O Museu Judaico de São Paulo anuncia a programação completa da quarta edição do FliMUJ – Festival Literário do MUJ, que acontece entre os dias 9 e 12 de outubro. Reunindo convidados nacionais e internacionais, o evento deste ano propõe um mergulho nos desafios da construção coletiva da verdade, por meio de registros históricos, relatos pessoais, narrativas literárias e diferentes maneiras de lidar com o passado.
A edição é guiada pela pergunta “Emet: A verdade tem começo, meio e fim?”, inspirada na tradição judaica. Em hebraico, a palavra “verdade” (emet, אמת) é formada por letras que simbolizam o início, o meio e o fim do alfabeto, evocando uma visão de continuidade e solidez. Já a “mentira” (sheker, שקר), composta por letras instáveis e sucessivas, representa fragilidade. Nos textos do Talmud e do Midrash, a verdade se constrói coletivamente, em debate e diálogo, e nunca como única revelação.
Entre os destaques internacionais, a escritora e historiadora israelense Fania Oz-Salzberger chega ao Brasil a convite do Instituto Brasil-Israel (IBI) e do MUJ. Autora de Os Judeus e as Palavras, escrito em parceria com seu pai, o romancista Amós Oz, Fania defende que a continuidade do povo judeu se ancora na relação com os textos, a tradição escrita e o debate intelectual.
No âmbito do Ano da França no Brasil, o festival recebe a socióloga franco-israelense Eva Illouz, professora da Universidade Hebraica de Jerusalém e da Escola de Estudos Avançados em Paris, além de autora de 8 de outubro: genealogia de um ódio virtuoso. Também parte da temporada Brasil-França a escritora franco-ruandesa Scholastique Mukasonga, vencedora do Prêmio Renaudot, conhecida por obras como A mulher de pés descalços (2017), Nossa Senhora do Nilo (2017) e Baratas (2018) se junta a Carlos Reiss, coordenador-geral do Museu do Holocausto, em reflexão sobre o valor do testemunho e os caminhos de responsabilização, reparação e cura diante de episódios traumáticos.
Outra presença aguardada é a da quadrinista israelense Rutu Modan, autora de álbuns premiados como A Propriedade (2015) e do recém-lançado Túneis (2024), publicados no Brasil pela WMF Martins Fontes. Em seus quadrinhos, Rutu explora com humor e sutileza as tensões do cotidiano israelense. No FliMUJ, ela se encontra com a cartunista brasileira Laerte Coutinho para uma conversa sobre como sátira, ilustração e ironia podem iluminar debates sobre política, identidade e liberdade.
Também integra a programação, a convite do Goethe-Institut, a escritora alemã de ascendência nigeriana Jennifer Teege, conhecida pela autobiografia Amon: Meu Avô Teria Me Executado. No livro, ela relata o impacto de descobrir ser neta de Amon Göth, comandante nazista retratado em A Lista de Schindler. No festival, dialoga com o escritor André de Leones, autor de Meu passado nazista, sobre como o extremismo pode estar mais próximo do que imaginamos — e como ideologias que julgávamos superadas podem ressurgir nos lugares mais inesperados.
A cena brasileira também marca presença de peso: Carol Rodrigues e Felipe Poroger, autor de Alguém sobrevive nesta história (2025), conversam sobre as experiências da geração que cresceu nos anos 1990. Já o premiado Julian Fuks, vencedor do Jabuti com A Resistência (2015), divide mesa com a escritora e pesquisadora Tatiana Salem Levy, autora de A Chave de Casa, em debate mediado por Rita Palmeira.
Completam a programação nomes como Alessandra Orofino, Leonardo Avritzer, Priscila Sztejnman e Renato Nogueira, que trarão olhares diversos para questões urgentes da contemporaneidade.
O acesso às mesas do FliMUJ é gratuito, mas as vagas são limitadas. Os ingressos devem ser retirados antecipadamente, pelo do site Museu Judaico de São Paulo. Caso os ingressos tenham se esgotado online, ainda será possível tentar uma vaga na fila de espera, no local.
Programação completa:
9 de outubro, quinta
19h - Mesa 1 | Abertura
Quem se importa com palavras?
com Fania Oz-Salzberger
mediação de Laura Capelhuchnik
“A continuidade judaica sempre se articulou em palavras”, escrevem a historiadora israelense Fania Oz-Salzberger, e seu pai, o romancista Amós Oz, no livro Os judeus e as palavras. Para os autores, a linhagem judaica não é de sangue, mas de texto. É como se a longevidade e a singularidade do povo judeu dependessem do permanente debate entre gerações. E o que acontece quando o diálogo entra em crise? Quando ninguém mais parece disposto a ouvir? Quando palavras, de tão desgastadas, tornam-se clichês? E quando qualquer coisa que se diga - ou que se escreva - parece insuficiente para transformar a realidade? Na mesa de abertura do Festival Literário do Museu Judaico de São Paulo, Fania Oz-Salzberger reflete sobre identidade judaica, sociedade israelense, o potencial e o limite das palavras.
Esta mesa tem o apoio do Instituto Brasil-Israel.
Fania Oz é uma escritora e historiadora israelense, professora emérita de História na Universidade de Haifa. Seu livro mais conhecido, Os judeus e as palavras, escrito em coautoria com seu pai, Amos Oz, apresenta uma leitura pessoal e bem-humorada sobre a história e a cultura judaica.
Laura Capelhuchnik é jornalista e editora-assistente do núcleo de podcasts e documentários do UOL. É criadora do podcast Livros no Centro, da Livraria Megafauna, e trabalhou na Rádio CBN, no Nexo Jornal e no Estadão. Foi produtora convidada do podcast documental Israel Story, produzido em parceria com o jornal The Times of Israel.
10 de outubro, sexta
15h - Mesa 2
Como as democracias sobrevivem?
com Alessandra Orofino e Leonardo Avritzer
mediação de Thais Bilenky
A democracia encontra-se sob enorme pressão, seja no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa ou em Israel. Alguns autores, inclusive, têm alertado para o fato de que o Estado democrático de direito não é mais derrubado por rupturas violentas, revoluções ou golpes militares. O avanço do autoritarismo tende a ocorrer pelo enfraquecimento de instituições como o judiciário e a imprensa, e pela erosão das normas políticas. O que fazer, então, para frear esse processo? Nesta mesa, a economista, diretora e ativista Alessandra Orofino e o cientista político Leonardo Avritzer convidam a pensar sobre como garantir a vida dos regimes democráticos.
Alessandra Orofino é Diretora Executiva da Peri, uma empresa de mídia focada em histórias que importam. Ela é especialista em comunicação de massa e mobilização em larga escala, com vasta experiência em mobilização popular e desenvolvimento de produtos de impacto para televisão e cinema. Co-fundou o NOSSAS, onde foi Diretora Executiva, criou e dirigiu o programa Greg News e é a principal produtora de documentário dirigido por Petra Costa. Alessandra faz parte do Conselho de três organizações com forte foco em estratégias culturais e narrativas: a Luminate Foundation, a Meliore Foundation, e o ICCI. Por fim, ela é Fellow da Obama Foundation e recebeu o Prêmio Skoll de Inovação Social em 2022.
Leonardo Avritzer é um cientista político, escritor, pesquisador e professor universitário brasileiro. Considerado um dos maiores politólogos do Brasil na atualidade, graduou-se na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), procedendo ao doutorado na New School for Social Research e, posteriormente, ao pós-doutorado no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Thais Bilenky é jornalista formada pela USP, é colunista do UOL e apresentadora dos podcasts A Hora e Lira, os atalhos do poder. Na Folha de S.Paulo, foi correspondente em Nova York e repórter em Brasília e São Paulo. Na revista piauí, apresentou os podcasts Foro de Teresina e Alexandre.
17h - Mesa 3
Quem nunca?
com Carol Rodrigues e Felipe Poroger
mediação de Bianca Mantovani
Memórias de infância e juventude podem ser agradáveis ou embaraçosas. Afinal, essas fases da vida são repletas de incertezas, expectativas e desejos, normalmente acompanhados da sensação de desarranjo - no corpo, na família, no grupo de amigos. Como se não bastasse, o fato de se perceber mulher, ou judeu, acrescenta ingredientes peculiares à experiência do amadurecimento. Nesta mesa, dois autores da mesma geração, cujas obras, cheias de humor e ironia, constituem testemunhos de quem cresceu nos anos 90, conversam sobre o modo pelo qual a identidade torna-se matéria-prima para a escrita, mostrando que vivências pessoais raramente são individuais.
Carol Rodrigues é autora do livro de contos Sem vista para o mar (2014, Edith), que recebeu os prêmios Jabuti e da Biblioteca Nacional. Em 2017, publicou o romance O melindre nos dentes da besta (7Letras), finalista dos prêmios São Paulo de Literatura e Jabuti. Lançou em 2023 o romance A Mulher do Padre (Todavia). Em 2024 foi autora residente do MALBA (Argentina) e do programa Nanjing City of Literature (China) pela UNESCO. Trabalha como roteirista, curadora e facilitadora de oficinas de escrita criativa. Foi jurada do Prêmio Biblioteca Nacional de Contos, em 2016, do Prêmio Literário de Jacareí, em 2018, e do Prêmio Oceanos em 2022 e 2023.
Felipe Poroger nasceu em São Paulo, em 1990. Formado em cinema e filosofia e mestre em arquitetura e urbanismo, publicou artigos na Folha de S.Paulo, piauí, Carta Capital e Nexo. É diretor do Festival de Finos Filmes e cofundador da Cinemália. Alguém sobrevive nesta história é seu primeiro romance.
Bianca Mantovani é gestora cultural, curadora e pesquisadora. É mestra em Museologia pela USP e possui graduação em Letras pela mesma universidade. Já trabalhou em diversas instituições culturais, como Biblioteca Mário de Andrade, Ateliê397, Museu da Casa Brasileira e Instituto Moreira Salles. É curadora pelo terceiro ano consecutivo do Festival Litero Musical de São José dos Campos. Escreve verbetes para a Enciclopédia do Itaú Cultural e é coordenadora de programação cultural do Museu Judaico de São Paulo.
19h - Mesa 4 | Quer que eu desenhe?
com Laerte Coutinho e Rutu Modan
Mediação: Micheline Alves
Cartuns, charges e quadrinhos tornaram-se formatos consagrados para contar histórias e fazer críticas sociais. Talvez isso se deva à sua capacidade única de sintetizar mensagens, combinando imagem e palavra, e à presença do humor, que permite aos criadores dizer verdades muitas vezes impronunciáveis. Nesta mesa, duas expoentes da nona arte, a cartunista brasileira Laerte Coutinho e a quadrinista israelense Rutu Modan, conversam sobre ilustração, sátira e política – dentro e fora dos quadrinhos.
Laerte Coutinho é autora de quadrinhos, cartuns e charges. Nasceu em São Paulo, em 1951, fez alguns cursos livres de pintura, desenho e teatro; entrou na USP, em Comunicações, pra fazer Música e depois Jornalismo - não se graduou. Foi uma das criadoras da revista Balão (quadrinhos) e da empresa Oboré (assessoria de comunicação para sindicatos). Publicou seu trabalho n’O Pasquim, n’O Bicho, no Estado de São Paulo, na Folha de São Paulo, em várias revistas. Foi autora da revista Piratas do Tietê - também o nome da tira diária que produz. Participou da redação de programas de tevê da Rede Globo: “TV Pirata”, “TV Colosso”, “Sai de Baixo”. Apresentou o programa “Transando com Laerte”, no Canal Brasil. Participou do curta “Vestido de Laerte”, de Claudia Priscila e Pedro Marques; e do longa “Laerte-se”, de Lygia Barbosa e Eliane Brum.
Rutu Modan é uma ilustradora, quadrinista e professora israelense, nascida em Tel Aviv, em 1966. Depois de se formar pela Academia de Arte e Design Bezalel, em Jerusalém, começou a escrever regularmente e ilustrar tiras e quadrinhos para os principais jornais de Israel. Foi editora da edição em hebraico da revista MAD e em 1995, fundou o coletivo Actus tragicus, com Yirmi Pinkus, Mira Friedman, Batia Koltan e Itzik Rennert. Seu trabalho foi publicado em revistas e jornais ao redor do mundo, incluindo New York Times, New Yorker e Le Monde. Em 2008, recebeu o Prêmio Will Eisner da Indústria de Quadrinhos pelo seu livro Exit Wounds. Em 2012, lançou Maya Faz uma Bagunça com a TOON Books, o primeiro livro infantil que escreveu e ilustrou. A propriedade e Túneis são seus títulos publicados no Brasil.. Rutu leciona quadrinhos e ilustração na Academia de Arte e Design Bezalel, em Jerusalém, e vive em Tel Aviv com a família.
Micheline Alves é jornalista e roteirista de TV. Trabalhou por vinte anos em publicações impressas e projetos digitais e foi diretora das revistas Trip e Tpm. Pesquisadora e roteirista na TV Globo desde 2015, foi da equipe do programa "Amor e Sexo" e hoje é redatora do talk show "Conversa com Bial". Mora em São Paulo e tem duas filhas.
11 de outubro, sábado
11h - Mesa 5
Escrever para fugir ou para voltar?
com Julián Fuks e Tatiana Salem Levy
mediação de Rita Palmeira
A violência das ditaduras militares latinoamericanas levou muitas famílias ao exílio, incluindo as de Julián Fuks e de Tatiana Salem Levy, que fizeram da experiência de deslocamento um tema para seus livros. Mas não só. Atravessados pela ascendência judaica e sensíveis a questões sociais urgentes, escrevem como quem confia na palavra para intervir no mundo. Nesta mesa, os premiados autores dialogam sobre memórias familiares, embates entre narrativa e silenciamento e a capacidade da literatura de se haver com a realidade.
Julián Fuks é escritor e crítico literário. É autor dos romances Procura do romance (Record, 2012), A ocupação (Companhia das Letras, 2019) e A resistência (Companhia das Letras, 2015), livro ganhador dos prêmios Jabuti, Oceanos, Saramago e Anna Seghers. É doutor em teoria literária pela Universidade de São Paulo, e colunista do portal UOL. Suas obras já foram traduzidas para onze línguas e publicadas em diversos países.
Tatiana Salem Levy é escritora, ensaísta e pesquisadora na Universidade NOVA de Lisboa. Com seu romance A Chave de Casa, traduzido para diversos idiomas, recebeu o Prêmio São Paulo de Literatura como autora estreante em 2008. Sua produção inclui ainda livros voltados ao público infantojuvenil, como Curupira Pirapora (2012) e Tanto Mar (2013). Em sua obra, também aborda temas como as marcas da ditadura, a resistência política, o exílio e a memória, articulando-os tanto a partir da ficção quanto de sua vivência como filha de militantes perseguidos pelo regime. Essa união entre o pessoal e o político se manifesta no filme A Memória que me Contam, onde atuou como roteirista, ao lado de Lúcia Murat.
Rita Palmeira é editora e crítica literária. Doutora em literatura brasileira pela USP, é curadora da Livraria Megafauna e apresentadora do podcast Livros no Centro. Foi cocuradora do 2o FliMUJ e do 1o Festival Poesia no Centro. Atualmente, é curadora da Flip — Festa Literária Internacional de Paraty.
15h - Mesa 6
Nós lembramos?
com Carlos Reiss e Scholastique Mukasonga
mediação de João Torquato
Ao contrário do que se costuma pensar, o mal raramente é fruto da ação de pessoas inerentemente cruéis. O Holocausto, quando 6 milhões de judeus foram mortos num período de poucos anos, e o genocídio de Ruanda, quando cerca de 800.000 tutsis foram assassinados em apenas três meses, mostraram que pessoas ordinárias, pais de família e trabalhadores podem repentinamente participar do extermínio de seus vizinhos. Nesta mesa Carlos Reiss, Coordenador-Geral do Museu do Holocausto de Curitiba, e Scholastique Mukasonga, nascida em Ruanda e autora da livros sobre o genocídio em seu país natal, dialogam sobre a construção da memória, a importância do testemunho e os processos de responsabilização, reparação e cura após o horror.
Esta mesa é organizada no âmbito da Temporada França Brasil com apoio do Institut Français e da Embaixada da França.
Carlos Reiss Coordenador-Geral do Museu do Holocausto de Curitiba. Membro do comitê executivo da Rede Latino-Americana para o Ensino da Shoá (LAES), da delegação brasileira da International Holocaust Remembrance Alliance (IHRA) e da equipe curatorial do Memorial às Vítimas do Holocausto do Rio de Janeiro. Curador-chefe da exposição temporária "Anne Frank: deixem-nos ser", em São Paulo. Autor dos livros “Luz sobre o Caos: Educação e Memória do Holocausto” e “Entre as sombras e os sóis: a história de Sala Borowiak”. Coautor de "Holocausto - tudo o que você precisa saber: 70 perguntas e respostas".
Scholastique Mukasonga nasceu em 1956, em Ruanda. Vive e trabalha na região da Baixa Normandia, na França. Vencedora do Prêmio Renaudot e finalista do National Book Award, teve seus livros traduzidos para mais de vinte idiomas. Dela, a Editora Nós publicou também A mulher de pés descalços (2017), Nossa senhora do Nilo (2017), Baratas (2018), Um belo diploma (2020) e Kibogo subiu ao céu (2024).
João Torquato é analista de comunicação do Instituto Brasil-Israel, militante do movimento negro e pesquisador dos conflitos de desintegração da República da Iugoslávia.
17h - Mesa 7
O ódio pode ser virtuoso?
com Eva Illouz
mediação de Fábio Zuker
As reações aos ataques de 7 de outubro de 2023 chamaram a atenção da socióloga Eva Illouz. Afinal, nos círculos progressistas, o dia seguinte não foi marcado apenas pela solidariedade às vítimas israelenses e inequívoca condenação ao Hamas. Em Nova York, Paris ou São Paulo, muitos celebraram os assassinatos como um ato de resistência. Nascida no Marrocos e radicada parte do ano na França, parte em Israel, a autora do livro “8 de outubro, genealogia de um ódio virtuoso” analisa os fatores intelectuais, políticos e psicológicos por trás do antissemitismo justificado com base em valores progressistas. Adversária do governo de Benjamin Netanyahu, Illouz defende que não precisamos escolher entre a condenação das ações de Israel na Faixa de Gaza e a luta contra o antissemitismo.
Esta mesa é organizada no âmbito da Temporada França Brasil com apoio do Institut Français é da Embaixada da França.
Eva Illouz é professora de sociologia na Universidade Hebraica de Jerusalém e de ciências sociais na Escola de Estudos Avançados em Paris. Socióloga das emoções, seus estudos abordam como o capitalismo, a cultura e as relações de gênero moldam nossas emoções, relações amorosas e individualismo moderno. É autora de obras influentes como Happycracia – Fabricando cidadãos felizes e O amor nos tempos do capitalismo.
Fábio Zuker é antropólogo, jornalista e ensaísta. É pesquisador do Instituto Pensi (Fundação José Luiz Setúbal) e da Universidade de São Paulo. Possui doutorado pela Universidade de São Paulo (com período como visiting scholar na Cornell University), e realizou seus pós-doutorados na Princeton University e no Collège de France (Laboratoire d'Anthropologie Sociale). É autor de A Vida e a Morte de uma Baleia Minke na Amazônia: Despachos da Floresta Tropical Brasileira (Milkweed 2022), e como jornalista publicou em diversos meios de comunicação nacionais e internacionais, incluindo Folha de São Paulo, revista Piauí, revista Serrote, Nexo Jornal, Agência Pública, O Joio e o Trigo, The Guardian e Thomson Reuters Foundation, Mongabay, entre outros. No momento está trabalhando em seu novo livro, The Other Bank of the Tapajós River: soy, toxicity and environmental harm.
12 de outubro, domingo
11h - Mesa 8
Acabou o amor?
com Renato Noguera e Priscila Sztejnman
mediação de Cris Bartis
O amor entrou em crise? Em meio a tantas possibilidades, o casal deixou de ser o ponto central numa relação? Como a transformação nos papéis sociais do homem e da mulher interfere na forma como nos apaixonamos? Matrimônio e maternidade ainda organizam os laços conjugais? Nesta mesa, a atriz, roteirista e escritora Priscila Sztejnman e o filósofo Renato Nogueira chamam a atenção para a importância de ampliarmos o repertório sobre o amor e dialogam sobre apaixonamento, desejo, sexo e as novas relações afetivas.
Renato Noguera, doutor em Filosofia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor do Departamento de Educação e Sociedade (DES), do Programa de Pós-Graduação em Filosofia, do Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares (PPGEduc) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), pesquisador do Laboratório de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Leafro). Noguera coordena o Grupo de Pesquisa Afroperspectivas, Saberes e Infâncias (Afrosin), Noguera é escritor e tem realizado pesquisas que articulam filosofia, educação, neurociência e antropologia, publicou, dentre outros livros, "Ensino de Filosofia e a Lei 10639", "Porque amamos: o que os mitos e a filosofia têm a dizer sobre o amor", "O que é o luto: o que os mitos e as filosofias entendem a morte e a dor da perda".
Priscila Sztejnman é atriz e escritora. Como roteirista, trabalhou exclusivamente na Globo por 13 anos, sendo a autora mais jovem da empresa a ser promovida como titular. Assinou o filme O Natal Perfeito e escreveu e dirigiu o curta documentário Agora eu sou Estamira. Como atriz, já atuou em diversas novelas (entre elas Totalmente Demais), séries (Questão de Família), peças (Rita Formiga) e filmes (Segundo Tempo). Na literatura, lançou o conto Nasceu Menina, pela Janela Livraria e Mapa Lab. Atualmente, Priscila desenvolve como roteirista duas séries para o streaming.
Cris Bartis é comunicadora, roteirista e cocriadora do podcast Mamilos, há mais de 10 anos no ar. Atua também como palestrante e mediadora de conversas sobre a cultura do diálogo. É fundadora da consultoria Milos, voltada à escuta estratégica em organizações, e cursa pós-graduação em Psicanálise, aprofundando sua atuação na intersecção entre comunicação e comportamento.
15h - Mesa 9
E quando a verdade vem à tona?
com André de Leones e Jennifer Teege
mediação: de Gabriela Longman
Imagine ser uma mulher negra e, num belo dia, descobrir que seu avô foi Amon Göth, um dos mais conhecidos oficiais nazistas, retratado no filme A Lista de Schindler. É precisamente esse o caso de Jennifer Teege, escritora alemã de ascendência nigeriana que contou sobre a experiência no livro autobiográfico “Amon: Meu Avô Teria Me Executado”. O brasileiro André de Leones, no romance “Meu passado nazista”, também escreve sobre um avô nazista. Este, porém, habita o interior do Goiás, no centro-oeste brasileiro. Nesta mesa, os autores dialogam sobre como o extremismo costuma estar mais próximo do que pensamos, lembrando que ideias que julgávamos superadas podem reaparecer nos lugares mais improváveis.
Esta mesa tem o apoio do Goethe-Institut.
André de Leones é autor dos romances "Meu passado nazista" (Record), "Vento de queimada" (Record) e "Eufrates" (José Olympio), entre outros. Venceu o Prêmio SESC de Literatura 2005 por seu romance de estreia, "Hoje está um dia morto" (Record). Vive em São Paulo.
Jennifer Teege escritora alemã de ascendência nigeriana, se tornou mundialmente conhecida através de sua autobiografia Amon: Meu Avô Teria Me Executado, onde disserta sobre sua experiência ao descobrir um grande segredo familiar: ser neta de Amon Göth, o comandante nazista do campo de concentração de Plaszów, na Cracóvia.
Gabriela Longman é jornalista, editora e curadora, é mestre em Arte e Linguagem pela École des Hautes Études en Sciences Sociales doutora em Teoria Literária pela USP. Foi curadora das exposições “Alê Ruaro: Sob o Céu, Sobre o Chão” (Biblioteca Mário de Andrade, 2024) e de “Debret em Questão” (M.A.L. Paris e Museu do Ipiranga, 2025). É colaboradora da Folha de S.Paulo, Elle, Esquire entre outros veículos e sócia-fundadora do Guia Orbit, start-up dedicada a organizar a programação cultural de São Paulo usando tecnologia de ponta.
4º FliMUJ: Festival Literário do Museu Judaico de São Paulo debate os caminhos da verdade em tempos de incerteza
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