O uso de medicamentos como Ozempic, originalmente indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, vem crescendo rapidamente no Brasil por motivos que vão além da prescrição médica: a busca por emagrecimento rápido, motivada principalmente por razões estéticas. Impulsionado por celebridades e influenciadores nas redes sociais, estes remédios passaram a ser adotados por muitos brasileiros, inclusive sem acompanhamento médico, o que tem gerado grande preocupação entre profissionais da saúde e já se reflete em mudanças no consumo cotidiano dos brasileiros.
Esta é a conclusão de uma pesquisa inédita da Reds Research, empresa do grupo HSR, maior grupo de pesquisa da América Latina, realizada junto a 2 mil pessoas de todas as regiões, entre os meses de maio e junho de 2025, na qual se verificou que 19% dos brasileiros já fizeram uso de Ozempic ou medicamentos similares, como Mounjaro e Victoza. Apontou também que, em média, os usuários destes remédios consomem 21% menos alimentos.
Entre os brasileiros que utilizam atualmente estes remédios, a percepção de redução do apetite é maior entre os usuários de Mounjaro (64%) do que entre os de Ozempic (36%). Por outro lado, a percepção de perda de peso significativa é mais expressiva entre os usuários de Ozempic (54%) em comparação aos de Mounjaro (32%).
“A crescente procura por medicamentos como o Ozempic e similares revela uma nova forma de consumo relacionada à saúde, à alimentação e ao bem-estar. Ao mesmo tempo, esse movimento levanta questões importantes sobre medicalização, acesso e o uso responsável desses tratamentos”, afirma Karina Milaré, CEO da Reds e líder do estudo.
As motivações mais citadas para o início do uso são perda de peso (42%) e recomendação médica (38%), sendo que 23% usam os medicamentos por conta própria. A faixa etária com maior adesão é a de 18 a 25 anos, com predominância nas classes sociais A/B1. Entre os principais efeitos relatados pelos usuários estão a redução do apetite (52%), perda de peso significativa (37%), melhor controle da glicose (31%) e náusea ou desconforto gástrico (23%). Já entre os que interromperam o uso, os principais motivos foram o alto custo (46%) e o fato de terem atingido o peso desejado (23%).
Impactos Diretos no consumo de alimentos
O estudo também traz descobertas interessantes para a Indústria de Alimentos e Bebidas.Contrariando expectativas, usuários de Ozempic não apenas comem menos, eles consomem diferente:
Reduções dramáticas:
Ovos: -21% (principal proteína brasileira rejeitada);
Temperos: -23%;
Enlatados: -24%;
Carboidratos tradicionais: pão (-18%), macarrão (-12%);
Aumentos inesperados:Bebidas premium: Gin (+137%), Whisky (+84%), Sake (+208%);
Proteínas vegetais: +67%;
Pratos prontos: +67% (paradoxo da conveniência);
Vegetais congelados: +43%.
Novo perfil de consumidor
A pesquisa revela um consumidor menos impulsivo, mais planejado e premium:Compras mensais estruturadas;
Menor abertura a novas marcas;
Foco em custo-benefício, mantendo qualidade;
Redução da impulsividade alimentar.
Impacto setorial
As descobertas apontam transformações estruturais para:
Indústria alimentícia: necessidade de reformular portfólios;
Varejo: adaptação de mix de produtos;
Mercado premium: oportunidades de crescimento;
Setor de conveniência: expansão de pratos prontos saudáveis.
Pesquisa revela que Ozempic e medicamentos similares estão modificando hábitos alimentares dos brasileiro
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