25.05 - Dia internacional da tireoide: a condição silenciosa que pode ser confundida com "cansaço" ou até mesmo depressão

Saúde
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No dia 25 de maio é celebrado o Dia Mundial da Tireoide, uma data criada para alertar a população sobre a importância dessa pequena glândula localizada na base do pescoço, responsável por produzir hormônios que regulam funções essenciais do corpo, como metabolismo, energia, humor, frequência cardíaca, cognição, saúde da pele e dos cabelos.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 750 milhões de pessoas no mundo convivem com alguma disfunção tireoidiana. O mais alarmante é que cerca de 60% dessas pessoas desconhecem o problema. As doenças da tireoide, como hipotireoidismo, hipertireoidismo, nódulos e câncer de tireoide, afetam especialmente as mulheres, em diferentes fases da vida, da adolescência ao climatério.

Segundo a Dra. Elaine Dias JK, PhD em endocrinologia pela USP e metabologista, o acompanhamento hormonal regular é essencial. “A tireoide é central para o equilíbrio do organismo. Alterações sutis podem impactar diretamente a qualidade de vida. Por isso, é fundamental incluir exames hormonais na rotina de saúde”, explica.

Ansiedade, cansaço extremo, irritabilidade e queda de cabelo podem ter causa hormonal e não apenas emocional. Muitas pessoas convivem com sintomas como fadiga persistente, desânimo, insônia, ganho de peso, perda de foco, tristeza e alterações de humor, acreditando se tratar de estresse, depressão ou excesso de trabalho. No entanto, essas manifestações podem indicar desequilíbrios hormonais, especialmente da tireoide.

“A grande armadilha das doenças da tireoide é a semelhança dos sintomas com outras condições, como transtornos de ansiedade ou depressão. Isso leva ao atraso no diagnóstico e, muitas vezes, ao agravamento do quadro”, alerta a Dra. Elaine.

O diagnóstico das disfunções é simples, feito por meio de exames laboratoriais que avaliam o TSH, T4 Livre e anticorpos antitireoidianos. “Esses testes são acessíveis e deveriam fazer parte da rotina de exames preventivos”, destaca a médica.

 

É importante ter atenção à tireoidite pós-parto:

 

Cansaço intenso, tristeza profunda, irritabilidade e queda de cabelo podem sinalizar uma inflamação na tireoide após o nascimento do bebê. Um exemplo claro da dificuldade em identificar alterações na tireoide é a tireoidite pós-parto, uma condição inflamatória que pode surgir até um ano após o nascimento do bebê. Os sintomas, muitas vezes confundidos com o cansaço natural da maternidade ou até com depressão pós-parto, incluem ansiedade, agitação, insônia, batimentos cardíacos acelerados, além de fadiga extrema, queda de cabelo e tristeza.

De acordo com a Dra. Elaine, a tireoidite pós-parto costuma evoluir em duas fases: primeiro, a tireoide trabalha de forma acelerada (fase hipertireoidiana) e depois entra em uma fase de lentidão (hipotireoidiana). “A mulher vive uma montanha-russa hormonal sem saber. E como o foco geralmente está no bebê, os sintomas passam despercebidos”, explica.

 A condição pode evoluir para hipotireoidismo permanente em até 40% dos casos, especialmente em mulheres com predisposição genética ou doenças autoimunes. “É muito importante cuidar da saúde da mãe com o mesmo olhar atento que se dá ao recém-nascido. O bem-estar da família começa pelo equilíbrio físico e emocional da mulher”, reforça a médica.

 

Mas afinal, qual o tratamento correto para tireoide?

 

Com o aumento dos diagnósticos e a grande quantidade de mulheres que convivem com sintomas sem saber que têm alguma disfunção tireoidiana, cresce também o interesse por abordagens integrativas que envolvam mais do que apenas a medicação. Além dos tratamentos convencionais, muitos especialistas reforçam a importância do estilo de vida e da alimentação no suporte à saúde da tireoide.

“A verdade é que o tratamento para as doenças da tireoide não é único e depende muito do diagnóstico específico de cada paciente. Em muitos casos, é necessário o uso de medicações para equilibrar os hormônios, como a levotiroxina no caso do hipotireoidismo ou os antitireoidianos no hipertireoidismo. Mas isso não exclui o papel de uma boa alimentação, que fornece nutrientes como selênio, iodo, zinco e vitamina D. Além disso, alguns suplementos alimentares podem ajudar, desde que usados com orientação médica, principalmente em casos de carência nutricional. Ter um zelo maior com as noites de sono, gerenciar o estresse e manter uma rotina com atividade física, porque o estilo de vida tem impacto direto sobre a saúde hormonal.” finaliza a Dra. Elaine Dias JK.

Entre as inovações mais recentes, destaca-se a ablação por radiofrequência (RFA), um procedimento minimamente invasivo que utiliza calor para reduzir ou eliminar nódulos benignos da tireoide. Essa técnica preserva a função da glândula e evita cicatrizes, sendo realizada em ambiente ambulatorial.

O mais importante é lembrar que a tireoide responde ao equilíbrio do corpo como um todo, e por isso o tratamento deve ser sempre individualizado e acompanhado por um especialista.