Sucessão Câmara: hábil nos bastidores, Motta ajudou Congresso a ganhar poder, dizem consultores

Política
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Favorito para a presidência da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) contribuiu, como parlamentar, para a ampliação dos poderes do Congresso sobre o Executivo, segundo consultores políticos ouvidos pelo Broadcast Político. O deputado conquistou o apoio da maioria dos partidos para a votação marcada para este sábado, 1º, para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL). A votação é secreta e ocorrerá às 16 horas por meio de sistema eletrônico.

Paraibano e médico de 35 anos, considerado jovem no mundo político, Motta está no quarto mandato como deputado federal e tem três grandes feitos: foi presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a Petrobras, relator do "orçamento de guerra" e relator da proposta de emenda à Constituição conhecida como "PEC dos Precatórios". Nessas atuações, Motta deu continuidade ao projeto do então deputado Eduardo Cunha de aumentar o protagonismo da Câmara, dizem consultores.

Em outubro de 2015, a CPI aprovou o parecer do relator Luiz Sérgio (PT-RJ), que pediu o indiciamento de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, mas que poupou políticos. Para Murilo Passarinho Mori, diretor da Seta Public Affairs, a comissão foi a primeira "prova de fogo" de sua habilidade para conduzir um trabalho complexo como uma CPI.

Além disso, ele lembra que, normalmente, governos não querem a criação de uma comissão, sobretudo quando está voltada para uma investigação sobre o próprio Executivo. "Motta demonstrou muita habilidade para conduzir um meio complexo. Foi uma prova de fogo que acabou dando o tom do que viria para ele nos anos seguintes", avalia Mori. "Ele não é de muito holofote, mas o trabalho de bastidor é muito bem feito."

Em outra grande atuação, como relator do orçamento de guerra, em 2020, Motta produziu o parecer sobre uma PEC para facilitar a execução do orçamento em meio à pandemia. Para Carolina Venuto, sócia da Ética Inteligência Política, apesar da importância do orçamento de guerra, o formato teve como efeito colateral o empoderamento do Centrão.

Segundo Venuto, o regime extraordinário deu tamanha força aos parlamentares que gerou uma conjuntura desafiadora para o atual governo negociar o orçamento antes mesmo de iniciar o 1º ano de mandato. "O orçamento de guerra foi super importante, mas, sem esses instrumentos, o Centrão talvez não tivesse a força que tem hoje", examina.

Para a consultora, na passagem pela relatoria da PEC dos Precatórios, devido à complexidade para os Estados, Motta também demonstrou êxito ao chegar em um resultado pretendido. Ela destaca que, comparado a Elmar Nascimento (União-BA), outro potencial candidato à presidência da Câmara, Motta se demonstrou mais conciliador nas relatorias.

Elmar foi, por exemplo, designado relator de um projeto de lei que versa sobre os direitos autorais, que nasceu de uma seção do polêmico "PL das Fake News". Apesar da grande movimentação de artistas, o PL relatado pelo deputado baiano não avançou. "Em matérias muito complexas como essas, um relator com um perfil mais combativo dificilmente consegue construir um consenso", observa.

Atualmente, Motta é visto pelo Palácio do Planalto como a esperança da estabilização da relação entre o Executivo e o Legislativo. Como a batalha do orçamento público é anual, já em 2025 o novo presidente da Câmara poderá mostrar a que veio. O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), almeja a pacificação entre os Poderes, por meio de uma reforma ministerial com espaço para as bancadas no Congresso e de reformulações das emendas parlamentares, com o fim das emendas de comissão.

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O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky renovou nesta terça, 21, sua oferta para se encontrar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e negociar o fim da guerra na Ucrânia, mas as esperanças de progresso eram baixas enquanto as delegações se preparavam para realizar outra rodada de negociações. Forças russas, por sua vez, bombardearam quatro cidades ucranianas em ataques noturnos que, segundo autoridades, mataram uma criança.

Putin rejeitou as ofertas anteriores de Zelensky para uma reunião cara a cara para encerrar o conflito. O líder ucraniano insiste que delegações de nível inferior, como as esperadas para as negociações em Istambul na quarta-feira, 22, não têm o peso político para parar a luta.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse hoje que "muito trabalho precisa ser feito antes de se ter uma discussão detalhada sobre a possibilidade de reuniões de alto nível", efetivamente descartando esperanças de uma cúpula em breve. Ele não forneceu uma data para as negociações em Istambul. Autoridades ucranianas e ocidentais acusaram o Kremlin de atrasar as negociações para que seu exército maior capture mais terras ucranianas. A Rússia atualmente detém cerca de 20% da Ucrânia.

O anúncio de Zelenskyy na noite de segunda-feira, 20, de que as negociações ocorreriam gerou pouca esperança de progresso. Isso apesar dos esforços do governo do presidente Donald Trump para avançar nos esforços de paz, que têm avançado lentamente porque Putin reluta em ceder em suas exigências. Peskov disse que "não temos razão para esperar quaisquer avanços mágicos, é dificilmente possível na situação atual".

As duas rodadas anteriores foram realizadas em Istambul, e relatos da mídia russa disseram que a cidade turca provavelmente também sediaria a reunião desta vez. As negociações em maio e junho levaram a uma série de trocas de prisioneiros de guerra e corpos de soldados caídos, mas não produziram outros acordos.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão/Broadcast. Saiba mais em nossa Política de IA.

Os Estados Unidos informaram nesta terça-feira, 22, que se retirarão novamente da Unesco, a agência educacional, científica e cultural da ONU, por acreditarem que seu envolvimento não atende aos interesses nacionais do país e que a agência promove discursos anti-Israel. A decisão ocorre apenas dois anos após o país ter retornado à agência após sua saída em 2018, durante o primeiro governo Donald Trump.

Esta é a medida mais recente do governo Trump para cortar laços com organizações internacionais. O Departamento de Estado disse que a ação que terá efeito no final do próximo ano. Ela reflete a profunda desconfiança e aversão de Trump ao multilateralismo e às instituições internacionais, especialmente aquelas ligadas às Nações Unidas.

"O envolvimento contínuo na Unesco não está no interesse nacional dos Estados Unidos", disse Tammy Bruce, porta-voz do Departamento de Estado, em um comunicado.

Ela acusou a organização de promover "causas sociais e culturais divisivas" e de manter um "foco excessivo nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, uma agenda globalista e ideológica para o desenvolvimento internacional contrária à nossa política externa 'America First' (América primeiro)".

Esta será a terceira vez que os Estados Unidos deixarão a Unesco, sediada em Paris, e a segunda vez durante o governo Trump. O último retorno à agência ocorreu em 2023, durante o governo Joe Biden.

Em fevereiro, Trump assinou um decreto pedindo uma revisão geral do financiamento e envolvimento dos EUA na Organização das Nações Unidas, incluindo a Unesco. Naquela época, Will Scharf, secretário de gabinete da Casa Branca, acusou a Unesco de "viés anti-americano".

A Unesco é mais conhecida pela designação de locais do Patrimônio Mundial, mais de 1.200 desde 1972, incluindo as ruínas de Palmira na Síria, o Minarete de Jam no Afeganistão, o edifício do Tesouro de Petra na Jordânia e uma série de parques nacionais nos Estados Unidos. Ela também mantém uma lista de "patrimônio cultural imaterial" das criações mais dignas da humanidade - como a baguete francesa ou o canto de ópera na Itália.

A organização também é conhecida por seus programas educacionais e trabalha extensivamente para promover a educação sexual, alfabetização, água limpa e igualdade para as mulheres. Ela também ajuda a estabelecer padrões em uma série de questões, incluindo proteção dos oceanos e a ética da inteligência artificial.

Em 2011, os Estados Unidos pararam de financiar a Unesco depois que ela votou para incluir a Palestina como membro pleno. O movimento aconteceu por causa da legislação dos EUA que exige um corte completo do financiamento americano a qualquer agência da ONU que aceitasse a Palestina nesses termos. A falta de dinheiro privou a Unesco de quase um quinto de seu orçamento, forçando-a a cortar programas.

Depois, em 2017, a administração Trump foi mais longe e anunciou que estava se retirando completamente da organização, citando viés anti-Israel. Os Estados Unidos permaneceram como um observador não-membro depois disso.

Em 2023, a administração Biden reverteu essa decisão e decidiu se juntar novamente. Oficiais dos EUA haviam argumentado na época que deixar uma cadeira vazia na Unesco havia criado um vácuo que potências concorrentes, mais notavelmente a China, estavam preenchendo.

A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, disse que lamenta "profundamente" a decisão dos EUA, mas insistiu que era esperada e que a agência "se preparou para isso". Ela também negou as acusações de preconceito anti-Israel.

"Essas alegações contradizem a realidade dos esforços da Unesco, particularmente no campo da educação sobre o Holocausto e da luta contra o antissemitismo", disse ela.

"As razões apresentadas pelos Estados Unidos da América são as mesmas de sete anos atrás, embora a situação tenha mudado profundamente, as tensões políticas tenham diminuído e a Unesco hoje constitua um raro fórum de consenso sobre um multilateralismo concreto e orientado para a ação", acrescentou Azoulay.

A decisão não surpreendeu os funcionários da agênccia, que já previam tal medida após a revisão específica ordenada pelo governo Trump no início deste ano. Eles também esperavam que Trump se retirasse novamente, já que o retorno dos EUA em 2023 havia sido promovido por um rival político.

A retirada dos EUA provavelmente afetará a Unesco, pois os EUA fornecem uma parcela considerável do orçamento da agência. Mas a organização deve ser capaz de lidar com a situação. A Unesco diversificou suas fontes de financiamento nos últimos anos e a contribuição dos EUA diminuiu, representando apenas 8% do orçamento total da agência.

Azoulay prometeu que a Unesco executará suas missões apesar dos "recursos inevitavelmente reduzidos". A agência não está considerando nenhuma demissão de funcionários neste momento.

"O propósito da Unesco é acolher todas as nações do mundo, e os Estados Unidos da América são e sempre serão bem-vindos", disse ela. "Continuaremos a trabalhar lado a lado com todos os nossos parceiros americanos no setor privado, na academia e em organizações sem fins lucrativos, e buscaremos nosso diálogo político com o governo e o Congresso dos EUA."

Os Estados Unidos já haviam se retirado da Unesco durante o governo Ronald Reagan, em 1984, por considerarem a agência mal administrada, corrupta e usada para promover os interesses da União Soviética. A organização retornou em 2003, durante a presidência de George W. Bush.

(Com agências internacionais)

O chefe de equipe da Casa Branca, James Blair, confirmou hoje que visitará a sede do Federal Reserve (Fed) em Washington para inspecionar obras de renovação na quinta-feira. "Eles finalmente cederam nesta manhã", escreveu Blair, em publicação no X.

O comentário do chefe de equipe da Casa Branca dá continuidade a uma publicação anterior, em que Blair critica a postura do Fed sobre as obras. O oficial insinuou que o BC americano escondia algo do governo por lançar uma forma de visitar as obras virtualmente, ao invés de liberar visitas da Casa Branca em um primeiro momento.