Zema compara moradores de rua a carros em local proibido e pede lei para 'guinchá-los'

Política
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O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), comparou pessoas em situação de rua a veículos estacionados em locais proibidos. Ele indicou que é favorável a criação de uma lei no País para lidar com essas pessoas de forma semelhantes aos carros que estacionam em locais irregulares.

Procurado, o governo de Minas Gerais não se posicionou sobre a declaração até a publicação deste texto.

Zema concedia entrevista à rádio Jovem Pan na quinta-feira, 5, quando foi questionado sobre a segurança pública em Minas Gerais e uma suposta Cracolândia em Belo Horizonte.

"Temos lá moradores de ruas [sic] ainda. Eu falo que no Brasil nós tínhamos que ter uma lei. Quando você para um carro em lugar proibido, ele é removido, guinchado. Agora fica morador de rua às vezes na porta da casa de uma idosa, atrapalhando ela a entrar em casa, fazendo sujeira, colocando a vida dela de certa maneira em exposição. E não temos hoje nada no Brasil que é efetivo. É um problema em São Paulo, Belo Horizonte e em outras cidades", respondeu o chefe do Executivo mineiro.

Zema tem um histórico de declarações polêmicas desde que assumiu o governo de Minas em 2019, mas dobrou a aposta nos últimos meses em busca do apoio do bolsonarismo na tentativa de cacifar-se como pré-candidato a presidente no ano que vem.

Nesta semana, o mineiro relativizou a existência de uma ditadura militar no Brasil entre 1964 e 1985 e disse que se for eleito presidente concederá indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso ele seja condenado por tentativa de golpe de Estado. As declarações foram feitas em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo e reiteradas por Zema, no caso do indulto, em um evento nesta sexta-feira, 6.

Em 2023, o governador concedeu uma entrevista ao Estadão no qual associou Estados do Norte e do Nordeste a "vaquinhas" que produzem pouco. Ele também já compartilhou uma frase do ditador fascista Benito Mussolini em suas redes sociais.

Zema voltou recentemente de uma viagem a El Salvador, um dos países mais violentos do mundo que conseguiu reduzir drasticamente a taxa de homicídios após o presidente Naiyb Bukele transformar prisões em massa como política de Estado. A prática é condenada por organizações internacionais, que acusam Bukele de violar os direitos humanos.

Na entrevista, Zema elogiou o país da América Central e defendeu adotar práticas semelhantes e colocar o Exército brasileiro, que é responsável pela defesa externa do País, para combater o crime nas ruas.

"O que eles fizeram lá é o que o Brasil tinha que fazer. Eles enquadraram organizações e facções criminosas como organizações terroristas. E aí prender todos. Além disso, com essa decretação, Polícia Federal, Exército, teriam necessariamente de estar envolvido combatendo", disse Zema.

Embora adote discurso linha-dura na segurança pública, o governador tem visto os índices na área piorar sob sua gestão. Segundo o Atlas da Violência divulgado no mês passado, a taxa de homicídios por 100 mil habitantes cresceu 3,2% em 2023 na comparação com 2022 em Minas Gerais. Nacionalmente, houve redução de 2,3%.

Além disso, Zema contingenciou recentemente R$ 1 bilhão em despesas, o que levou a Polícia Civil a racionar combustível para as viaturas, enquanto a Polícia Militar suspendeu o treinamento policial básico e diligências administrativas.

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Soldados da Guarda Nacional começaram a chegar em Los Angeles neste domingo, 8, após o pedido do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Os membros da Guarda foram acionados em resposta aos protestos contra as políticas de imigração do republicano na cidade da Califórnia.

Segundo o presidente americano, 2 mil soldados foram enviados a Los Angeles para repelir as manifestações. Trump federalizou o controle da Guarda Nacional para realizar o envio das tropas. A ação não foi coordenada com o governador da Califórnia, Gavin Newson, que disse que o envio dos guardas poderia tornar os protestos mais violentos.

Trump disse que considerou a medida necessária devido ao "fracasso" de Newson e da prefeita de Los Angeles, Karen Bass, na contenção dos protestos.

Segundo especialistas entrevistados pelo The New York Times, esta foi a primeira vez que um presidente federalizou a Guarda Nacional de um Estado para uma operação doméstica sem a autorização de um governador desde 1965, quando Lyndon Johnson enviou tropas para o Alabama para proteger os manifestantes que protestavam por direitos civis no Estado.

Protestos

A Guarda Nacional foi enviada para três locais na cidade de Los Angeles, segundo Newson. Durante a manhã, poucas manifestações foram registradas, mas gás lacrimogêneo foi disparado contra a multidão durante a tarde, na frente de um centro de detenção no centro de Los Angeles.

Um protesto do lado de fora do City Hall, onde fica o gabinete da prefeita de Los Angeles, Karen Bass, está marcado para às 14h no horário local (18h de Brasília).

No sábado, 7, policiais tiveram que usar balas de borracha e granadas de efeito moral para controlar a multidão. Segundo membros do governo Trump, os manifestantes lançaram coquetéis molotov e pedras contra as autoridades.

Trump afirmou que qualquer protesto que agredisse os policiais seria considerado uma "forma de rebelião". O secretário de Defesa, Pete Hegseth, disse que poderia convocar fuzileiros navais em "serviço ativo" se a violência continuasse.

Tensão

As tensões aumentaram na região depois que autoridades de imigração realizaram 100 prisões em Los Angeles e cidades próximas, que têm uma grande comunidade latina.

Os protestos recentes atraíram centenas de participantes, mas permanecem muito menores do que outras manifestações em massa, incluindo os protestos de 2020 contra violência policial que levaram Newsom a solicitar assistência da Guarda Nacional. (Com agências internacionais).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou a presença em um jantar de gala neste domingo (8) em Nice, na França. O evento havia sido confirmado pelo governo na sexta-feira, 6, mas não apareceu na agenda oficial do presidente. Uma fonte do governo ouvida pelo jornal Folha de S.Paulo atribuiu as mudanças ao possível cansaço pela agenda cheia na visita do líder brasileiro à França, que começou na quarta-feira, dia 4.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não está recuando de sua batalha contra o empresário americano Elon Musk. No sábado, 7, Trump disse que não tem o desejo de reparar a relação entre eles e disse que o ex-aliado poderia enfrentar "consequências sérias" se tentar ajudar candidatos democratas nas próximas eleições.

Em entrevista à emissora americana NBC, Trump apontou que acredita que a relação entre ele e Musk acabou.

"Estou muito ocupado fazendo outras coisas", disse Trump. "Eu ganhei uma eleição de forma esmagadora. Eu dei a ele muitas oportunidades, muito antes de isso acontecer, dei a ele oportunidades na minha primeira administração. Não tenho intenção de falar com ele."

Durante a entrevista, o presidente americano disse que Musk poderia ser prejudicado se apoiasse candidatos democratas nas eleições de meio de mandato de 2026.

"Se ele fizer isso, terá que arcar com as consequências", disse Trump à NBC, embora tenha se recusado a compartilhar quais seriam essas consequências. Os negócios de Musk possuem muitos contratos federais lucrativos.

Ruptura dramática

Como um grande contratante do governo, os negócios de Musk poderiam ser particularmente vulneráveis a retaliações. Trump já ameaçou cortar os contratos de Musk, chamando isso de uma maneira fácil de economizar dinheiro.

A ruptura dramática entre o presidente e o homem mais rico do mundo começou esta semana com a crítica pública de Musk ao "grande e belo projeto de lei" que Trump quer aprovar no Congresso americano. Musk advertiu que o projeto de lei aumentará o déficit federal e chamou-o de "abominação nojenta".

Após a oposição pública de Musk, o presidente americano criticou o empresário no Salão Oval na quinta-feira, 5, e os dois começaram a trocar ataques pessoais nas redes sociais.

Durante a briga, Musk sugeriu que Trump deveria sofrer impeachment e alegou, sem provas, que o governo estava escondendo informações sobre a associação do presidente com Jeffrey Epstein. Musk deletou suas postagens suas postagens sobre Epstein no sábado, 7.

"Grande erro"

Um dia depois da troca de ataques, o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, tentou minimizar o ocorrido em uma entrevista ao youtuber americano Theo Von.

Ele disse que Musk estava cometendo um "grande erro" ao atacar Trump, mas chamou-o de um cara "emocional" que estava frustrado.

"Espero que eventualmente Elon volte a se juntar a nós. Talvez isso não seja possível agora, porque ele se excedeu", disse Vance.