Turismo literário: viajando pelas páginas do Brasil

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Viajar é uma forma de contar histórias — e poucas narrativas são tão ricas quanto as que o Brasil escreve em sua própria paisagem. O chamado turismo literário vem ganhando espaço no país ao unir dois prazeres nacionais: o amor pelas viagens e a paixão pelos livros. Em vez de roteiros convencionais, leitores estão transformando destinos em capítulos vivos de suas obras favoritas. Cidades como Paraty, Itabira e Recife se tornaram referências de um movimento que celebra a literatura como patrimônio cultural e experiência sensorial.

Em Paraty (RJ), o encanto colonial mistura-se com o som das palavras. A cidade é sede da Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP), evento que há duas décadas transforma as ruas de pedra em palco para autores, leitores e artistas. Mas o turismo literário ali vai além da festa: há roteiros que passam por livrarias históricas, casas de escritores e espaços de leitura à beira-mar. Caminhar por Paraty é como folhear um livro de aquarelas — uma leitura feita de luz, mar e memória.

Já em Itabira (MG), o legado de Carlos Drummond de Andrade é o fio condutor de uma viagem pela poesia. O “Museu de Território Caminhos Drummondianos” é um percurso a céu aberto com 44 pontos que revelam os lugares e os afetos que moldaram o poeta. As ruas, praças e casarões parecem recitar seus versos, criando uma imersão que transforma o visitante em leitor-participante. É uma experiência poética e emocional que resgata a infância e o olhar mineiro de Drummond sobre o mundo.

No Nordeste, Recife e Olinda respiram a literatura de Ariano Suassuna, João Cabral de Melo Neto e Clarice Lispector. Roteiros literários levam turistas às paisagens do Auto da Compadecida e aos espaços onde Clarice viveu antes de partir para o Rio. Cafés literários, feiras de livros e saraus completam a atmosfera cultural das duas cidades. De norte a sul, o turismo literário cresce como uma forma de reconectar o brasileiro à sua própria narrativa — uma viagem que não precisa de passaporte, apenas de imaginação e curiosidade.

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