Mario Frias xinga Deltan e Moro e bate-boca com Bretas após revelação do Estadão

Política
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O deputado federal Mario Frias (PL-SP) se envolveu em discussões nas redes sociais após o Estadão revelar que ele utiliza verba da cota parlamentar da Câmara dos Deputados para alugar um imóvel em Limeira (SP) que pertence ao cunhado do seu chefe de gabinete, que até o momento recebeu R$ 41 mil pela locação.

No X, Frias culpou o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o ex-deputado federal Deltan Dallagnol pela reportagem. Procurado, Moro disse que desconhece o assunto.

"Deitan [sic] e Moro, suas merdinhas covardes, eu sei que isso aqui é coisa de vocês", escreveu o deputado, se referindo à matéria em uma publicação da Transparência Internacional no Brasil. Antes da matéria ser publicada, Frias havia preferido não se posicionar sobre o caso. "Sim, eu alugo anualmente uma sala comercial para meu escritório parlamentar, onde atendo a população paulista, conforme a lei determina. É um aluguel de três mil reais mensais, já incluindo IPTU e outros gastos (quem conhece São Paulo sabe que é um valor normal, até barato). Sim, a sala é do cunhado de um funcionário meu, é crime alugar propriedade alheia?", continuou Frias.

Ao contrário do que ele disse, o aluguel mensal é de R$ 7.500, conforme nota fiscal apresentada pelo próprio parlamentar à Câmara dos Deputados. "Agora, seus m..., eu sei que vocês querem insinuar que eu estou recebendo algo por isso, sei qual é a de vocês. Então, vocês acham mesmo que as pessoas irão acreditar que eu administrei bilhões de reais como ministro e não me corrompi, não! Que eu esperei ser deputado para roubar três mil reais por mês", questionou Frias.

Ele também se envolveu em um bate-boca com o ex-deputado federal Xico Graziano, com quem já havia discutido anteriormente. Graziano fez uma publicação sobre a matéria do Estadão, xingou Mario Frias e disse que é "uma honra ser atacado por gente da sua laia".

"Oh seu m..., eu não xinguei sua mãe, a pobre coitada não tem culpa de ter uma escória como você como filho", respondeu Frias. "E vou dizer mais, ainda que eu realmente fosse o corrupto burro que você está insinuando que eu sou, ainda assim, isso não mudaria o fato de que você é o pior tipo de ser humano possível, o que defendeu a prisão de pessoas inocentes", continuou ele.

O juiz Marcelo Bretas, que atuou na Operação Lava Jato no Rio de Janeiro, também criticou o parlamentar. "Para apontar erros alheios, postura rara hoje em dia, tem que ser capaz de dar bons exemplos, um 'bom testemunho'. Qualquer mínima falha ou obscuridade servirá de munição para os adversários, não importa o tamanho do erro de cada um", escreveu o magistrado.

Frias respondeu: "Bretas, até acho louvável você defender seus amigos, mas fica feito você falar de um aluguel de três mil reais quando você recebe auxílio de nove mil. Para apontar erros alheios, deve ser capaz de dar bons exemplos".

Frias nomeou Diego Garcia Ramos como chefe de seu gabinete na Câmara em abril do ano passado. O assessor, que até então atuava com o deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP), foi lotado em um cargo de nível SP-25, com salário de R$ 17,6 mil, um dos maiores na escala dos gabinetes da Casa.

Quatro meses depois, em agosto, o gabinete de Frias alugou o imóvel em Limeira que pertence ao advogado Paulo Sérgio Ramos Merli Júnior. Ele é cunhado de Diego Ramos - o assessor é casado com a irmã dele. "Pode ir lá e conhecer o gabinete dele. Tem uma sala lá. Eu tenho um prédio em Limeira e ele [Mário Frias] usa a hora que ele precisa", disse Paulo Merli Júnior ao Estadão.

O aluguel mensal da sala é de R$ 7.500. Com exceção de agosto, quando pagou apenas a metade, o valor foi quitado integralmente até janeiro, último mês com dados disponíveis, totalizando R$ 41.250.

O escritório de Paulo Sérgio fica no mesmo endereço, em uma rua do centro de Limeira com imóveis residenciais e salas comerciais. O espaço alugado, segundo o recibo de pagamentos, fica no segundo andar. O prédio não tem identificação na fachada e também abriga a clínica de cardiologia da esposa de Ramos e irmã do chefe de gabinete de Frias.

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O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky renovou nesta terça, 21, sua oferta para se encontrar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e negociar o fim da guerra na Ucrânia, mas as esperanças de progresso eram baixas enquanto as delegações se preparavam para realizar outra rodada de negociações. Forças russas, por sua vez, bombardearam quatro cidades ucranianas em ataques noturnos que, segundo autoridades, mataram uma criança.

Putin rejeitou as ofertas anteriores de Zelensky para uma reunião cara a cara para encerrar o conflito. O líder ucraniano insiste que delegações de nível inferior, como as esperadas para as negociações em Istambul na quarta-feira, 22, não têm o peso político para parar a luta.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse hoje que "muito trabalho precisa ser feito antes de se ter uma discussão detalhada sobre a possibilidade de reuniões de alto nível", efetivamente descartando esperanças de uma cúpula em breve. Ele não forneceu uma data para as negociações em Istambul. Autoridades ucranianas e ocidentais acusaram o Kremlin de atrasar as negociações para que seu exército maior capture mais terras ucranianas. A Rússia atualmente detém cerca de 20% da Ucrânia.

O anúncio de Zelenskyy na noite de segunda-feira, 20, de que as negociações ocorreriam gerou pouca esperança de progresso. Isso apesar dos esforços do governo do presidente Donald Trump para avançar nos esforços de paz, que têm avançado lentamente porque Putin reluta em ceder em suas exigências. Peskov disse que "não temos razão para esperar quaisquer avanços mágicos, é dificilmente possível na situação atual".

As duas rodadas anteriores foram realizadas em Istambul, e relatos da mídia russa disseram que a cidade turca provavelmente também sediaria a reunião desta vez. As negociações em maio e junho levaram a uma série de trocas de prisioneiros de guerra e corpos de soldados caídos, mas não produziram outros acordos.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão/Broadcast. Saiba mais em nossa Política de IA.

Os Estados Unidos informaram nesta terça-feira, 22, que se retirarão novamente da Unesco, a agência educacional, científica e cultural da ONU, por acreditarem que seu envolvimento não atende aos interesses nacionais do país e que a agência promove discursos anti-Israel. A decisão ocorre apenas dois anos após o país ter retornado à agência após sua saída em 2018, durante o primeiro governo Donald Trump.

Esta é a medida mais recente do governo Trump para cortar laços com organizações internacionais. O Departamento de Estado disse que a ação que terá efeito no final do próximo ano. Ela reflete a profunda desconfiança e aversão de Trump ao multilateralismo e às instituições internacionais, especialmente aquelas ligadas às Nações Unidas.

"O envolvimento contínuo na Unesco não está no interesse nacional dos Estados Unidos", disse Tammy Bruce, porta-voz do Departamento de Estado, em um comunicado.

Ela acusou a organização de promover "causas sociais e culturais divisivas" e de manter um "foco excessivo nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, uma agenda globalista e ideológica para o desenvolvimento internacional contrária à nossa política externa 'America First' (América primeiro)".

Esta será a terceira vez que os Estados Unidos deixarão a Unesco, sediada em Paris, e a segunda vez durante o governo Trump. O último retorno à agência ocorreu em 2023, durante o governo Joe Biden.

Em fevereiro, Trump assinou um decreto pedindo uma revisão geral do financiamento e envolvimento dos EUA na Organização das Nações Unidas, incluindo a Unesco. Naquela época, Will Scharf, secretário de gabinete da Casa Branca, acusou a Unesco de "viés anti-americano".

A Unesco é mais conhecida pela designação de locais do Patrimônio Mundial, mais de 1.200 desde 1972, incluindo as ruínas de Palmira na Síria, o Minarete de Jam no Afeganistão, o edifício do Tesouro de Petra na Jordânia e uma série de parques nacionais nos Estados Unidos. Ela também mantém uma lista de "patrimônio cultural imaterial" das criações mais dignas da humanidade - como a baguete francesa ou o canto de ópera na Itália.

A organização também é conhecida por seus programas educacionais e trabalha extensivamente para promover a educação sexual, alfabetização, água limpa e igualdade para as mulheres. Ela também ajuda a estabelecer padrões em uma série de questões, incluindo proteção dos oceanos e a ética da inteligência artificial.

Em 2011, os Estados Unidos pararam de financiar a Unesco depois que ela votou para incluir a Palestina como membro pleno. O movimento aconteceu por causa da legislação dos EUA que exige um corte completo do financiamento americano a qualquer agência da ONU que aceitasse a Palestina nesses termos. A falta de dinheiro privou a Unesco de quase um quinto de seu orçamento, forçando-a a cortar programas.

Depois, em 2017, a administração Trump foi mais longe e anunciou que estava se retirando completamente da organização, citando viés anti-Israel. Os Estados Unidos permaneceram como um observador não-membro depois disso.

Em 2023, a administração Biden reverteu essa decisão e decidiu se juntar novamente. Oficiais dos EUA haviam argumentado na época que deixar uma cadeira vazia na Unesco havia criado um vácuo que potências concorrentes, mais notavelmente a China, estavam preenchendo.

A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, disse que lamenta "profundamente" a decisão dos EUA, mas insistiu que era esperada e que a agência "se preparou para isso". Ela também negou as acusações de preconceito anti-Israel.

"Essas alegações contradizem a realidade dos esforços da Unesco, particularmente no campo da educação sobre o Holocausto e da luta contra o antissemitismo", disse ela.

"As razões apresentadas pelos Estados Unidos da América são as mesmas de sete anos atrás, embora a situação tenha mudado profundamente, as tensões políticas tenham diminuído e a Unesco hoje constitua um raro fórum de consenso sobre um multilateralismo concreto e orientado para a ação", acrescentou Azoulay.

A decisão não surpreendeu os funcionários da agênccia, que já previam tal medida após a revisão específica ordenada pelo governo Trump no início deste ano. Eles também esperavam que Trump se retirasse novamente, já que o retorno dos EUA em 2023 havia sido promovido por um rival político.

A retirada dos EUA provavelmente afetará a Unesco, pois os EUA fornecem uma parcela considerável do orçamento da agência. Mas a organização deve ser capaz de lidar com a situação. A Unesco diversificou suas fontes de financiamento nos últimos anos e a contribuição dos EUA diminuiu, representando apenas 8% do orçamento total da agência.

Azoulay prometeu que a Unesco executará suas missões apesar dos "recursos inevitavelmente reduzidos". A agência não está considerando nenhuma demissão de funcionários neste momento.

"O propósito da Unesco é acolher todas as nações do mundo, e os Estados Unidos da América são e sempre serão bem-vindos", disse ela. "Continuaremos a trabalhar lado a lado com todos os nossos parceiros americanos no setor privado, na academia e em organizações sem fins lucrativos, e buscaremos nosso diálogo político com o governo e o Congresso dos EUA."

Os Estados Unidos já haviam se retirado da Unesco durante o governo Ronald Reagan, em 1984, por considerarem a agência mal administrada, corrupta e usada para promover os interesses da União Soviética. A organização retornou em 2003, durante a presidência de George W. Bush.

(Com agências internacionais)

O chefe de equipe da Casa Branca, James Blair, confirmou hoje que visitará a sede do Federal Reserve (Fed) em Washington para inspecionar obras de renovação na quinta-feira. "Eles finalmente cederam nesta manhã", escreveu Blair, em publicação no X.

O comentário do chefe de equipe da Casa Branca dá continuidade a uma publicação anterior, em que Blair critica a postura do Fed sobre as obras. O oficial insinuou que o BC americano escondia algo do governo por lançar uma forma de visitar as obras virtualmente, ao invés de liberar visitas da Casa Branca em um primeiro momento.