.

De acordo com o jornal francês Le Monde, a ligação foi "amigável". A reação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e seu papel nas negociações para que a conversa ocorresse foi mencionada, assim como sua opinião de que tudo correu "melhor que o esperado".

A Bloomberg reportou a reação positiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e mencionou a intercessão de empresários brasileiros nos EUA para tentar articular um contato entre os presidentes.

"O setor privado brasileiro uniu esforços para aprimorar o diálogo entre os dois países, com empresas líderes e grupos industriais sendo convocados a fornecer informações sobre seus setores", diz a Bloomberg.

Já o jornal português Público se referiu ao momento vivido pelos dois países como "uma crise diplomática sem precedente". A situação foi desencadeada, segundo a reportagem, pela condenação de Bolsonaro e pela "presidência brasileira nos BRICS".

O jornal também relembrou as sanções impostas pelos EUA: "Para além das tarifas, os Estados Unidos restringiram os vistos a várias autoridades políticas e judiciárias do Brasil, como os juízes do Supremo Tribunal Federal, e impuseram a Lei Magnitsky ao juiz Alexandre de Moraes, relator do processo contra Jair Bolsonaro".

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que seu governo fará algo em relação aos agricultores americanos nesta semana, sem dar mais detalhes, durante falas para jornalistas na Casa Branca, nesta segunda-feira.

A sinalização acontece após o republicano dizer que planeja um pacote de ajuda para os agricultores de soja dos EUA, em meio ao boicote da China aos grãos americanos, por conta da guerra comercial travada entre os dois países.

Nos comentários, Trump também disse que tomou a decisão de enviar mísseis para a Ucrânia, mas quer "ter certeza do que eles estão fazendo com eles primeiro".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 6, que o Hamas "está concordando com coisas muito importantes" do plano de paz proposto por Washington para encerrar a guerra em Gaza. "Temos praticamente todas as nações trabalhando neste acordo e tentando concluí-lo. É um acordo em que, incrivelmente, todos se uniram", declarou.

Trump ressaltou, porém, que há "linhas vermelhas" que não pretende cruzar. "Se certas condições não forem cumpridas, eu não farei o acordo", advertiu o republicano.

Ele também negou ter pedido ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que parasse de criticar o plano de libertação de reféns, dizendo: "Eu não disse a Netanyahu para deixar de ser negativo sobre o acordo dos reféns".

Em outro momento, o presidente comentou a paralisação parcial do governo americano, afirmando que "as negociações com os democratas sobre os planos de saúde estão em andamento".

Trump também voltou a justificar o envio da Guarda Nacional a cidades americanas, dizendo que a medida começou por Washington, agora "a cidade mais segura dos EUA".

Questionado sobre as condições para invocar o Insurrection Act, que autoriza o uso das Forças Armadas em território nacional, afirmou: "Se pessoas estivessem sendo mortas e os tribunais ou autoridades locais nos impedissem, eu agiria."