Com curadoria de Luis Sandes, a exposição Inefável-Ultrafino apresenta cerca de 30 obras da artista em sua primeira individual em São Paulo
O Museu de Arte Brasileira da Faap inaugura, nesta sexta-feira, a exposição Inefável-Ultrafino, da artista brasileira Renata Haar. A mostra integra o projeto Mezanino Aberto, que traz exposições de jovens artistas formados pela FAAP ou professores que fizeram parte da instituição. A artista apresenta- pela primeira vez em São Paulo-, cerca de 30 obras, entre vídeos, gravuras, desenhos em papel e objetos tridimensionais.
Ao entrar na faculdade de Artes Plásticas na Faap, Renata pode desenvolver suas habilidades e descobriu sua vocação. "A Faap traz uma formação muito interessante porque aprendemos todas as mídias como desenho, pintura, gravura, cerâmica. Para mim foi muito transformador desenvolver essa subjetividade", conta a artista. No curso, ela pode extrapolar os formatos e linguagens. "Ali pude experimentar, e foi ficando muito claro que não tinha o desejo de me especializar em uma mídia, mas aprofundar o sentido delas na minha linguagem", conta.
No 3º ano, Haar descobriu que haveria a possibilidade de fazer um intercâmbio com bolsa em Paris. Seguiu para a capital francesa para estudar na Escola de Belas Artes. Lá ela pode estudar com artistas como os escultores Jean Luc Vilmouth e Vicent Barré, e com um dos mais proeminentes artistas contemporâneos, o francês Christian Boltanski, com quem desenvolveu também o mestrado. "Ele foi muito importante para mim. Não apenas no fazer artístico, mas no aprendizado da responsabilidade com o trabalho, na ética, no comportamento, e em pensar que tipo de imagem você vai colocar no mundo, em como vai afetar as pessoas", conta a artista.
A influência de Boltanski, artista de origem judaica, também se deu no âmbito pessoal. Filha de pai judeu e mãe católica, ela buscou traçar histórias da família. "Ele também me nutriu muito de literatura e da busca pelas histórias de família, de perseguição e elaboração da morte. Questões como identidade e desaparecimento são bem importantes na minha obra", afirma.
O 'ultrafino' na obra da artista
Segundo o curador Luis Sandes, "o ultrafino pode, num certo sentido, ser entendido como algo da ordem do inefável ou também do transcendental. A exposição concentra obras em diversos suportes de Renata Haar que evidenciam sua relação com as pequenas percepções, o inefável e o transcendental. A artista abre espaço ou coloca em foco ações, gestos e seres que, antes, passavam despercebidos de nossos sentidos", afirma.
A sutileza dos traços, a maioria feitos em papel, são características da artista. "Eu gosto de brincar com limites e definições", conta. "O material onipresente na minha obra é o papel. Eu coleciono papeis e gosto de intervir neles. Esse contato permite também um atrito, e é uma linguagem muito diferente da pintura". Há também questões sobre temporalidade e desaparecimento ao usar o papel como principal material em suas obras.
Destaques da exposição
Um dos trabalhos de destaque é a série Leis da Eternidade, com desenhos inacabados amassados em gesso que se transformam em esculturas. "Esses objetos são feitos a partir de desenhos falhados ou que, noutras palavras, "deram errado" e não assumem o status de obra para a artista. Ela amassa esses desenhos em papel e adiciona a eles gesso, criando espécies de pedras", conta o curador.
Há também litografias sobre papel, como é o caso de Espiral 2 e Ruído branco sobre grama, ambas criadas em 2022. As obras presentes na exposição foram feitas entre 2020 até os dias atuais. Entre os desenhos, estão Dentro de algum lugar (2021), Noite (2021), Em algum lugar da queda de Ícaro II (2022), Equilíbrio (2023), Algumas coisas (2022), Poça azul (2022), Sonar pela de maçã, (2023), Em algum momento da queda de Ícaro 3 (2023).
Trabalho inédito em parceria com Caio Haar
Um dos trabalhos inéditos apresentados na exposição é o vídeo Barco, feito em colaboração com o irmão da artista, Caio Haar, que funciona como eixo central da exposição. Além deste, haverá outro vídeo inédito, Sem título 2014, um site specific projetado no verso do portal de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que ocupa o mezanino do MAB.
Museu de Arte Brasileira da Faap apresenta exposição de Renata Haar no projeto Mezanino Aberto
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