Desmatamento avança no Cerrado e ameaça equilíbrio climático do país

Meio Ambiente
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Enquanto a Amazônia registra sinais de desaceleração no ritmo de desmatamento, outro bioma brasileiro acende um alerta vermelho: o Cerrado. Segundo dados recentes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a região teve um aumento de mais de 15% nas áreas desmatadas nos primeiros cinco meses de 2025, em comparação com o mesmo período do ano passado. Trata-se do pior índice desde 2012.

Conhecido como "berço das águas" por abrigar nascentes das principais bacias hidrográficas do Brasil, o Cerrado é fundamental para o equilíbrio climático e hídrico do país. No entanto, a pressão por expansão agropecuária, monoculturas e especulação imobiliária tem acelerado a destruição da vegetação nativa, com consequências diretas para o aumento da temperatura, perda de biodiversidade e ameaça à segurança hídrica.

“O Cerrado é tão importante quanto a Amazônia, mas historicamente tem recebido menos proteção legal e atenção política”, afirma a bióloga e pesquisadora do IPAM, Carla de Almeida. Segundo ela, o desmatamento do bioma contribui fortemente para as emissões de gases de efeito estufa, intensificando os efeitos das mudanças climáticas, especialmente no Centro-Oeste e Sudeste do país.

Além do impacto ambiental, comunidades tradicionais, povos indígenas e pequenos produtores também têm sido afetados pela degradação e pela grilagem de terras. Organizações socioambientais defendem a aprovação de leis mais rigorosas para proteger o bioma e frear o avanço predatório, como o fortalecimento do Código Florestal e a destinação de mais áreas ao regime de proteção permanente.

Com o agravamento da crise climática e a expectativa de eventos extremos mais frequentes, preservar o Cerrado não é apenas uma causa ambiental — é uma questão estratégica para a sustentabilidade do país. “Sem o Cerrado, não há água. E sem água, não há futuro”, resume a ambientalista.