Câmara aprova projeto com novas regras para emendas parlamentares

Política
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A Câmara aprovou nesta terça-feira, 5, projeto de lei com novas regras para o uso de emendas parlamentares ao Orçamento da União. Foram 330 votos a favor, 74 contra e duas abstenções. O texto, que tramitou em regime de urgência, vai agora para análise do Senado.

 

O projeto é de autoria do deputado Rubens Pereira Jr. (PT-MA), aliado do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), e foi relatado pelo líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), que fez uma série de mudanças.

 

Os únicos partidos que orientaram contra o projeto foram o Novo e o PSOL. O governo foi favorável. O PL, a oposição e a minoria liberaram seus parlamentares para votar como quisessem.

 

Deputados e senadores tentam convencer o Supremo a liberar a execução das emendas ao Orçamento. O repasse desses recursos está suspenso desde agosto, quando Dino determinou que o Congresso e o governo dessem mais transparência e rastreabilidade para o envio das verbas aos municípios. A decisão do magistrado abriu uma crise entre os Poderes e, desde então, representantes do Legislativo, Executivo e Judiciário têm negociado uma saída.

 

O projeto aprovado veda adoção de "impedimentos técnicos" para a execução de emendas parlamentares. Os deputados ficaram incomodados com o que consideram uma tentativa do governo de interferir de forma excessiva nas emendas do Congresso. As negociações para mudanças partiram de um projeto alternativo apresentado pelo deputado Zé Vitor (PL-MG).

 

Autor do projeto, Pereira Jr. havia defendido os "impedimentos técnicos". "O que a gente não quer é que a emenda parlamentar seja usada como instrumento de barganha, instrumento de chantagem. Quando você coloca os impedimentos, está fixando quando a emenda pode não andar", declarou o deputado do PT na segunda-feira, 4.

 

Houve uma tentativa de aprovar uma espécie de calendário para a execução das emendas, mas esse trecho foi retirado por Elmar de última hora. O texto determinava que se não houvesse impedimento técnico, as emendas impositivas deveriam ser executadas em um prazo de até 150 dias - a medida era parecida com a que o deputado Danilo Forte (União-CE) tentou emplacar na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano.

 

Elmar também fixou em oito o número de emendas de bancada. O texto de Pereira Jr. estabelecia uma faixa de quatro a oito indicações por bancada, a depender do tamanho do Estado dos parlamentares - hoje esse número pode chegar a 20. Na reta final da negociação, o relator, porém, incluiu um dispositivo que permite até três emendas extras "que se destinem à continuidade de obras já iniciadas", o que, na prática, pode aumentar o número de emendas de bancada para 11.

 

Além disso, o relator aumentou o número de ações estruturantes para as quais os parlamentares podem enviar emendas de bancada e de comissão. Foram incluídos: turismo; esporte; agricultura; ciência, tecnologia e inovação; comunicações; prevenção a desastres; defesa; direitos humanos; mulheres e igualdade racial; cultura; e assistência social.

 

Já estavam nesse rol de ações estruturantes: educação; saneamento; habitação; saúde; adaptação às mudanças climáticas; transporte; infraestrutura hídrica; infraestrutura para desenvolvimento regional; infraestrutura e desenvolvimento urbano; e segurança pública.

 

Emendas parlamentares são recursos no Orçamento da União que podem ser direcionados pelos deputados e senadores a seus redutos eleitorais. Hoje, existem três modalidades: as emendas individuais, a que cada deputado e senador tem direito, as de bancada estadual e as de comissão. As duas primeiras são impositivas, ou seja, o pagamento é obrigatório, embora o governo controle o ritmo da liberação.

 

A cada ano, os parlamentares têm atuado para aumentar o valor das emendas no Orçamento. No entanto, um dos dispositivos incluídos no texto, após negociação com a Casa Civil, é a aplicação de um "teto" para o crescimento das emendas impositivas com base nas regras do arcabouço fiscal.

 

No caso das emendas de comissão, há um teto de R$ 11,5 bilhões em 2025. De 2026 em diante, o valor do exercício anterior só poderá ser reajustado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

 

Emendas de comissão

 

No caso das emendas das comissões temáticas, o projeto estabelece que o objeto da verba deve estar identificado de forma precisa, sem designação genérica. A destinação mínima das emendas para ações de saúde será de no mínimo 50%.

 

Essas emendas são hoje a principal barganha política no Congresso e são controladas pela cúpula do Legislativo. São as sucessoras do orçamento secreto - esquema de distribuição das antigas emendas de relator sem transparência, revelado pelo Estadão e considerado inconstitucional pelo STF.

 

Para descentralizar o poder sobre as emendas de comissão, o texto prevê que cada colegiado receberá as propostas de indicação dos líderes partidários, que deverão ser votadas pelos membros das comissões.

 

A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) disse que o projeto não resolve o problema de transparência das emendas de comissão. "Nesse projeto, que evoluiu em algumas coisas, em emenda de bancada e pix, na emenda de comissão continua a mesma coisa. Listas secretas de alguns líderes partidários. O presidente da comissão é mero operador, a comissão não sabe, os membros não sabem, somos todos laranjas e eu não quero ser laranja", criticou.

 

Emendas Pix

 

O projeto prevê que em relação às emendas individuais via transferência especial, as chamadas "emendas Pix", o autor deverá informar o objeto e o valor da transferência, com destinação preferencial para obras inacabadas.

 

O beneficiário deverá indicar a agência bancária e a conta-corrente específica em que os recursos serão depositados. Os dados devem ser divulgados no Transferegov.br. O governo estadual ou a prefeitura que for responsável pelo recebimento do recurso deve comunicar ao respectivo Poder Legislativo e ao Tribunal de Contas da União (TCU), em 30 dias, o valor do recurso, o respectivo plano de trabalho e o cronograma de execução.

 

Caso haja inconsistências no plano de trabalho, os órgãos de fiscalização poderão determinar adequações. As "emendas Pix" destinadas a calamidades ou emergências terão prioridade para execução.

 

Emendas de bancada

 

A proposta define que as emendas de bancada estadual - oito por bancada - só poderão ser destinadas a projetos e ações estruturantes nos Estados.

 

Essa era uma demanda do governo, que pretende atrelar o envio dos recursos a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

 

O Palácio do Planalto avalia que nos últimos anos o Congresso ganhou poder e autonomia excessivos sobre a destinação das emendas ao Orçamento.

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A fome vem matando cada vez mais palestinos em Gaza. Nesta terça-feira, 22, a ONU alertou que a crise humanitária atingiu um ponto crítico. O secretário-geral, António Guterres, fez um alerta. "Basta olhar para o horror que está acontecendo na Faixa de Gaza, com um nível de morte e destruição sem precedentes na história recente. A desnutrição está aumentando vertiginosamente. A fome está batendo em todas as portas", disse.

A organização também acusou o exército israelense de matar mais de 1.000 pessoas que buscavam comida em Gaza desde maio, a maioria perto de instalações da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), entidade apoiada por Israel e EUA.

"Até 21 de julho, registramos 1.054 pessoas mortas em Gaza enquanto tentavam obter alimentos; 766 delas morreram perto das instalações da GHF e 288 perto de comboios de ajuda da ONU e de outras organizações humanitárias", disse em comunicado o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

A GHF começou a distribuir cestas básicas em 26 de maio, após mais de dois meses de bloqueio completo imposto por Israel à entrada de qualquer ajuda humanitária em Gaza, apesar dos alertas sobre o risco de fome. Os números significam que o exército israelense estaria matando mais de 18 palestinos por dia na fila da comida.

Fome

Um bebê de 6 semanas está entre os 15 palestinos que morreram de desnutrição e fome em Gaza em apenas 24 horas. Desde segunda-feira, 21, 33 palestinos, incluindo 12 crianças, morreram por falta de comida no território, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Desde o início da guerra, em outubro de 2023, 101 palestinos, dos quais 80 crianças, morreram de desnutrição, segundo médicos de Gaza. De acordo com relatos, ninguém vem sendo poupado. Médicos, enfermeiros, jornalistas e trabalhadores humanitários também estão famintos.

O chefe da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, revelou que sua equipe, incluindo os médicos, estava desmaiando em serviço em razão da fome e da exaustão. Em entrevista à britânica BBC, o médico Mohamed Abu Salmiya, diretor do Hospital Shifa, da Cidade de Gaza, afirmou que 21 crianças morreram de fome desde domingo. "É um número alarmante de mortes, sendo que os pacientes diabéticos e renais correm um risco especial", afirmou.

Salmiya estima que cerca de 900 mil crianças sofram de fome grave em Gaza, sendo que 70 mil estão em estado severo de desnutrição. Os sintomas da fome, segundo ele, incluem desidratação e anemia. O atendimento é dificultado pelo fato de os hospitais já estarem sobrecarregados com as vítimas de tiros. "Os médicos não conseguem fornecer muito mais ajuda em casos de fome em razão da escassez de comida e de medicamentos", disse.

Jornalistas

A agência France-Presse também alertou que seus repórteres correm risco de morrer de fome. Em carta divulgada na segunda-feira, a associação de jornalistas da AFP diz que a agência trabalha com freelancers que estão vivendo em "miséria absoluta" e arriscando suas vidas para cobrir a guerra, "em meio à falta de comida, de água e de saneamento".

A Defesa Civil de Gaza e a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) também identificaram um aumento acentuado nos casos de desnutrição. Desde 27 de maio, após um bloqueio total de mais de dois meses imposto por Israel, a pouca ajuda humanitária que entra é distribuída pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), criticada por ativistas, organizações internacionais, diplomatas e pela ONU. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, negou relatos da mídia local de que ele renunciaria em breve. Segundo o premiê, o foco do momento será garantir que o acordo comercial com os Estados Unidos seja executado sem problemas.

"Não houve qualquer discussão sobre o meu futuro", afirmou Ishiba a repórteres após reunião com os ex-primeiros-ministros Taro Aso, Yoshihide Suga e Fumio Kishida.

Mais cedo, a mídia local reportou que Ishiba planejava renunciar agora que o Japão chegou a um acordo com os Estados Unidos. A pressão para que Ishiba renuncie aumentou depois que a coalizão governista perdeu sua maioria na Câmara Alta nas eleições de domingo, 20.

"Meus maiores esforços serão dedicados a garantir que os meios de vida da população sejam devidamente protegidos. O que está sendo relatado é completamente falso", disse Ishiba.

Mais cedo, ao ser questionado se planeja renunciar, Ishiba afirmou que consideraria várias questões - incluindo seu futuro político - após o negociador comercial Ryosei Akazawa voltar de Washington e relatar detalhes do acordo comercial com os Estados Unidos. Fonte: Dow Jones Newswires*.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O filho do ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, Hunter Biden, afirmou em uma entrevista que o pai teve um desempenho desastroso no debate com Donald Trump nas eleições do ano passado por ter tomado zolpidem, um medicamento hipnótico indicado para insônia.

Segundo Hunter contou ao youtuber Andrew Callaghan nesta segunda-feira, 22, Biden havia viajado duas vezes à Europa e participado de um evento de arrecadação de fundos na Califórnia, e ficou exausto. "Eu sei o que houve naquele debate. Ele voou ao redor do mundo, pela quilometragem, poderia ter dado a volta na Terra três vezes. Ele tem 81 anos de idade, estava muito cansado", disse.

"Deram Ambien [zolpidem] para que ele pudesse dormir. Aí, ele subiu no palco e ficou igual a barata tonta", acrescentou.

O debate, ocorrido em junho do ano passado, alterou a campanha presidencial dos EUA. Biden teve lapsos de memória, mostrou fragilidade física e perdeu a linha de raciocínio. Por causa do desempenho, a candidatura entrou em crise e o então presidente passou a sofrer pressão de lideranças do Partido Democrata para renunciar à reeleição.

Quase um mês após o debate e semanas de pressão, Biden abriu mão da candidatura e Kamala Harris, sua vice-presidente, o substituiu.

Na entrevista da segunda, Hunter criticou os democratas, assessores do ex-presidente Barack Obama e o ator George Clooney por pressionarem Biden a desistir. "Eles acham que sabem mais do que o homem que conseguiu, ao contrário de todo mundo, ser eleito para o Senado dos EUA sete vezes e ter mais votos do que qualquer outro presidente?Acham que podem substituir o juízo dele?", disse o filho do ex-presidente.

Relembre o debate

Biden apareceu no primeiro debate presidencial contra Trump no ano passado com a voz rouca, sem dar respostas coerentes e com lapsos de memória que o faziam congelar nas respostas. O desempenho aumentou os temores relacionados a idade, que já era tema na campanha.

Após o debate, quase dois terços dos democratas queriam que ele desistisse da disputa, de acordo com uma pesquisa divulgada um mês após o episódio pela Associated Press e pela NORC, uma instituição de pesquisa independente da Universidade de Chicago.

Embora a idade avançada do candidato tenha aparecido como um fator de preocupação entre os eleitores desde as primeiras pesquisas eleitorais, dúvidas sobre a capacidade de governar explodiram após o debate. Até ele desistir, outros episódios aconteceram, como confundir Volodmir Zelenski com Vladimir Putin e dizer que Trump era seu vice.

O que é zolpidem?

Zolpidem é um remédio de uso controlado da classe terapêutica dos hipnóticos, indicado para indução do sono como tratamento de curta duração para a insônia.

Disponível há mais de 30 anos no mercado, o fármaco ganhou popularidade pela facilidade na prescrição médica em relação às outras medicações para mesma finalidade e também pelos relatos de efeitos colaterais, como amnésia e alucinações.

No Brasil, a resolução da Anvisa afirma que qualquer medicamento contendo zolpidem deverá ser prescrito por meio de Notificação de Receita B (azul), já que o produto faz parte da lista de substâncias psicotrópicas englobadas pela norma de substâncias controladas no País.

A receita tipo B exige que o profissional prescritor seja previamente cadastrado na autoridade local de vigilância sanitária.