A crise hídrica volta a preocupar autoridades e a população das principais capitais do Sudeste brasileiro. Com os níveis dos reservatórios em queda acelerada, cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte já enfrentam restrições no abastecimento de água em algumas regiões periféricas.
Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), o volume médio dos principais reservatórios da região chegou, em abril, a 28% da capacidade — o menor índice desde 2014. Especialistas atribuem o cenário à combinação de chuvas abaixo da média histórica, agravada pelo desmatamento de áreas de nascentes e o aumento da temperatura global.
“Estamos enfrentando um ciclo cada vez mais severo de estiagens prolongadas. Isso é resultado direto das mudanças climáticas e da degradação dos ecossistemas que regulam o ciclo da água”, afirma Marina Ribeiro, hidróloga do Instituto de Pesquisas Ambientais (IPA).
Além dos efeitos diretos sobre o consumo doméstico, a crise hídrica também impacta a produção agrícola e a geração de energia nas hidrelétricas. Em Minas Gerais, produtores de café relatam perdas de até 35% na safra por falta de irrigação.
Em resposta à situação, governos estaduais têm intensificado campanhas de conscientização sobre o uso racional da água e estudam medidas emergenciais, como o uso de caminhões-pipa e a perfuração de poços profundos. Ambientalistas, no entanto, alertam que ações pontuais não são suficientes.
“O problema é estrutural. Sem políticas públicas de proteção aos mananciais e recuperação da vegetação nativa, viveremos ciclos de escassez cada vez mais frequentes”, adverte João Pedro Arantes, coordenador da ONG Verde Vivo.
A população também tem se mobilizado. Grupos comunitários em bairros da capital paulista, por exemplo, criaram redes de monitoramento do consumo e de reaproveitamento de água da chuva para uso doméstico.
Enquanto as previsões meteorológicas apontam mais meses de estiagem, o debate sobre gestão hídrica e sustentabilidade volta com força à pauta ambiental brasileira.
Crise hídrica se agrava e acende alerta em regiões urbanas do sudeste
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