TJ-PR paga R$ 27,4 mi em penduricalhos a juízes às vésperas de eleição na Corte

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) deve eleger na próxima segunda-feira, 11, a mesa diretora e o presidente que vão comandar a instituição pelos próximos dois anos. O atual presidente da Corte, Luiz Keppen, não concorre à reeleição, mas apoia a candidatura do desembargador Ramon de Medeiros Nogueira. Em meio a uma disputa marcada por promessas de todos os lados de mais ganhos remuneratórios para os magistrados, Keppen tem utilizado a sua caneta para liberar o pagamento de milhões de reais em penduricalhos.

Somente em outubro deste ano, o chefe do Poder Judiciário do Paraná autorizou o pagamento de R$ 27,4 milhões aos juízes e desembargadores a título de Gratificação por Acúmulo de Função (GAF) e Adicional por Tempo de Serviço (ATS), benefícios estes que são regulamentados por atos do próprio TJPR. Procurado, o presidente do TJPR afirmou que publicará nota sobre o assunto amanhã, 8.

A liberação de recursos está detalhada em um documento assinado pela chefe da divisão financeira do tribunal, ao qual o Estadão teve acesso. Os pagamentos se intensificaram na reta final da disputa, mas têm sido feitos sistematicamente pela atual gestão do tribunal.

Entre janeiro e outubro deste ano, o TJPR pagou mais de R$ 1 bilhão em penduricalhos, indenizações e benefícios legais dos magistrados, o que inclui desde GAF e ATS a indenização por férias, licenças compensatórias, correções de direitos trabalhistas, entre outros. Comparativamente, entre janeiro e dezembro do ano passado, foram pagos R$ 435 milhões com a rubrica vantagens eventuais, que inclui todos os tipos de benefícios.

O pagamento dos penduricalhos e outros benefícios aos magistrados é comunicado pelo presidente do TJPR em mensagens de texto enviadas aos desembargadores. "Salve! Como recebemos sinalização positiva de setores do Governo comunico, em caráter restrito, que, atendendo a requerimento da Amapar (Associação dos Magistrados da Paraná), autorizei, para amanhã cedinho, a quem tem direito, o pagamento de passivos trabalhistas da magistratura", escreveu Keppen.

"Prioritária desde sempre na gestão, a política de valorização de magistrados e servidores, terá sequência… Deus no comando sempre! Abraço fraterno", finalizou em mensagem enviada aos 130 desembargadores do tribunal no dia 29 de outubro. Um dia antes, foi emitida a ordem bancária de R$ 27,4 milhões para pagamento de GAF e ATS.

No dia 11 de outubro, Keppen liberou outros R$ 48,4 milhões para pagar GAF, ATS, indenização por férias e outros. No mesmo dia, foi disparada a seguinte mensagem: "continuamos trabalhando com coragem e determinação em relação à pauta de valorização da magistratura e servidores". "Esse mês seguiremos enfrentando passivos trabalhistas, tal qual fizemos hoje e faremos dia 25 deste mês. Justos somos mais fortes!", disse na mensagem.

A distribuição de benefícios tem inflado a remuneração dos magistrados. Em setembro deste ano, 90 magistrados receberam mais de R$ 100 mil em "vantagens individuais", o que pode incluir, além da GAF e do ATS, outros benefícios, como a venda de férias. No mesmo mês, os penduricalhos garantiram rendimentos líquidos de em média R$ 80 mil a 134 magistrados. Os contracheques de outubro ainda não estão disponíveis no portal da transparência do tribunal.

Esses valores são computados na folha de pagamento dos juízes e desembargadores como vantagens eventuais. A maioria desses recursos é considerada verba indenizatória, portanto não incide no teto remuneratório. O valor máximo que pode ser pago aos servidores do funcionalismo público é definido pelo salário de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que figura atualmente em R$ 44 mil.

Como mostrou o Estadão, já houve tentativas de ocultar os ganhos milionários dos magistrados com penduricalhos para evitar ruídos. O presidente do TJPR ordenou em maio deste ano que fossem realizados estudos sobre a viabilidade de deixar de publicar os valores no portal da transparência. Não houve novo despacho desde então.

A discussão sobre a sucessão do atual presidente do TJPR não gira em torno de mudar a lógica de pagamentos de benesses, mas, sim, em se apresentar como o candidato com maior capacidade de atender os pleitos remuneratórios dos magistrados. Os concorrentes ao cargo de presidente têm distribuído cartas de intenções e revistas com as suas propostas.

A desembargadora Lidia Maejima escreveu em uma carta aos colegas que renova o seu compromisso de "manter o pagamento de todos os direitos trabalhistas já reconhecidos pela administração do Tribunal e de trabalhar pela ampliação do valor do ATS, bem como a implantação de novos benefícios, como a política de valorização dos membros do Poder Judiciário do Paraná".

Já o desembargador Ramon Nogueira, que é apoiado pelo atual presidente, afirmou que o ponto principal do seu plano de gestão é "a valorização de magistrados e servidores, em especial da pauta remuneratória, mais do que uma promessa retórica, será uma bandeira em nossa gestão, na qual colocarei toda a energia e trabalho para ampliarmos o pagamento de passivos trabalhistas, além do que hoje já estamos recebendo". Ele também enviou uma cartilha reiterando os compromissos.

O desembargador Jucimar Novochadlo optou por distribuir uma revista com os seus compromissos de campanha, que incluem, por exemplo, "priorizar a pauta remuneratória com o compromisso firme de assegurar o pagamento das verbas presentes, pretéritas, reconhecidamente devidas, e buscar melhorias contínuas nos subsídios e remunerações, prospectando rubricas futuras, valorizando o trabalho de todos os integrantes do Judiciário".

A última concorrente, a desembargadora Joeci Machado Camargo, não publicou carta ou revista, mas, segundo fontes relataram à reportagem, tem repetido os mesmos compromissos em mensagens no WhatsApp.

Em outra categoria

O governo Donald Trump informou que a Universidade de Harvard não poderá receber novos subsídios federais para a pesquisa até cumprir com as exigências, que colocaram a universidade mais rica e prestigiada o país em rota de colisão com a Casa Branca.

O bloqueio foi comunicado em carta enviada pelo Departamento de Educação ao reitor da universidade e confirmado em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 5. O representante do departamento disse à imprensa que Harvard não receberá novos subsídios federais até que "demonstre uma gestão responsável da universidade" e atenda às exigências do governo.

A Casa Branca já havia congelado US$ 2,2 bilhões em subsídios federais destinados à universidade. Em outra frente, Trump pressiona para que Harvard perca o seu status de isenção fiscal enquanto tenta forçar a instituição de ensino a atender suas demandas.

A carta foi a primeira resposta significativa do governo desde que Harvard entrou com ação judicial na tentativa de impedir o corte bilionário de verbas. "Esta carta é para informá-lo de que Harvard não deve mais buscar subsídios do governo federal, pois nenhum será fornecido", escreveu a secretária da Educação Linda McMahon ao reitor Alan Garber.

O documento estipula que Harvard deve abordar preocupações relacionadas ao antissemitismo no campus; revisar políticas raciais; e responder a queixas de que teria abandonado a busca pela "excelência acadêmica" ao empregar relativamente poucos professores conservadores, segundo a visão do governo.

Representantes de Harvard não responderam imediatamente ao pedido de comentário.

A ameaça sugere que o governo pode estar alterando ou reforçando suas táticas contra as universidades. Inicialmente, a Casa Branca havia retirado subsídios existentes - medida drástica, mas que deixa margem para contestações na Justiça, como no caso de Harvard.

Representantes do setor em todo país tem expressado de forma reservada preocupações com uma campanha mais ordenada de pressão sobre as universidades, que seria mais difícil de reverter nos tribunais.

O embate com Harvard começou quando o governo Donald Trump enviou, no mês passado, um série de exigências à universidade. A lista incluía a obrigatoriedade de relatar ao governo federal quaisquer estudantes internacionais acusados de má conduta e a nomeação de um supervisor externo para garantir que os departamentos acadêmicos fossem "diversos em termos de pontos de vista".

A universidade se negou a cumprir as demandas da Casa Branca e denunciou uma tentativa de interferir na liberdade acadêmica. Na ação judicial, Harvard acusou o governo Donald Trump de tentar exercer um "controle inédito e indevido".

No ano fiscal de 2024, os recursos federais para pesquisa representaram cerca de 11% do orçamento de Harvard - aproximadamente US$ 687 milhões. Embora o fundo patrimonial da universidade ultrapasse os US$ 53 bilhões, grande parte desse valor é restrito, o que limita como a instituição pode utilizá-lo.

O congelamento duradouro dos novos subsídios poderia causar um caos financeiro para Harvard, que já está elaborando planos de contingência e buscando captar recursos no mercado de títulos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A primeira-ministra da província canadense de Alberta, Danielle Smith, disse que realizará um referendo no próximo ano que poderá incluir uma votação sobre a separação do Canadá.

Smith afirmou que não apoia a separação no site do governo da província e em sua página no Facebook, mas acrescentou que, caso os cidadãos de Alberta reúnam as assinaturas necessárias, uma pergunta sobre a separação poderá fazer parte da votação de 2026. "Nosso governo respeitará o processo democrático", enfatizou ela.

Seus comentários são a mais recente investida da província produtora de petróleo e gás depois que os liberais federais conquistaram um quarto mandato na eleição de 28 de abril. Smith, os líderes empresariais e os cidadãos de Alberta estão profundamente frustrados com a política ambiental da última década, que, segundo eles, prejudicou as perspectivas econômicas da província. As medidas incluem a proibição de navios-tanque que transportam petróleo bruto para o noroeste da Colúmbia Britânica, um limite para as emissões de carbono do setor de energia e um processo de avaliação ambiental mais rigoroso.

Ela disse que teve uma conversa telefônica construtiva nos últimos dias com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, mas "até que eu veja provas tangíveis de mudanças reais, Alberta tomará medidas para se proteger melhor de Ottawa".

Uma porta-voz de Carney não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo, 4, que instruiu seu governo a reabrir e expandir a notória prisão de Alcatraz, que foi fechada em 1963 e se tornou um ponto turístico na Califórnia.

"Por muito tempo, os Estados Unidos foram atormentados por criminosos cruéis, violentos e reincidentes, a escória da sociedade, que nunca contribuirão com nada além de miséria e sofrimento. Quando éramos uma nação mais séria, no passado, não hesitávamos em prender os criminosos mais perigosos e mantê-los longe de qualquer pessoa que pudessem prejudicar. É assim que deve ser", disse Trump, em uma publicação na plataforma Truth Social.

"É por isso que, hoje, estou instruindo o Departamento de Prisões, juntamente com o Departamento de Justiça, o FBI e a Segurança Interna, a reabrir uma prisão de Alcatraz substancialmente ampliada e reconstruída, para abrigar os criminosos mais cruéis e violentos dos Estados Unidos", escreveu o presidente americano, acrescentando: "A reabertura de Alcatraz servirá como um símbolo de Lei, Ordem e justiça."

A ordem foi emitida em um momento em que Trump vem enfrentando conflitos com os tribunais ao tentar enviar membros de gangues acusados ??para uma prisão notória em El Salvador, sem o devido processo legal. Trump também já sinalizou que poderia enviar cidadãos americanos para El Salvador.

Trump também ordenou a abertura de um centro de detenção na Baía de Guantánamo, em Cuba, para abrigar até 30 mil detentos que ele rotulou como os "piores criminosos estrangeiros".

Prisão

Alcatraz, hoje uma atração turística, fechou em 1963 devido aos altos custos operacionais após apenas 29 anos de operação, de acordo com o Departamento de Prisões dos EUA, porque tudo, de combustível à comida, tinha que ser trazido de barco.

Localizada a dois quilômetros da costa de São Francisco e com apenas 336 prisioneiros, a prisão abrigou vários criminosos notórios, incluindo o chefe da máfia da época da Lei Seca, Al Capone, e foi palco de muitas tentativas de fuga incríveis dos presos.

36 homens tentaram 14 fugas diferentes da prisão, segundo o FBI. Quase todos foram capturados ou não sobreviveram à tentativa.

O local ficou conhecido pelo filme "Alcatraz: Fuga Impossível", longa de 1979 que é protagonizado por Clint Eastwood. O filme conta a história de três prisioneiros que conseguiram fugir de Alcatraz.

Um porta-voz do Departamento de Prisões dos EUA disse em um comunicado que a agência "cumprirá todas as ordens presidenciais".

Atualmente, o Departamento de Prisões tem 16 penitenciárias que desempenham as mesmas funções de alta segurança de Alcatraz, incluindo sua unidade de segurança máxima em Florence, no Colorado, e a penitenciária dos EUA em Terre Haute, em Indiana. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)