Transição de gênero: pessoas trans podem realizar o sonho da parentalidade com apoio da medicina reprodutiva

Saúde
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A transição de gênero é um passo essencial para o bem-estar e a afirmação da identidade de pessoas trans. No entanto, muitos não têm acesso a informações sobre como os procedimentos envolvidos nesse processo — especialmente o uso prolongado de hormônios como testosterona e estrogênio, e as cirurgias de afirmação de gênero — podem comprometer ou até eliminar a capacidade reprodutiva.

“Nas cirurgias de afirmação de gênero, como a retirada de útero, ovários ou testículos, a fertilidade é perdida permanentemente. Mas mesmo quem não passa por cirurgia pode sofrer infertilidade por causa da terapia hormonal”, explica a Dra. Thais Domingues, especialista em reprodução assistida da Huntington Medicina Reprodutiva.

O ideal, segundo a médica, é que os gametas sejam preservados antes do início da transição. “Sabemos que muitos começam o processo pela medicação. Por isso, é fundamental que médicos e pacientes estejam conscientes da importância da preservação da fertilidade antes da transição. Isso amplia as chances de uma parentalidade futura, se for do desejo da pessoa”, afirma.

Caminhos possíveis com a medicina reprodutiva - Mesmo quem não preservou os gametas previamente, a medicina reprodutiva oferece caminhos possíveis. Casais formados por pessoas trans e cis, ou pessoas trans que desejam ser mães ou pais solo, podem recorrer à doação de óvulos, espermatozoides ou embriões, por meio de bancos nacionais e internacionais.

“O embrião pode ser implantado no útero de uma das pessoas do casal ou, quando necessário, em um útero de substituição”, detalha. Esse procedimento é indicado, por exemplo, para pessoas trans que não têm o útero ou não desejam interromper o uso da testosterona.

Além disso, pessoas trans podem realizar o congelamento de óvulos ou espermatozoides. A criopreservação é um processo seguro, idealmente realizado antes de procedimentos hormonais que possam impactar a fertilidade e obrigatoriamente antes cirúrgicos, como a retirada dos ovários ou testículos. Sob temperatura de -196 °C, essas estruturas mantêm seu metabolismo completamente inativado, mas preservando sua viabilidade. Esses gametas poderão ser utilizados no futuro para a formação de embriões, com o gameta do(a) parceiro (a) ou de doadores.

 

Cenário Brasileiro e Acesso à Reprodução Assistida

Apesar dos avanços técnicos, o acesso à reprodução assistida ainda é um desafio no Brasil, sobretudo para pessoas trans. Segundo o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), apenas 6% das clínicas brasileiras oferecem esse tipo de tratamento pelo sistema público, e 77% estão concentradas nas regiões Sudeste e Sul. Isso cria barreiras significativas, especialmente para quem vive em outras regiões do país ou depende exclusivamente do SUS.

Nesse cenário, clínicas privadas especializadas, como a Huntington Medicina Reprodutiva, cumprem um papel fundamental ao ampliar o acesso a tratamentos seguros, humanizados e baseados em evidências – com acolhimento às especificidades da população LGBTQIAPN+. “Nosso compromisso é garantir que todas as pessoas, independentemente da identidade de gênero, tenham a possibilidade de realizar o sonho da parentalidade com dignidade, segurança e informação”, conclui a Dra. Thaís.